quinta-feira, 29 de junho de 2023

HENRY PURCELL: DIDO AND AENEAS

Dido and Aeneas, de Henry Purcell: 



Uma joia cénica e musical da ópera: WAYWARD SISTERS

Nesta ópera*, H. Purcell reúne todos os elementos dramáticos, para construir um monumento barroco que resiste muito bem à passagem do tempo.  

A bruxa chama as suas irmãs para lançar a maldição sobre Cartago, da qual Dido é a rainha.  Através das Wayward Sisters é representada uma conspiração, nesta cena e seguintes. 

https://www.youtube.com/watch?v=hzvgpCZ6rxM&list=OLAK5uy_lJokTwIL2ajsgOayUyKP12vw-77bT73ic&index=14



Purcell é realmente um monumento ímpar, em toda a cultura europeia do século XVII. Se o virmos como participante do grande movimento barroco europeu, não apenas como expoente da música das Ilhas Britânicas, temos de concluir que representa um passo decisivo para a modernidade plena. Um músico charneira, num certo sentido, mas certamente original, quer na música instrumental, quer na ópera. A inovação estilística é muito significativa, embora não pretenda entrar em ruptura com a tradição, mas apenas alargar a expressão das paixões humanas. Aplica-se plenamente a designação «drama em música», utilizada em Itália na viragem do século XVI para o séc. XVII, para a ópera. A ária celebérrima «When I'm laid in earth» (Ato III, cena 2), da mesma ópera, tem ocultado esta joia de negrume das bruxas lançando sua terrível maldição sobre Cartago... Faz-me pensar nas bruxas de «Macbeth» de Shakespeare, embora Purcell não tenha composto a ópera a partir da peça do dramaturgo.

Haendel reconheceu a qualidade dramática e musical de Purcell, criador da ópera em língua inglesa. Embora as óperas de Haendel sejam compostas em italiano - para satisfazer a moda da sua época - moldou magistralmente a matéria musical em língua inglesa, nas suas oratórias.

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CONCERTO PARA PIANO Nº1 DE MENDELSSOHN - YEOL EUM SON

                                                  
                                               https://www.youtube.com/watch?v=RLHIbskboxo


Yeol Eum Son realiza uma proeza de virtuosismo ao vivo, na execução deste concerto, com a leveza incrível, que faz da audição um fluxo constante de prazer. 

Mendelssohn compôs este concerto, assim como a 1º Sinfonia (Italiana), com apenas 22 anos.  O otimismo, a energia e o humor desta peça têm sempre, em mim, um efeito tonificante. Não sendo destituído de subtileza, nem de momentos de nostalgia é -no seu todo- uma espécie de «hino triunfal» à vida!


PS: Há um vídeo com a interpretação de Yuja Wang . Os leitores poderão ouvir e comparar, para escolherem a interpretação que mais lhes agrada

quarta-feira, 28 de junho de 2023

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA, PARTE XVII

             Se eu fosse um profissional de escrita e de política, se estivesse envolvido no jornalismo mediático, estaria a remoer o que poderia vender para o meu público, desde a minha última crónica. O meu ponto de observação, sendo de alguém muito pouco interessado na «agenda» de uns e de outros, é na verdade, o que realmente me interessa no tempo transcorrido entre a última crónica (a nº XVII) e a de hoje.

Primeiro, quero dizer-vos que não irei falar do golpe de Prighozin e de Wagner, por uma razão muito simples; estou farto de desinformação, de uns e de outros, não creio que nada de realmente novo possa ser dito sobre o ocorrido, pelo menos nos tempos mais próximos, até porque os arquivos (em geral, só abertos aos historiadores, passados 50 anos...) poderão fazer deitar por terra as versões de uns e de outros, e até mesmo dos que não estejam em nenhum campo. Dito isto, quero deixar claro que lamento o derrame de sangue ocorrido, a morte de aviadores russos; para eles e suas famílias é uma tragédia: Ainda por cima, sem-sentido. 

