quarta-feira, 31 de janeiro de 2024
REFLEXÃO GEOESTRATÉGICA
quinta-feira, 24 de março de 2022
CRÓNICA (nº4) DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL - ECONOMIA, O NERVO DA GUERRA
É atribuída a Napoleão a expressão de que «o dinheiro é o nervo da guerra». Ou, por outras palavras, é o fator que mais importa, numa guerra. O facto continua a ser verdadeiro, hoje. Embora as guerras do século XIX sejam tão diferentes, em muitos outros aspetos, das guerras atuais. Para não irmos demasiado longe, as guerras levadas a cabo pelo império Yankee, apenas no século XXI, tiveram todas elas uma forte componente económica por detrás:
- Antes de mais, a necessidade de vender equipamento militar, incluindo novos armamentos, que a indústria de guerra americana constantemente produz. O lobby da indústria dos armamentos é um dos mais poderosos com influência muito vasta em Washington;
- O acesso às matérias-primas e fontes de energia: O Afeganistão possui recursos minerais cobiçados por multinacionais, o Iraque, a Líbia, a Síria e o Iémen têm petróleo. O controlo das matérias-primas estratégicas, assim como dos combustíveis fósseis, é considerado um argumento válido para se fazer a guerra, para os falcões que enxameiam os estados -maiores e «think-tanks» da NATO. Lembro-me que, do lado americano, por alturas da invasão do Iraque, argumentavam que a «guerra se pagaria a si própria» com as «royalties» do petróleo. Estas, seriam vertidas nas contas dos EUA, como «indemnizações de guerra».
Note-se que os americanos não tardam em tomar de assalto o banco central nos países invadidos e a roubarem o ouro. Na sequência do golpe da Maidan, ficaram com as toneladas de ouro do banco central da Ucrânia, à sua «guarda» e não o devolveram, nem nunca o farão. O mesmo com o Iraque, a Líbia e o Afeganistão.
As motivações, na presente guerra Russo/Ucraniana, são mais complexas. Penso que o aspeto estratégico, na perspetiva russa, ultrapassa o aspeto económico, apesar deste estar presente, ao nível das sanções e contrassanções. Parece-me que estará fora das intenções dos russos anexarem a Ucrânia. Porque haveria, em tal hipótese, somente custos, sem quaisquer benefícios: Se ocupassem permanentemente a Ucrânia, teriam de reconstruir a sua economia, teriam de a sanear, visto ela ter sido profundamente depauperada em todos estes anos de corrupção. Eles querem apenas que a Ucrânia seja um Estado neutro, com um relacionamento normal e não hostil, com a vizinha Rússia.
Aqui, jogam considerações geoestratégicas, joga também uma visão integrada do que se passa na esfera económica. Em vez de uma guerra para tomada de matérias-primas, ou outros recursos*, trata-se de uma guerra imposta pela pressão constante dos EUA/NATO, sobre as fronteiras da Rússia. Esta, não podia continuar a fazer de conta que não era grave para a sua existência, enquanto nação independente. A história da guerra atual deverá recuar, pelo menos, a 1991. Deverá registar e analisar as muitas peripécias dramáticas e trágicas, incluindo o golpe de Maidan. Além disso, em todos os anos do Século XXI, os EUA e seus aliados estiveram envolvidos diretamente, ou através de forças por eles apoiadas, em guerras regionais.
Na perspetiva russa, a possibilidade da NATO incluir oficialmente a Ucrânia - já com extensa colaboração com a NATO - implicava o risco de que os russófobos mais extremos tivessem acesso a sofisticados mísseis e armamento nuclear. Com efeito, Zelensky na Conferência de Segurança de Munique de 2022, sugeriu que a Ucrânia deixaria de subscrever o acordo de Budapeste, segundo o qual a Ucrânia renunciava a possuir ou estacionar armamento nuclear. Por outro lado, a tresloucada declaração de Stoltenberg da NATO, com certeza incitada pelos americanos, de que a cada queixa russa, iram redobrar as forças e dispositivos da NATO, às fronteiras da Rússia, soou-me como uma declaração de guerra da NATO, como um momento funesto de húbris, de rejeição de qualquer abertura negocial e de provocação para o desencadear a guerra.
