quinta-feira, 19 de dezembro de 2024
sexta-feira, 13 de dezembro de 2024
CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL (Nº36): SÍRIA e COREIA DO SUL
PARA LER AS CRÓNICAS ANTERIORES, CONSULTAR:
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/p/cronicas-da-iii-guerra-mundial.html
segunda-feira, 9 de dezembro de 2024
O CORONEL JACQUES BAUD ESCLARECE-NOS SOBRE A GUERRA NA SÍRIA
Um relato bem pedagógico, do Coronel antigo membro dos serviços de contraespionagem suíços, esclarecendo-nos sobre muitos aspectos «enigmáticos» da derrota fulgurante das forças sírias leais a Assad e duma aparente pouca vontade da Rússia e do Irão se envolverem a fundo, desta vez, em defesa do regime de Bachar Al Assad.
quinta-feira, 5 de dezembro de 2024
THIERRY MEYSSAN DESCREVE QUEM SÃO «OS JIHADISTAS» NA SÍRIA
Agora, os EUA e Israel, com o Qatar, são os sponsors abertamente, dos jihadistas.
Os serviços especiais da Ucrânia estão envolvidos nesta ofensiva.
Dá-se a junção das duas frentes: Ucrânia e Síria.
Thierry Meyssan dá uma perspetiva diferente (do «mainstream») sobre o papel da Turquia e do Irão.
segunda-feira, 2 de dezembro de 2024
quarta-feira, 9 de outubro de 2024
O MUNDO NA IIIª GUERRA MUNDIAL / CRÓNICA (Nº33) DA IIIª GUERRA MUNDIAL
quarta-feira, 31 de janeiro de 2024
REFLEXÃO GEOESTRATÉGICA
sábado, 18 de novembro de 2023
4 FRAGILIDADES DO IMPÉRIO [ Parte II]
PODERIO MILITAR
quarta-feira, 18 de outubro de 2023
CENÁRIO PLAUSÍVEL PARA UMA IIIª GUERRA MUNDIAL
Albert Einstein é bem conhecido como um grande físico teórico, pai da Teoria da Relatividade. Poucas pessoas, no entanto, sabem que ele foi socialista revolucionário e pacifista*
Tenho feito uma análise frequente das relações internacionais, dos aspetos militares das mesmas, aos económicos e diplomáticos. Tenho avisado em várias ocasiões, que o Mundo tem estado a encaminhar-se (não por fatalidade, mas por loucura de certos dirigentes) para uma nova confrontação. A dinâmica dessa confrontação já se tornara patente, em múltiplos aspetos. Somente não viam esta situação, as pessoas demasiado condicionadas pela propaganda dos media (máquinas de propaganda, disfarçadas de órgãos de informação).
A propaganda já não chega - agora - para ocultar a situação. Porque estamos em grave risco de assistir ao desencadear dum confronto generalizado, como na Primeira Guerra Mundial. Nessa época, pelo jogo das alianças, a agressão contra um país, implicava declarações de guerra de todo um conjunto doutras potências.
Assim como nesse tempo, hoje, pode acontecer que um ataque contra a Síria, por Israel (como tem havido nestes últimos dias) receba resposta. Neste caso, o Hezbollah, o Irão e, na retaguarda, a Rússia, estarão do lado sírio, assim como a população palestiniana. Os israelitas serão apoiados pelos EUA e pela OTAN, mesmo que não seja a OTAN formalmente, enquanto organização.
Temos assim o cenário deliberado, claramente provocatório, com os ataques de Israel contra os aeroportos sírios de Damasco e Alepo.
Israel procura envolver diretamente os EUA no conflito. Mas o envolvimento direto dos EUA vai atingir interesses geoestratégicos vitais da Rússia e do Irão. Será impossível, nesse caso, eles não defenderem a Síria e não se defenderem a si próprios.
Pode parecer loucura haver um governo apostado em desencadear eventos cataclísmicos. Mas Netanyahu e a extrema-direita sionista em Israel, têm demonstrado serem capazes de tudo para se manterem no poder.
Um confronto direto entre os dois grandes blocos, significa, a termo, uma escalada ainda maior, com o risco de utilização de arma nuclear. Logo que esta seja usada por um dos lados, o outro irá desencadear um contra-ataque nuclear. Provavelmente, será o fim da civilização humana.