Olhar o Mundo, como gostaria que isso fosse possível, mas de longe, de muito longe; não no tempo, mas - pelo menos - no espaço!

Há quem diga que a História se repete, há quem atribua essa repetição à incapacidade de jovens gerações «se lembrarem» de eventos ocorridos antes delas serem adultas, ou mesmo de terem nascido. O estudo da História é levado a cabo com uma superficialidade enorme, mesmo entre muitos dos indivíduos que se dizem «cultivados». E, até os que se dignam debruçar sobre a História do Mundo, aprendendo o que ocorreu umas décadas antes de terem nascido, é quase certo que ingiram versões de História fabricadas para confortar esta ou aquela tese. Sabemos que não existe nenhum historiador, no presente ou passado, que não seja (... que não fosse) tendencioso. Todos têm a sua ideologia, todos interpretam os acontecimentos de acordo com os seus credos respetivos. Não posso atirar-lhes a pedra! Pois eu também vejo o presente e o passado de acordo com as minhas convicções e simpatias, ou seja, com subjetivismo.

No presente, eu seria um pouco como o herói de Stendhal, Fabrice (do romance «La Chartreuse de Parme»), no meio da confusão da batalha de Waterloo: 


Vê umas tropas a avançar, depois uma carga de cavalaria, soldados mortos e feridos por estilhaços de balas de canhões, um grande alarido... Mas, ele está tão perto do que se passa, que não consegue perceber nada. Nem quem está a perder, ou a ganhar; nem a lógica dos movimentos de uns e de outros. Nem as estranhas ordens gritadas no meio da confusão... Tudo lhe parece um enorme caos, que efetivamente terá sido. É sempre assim, para quem está metido no meio de uma batalha. 

O fresco magnífico de Victor  Hugo, sobre a mesma batalha, inserido na sua obra-prima («Les Misérables»), é muito diferente. Ele descreve em pormenor a carga da cavalaria pesada francesa, que se desenvolve colina acima, encontrando um inferno de metralha britânica pela frente.

 É, sem dúvida, um estilo épico, mas de certeza que não foi como tal, que o viveram ou sentiram os protagonistas do acontecimento (do lado napoleónico, ou britânico). 

Muito mais próxima da realidade é a descrição da batalha da Moskva, ou de Borodino, em 1812, entre «La Grande Armée», composta por tropas de toda a Europa ocidental e central e o exército russo, feita por Leão Tolstoi

no romance «Guerra e Paz», escrito cerca de meio-século depois da referida batalha. 

De qualquer maneira, o elemento épico dum combate, seja uma escaramuça ou uma batalha decisiva, está completamente ausente, na realidade: É a posteridade que elimina os casos que não satisfaçam os padrões, que não se coadunem com a «coragem» e o «heroísmo», do lado que se pretende glorificar.  Será surpreendente encontrar um escritor de uma dada nação, que faça a apologia do comportamento de militares da nação inimiga. Em geral, as cenas atrozes e reprováveis, são tidas como da responsabilidade do campo que mais se detesta. 

Os pacifistas verdadeiros, que não estão em nenhum dos campos, são considerados «traidores» ou «cobardes», por ambos os lados. Ficam sujeitos a levar um tiro na nuca, ou algo assim, pois estão «fora do quadro»; são uma «mancha» na pintura; quanto muito, serão «homenageados» depois de mortos mas, seu exemplo de retidão moral, de coerência e humanismo, não será cultivado pelas gerações vindouras.

Por estas razões, uma guerra, seja ela qual for, é sempre um recuo civilizacional. Não somente para as gerações que nela participam; também para a descendência de ambos os lados. Os vencedores, segregam um nacionalismo «otimista» e os vencidos um nacionalismo «pessimista».

Por isso, um ciclo de guerra recomeça, após cerca de uma centena de anos: Os horrores da guerra de 1914-18, já não são percetíveis às gerações que nasceram  por volta de 2000. 