A invasão da Ucrânia, pode-se pensar que foi uma má jogada de Putin. Porém, ela foi explicada ao povo russo e este - na sua imensa maioria - aceitou a explicação. Segundo Putin, não podia ser de outro modo, pois os americanos e a NATO estavam a tentar realmente «apontar uma arma à cabeça da Rússia».
A guerra que se está a desenvolver tem muitos aspetos militares complexos. Um dos mais notórios, é as forças russas terem começado por neutralizar toda a força aérea, todas as defesas antiaéreas e toda a frota dos ucranianos. Depois, graças a uma penetração muito rápida no Leste, para bloquear qualquer tentativa de invasão dos territórios separatistas do Don, o exército russo cercou, em grandes áreas, o que eles chamam «caldeirões», as forças ucranianas. Estas, estavam concentradas no Leste (cerca de 75 a 60 mil homens), prontas a atacar as repúblicas autónomas de Donetsk e de Lugansk. Progressivamente, as forças russas fecharam o cerco e agora estão a encerrar o remanescente das brigadas ucranianas em «caldeirões» mais pequenos. Esta é a ação militar mais relevante, no terreno, pois estas forças ucranianas são a melhor parte do seu exército.
A cidade de Mariupol, na costa do Mar de Azov, foi cercada e, perante a resistência das tropas sitiadas, tem vindo a ser conquistada em lutas urbanas. Não há utilização maciça da força aérea, pois os russos não pretendem arrasar a infraestrutura. É isso que leva alguns agitados ocidentais a gritar que as forças russas estão a encontrar dificuldades. Querem alimentar a falsa esperança, de que as forças ucranianas conseguem contra-atacar. Mas, isto é completamente ilusório.
No caso de Kiev, é particularmente notório que a estratégia russa tem sido de poupar a capital, de poupar o próprio governo, pois precisam de ter interlocutores com quem negociar um cessar-fogo e uma paz. Se eles quisessem arrasar as urbes, não teriam qualquer dificuldade em fazê-lo. Como prova disso, basta notar como os mísseis certeiros, disparados de enormes distâncias, liquidaram centenas de mercenários em dois acampamentos, que se situavam perto da fonteira com a Polónia.
O chinfrim sobre a «zona de exclusão aérea», era apenas propaganda dos mais extremistas da NATO, ou pró-NATO, sem substância alguma. Aliás, a impossibilidade de tal coisa, foi reconhecida pelo presidente Joe Biden. Se existe uma exclusão aérea, é aquela que os russos impuseram. Não há aeronave que possa cruzar o espaço aéreo ucraniano, sem ter autorização deles.
O número de falsidades propaladas pela media ocidental sobre o desenrolar da guerra, é também aumentado pelas mais incríveis histórias que são reproduzidas, sem «fact-checking»: São meras peças de ficção, oriundas do governo ucraniano, ou dos seus partidários. Acossado em Kiev, o governo Zelensky não é autorizado, pelos americanos, a negociar um cessar-fogo, só a arrastar as negociações. Os partidários do governo de Kiev fazem a «guerra informativa», já que perderam a guerra no terreno. É por demais evidente que os EUA e a NATO estão a assoprar os ventos da guerra, incitando à formação de legiões de mercenários e despejando armas de todo o tipo**. A esperança (vã) dos dirigentes dos EUA/NATO, é que a guerra se prolongue, o mais tempo possível. Isto implicaria mais mortes (inúteis) e destruições avultadas. Eles esperam que haja uma espécie de guerrilha mas, de facto, estão completamente enganados.
Não se trata do Afeganistão. Os russos conhecem muito bem o território e as gentes. Além disso, devem ter planeado a invasão com muita antecedência. Têm mostrado grande precisão no que toca à «inteligência militar»: Inúmeros depósitos de combustível, de munições, de partes suplentes para veículos do exército ucraniano, foram destruídos. O modo como as forças russas têm atuado, indica que querem sobretudo quebrar a resistência do exército. Para tal, manobram para cercar as forças militares ucranianas e depois bombardeiam até estas se renderem, ou ficarem fora de combate. Eles estão a evitar a tomada de cidades, com exceção de Mariupol e de mais duas ou três, de pequeno tamanho. Os russos querem evitar muitas baixas civis e grandes destruições. Tanto Kiev, como Kharkov, estão isoladas. Mas, não é um cerco total, há saídas possíveis, porque querem que o máximo de gente fuja destas cidades.