*Como dizia Einstein «Não sei como será exatamente a IIIª Guerra Mundial, mas a 4ª Guerra, se ela vier a acontecer, será - com certeza - combatida com paus e pedras»
PS1: A recusa de vários países árabes (Jordânia, Autoridade Palestiniana, Egipto, Arábia Saudita) em receber Biden, depois de terem tratado o Secretário de Estado Blinken (nos EUA, secretário de Estado equivale a ministro dos negócios estrangeiros) muito friamente, mostra que a diplomacia dos EUA não é tomada a sério, que falhou completamente em relação aos árabes. Estes, provavelmente irão acolher os serviços de Putin e/ou de Xi, para intermediação no conflito Israelo-Árabe.
Os neocon nos EUA, que dominam a política externa e de defesa, empurram constantemente para políticas de confronto e provocação com outras potências rivais.
quinta-feira, 10 de agosto de 2023
TODOS OS IMPÉRIOS TÊM UM FIM. PODERIO DOS EUA PERTO DO COLAPSO
- https://www.armstrongeconomics.com/world-news/civil-unrest/just-us-the-rising-tide-of-civil-unrest/
- https://goldswitzerland.com/keeping-your-head-amidst-debt-blind-madness/
- Armstrong mostra como o sistema de justiça americano, ao contrário do estipulado na constituição, está permanentemente a produzir julgamentos monstruosos, nomeadamente porque o indiciado é fortemente pressionado a aceitar dar-se como culpado, em troca de uma sentença mais leve, mesmo quando ele está inocente, porque para poder provar sua inocência é preciso ter-se um grande poder económico, para se contratar um escritório de advogados com peso. Mesmo neste caso, não está garantido que a inocência do indiciado seja reconhecida, dado que a máquina da justiça está praticamente nas mãos do partido democrata e de seus homens de mão.
Matthew Piepenburg mostra como a política financeira e fiscal dos EUA têm sido um completo disparate, indo contrariar não apenas todas as escolas de economia, como o próprio bom senso. O facto da dívida ser cada vez mais pesada e ingerível, não parece incomodar quem controla as finanças do país: Tanto Powell, como Janet Yellen são demasiado cultos para «se enganarem» desta maneira. Eles apenas estão a fazer um exercício de ilusionismo junto do público. Porém, o presente agravamento da situação financeira e monetária, não pode conduzir a outro desfeche, senão à catástrofe.
Ambos os artigo são dignos de uma leitura atenta. Mas, eu resumi o seu conteúdo para o que vem a seguir.
A denegação é um sintoma de psicose, de persistência no erro: Como dizia Einstein, um sinal de loucura é fazer-se sempre a mesma coisa, obtendo um mesmo resultado, mas repetindo na esperança de que seja diferente.
A população americana não é responsável inteiramente pelo que seus políticos andam a fazer, pois ela é doutrinada desde a infância sem ter - salvo exceções - possibilidade (ou curiosidade) de se confrontar com outras leituras das realidades política e económica.
A media reforça constantemente as inanidades que passam por «reflexão» política e económica, tornando tudo o que se passa opaco à maioria. O seu domínio da narrativa equivale a um totalitarismo «brando», mas que cumpre a sua função de aceitação do status quo pelas massas. Estas nunca questionam o seu fundamento.
Quanto ao exercício do controlo internacional manu militari, também conseguiram «naturalizar» isso. Muitos americanos estão realmente convencidos da sua «excepcionalidade» e da «missão» do seu país em manter uma «ordem internacional baseada em regras».
As coisas funcionaram muito bem, com vantagem para os EUA, durante longo tempo. O dólar - desde 1944 - tem sido a moeda de reserva hegemónica (exorbitante privilégio, Giscard D'Estaign dixit). A instrumentalização do dólar foi possível graças ao poder militar: A capacidade de invadir, bombardear, subverter regimes que tivessem a veleidade de resistir à «versão americana da democracia». Este facto esteve e está diante dos olhos dos povos e de seus dirigentes. Sem esta superioridade militar esmagadora, não seria possível manter o modo de chantagem permanente a numerosos regimes, incluindo neutrais e mesmo aliados de Washington. Porém, o Mundo está a assistir a uma perda acelerada da eficiência militar, comprovada pelos fiascos das guerras do Afeganistão, Síria e até da Ucrânia. Os EUA já não são a potência com superioridade militar inquestionável que foram, até há bem pouco tempo. Com orçamentos muito mais baixos de despesas militares, tanto a Rússia como a China, têm mostrado a superioridade dos seus armamentos sofisticados. Vários países do Terceiro Mundo (Turquia, Arábia Saudita, e muitos outros) até há bem pouco tempo clientes exclusivos dos EUA, estão a fazer fortes jogadas para se aproximarem dos BRICS, têm adquirido sistemas de mísseis avançados aos russos e têm «de-dolarizado» a grande velocidade. Estas mudanças são muito significativas, estão realmente a acontecer diante dos nossos olhos e os dirigentes ocidentais sabem-no bem. Eles também sabem o que isso significa, mas vão continuar a fazer de conta, para iludir os cidadãos de seus próprios países.