Os Estados ergueram monumentos em memória dos soldados caídos nesta guerra chamada «A Grande Guerra», para os enterrar uma segunda vez, mais fundo ainda, no esquecimento. Os livros de história preocupam-se em fornecer causas económicas, aspetos ideológicos ou de geoestratégia, que permitam atribuir os motivos de tudo o que se passou. Mas, apenas alguns livros, romances quase esquecidos, detalham os horrores da tal «guerra para acabar com todas as guerras». 

E agora, temos os bisnetos dos combatentes da Iª Guerra mundial,  a deixarem arrastar-se pelo «fervor patriótico», ou pelo «terror do inimigo», para matar e morrer, como se isso fosse o maior e mais nobre dever. Como se as suas famílias devessem ficar eternamente gratas pelo seu sacrifício inútil! Todos os ditadores, seja qual for a sua tendência, gostam da guerra: ela permite forçar a «união sagrada» em torno dos regimes. Estes, supostamente, seriam a barreira para a «barbárie» (sempre a do outro).

Francamente, isto é realmente estúpido, primário e criminoso, ao ponto de despertar em mim um desejo de não ter nada que ver, de não querer saber de nada, de me retirar física e mentalmente para um refúgio onde possa ilusoriamente desfrutar de paz da alma. Mas, este desejo é contrariado pelo meu entendimento de que as pessoas mais sacrificadas são, quase sempre, as que menos responsabilidades têm no conflito. De que os poderosos - de um e do outro lado - estão a jogar as vidas dos seus soldados e civis, para engrandecer o seu nome e o seu regime... Não há os bons e os maus; há os poderosos e os humildes. Estes últimos, estão destinados a serem triturados sem piedade, para justificar sonhos megalómanos, seja de quem for. 

Não existe «causa justa» numa guerra: Ou melhor; a única causa que se deve considerar humanamente justa é a que defende o cessar-fogo imediato, a procura de uma resolução pacífica para o conflito. 

O que mantém uma guerra, embora reconhecida por todos como tragédia, é que as pessoas foram doutrinadas a considerá-la  «inevitável, por causa de X» (X= nome de Chefe-de-Estado e da Nação inimigos). É um truque muito velho, mas que funciona; e continua a funcionar, porque as pessoas preferem continuar dentro do rebanho, em vez de mostrarem independência, de terem a coragem de dizer «não!».

Não me compete dizer o que os outros têm de pensar ou fazer. Mas gostaria de ver pessoas de elevada estatura intelectual e moral, erguerem-se e denunciarem a barbárie. 

Voltando à Primeira Guerra Mundial, creio que a censura e o fanatismo xenófobo (em todos os países beligerantes), não conseguiram impedir que vozes de vários quadrantes políticos e ideológicos se pronunciassem, falassem contra a corrente: essas personalidades, terão sido mais tarde homenageadas em vida, ou depois de falecerem, por aqueles mesmos que os ignoraram ou insultaram, anos antes.  

Desculpem, mas o que saiu nesta prosa não é verdadeiramente o que deveria ser, ou seja, um relato do que se passou. Os meus leitores me desculpem. Eu realmente disse o que - a meu ver - não deveria ter acontecido, mas acontece e aquilo que eu gostaria de ver, mas que não vejo. Por este motivo, decidi chamá-la «UMA NÃO-CRÓNICA»


segunda-feira, 26 de junho de 2023

PIERRE-HENRI GOUYON «O COLAPSO DA BIODIVERISADE»


 P-H Gouyon desanca as incongruências de «verdes» e «tecnocratas», muito preocupados em relação à crise ecológica global, mas que apenas acentuam os problemas porque somente conseguem «raciocinar» nas categorias que lhes ensinaram! 

Um enorme "pontapé" de um grande cientista, nos preconceitos que passam por «ciência».

Espetáculo «SCENA 06/26/2023», com CONJUNTO DE PERCUSSÕES e muito mais!

 


Um fantástico espetáculo artístico, mostrando uma perfeita coordenação entre os diversos executantes.