Do ponto de vista técnico-militar, vários especialistas militares americanos têm dito que a guerra - para as forças ucranianas - está perdida. Isto, porque não existe a possibilidade duma unidade (uma divisão, ou brigada) se coordenar com outra. Só assim poderiam travar a ofensiva russa e desencadear uma contraofensiva. Os que agitam histórias fantasiosas «a favor» da Ucrânia, não estão a fazer favor nenhum à Ucrânia e às suas forças armadas. Quanto pior for o estado das forças armadas sobreviventes, no fim da guerra e quanto mais durar a sua resistência, sem benefício tático nenhum, pior serão as situações, militar e política, futuras. Uma Ucrânia, como Estado independente, precisa de um cessar-fogo, de negociações e duma situação de paz. É isso que os imperialistas americanos mais temem: a paz. Pois, eles têm realmente uma visão imperial dos povos. O povo ucraniano só lhes serviu para desestabilizar a Rússia, esta é a sua obsessão.
Creio que a Rússia está muito bem preparada para enfrentar o boicote, o embargo total pela Europa e pelos EUA; muito melhor do que estes jamais pensaram. A arrogância dos que se julgam (ainda!) donos do mundo, está levá-los a descolar completamente da realidade. As sanções contra a Rússia só têm fortalecido a aliança Sino-Russa. Contrariamente à mentira propalada no Ocidente, muitos países continuam a ter relações diplomáticas, comerciais e outras, com a Rússia. Pelo contrário, devido à vaga de sanções anti Rússia, o Ocidente já «garantiu» para si próprio, uma recessão severa que se irá abater, sobretudo, na Europa ocidental.
Do ponto de vista global, tanto no plano económico, como das alianças políticas e militares, o bloco ocidental fica cortado de toda a espécie de trocas com mais de metade da população mundial e de boa parte das matérias-primas estratégicas. Perde também mercados importantes para seus produtos. Mas, o pior seria o seguinte: Se houver uma escalada de sanções contra a China e, em retaliação (muito provável), cessarem as exportações chinesas para os EUA e Ocidente, será o golpe mais devastador para as nossas economias.
A loucura dos dirigentes ocidentais deve-se ao seu sentimento de superioridade, a um racismo muito profundamente entrincheirado no seu subconsciente, que transmitem aos seus povos respetivos. Daí, a onda de histeria, que se observa agora nas populações ocidentais. Os que glorificam os dirigentes imperialistas ocidentais e demonizam Putin e o povo russo, os que mentem, não somente impedem que o público tenha uma imagem objetiva do que se está a passar; estão a ser coniventes de crimes.
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(*)Embora, caso os russos capitulassem, os imperialistas iriam explorar os recursos riquíssimos da Rússia, tal como fizeram na era de Yeltsin e como têm feito no Terceiro Mundo.
(**) o perigo destas operações é que as armas vão parar ao mercado negro, as que não são destruídas pelos russos, assim que passam a fronteira.
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PS1: Faço notar que o Mundo já estava a braços com uma crise profunda, a qual não foi causada pela guerra na Ucrânia, nem pela pandemia covidiana. Os media irão martelar que as subidas de preços, a escassez de bens essenciais, o desemprego e todo os males do mundo se devem exclusivamente à situação de guerra. Porém, a realidade dos mercados mundiais mostra-nos que o mesmo se passaria, quer houvesse, ou não, crise ucraniana, pois as raízes do mal são profundas e têm a ver com o sistema financeiro mundial. Leia o esclarecedor artigo de Egon von Greyerz sobre esta questão:
https://goldswitzerland.com/all-hell-will-break-loose/
PS2: Publiquei sob o mesmo título genérico, «CRÓNICA DA TERCEIRA GUERRA MUNDIAL», os seguintes artigos neste blog:
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial_13.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/03/cronica-da-terceira-guerra-mundial.html
PS3: Em resposta à exigência russa de pagamento em rublos para as suas exportações de combustíveis, sobretudo gás, a UE estabeleceu contrato com os EUA para entrega de gás liquefeito LNG, em navios-cisternas.
PS4: O vídeo AQUI coloca a questão da divisa de reserva (o dólar, até agora) e a sua relação com os sistemas de pagamento SWFT, o sistema CIPS, chinês e o significado das mudanças em curso.