Dizer que o colapso é inevitável, que o colapso fará com que o dólar não mantenha o poderio monetário e financeiro dos EUA, como também afetará todos os planos, não é mais do que uma constatação banal, hoje em dia. Mas, note-se que a mesma afirmação, há muito pouco tempo, suscitava um coro de críticas e sátiras, apodando quem se atrevesse a afirmá-lo de epítetos nada bonitos. Agora, os que, orgulhosos, «enchiam o peito» para proclamar a solidez do Império, estão calados ou estão a esgrimir com a realidade, num estilo realmente patético.
Foto aérea do Pentágono, símbolo do poderio militar dos EUA, retirado do artigo de Caitlin Johnstone.
Espero que as pessoas que me lerem percebam que eu não estou a escrever isto com triunfalismo. Qualquer império acaba: Tem uma ascensão, até um zénite e depois um ocaso. A minha preocupação é o grau de violência que acarreta a queda de um império. Não vale a pena retraçar o destino dos impérios, desde a antiguidade, neste curto artigo. Mas, podeis consultar obras que descrevem os acontecimentos históricos da decadência e queda de vários impérios.
Na era nuclear, tanto nos países detentores de armas nucleares, como nos outros, é importante que se erga uma consciência verdadeiramente cidadã e global: Isto será o maior dissuasor face aos responsáveis políticos e militares desses países, para que eles não subam a tensão com seus adversários e não se sintam «justificados» em utilizar armas nucleares.
quarta-feira, 5 de abril de 2023
GONZALO LIRA: A PAZ RETIRA O CONTROLO DO MÉDIO-ORIENTE AOS EUA
Oiça e veja esta curta conversa de Gonzalo Lira
RESUMO (feito por MB)
Há uns quinze dias houve uma sensacional notícia sobre um acordo firmado pela Arábia Saudita e o Irão. Os ex-inimigos acordaram em abrir embaixadas nas respetivas capitais. Ambos chegam à conclusão que têm, eles próprios, de assegurar a segurança dos seus países e o controlo do preço do petróleo.
Só podem fazê-lo, aproximando-se entre países que partilham os mesmos interesses económicos.
Não podem contar com um país, os EUA, que pretende ser a superpotência hegemónica e cujos planos para Médio Oriente têm passado por semear o caos, desencadeando discórdia e guerras de domínio, destruição e pilhagem dos recursos (Afeganistão, Iraque, Líbia, Síria...).
O herdeiro do trono saudita, Bin Salman sabe que será rei deste país e que reinará por longo tempo. Ele faz as suas jogadas, tendo em conta um tempo longo. Ele percebeu que os EUA não serão mais a potência dominante, aquela que tinha assegurado a monarquia, afastando todos os obstáculos diplomáticos e proporcionado a formação de quadros e o equipamento moderno e sofisticado para as suas forças armadas.
O seu anúncio de que a Arábia Saudita estava pronta a vender petróleo em outras divisas que não o dólar, foi o prego final no caixão do «petrodólar» . A deslocação oficial de Xi Jin Pin, veio assinalar isso e também que os BRICS estavam abertos para a entrada do Reino Saudita; pois, como é sabido, nos BRICS seus membros não têm de possuir à partida uma uniformidade em relação aos mais diversos assuntos, desde os militares, até aos ideológicos.
Isto permite que o Reino Saudita encontre um mercado seguro, na China e em todo o Oriente. Como político inteligente (mesmo que seja cruel, cínico, etc), Bin Salman viu que era tempo de saltar para fora da aliança com os EUA. Uma aliança que o obrigava a guerrear com vários inimigos poderosos no Médio Oriente, para «fazer o frete aos americanos e israelitas». Bin Salman estava só à espera de uma oportunidade para isso.