CRISE DE SUPERPRODUÇÃO DO VINHO

 https://www.zerohedge.com/commodities/europe-drowns-wine-eu-adopts-crisis-measures-rescue-producers



Em vários países europeus, o vinho estava mais ligado ao mercado externo do que ao consumo interno. O agravamento da crise reflete-se nos diversos países, no chamado consumo de luxo. Mesmo o vinho de média qualidade é considerado como luxo em países não tradicionalmente produtores, por exemplo os da Europa do Norte, da América do Norte e muitos países Africanos e Asiáticos. O mercado está saturado porque este produto tem tido uma expansão contínua desde há décadas, ora, apesar de novos países se abrirem ao consumo do vinho, uma expansão do mercado não pode durar sempre. Tem de vir um momento de contração.

No caso do vinho, essa contração coincide com a provocada pela inflação mundial, assim como as piores previsões económicas, relativas a países afluentes e que eram tradicionalmente consumidores de vinho dos países do Sul da União Europeia, como a Alemanha ou o Reino Unido.

Ao nível nacional, os portugueses têm diminuído o consumo de vinho, o que tem causas múltiplas, entre elas o acentuar da inflação (que toca mais os produtos não-essenciais), a diminuição do poder de compra das classes menos favorecidas e da classe média, a evolução do consumo das camadas mais jovens que se têm desviado para o consumo das cervejas (nomeadamente, as «artesanais») e para os álcoois fortes, ingredientes de cocktails ou «shots», muito em voga. 

 Dá-se a situação de retração simultânea nos mercados interno e internacional, em especial, para os países menos afortunados da UE, mas também em países beneficiando (ainda) de confortável nível de vida. 

As marcas de vinho deveriam ter visto esta crise chegar, mas - pelo menos em Portugal - insistiram em subir constantemente o preço dos vinhos nos supermercados, ao ponto de que, vinhos correntes passaram a ser algo que muitos agora consomem apenas em ocasiões especiais.  O setor vinícola, além de fundamental economicamente em várias zonas agrícolas do país, era também enorme fonte de divisas, não apenas na exportação, como no consumo dos turistas dentro de Portugal. 

As zonas do Sul da Europa já são as principais vítimas económicas do cerco contra a Rússia, mesmo antes do inicio da guerra imposta pelos belicistas da OTAN, assim como pelos globalistas:  

- Estes, não se importam com a sobrevivência económica dos mais fracos, preferindo até que haja muito desemprego, para manter as populações debaixo do jugo da necessidade. 

Estas populações serão «beneficiárias» do «Rendimento Mínimo Universal», em conjugação com a introdução das «Divisas Digitais dos Bancos Centrais». 

Tudo corre às mil maravilhas para os globalistas: Podem fazer «à saúde», erguendo os copos, cheios dos vinhos mais caros do mercado!

domingo, 25 de junho de 2023

«PAZ SOBRE A TERRA» (coro a capella) DE ARNOLD SCHÖNBERG

Friede Auf Erden Opus 13 · Laurence Equilbey ·

https://www.youtube.com/watch?v=-JNuDX_aH00&list=OLAK5uy_kZooPVjuZxew34bzTg3C-18ZPAncy8f9U

                                  Arnold Schönberg

https://www.antiwarsongs.org/canzone.php?lang=en&id=42044


PAZ SOBRE A TERRA*

[1886]‎

Letra de Conrad Ferdinand Meyer (1825-1898), escritor e poeta suíço.‎
Música de Arnold Schönberg "Friede auf Erden, op. 13", composto em 1907.

‎Quando os pastores abandonaram seus rebanhos
E trouxeram a mensagem do anjo
Atravessando a porta baixa
Para a mãe e a criança,‎
As gentes do céu continuavam
Cantando sem parar no firmamento
E o céu continuava vibrando:‎
‎« Paz, paz sobre a Terra ! »‎

Desde que os anjos lhe aconselharam,‎
Ó, quantas ações sangrentas
A disputa por esse cavalo selvagem
revestido duma couraça, se realizaram !‎
Em quantas noites de Natal
O coro dos espíritos aflitos cantou
Implorando premente, num gemido:‎
‎« Paz, paz sobre a Terra ! »‎