PS5: Fala-se de «nova Guerra Fria» e do consequente aumento das despesas militares. Porém, nos piores momentos da Guerra Fria Nº1 (guerras da Coreia e Vietname), a despesa militar dos EUA foi menor do que AGORA !
https://consortiumnews.com/2022/03/25/warnings-for-washington-about-cold-war-2-0/
segunda-feira, 15 de novembro de 2021
NADA, ABSOLUTAMENTE NADA.
O que dizem os defensores dos direitos humanos, sobre o que se está a passar na Áustria, perante a óbvia instauração por ordem do governo, duma espécie de «gulag» para os não-vacinados. Uma ordem que os coloca num estatuto de «infra-humanos» (retiram-lhes mesmo os direitos mais elementares)? Nada, absolutamente nada.
O que dizem os defensores dos direitos humanos sobre os ocultados massacres americanos na Síria, de centenas de crianças e de mulheres e outros crimes de guerra? Nada, absolutamente nada.
Há vários anos que a guerra no Iémen destrói este país.
Ela é apresentada como «conflito interno», porém as forças pró-governamentais são reforçadas por contingentes sauditas e dos emiratos. Têm apoio ocidental (britânicos, americanos, franceses, etc.) em armamento, «conselheiros», mercenários, tropas especiais. O que dizem os membros de organizações que inscrevem a paz e os direitos humanos nos seus estatutos e programas? Nada, absolutamente nada.
Conclusão:
- Se não dizem nada, absolutamente nada, são claramente coniventes com esses crimes.
Escolhem encobrir estes crimes e denunciar seletivamente outros. Estes últimos, até podem ser reais, até podem ser muito graves.
Porém, a credibilidade da denúncia, a razão verdadeira dos protestos, a sinceridade da solidariedade, ficam logo postas em dúvida, senão mesmo, desmascaradas pelos próprios, ao encobrirem, dum manto de silêncio, os horrores que os seus Estados cometem.
Ao não mexer um dedo nestes casos, enquanto fazem campanhas obstinadas para denunciar crimes (reais ou supostos) cometidos por regimes noutras partes do Mundo, negam-se a si próprios enquanto defensores dos direitos humanos.
Não agem, quando as circunstâncias o justificam, junto dos seus governos e opiniões públicas: Mas seria aí, onde poderiam ter maior eficácia.
A sua verdadeira agenda é outra, não é o interesse genuíno pelas pessoas oprimidas. Antes, estão a utilizar diversas situações como pretexto para fazer campanha contra certos regimes.
São o «braço civil» na guerra híbrida levada a cabo pelo «Ocidente», pelo «Império» dos EUA, contra todos os que não lhe são submissos.
Estas ONGs são generosamente subsidiadas por agências especializadas, como a NED (dos EUA), ou «programas» de instituições europeias (Parlamento Europeu, Comissão Europeia, etc.), da ONU e de suas agências.
Não são a expressão da «sociedade civil», autonomamente organizada, como querem fazer crer: São totalmente dependentes no plano financeiro (e portanto, também no plano da ação política) de governos ou magnates como George Soros («Open Society Foundation»).
Se alguém duvidar da veracidade do que afirmo, que investigue por si: verá que não estou a exagerar.
PS1: Leia AQUI a transformação da Austrália em pesadelo fascista. Outro caso em que a atitude dos defensores dos direitos humanos ocidentais se resume a nada, absolutamente nada!
domingo, 5 de janeiro de 2020
No imediato, SAÍDA DO IRAQUE. Depois, DERROTA TOTAL
O papel de criador, fornecedor secreto e protector do ISIS por parte dos EUA e de seus serviços secretos, está agora mais patente do que nunca, sabendo-se que Soleimani foi o mais destacado inimigo dessa organização terrorista, tendo as forças iranianas por ele comandadas desempenhado um papel fundamental na derrota do «Estado Islâmico» no Iraque e depois na Síria.
sexta-feira, 30 de março de 2018
A GUERRA DE PROPAGANDA ANTECEDE A GUERRA A QUENTE
o efeito da propaganda
Manter-se teimosamente em estado de denegação, recusar olhar o mundo tal como ele é, consiste na mais infantil e mais perigosa reacção a uma situação de perigo iminente:
quinta-feira, 9 de novembro de 2017
MALTHUSIANISMO E NEO-MALTHUSIANISMO
Neste curto ensaio vou desenvolver alguns aspetos da questão populacional. A biologia das populações sempre foi um domínio de que eu gostei, embora não tenha especificamente trabalhado como biólogo das populações.