A mudança geoestratégica no Médio Oriente, vai deixar os americanos desesperadamente isolados nas partes da Síria que eles ainda ocupam, ilegal e ilegitimamente, de onde têm roubado petróleo e bens agrícolas que pertencem ao povo sírio.
A Turquia, embora membro da OTAN, tem feito ouvidos moucos aos apelos para exercer sanções contra a Rússia. Erdogan aceita que Lavrov e Putin sejam os intermediários na operação diplomática que irá finalizar a guerra na Síria. Sem o apoio turco, nem americano, as várias milícias anti- Assad vão ficar sem retaguarda, sem apoio logístico, sem fornecimento de armas e munições.
Assim o império Yankee tem estado a sofrer a «morte por mil golpes, ou mil feridas»: Um corpo é retalhado, ficando com mil feridas, cada uma delas não é letal. Mas, no conjunto, as feridas esvaziam o corpo de sangue e de vida.
POST-SCRIPTUM
Este quadro é descrito por outras personalidades do jornalismo, como Pepe Escobar (brasileiro), que está há muitos anos no Extremo-Oriente, que tem feito um excelente trabalho, explicando a diplomacia chinesa e os projetos associados às «Novas Rotas da Seda». Tenho acompanhado os assuntos de geoestratégia e tenho lido e ouvido as opiniões de vários analistas e comentadores. Assim como eu tenho conhecimento de PONTOS DE VISTA CONTRÁRIOS AO MEU, E NÃO SOU UM JORNALISTA, também os jornalistas e comentadores no Ocidente, têm necessariamente tal conhecimento.
Mas, a maioria dos jornalistas (e dos políticos) no Ocidente, fazem ocultação, desinformação e propaganda. A sua opinião é totalmente enviesada. É como se fossem os «cães de guarda» do Império.
Por isso, as exceções são de saudar, em pessoas como Pepe Escobar, George Galloway, John Helmer, John Pilger e algumas mais.
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POST-POST-SCRIPTUM:
Veja último vídeo de Gonzalo Lira:
segunda-feira, 5 de dezembro de 2022
SÍRIA: SANÇÕES SÃO EFICAZES... PARA MATAR INOCENTES!!
https://www.mintpressnews.com/secret-reason-us-still-syria/282879/
É curioso, várias pessoas que se dizem preocupadas com os direitos humanos, não serem capazes, muitas delas, de levantar a voz e fazer sentir aos poderes que não são coniventes com o morticínio coletivo que «o democrático Ocidente» aplica a muitos países que não se conformam com a SUA ordem. Refiro-me a Cuba, Venezuela, Irão, Síria e outras nações, cuja população é vítima das bárbaras sanções que impendem sobre ela. No caso da Síria, é particularmente nojenta a posição dos americanos e «aliados»: Sabem perfeitamente que estão a roubar o petróleo sírio; sabem que estão a perpetuar sanções injustas, que apenas mantêm a miséria no povo. Será esse o objetivo? As próprias Nações Unidas, através das suas estruturas oficiais, tem denunciado a política de sanções como sendo uma forma de genocídio.
Os responsáveis nazis alemães foram punidos (justamente) após a IIª Guerra Mundial, por tomarem populações de aldeias como reféns e aplicar-lhes castigos coletivos, por elas terem (alegadamente) abrigado resistentes. Estas odiosas formas de castigo coletivo foram decretadas como crimes de genocídio.
Como classificar os crimes de americanos e seus «aliados» na Síria (e noutros países alvo de sanções) que provocaram, segundo as vozes insuspeitas de agências da ONU, muitas dezenas ou mesmo centenas de milhares de mortes?
- A continuada e massiva aplicação de sanções contra populações inocentes, é uma forma de genocídio.
O discurso oficial do governo dos EUA é uma constante demonstração de hipocrisia.
segunda-feira, 13 de junho de 2022
VANESSA BEELEY DESMASCARA A MEDIA MAINSTREAM SOBRE A CHINA
Vanessa Beeley é uma jornalista independente que expõe a propaganda chocante relacionada com a opressão Uighur na China. Pode surpreender-se, ao saber a verdade, que nunca ouviu antes.
Clayton Morris recebe Vanessa para falar sobre a campanha do governo americano para transformar a China no inimigo número um.