No entanto, existe uma fé eterna 
 Segundo a qual o fraco não será para sempre vítima
Do gesto mortífero atrevido
A cada vez:‎
Um pouco como a justiça
Vivendo e trabalhando na morte e no horror,‎
E um reino que se irá construir
Que procura a paz sobre a Terra.‎

Pouco a pouco vai tomando forma
A sua carga sagrada
Forjando armas sem perigo
As espadas de chamas para o Direito
E uma raça esplêndida
Irá florescer com filhos poderosos
Cujos sonoros clarins anunciarão :‎
‎« Paz, paz sobre a Terra ! »‎



[* traduzido para português por Manuel Banet]

MARTIN ARMSTRONG: A CONJURA PARA SE APODERAREM DA RÚSSIA

 Retirado do blog de Martin Armstrong : https://www.armstrongeconomics.com/blog/

Abaixo, tradução da notícia do blog sobre o livro, por Manuel Banet:

A segunda edição da obra de Martin Armstrong “The Plot to Seize Russia – The Untold History” está agora disponível na Amazon e em Barnes and Noble. O e-livro estará disponível em breve.

Descrição do conteúdo do livro:

“Tome conta da Rússia,” disse Boris Yeltsin enquanto transmitia a presidência, em Agosto de 1999. Estas palavras eram dirigidas ao atual Presidente russo, Vladimir Putin. Yeltsin escolheu especificamente Putin como seu sucessor, para prevenir a tomada e destruição da Rússia.

Então, contra quem estava Yeltsin a avisar do perigo? Documentos recentemente desclassificados, da Administração Clinton, provam que existia uma conjura para falsear as eleições na Rússia, em 2000. Estes documentos - nunca antes vistos do público - confirmam numerosos casos de implementação de políticas pró-ocidentais, utilizando a oligarquia russa liderada por Boris Berezovsky.

Do outro lado, estavam os comunistas que desejavam um retorno aos dias gloriosos da União Soviética. Enquanto gestor de um dos maiores fundos de investimentos internacionais, o autor Martin Armstrong, esteve no meio do que foi, talvez, o maior caso de espionagem e de tentativa de mudança do regime na Rússia, na História moderna.

«A Conjura para se Apoderarem da Rússia» abre a cortina para expor a tentativa mais extraordinária de tomada de poder na História moderna, mas usando a caneta, em vez das armas. Estes documentos desclassificados revelam a conspiração que alterou a nossa maneira de pensar as relações entre os Estados Unidos e a Rússia. A sede de poder transparece a cada linha destes documentos que alteram a nossa perceção da realidade, mudam o curso da História e ameaçam lançar-nos numa IIIª Guerra Mundial.

sábado, 24 de junho de 2023

ONDE ESTÁ A INDIGNAÇÃO DOS OCIDENTAIS SOBRE GONZALO LIRA?


                      Gonzalo Lira, preso por exprimir a sua opinião, desde o início de Maio de 2023

 

DEIXAR O PASSADO MORRER? [OBRAS DE MANUEL BANET ]

 

                           Detalhe de quadro de Salvador Dali «Persistência»




Há quem diga, «deixa o passado morrer»

Mas, este estribilho não tem sentido

Além de afundar mais e mais a pessoa

Numa perplexa e obscura ignorância


Eu digo, «somos todos feitos do nosso passado»

Ele habita connosco e assim será até morrermos

Mesmo depois da nossa morte, 

Venha lá o que vier, o passado não se apaga. 


Permanece neste mundo como

Entalhe ou relevo do real

Esquecer o passado é como

Apagar a tua personalidade


Eu gosto do passado, porque ele

Tem a ver comigo e com os meus

Os falecidos também vivem em mim

Sem eles, o que seria eu?


Compreendo que não se deva ficar 

Agarrado ao passado, cismando

Por aquilo que não pode voltar

Mas não devemos recalcá-lo


O relegar as memórias 

Para um poço sem fundo

É um exercício violento

Destruidor da psique


Mais sensato é pegar nas recordações

Boas e más, conversar com elas

Dar-lhes espaço para respirarem


Transmutando os momentos

Maus, em lições de vida

E os momentos bons, em alegria

Recorrente.