O
malthusianismo, do economista inglês Thomas Malthus (1766-1834) é
uma teoria que encara a população sob o duplo prisma dos recursos e da sua taxa
de reprodução. Malthus postulou que os recursos - os bens necessários à subsistência humana tais
como alimentos, casas, roupas, etc. - poderiam - quanto muito - progredir numa
progressão linear (ou diretamente proporcional), enquanto a multiplicação
dos indivíduos ocorria numa progressão geométrica ou exponencial. Da
divergência entre estes dois crescimentos, originava-se fatalmente
uma escassez, que se traduzia em fomes, violências e guerra. Para evitar
este terrível destino, teriam de ser tomadas medidas concretas para limitar a
população (encorajamento da contraceção, esterilizações...), com vista à
estabilidade populacional.
O princípio
malthusiano era pessimista porque postulava que as pessoas, ao
multiplicarem-se, iriam necessariamente ficar cada vez mais pobres, mais
destituídas. A elite aproveitou o mesmo princípio para lutar contra a tendência
para aumento dos salários e diminuição das horas de jornada de trabalho, que
foram as grandes causas movimentando o proletariado, desde a primeira metade do
século XIX, até hoje.
A obra de Malthus foi utilizada por Marx e Engels assim como por Darwin,
entre outros. Marx e seguidores tiraram daí o conceito da autodestruição
inerente ao sistema de exploração capitalista.
Darwin
inspirou-se em Malthus para explicar a inerente competição pelos recursos
escassos entre todas as espécies vivas; foi também buscar a este autor a
ideia do efeito da predação (e incluindo o parasitismo) como forma de ajustar
os efetivos das populações de presas e de predadores.
Após Darwin, o
seu sobrinho Galton adaptou os conceitos de seu tio e de outros. Numa linha neomalthusiana
defendeu a eugenia - ou seja - que os «melhores» deviam ser estimulados a
procriar enquanto os que eram portadores de «taras» deviam ser impedidos de
procriar.
Vários países
praticaram a esterilização sistemática de pessoas consideradas «inferiores».
Muitas pessoas têm ideia de que apenas a Alemanha de Hitler e quanto muito
alguns dos seus estados-vassalos da Europa praticaram essas medidas. Hoje,
sabe-se que não foi assim: Desde a Suécia à Austrália, sucedem-se histórias
verídicas de políticas de Estado, da esterilização forçada de certos grupos de
cidadãos.
A grande indústria
e em particular o império Rockefeller estão associados desde o principio, ou
seja, antes ainda do partido NAZI subir ao poder, através da Fundação
Rockefeller, em apoio entusiástico ao eugenismo prático, além de
serem financiadores de muita da investigação científica destinada a
melhoramento da espécie humana. É com base em programas financiados pelos
grandes empórios da agroquímica que são criados OGM, organismos geneticamente
modificados. William Engdahl explica de modo muito convincente e
exaustivo, no livro «As
sementes da destruição», que a oligarquia (Rockfeller e outros
bilionários) esteve - desde o princípio - a subsidiar e promover as OGM.
Décadas antes (nos anos 70), defendendo uma estratégia tipicamente
neo-malthusiana, o seu protegido H. Kissinger tinha já delineado uma estratégia
de guerra económica utilizando sementes, trigo, soja, leite, principalmente.
A utilização
dos alimentos estratégicos (sobretudo dos cereais) como arma de chantagem
permitiu a Washington impor aos governos de países do Terceiro Mundo, programas
de «controlo da natalidade» (que incluíram esterilizações em massa e sem
conhecimento/consentimento das mulheres) como condição para beneficiarem do
apoio alimentar não só dos EUA, directamente, como também de agências
internacionais, mas de facto controladas pelos EUA.
