Estamos no fim de um ano que nos marcou a todos. Eu aqui direi o que sinto, não pelo mero desejo de exibir sentimentos (até sou contrário a isso, neste tipo de escritos), mas antes, porque me parece que a sociedade -toda ela - sente o efeito de uma propaganda «non stop», primeiro, nos dois anos «Covid» e, agora, com a guerra da Rússia contra a OTAN, no território da Ucrânia.
A guerra não parece estar pronta a chegar a um desenlace, os beligerantes, de um lado e do outro, parecem estar bem decididos a «ganhar» esta guerra. Mas, parece-me que estas guerras não podem ser ganhas. Nem sequer, no plano estrito militar. Ainda mais improvável que uns fiquem em posição económica e social muito mais favorável, que os outros. Os estragos destas guerras contemporâneas fazem-se sentir durante muitos anos. São, com certeza, situações que nunca chegam a termo, do ponto de vista daqueles cuja vida ou a vida de próximos ficou completamente destruída. Pode-se argumentar que populações oprimidas noutras regiões do Mundo têm estado a sofrer durante tanto ou mais tempo, o que as populações ucranianas - quer as russófonas quer as não-russófonas - estão agora a sofrer nestes últimos 8 anos, desde o golpe de Estado de 2014 de «Maidan». Embora isso seja verdade, os sofrimentos de uns não aliviam os sofrimentos de outros.
Pessoalmente, o que me choca é a indiferença - e falta de pudor - de pessoas «corajosas» em fazer afirmações peremptórias, bem longe do teatro dos combates. Sinto uma certa náusea, quando penso na maneira estúpida como aquelas pessoas, aparentemente mais «informadas», se debruçam sobre a catástrofe dos outros e se apressam a fazer juízos definitivos.
A involução civilizacional, que eu invoquei em vários textos meus, muito antes de rebentar esta guerra, está agora à vista de todos. Aliás, esta involução começou muito antes de Fevereiro deste ano. Nem sei ao certo quando.
Na realidade, o que importa é que vejo que as forças da paz, do bom-senso, da racionalidade, do humanismo e do coração generoso, estão em franca minoria, estão dispersas pelo vendaval de belicismo, que varre as sociedades a Oeste e a Leste, sem que se possa fazer muito mais - de momento - do que constatar o estrago desta onda de imbecilidade e bestialidade coletivas.
Não temo em relação a mim próprio; estou relativamente bem protegido, ao nível pessoal, das tragédias da guerra e dos males correlativos que a acompanham.
Porém, estou psicologicamente afetado, desencorajado pela cobardia, pela visão primária de uns e de outros, pela indiferença pelo sofrimento alheio:
- Onde estão as forças pacifistas, que deveriam erguer-se e afirmar a razão, contra as razões de Estado, de uns e de outros?
- Onde estão os intelectuais lúcidos, para desmontar a propaganda, mostrando como se aproveitam dos instintos mais elementares - o medo, o gregarismo, a sede de vingança, etc. - das pessoas?
Não me admira que a situação piore em termos de confrontos bélicos. Nem que rebentem outras guerras, ou que haja um alargar da mesma, noutras frentes.
O mundo está em colapso económico e financeiro e - por isso - as «elites» do poder e do dinheiro estão a servir-se de tudo o que podem, para desviar a atenção das pessoas. Usam agora a guerra, como há escassos dois anos usaram a pandemia do COVID, francamente amplificada e dramatizada. Agora, o sistema económico e financeiro está a ruir, em resultado da forma como foi gerido durante décadas. Vários economistas sérios têm dito que não pode haver outro desenlace. Porém, as «elites» não querem que as pessoas vejam, querem - pelo contrário - que todas as desgraças sejam imputadas à guerra e, anteriormente, à pandemia viral: Não querem que as pessoas se apercebam que houve uma estratégia no desencadear destas catástrofes, pelas grandes corporações e setor financeiro: Uma estratégia desenhada e executada para tirar o máximo dos Estados. Assim, essas tais corporações poderão remanejar em seu proveito os sistemas económicos e financeiros, desde as moedas digitais produzidas pelos bancos centrais, à completa destruição do Estado de Direito e do Estado-Providência. Se os deixarmos, somente ficará um sistema distópico, cujos elementos já têm sido ensaiados, neste ou naquele ponto do Globo. As massas, aflitas com a «austeridade», que têm de suportar, não conseguirão ver para além da sua sobrevivência imediata. É esse o cálculo da oligarquia que se pavoneia em Davos e noutros «palcos». É assim que os muito ricos e poderosos estão a jogar; têm a pretensão de serem eles a decidir como será o futuro. Esta é a aposta dos globalistas.
Cabe às pessoas lúcidas e corajosas organizarem-se, para que os planos deles falhem e para que se construa uma sociedade mais justa e mais humana, em vez da sociedade do medo e das desigualdades abismais.
Enterro na Ucrânia; foto de Maio de 2022
7 comentários:
O número anterior (nº XV) pode ser consultado no link seguinte:
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/09/olhando-o-mundo-da-minha-janela-parte-xv.html
https://consortiumnews.com/2022/12/27/patrick-lawrence-a-war-of-rhetoric-reality/
Patrick Lawrence vê esta guerra como um perigoso jogo entre a retórica (o Ocidente) e a realidade (as forças russas).
https://www.unz.com/mwhitney/mercouris-something-big-is-on-the-way/
Mike Whitney toma elementos de intervenções no Youtube do Coronel Mac Gregor e de Alexander Mercouris, para traçar um quadro da evolução provável da guerra Rússia/OTAN. O que prevê não é de molde a nos tranquilizar nos tempos mais próximos.
Numa demonstração de completo desprezo pela verdade e pelas vítimas do colaborador nazi Stepan Bandera, o regime de Kiev continua a festejar o aniversário desse colaborador Bandera, que merecia apenas o desprezo e horror perante os seus crimes e de seus colaboradores durante IIª Guerra Mundial. Isto faz-se hoje, com a conivência dos governos da OTAN...
https://consortiumnews.com/2023/01/06/ukraine-parliament-cheers-nazi-collaborator/
https://www.theburningplatform.com/2023/01/06/in-2022-the-world-as-we-knew-it-ended-decades-of-conflict-lie-ahead/
Poucas pessoas conhecem Blackrock; mas, realmente é uma sociedade extremamente poderosa:
https://www.youtube.com/watch?v=Uq1ZyK2uQag
O genocídio continua, na ignorância das pessoas e cumplicidade criminosa de um certo número. Leiam:
https://www.paulcraigroberts.org/2023/01/08/the-covid-vaccine-is-an-intentional-effort-at-world-genocide/
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