Nunca sigas falsos sábios, feirantes,

Chupadores de sangue, que nos querem

Transformar em zombies e nos dominar



Busca sabedoria nos grandes sábios do passado,

Nos verdadeiros valores do presente...

E ouve o teu coração:

Ele te dirá, melhor que ninguém,

O que deves fazer e como ...


Murtal, Parede (24-06-2023)

 

sexta-feira, 23 de junho de 2023

Descobertas gravuras atribuídas a Neandertais, com 57 mil anos

 https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0286568


               thumbnail

Acima, um dos painéis com traçados de dedos; em baixo, o desenho esquemático da mesma gravura da gruta de La Roche-Cotard

[Ler o artigo, clicando no link acima; o meu comentário parte do princípio que os leitores tomaram conhecimento do seu conteúdo primeiro]



Comentário

Os Neandertais têm estado por cá (em toda a Europa, desde a Península Ibérica ao limite oriental dos Urais e, para além destes, na Sibéria; no Médio Oriente, desde o Levante/Israel, até ao Iraque) nos últimos 200 mil anos, tendo saído de África muito antes do «Homem Moderno Antigo» (ou seja, a nossa espécie Homo sapiens). Eles conseguiram sobreviver a períodos de glaciação, a modificações acentuadas do habitat e tiveram tempo de se adaptar a climas de um frio extremo, como mostram a sua anatomia entroncada, muito musculosa, o seu nariz grande (para aquecer o ar inspirado), etc. 

Segundo os padrões de beleza contemporâneos (e da antiguidade clássica) eles não seriam elegantes. Foram classificados como «sub-humanos» por arqueólogos e paleontólogos do século XIX, que estavam muito mais preocupados em encontrar «o elo perdido» entre o homem e o macaco, do que em avaliar objetivamente os restos fossilizados e as culturas que correspondiam aos Neandertais. 

O facto de que os homens nessa zona da Europa, na época em causa ( -57 mil anos) só podiam ser Neandertais tem a ver com a extrema dificuldade dos H. sapiens conseguirem colonizar o continente Euro-asiático. Com efeito, sabe-se hoje, que o «Homem Moderno Antigo», embora surgido primeiro em África, por volta de 300 mil anos atrás,  não ocupou definitivamente a Europa senão vários milénios após a referida data de 57 mil anos antes do presente. Porém, tinha havido 2 colonizações anteriores, do continente euroasiático pelo H. sapiens, que não deixaram continuidade. Eles tomaram o caminho do Mar Vermelho e não do Mediterrâneo.

Os vestígios europeus mais antigos de arte parietal, como na Gruta de Chauvet, atribuídas ao Homo sapiens, datam de 35 mil anos. No Norte da Espanha, na Gruta del Castillo, existem pinturas parietais datadas com mais de 40 mil anos; pensa-se que, nessa época, somente neandertais aí habitavam. Noutros pontos da Península Ibérica, são abundantes sítios arqueológicos, com artefactos e restos fossilizados de neandertais, que revelam a sua grande difusão nesta península. Mas, também são conhecidos exemplares de neandertais na Sibéria e noutros pontos distantes.

Este estudo - agora publicado - vem na sequência de trabalhos anteriores, que já tinham revelado muitos elementos de cultura neandertal. Pessoalmente estou convencido que estas descobertas  [que se vêm juntar às de misteriosas pinturas parietais em vários pontos da Península Ibérica e com indícios de ornamentação corporal, como conchas com vestígios de ocre (para pintar o corpo) assim como restos fossilizados de penas (de aves de grande porte, como águias e abutres) ] obrigam a comunidade científica a alargar o conceito de arte paleolítica.

A arte - em geral - pode ser vista segundo dois prismas, essencialmente: 

 ou é vista como representação do real. Isto inclui o sobrenatural, pois ele é considerado real pelo artista que o representa.

ou é vista como signo, como sinal, como mensagem codificada; a pertença a um clã, a uma tribo, será identificável com os sinais exclusivos desse clã ou tribo. 