Uma jornalista de grande nível que pode seguir, no canal do Telegram: https://t.me/VanessaBeeley
quinta-feira, 24 de março de 2022
CRÓNICA (nº4) DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL - ECONOMIA, O NERVO DA GUERRA
É atribuída a Napoleão a expressão de que «o dinheiro é o nervo da guerra». Ou, por outras palavras, é o fator que mais importa, numa guerra. O facto continua a ser verdadeiro, hoje. Embora as guerras do século XIX sejam tão diferentes, em muitos outros aspetos, das guerras atuais. Para não irmos demasiado longe, as guerras levadas a cabo pelo império Yankee, apenas no século XXI, tiveram todas elas uma forte componente económica por detrás:
- Antes de mais, a necessidade de vender equipamento militar, incluindo novos armamentos, que a indústria de guerra americana constantemente produz. O lobby da indústria dos armamentos é um dos mais poderosos com influência muito vasta em Washington;
- O acesso às matérias-primas e fontes de energia: O Afeganistão possui recursos minerais cobiçados por multinacionais, o Iraque, a Líbia, a Síria e o Iémen têm petróleo. O controlo das matérias-primas estratégicas, assim como dos combustíveis fósseis, é considerado um argumento válido para se fazer a guerra, para os falcões que enxameiam os estados -maiores e «think-tanks» da NATO. Lembro-me que, do lado americano, por alturas da invasão do Iraque, argumentavam que a «guerra se pagaria a si própria» com as «royalties» do petróleo. Estas, seriam vertidas nas contas dos EUA, como «indemnizações de guerra».
Note-se que os americanos não tardam em tomar de assalto o banco central nos países invadidos e a roubarem o ouro. Na sequência do golpe da Maidan, ficaram com as toneladas de ouro do banco central da Ucrânia, à sua «guarda» e não o devolveram, nem nunca o farão. O mesmo com o Iraque, a Líbia e o Afeganistão.
As motivações, na presente guerra Russo/Ucraniana, são mais complexas. Penso que o aspeto estratégico, na perspetiva russa, ultrapassa o aspeto económico, apesar deste estar presente, ao nível das sanções e contrassanções. Parece-me que estará fora das intenções dos russos anexarem a Ucrânia. Porque haveria, em tal hipótese, somente custos, sem quaisquer benefícios: Se ocupassem permanentemente a Ucrânia, teriam de reconstruir a sua economia, teriam de a sanear, visto ela ter sido profundamente depauperada em todos estes anos de corrupção. Eles querem apenas que a Ucrânia seja um Estado neutro, com um relacionamento normal e não hostil, com a vizinha Rússia.
Aqui, jogam considerações geoestratégicas, joga também uma visão integrada do que se passa na esfera económica. Em vez de uma guerra para tomada de matérias-primas, ou outros recursos*, trata-se de uma guerra imposta pela pressão constante dos EUA/NATO, sobre as fronteiras da Rússia. Esta, não podia continuar a fazer de conta que não era grave para a sua existência, enquanto nação independente. A história da guerra atual deverá recuar, pelo menos, a 1991. Deverá registar e analisar as muitas peripécias dramáticas e trágicas, incluindo o golpe de Maidan. Além disso, em todos os anos do Século XXI, os EUA e seus aliados estiveram envolvidos diretamente, ou através de forças por eles apoiadas, em guerras regionais.
Na perspetiva russa, a possibilidade da NATO incluir oficialmente a Ucrânia - já com extensa colaboração com a NATO - implicava o risco de que os russófobos mais extremos tivessem acesso a sofisticados mísseis e armamento nuclear. Com efeito, Zelensky na Conferência de Segurança de Munique de 2022, sugeriu que a Ucrânia deixaria de subscrever o acordo de Budapeste, segundo o qual a Ucrânia renunciava a possuir ou estacionar armamento nuclear. Por outro lado, a tresloucada declaração de Stoltenberg da NATO, com certeza incitada pelos americanos, de que a cada queixa russa, iram redobrar as forças e dispositivos da NATO, às fronteiras da Rússia, soou-me como uma declaração de guerra da NATO, como um momento funesto de húbris, de rejeição de qualquer abertura negocial e de provocação para o desencadear a guerra.
A invasão da Ucrânia, pode-se pensar que foi uma má jogada de Putin. Porém, ela foi explicada ao povo russo e este - na sua imensa maioria - aceitou a explicação. Segundo Putin, não podia ser de outro modo, pois os americanos e a NATO estavam a tentar realmente «apontar uma arma à cabeça da Rússia».