Actualmente, as chamadas guerras contra o terror têm uma dimensão de destruição
massiva não apenas das populações como também das infraestruturas. Assim, no
Afeganistão, no Iraque, na Síria, na Líbia, no Iémene, estão documentados actos
destinados a destruir ou inviabilizar estruturas fundamentais para a população
civil, desde centrais eléctricas e geradores de corrente, a sistemas de
canalização e tratamento de água potável e de esgotos. O resultado é a morte de
milhões de crianças, principalmente causada pela desnutrição, ausência de
cuidados básicos de saúde, de água potável, etc. Note-se que estes países
ficam com uma população reduzida, não somente porque tem de emigrar para longe,
como refugiados, como também está desnutrida, enfraquecida, mais sujeita a
doenças, em países devastados, onde não existem os recursos médicos e sanitários
mais elementares.
Estas guerras
do Império, de uma crueldade incrível, seriam suficientes, por si só, para
condenar os presidentes e seus respectivos governos (George H. Bush, Bill
Clinton, George W. Bush, Barack Obama e Donald Trump), se houvesse o equivalente
do tribunal de Nuremberga. Infelizmente, os países que participam no tribunal
da Haia, consentiram que os EUA se auto-excluíssem de poder jamais comparecer no
dito cujo tribunal, apesar de terem sido os mais fervorosos impulsionadores do
mesmo.
A política de
destruição sistemática ocorre nos países do «crescente fértil», onde nasceu a
agricultura há 12 mil anos, onde existe uma parte muito grande do petróleo
explorado.
O trazer aí o caos, encorajando a intolerância religiosa, sectária e étnica,
não é fruto do acaso ou daquilo que os media corporativos nos querem
fazer crer: é resultado duma política neo-malthusiana destinada a reduzir
drasticamente certas populações, sobretudo, se elas são dos países que
detêm recursos (o petróleo, mas também certos minerais) de que o «Ocidente»
carece para as suas indústrias, para satisfazer o seu estilo de vida e consumo.
Existe uma
forte corrente que se designa de «neocon» que capturou sectores inteiros do
governo dos EUA e sobretudo do chamado «Estado Profundo», incluindo as agências
CIA, NSA, Homeland Security, etc. Esta corrente advoga que é possível uma
guerra nuclear ser «ganha» pelos EUA, havendo depois um redistribuir de poderes
e de recursos em benefício dos mesmos e de seus vassalos de «primeira»
(essencialmente anglossaxónicos «de pele branca»: Grã-Bretanha, Austrália,
Canadá, Nova-Zelândia).
Todos os
outros países sofreriam devastações tais, que durariam muitos anos a
recomporem-se. Loucamente, delirantemente, imaginam conseguir obter uma
redução de 4/5 da população mundial, por este meio (o holocausto nuclear) e que
as populações sobreviventes viverão em condições muito satisfatórias. Mas
uma guerra nuclear significa a destruição completa da habitabilidade do planeta
ou, no mínimo, a perda irreversível das condições para os sobreviventes. É
este o perigo que o mundo enfrenta, se deixar um punhado de pessoas com poder
(os neocons e a oligarquia mundial) manobrar as políticas dos Estados.
A obra de Malthus foi utilizada por Marx e Engels assim como por Darwin, entre outros. Marx e seguidores tiraram daí o conceito da autodestruição inerente ao sistema de exploração capitalista.
Actualmente, as chamadas guerras contra o terror têm uma dimensão de destruição massiva não apenas das populações como também das infraestruturas. Assim, no Afeganistão, no Iraque, na Síria, na Líbia, no Iémene, estão documentados actos destinados a destruir ou inviabilizar estruturas fundamentais para a população civil, desde centrais eléctricas e geradores de corrente, a sistemas de canalização e tratamento de água potável e de esgotos. O resultado é a morte de milhões de crianças, principalmente causada pela desnutrição, ausência de cuidados básicos de saúde, de água potável, etc. Note-se que estes países ficam com uma população reduzida, não somente porque tem de emigrar para longe, como refugiados, como também está desnutrida, enfraquecida, mais sujeita a doenças, em países devastados, onde não existem os recursos médicos e sanitários mais elementares.
O trazer aí o caos, encorajando a intolerância religiosa, sectária e étnica, não é fruto do acaso ou daquilo que os media corporativos nos querem fazer crer: é resultado duma política neo-malthusiana destinada a reduzir drasticamente certas populações, sobretudo, se elas são dos países que detêm recursos (o petróleo, mas também certos minerais) de que o «Ocidente» carece para as suas indústrias, para satisfazer o seu estilo de vida e consumo.