A guerra que se está a desenvolver tem muitos aspetos militares complexos. Um dos mais notórios, é as forças russas terem começado por neutralizar toda a força aérea, todas as defesas antiaéreas e toda a frota dos ucranianos. Depois, graças a uma penetração muito rápida no Leste, para bloquear qualquer tentativa de invasão dos territórios separatistas do Don, o exército russo cercou, em grandes áreas, o que eles chamam «caldeirões», as forças ucranianas. Estas, estavam concentradas no Leste (cerca de 75 a 60 mil homens), prontas a atacar as repúblicas autónomas de Donetsk e de Lugansk. Progressivamente, as forças russas fecharam o cerco e agora estão a encerrar o remanescente das brigadas ucranianas em «caldeirões» mais pequenos. Esta é a ação militar mais relevante, no terreno, pois estas forças ucranianas são a melhor parte do seu exército.
A cidade de Mariupol, na costa do Mar de Azov, foi cercada e, perante a resistência das tropas sitiadas, tem vindo a ser conquistada em lutas urbanas. Não há utilização maciça da força aérea, pois os russos não pretendem arrasar a infraestrutura. É isso que leva alguns agitados ocidentais a gritar que as forças russas estão a encontrar dificuldades. Querem alimentar a falsa esperança, de que as forças ucranianas conseguem contra-atacar. Mas, isto é completamente ilusório.
No caso de Kiev, é particularmente notório que a estratégia russa tem sido de poupar a capital, de poupar o próprio governo, pois precisam de ter interlocutores com quem negociar um cessar-fogo e uma paz. Se eles quisessem arrasar as urbes, não teriam qualquer dificuldade em fazê-lo. Como prova disso, basta notar como os mísseis certeiros, disparados de enormes distâncias, liquidaram centenas de mercenários em dois acampamentos, que se situavam perto da fonteira com a Polónia.
O chinfrim sobre a «zona de exclusão aérea», era apenas propaganda dos mais extremistas da NATO, ou pró-NATO, sem substância alguma. Aliás, a impossibilidade de tal coisa, foi reconhecida pelo presidente Joe Biden. Se existe uma exclusão aérea, é aquela que os russos impuseram. Não há aeronave que possa cruzar o espaço aéreo ucraniano, sem ter autorização deles.
O número de falsidades propaladas pela media ocidental sobre o desenrolar da guerra, é também aumentado pelas mais incríveis histórias que são reproduzidas, sem «fact-checking»: São meras peças de ficção, oriundas do governo ucraniano, ou dos seus partidários. Acossado em Kiev, o governo Zelensky não é autorizado, pelos americanos, a negociar um cessar-fogo, só a arrastar as negociações. Os partidários do governo de Kiev fazem a «guerra informativa», já que perderam a guerra no terreno. É por demais evidente que os EUA e a NATO estão a assoprar os ventos da guerra, incitando à formação de legiões de mercenários e despejando armas de todo o tipo**. A esperança (vã) dos dirigentes dos EUA/NATO, é que a guerra se prolongue, o mais tempo possível. Isto implicaria mais mortes (inúteis) e destruições avultadas. Eles esperam que haja uma espécie de guerrilha mas, de facto, estão completamente enganados.
Não se trata do Afeganistão. Os russos conhecem muito bem o território e as gentes. Além disso, devem ter planeado a invasão com muita antecedência. Têm mostrado grande precisão no que toca à «inteligência militar»: Inúmeros depósitos de combustível, de munições, de partes suplentes para veículos do exército ucraniano, foram destruídos. O modo como as forças russas têm atuado, indica que querem sobretudo quebrar a resistência do exército. Para tal, manobram para cercar as forças militares ucranianas e depois bombardeiam até estas se renderem, ou ficarem fora de combate. Eles estão a evitar a tomada de cidades, com exceção de Mariupol e de mais duas ou três, de pequeno tamanho. Os russos querem evitar muitas baixas civis e grandes destruições. Tanto Kiev, como Kharkov, estão isoladas. Mas, não é um cerco total, há saídas possíveis, porque querem que o máximo de gente fuja destas cidades.
Do ponto de vista técnico-militar, vários especialistas militares americanos têm dito que a guerra - para as forças ucranianas - está perdida. Isto, porque não existe a possibilidade duma unidade (uma divisão, ou brigada) se coordenar com outra. Só assim poderiam travar a ofensiva russa e desencadear uma contraofensiva. Os que agitam histórias fantasiosas «a favor» da Ucrânia, não estão a fazer favor nenhum à Ucrânia e às suas forças armadas. Quanto pior for o estado das forças armadas sobreviventes, no fim da guerra e quanto mais durar a sua resistência, sem benefício tático nenhum, pior serão as situações, militar e política, futuras. Uma Ucrânia, como Estado independente, precisa de um cessar-fogo, de negociações e duma situação de paz. É isso que os imperialistas americanos mais temem: a paz. Pois, eles têm realmente uma visão imperial dos povos. O povo ucraniano só lhes serviu para desestabilizar a Rússia, esta é a sua obsessão.
Creio que a Rússia está muito bem preparada para enfrentar o boicote, o embargo total pela Europa e pelos EUA; muito melhor do que estes jamais pensaram. A arrogância dos que se julgam (ainda!) donos do mundo, está levá-los a descolar completamente da realidade. As sanções contra a Rússia só têm fortalecido a aliança Sino-Russa. Contrariamente à mentira propalada no Ocidente, muitos países continuam a ter relações diplomáticas, comerciais e outras, com a Rússia. Pelo contrário, devido à vaga de sanções anti Rússia, o Ocidente já «garantiu» para si próprio, uma recessão severa que se irá abater, sobretudo, na Europa ocidental.
Do ponto de vista global, tanto no plano económico, como das alianças políticas e militares, o bloco ocidental fica cortado de toda a espécie de trocas com mais de metade da população mundial e de boa parte das matérias-primas estratégicas. Perde também mercados importantes para seus produtos. Mas, o pior seria o seguinte: Se houver uma escalada de sanções contra a China e, em retaliação (muito provável), cessarem as exportações chinesas para os EUA e Ocidente, será o golpe mais devastador para as nossas economias.
A loucura dos dirigentes ocidentais deve-se ao seu sentimento de superioridade, a um racismo muito profundamente entrincheirado no seu subconsciente, que transmitem aos seus povos respetivos. Daí, a onda de histeria, que se observa agora nas populações ocidentais. Os que glorificam os dirigentes imperialistas ocidentais e demonizam Putin e o povo russo, os que mentem, não somente impedem que o público tenha uma imagem objetiva do que se está a passar; estão a ser coniventes de crimes.
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(*)Embora, caso os russos capitulassem, os imperialistas iriam explorar os recursos riquíssimos da Rússia, tal como fizeram na era de Yeltsin e como têm feito no Terceiro Mundo.
(**) o perigo destas operações é que as armas vão parar ao mercado negro, as que não são destruídas pelos russos, assim que passam a fronteira.
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PS1: Faço notar que o Mundo já estava a braços com uma crise profunda, a qual não foi causada pela guerra na Ucrânia, nem pela pandemia covidiana. Os media irão martelar que as subidas de preços, a escassez de bens essenciais, o desemprego e todo os males do mundo se devem exclusivamente à situação de guerra. Porém, a realidade dos mercados mundiais mostra-nos que o mesmo se passaria, quer houvesse, ou não, crise ucraniana, pois as raízes do mal são profundas e têm a ver com o sistema financeiro mundial. Leia o esclarecedor artigo de Egon von Greyerz sobre esta questão:
https://goldswitzerland.com/all-hell-will-break-loose/
PS2: Publiquei sob o mesmo título genérico, «CRÓNICA DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL», os seguintes artigos neste blog:
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial_13.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial.html
PS3: Em resposta à exigência russa de pagamento em rublos para as suas exportações de combustíveis, sobretudo gás, a UE estabeleceu contrato com os EUA para entrega de gás liquefeito LNG, em navios-cisternas.
PS4: O vídeo AQUI coloca a questão da divisa de reserva (o dólar, até agora) e a sua relação com os sistemas de pagamento SWFT, o sistema CIPS, chinês e o significado das mudanças em curso.
PS5: Fala-se de «nova Guerra Fria» e do consequente aumento das despesas militares. Porém, nos piores momentos da Guerra Fria Nº1 (guerras da Coreia e Vietname), a despesa militar dos EUA foi menor do que AGORA !
https://consortiumnews.com/2022/03/25/warnings-for-washington-about-cold-war-2-0/