Isso existe na nossa espécie o Homem Moderno, desde o princípio, visto que as grutas decoradas do paleolítico, estão cheias de sinais «abstratos» , mas que não são arbitrários, pois se repetem (alguns, apresentam-se em locais distantes, no tempo e no espaço). 

Na espécie nossa estreita parente, Homo neanderthalensis, suas condições de vida foram muito mais rudes, durante boa parte da sua existência no continente europeu. Não é difícil compreender que estavam forçados pela natureza do clima (de tipo peri-ártico; de tundra) a deambularem de sítio para sítio, ficando em cavernas ou abrigos temporários, sem continuidade, quanto muito visitando, ano após ano, determinados locais.  Lembro também que os locais mais ricos em imagens e gravuras no paleolítico superior (ex. Na gruta Chauvet), estão nos locais mais recônditos das grutas. Por vezes, são quase inacessíveis: seria uma prova tremenda se aventurar no seu interior, segurando apenas lamparinas com gordura, para se iluminarem. 

A representação não é - de qualquer modo - um critério para se avaliar o grau de desenvolvimento duma cultura. Basta lembrar que existem tabus (proibições religiosas) em sociedades como as islâmicas, em representar figuras de humanos ou de animais. Evidentemente, estas sociedades não estão num «estádio menos avançado» de desenvolvimento, por comparação com aquelas onde a representação do humano não é tabu. 

Analogamente, a «superioridade» do Homo sapiens sobre o neanderthalensis é apenas um efeito de nos projetarmos a nós próprios no cume, a realização máxima da Evolução. Como biólogo, estou consciente de que houve um conjunto muito diferente de circunstâncias, nomeadamente para as duas espécies: Um clima peri-ártico do habitat dos neandertais e um clima tropical ou de savana africana, nos sapiens que migraram para a Europa. 

O que se pode esperar em populações longamente separadas, submetidas a diferentes pressões ambientais, senão que divirjam como consequência da sua adaptação e tenham portanto traços anatómicos próprios e também comportamentos, incluindo tradições culturais? Homo neanderthalensis e H. sapiens viveram em quase total separação entre -300 mil anos (a data aproximada de aparecimento do homem moderno, em África) e cerca de -45 mil anos (aproximadamente, o  encontro das duas populações no Levante). São 255 mil anos de separação, no mínimo, ou seja, cem vezes o intervalo temporal desde a antiguidade*, aos nossos dias.

Espero que as pessoas se interessem pela Paleoantropologia, ela dá uma perspetiva de como viemos de longe e de como sabemos pouco, demasiado pouco, sobre nós próprios!!

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* Contando a partir da idade de ouro da civilização grega antiga, cerca 2550 anos antes da atualidade.


quinta-feira, 22 de junho de 2023

UMA GUERRA PARA DOMINAR O MUNDO (Jeffrey Sachs em Viena, Austria)


 

IA, O HOMEM & DEUS - Prof. John Lennox

 Uma conversa do prof. Lennox com John Anderson bastante interessante, porque coloca as questões num plano ético ou moral, em vez de se extasiar com as maravilhas da tecnologia. Ainda mais relevante, quanto a mim, é o facto dele não situar o «Admirável Mundo Novo» da Inteligência Artificial no futuro, mas no presente.

https://www.youtube.com/watch?v=17bzlWIGH3g



quarta-feira, 21 de junho de 2023

Biografia de Luísa Todi (1753-1833)


                                Imagem:  Luísa Todi (autor não identificado)

[Abaixo, um excerto do CD com árias cantadas por Luísa Todi, de compositores seus contemporâneos]  


David Perez (1711-1779), "Demoofonte" (Dircea - Porto,1772)

1 "In te spero, o sposo amato"

Soprano Joana Seara
Direcção musical de Marcos Magalhães


A cantora de ópera portuguesa Luísa Todi*

Lucas Brandão


Luísa Todi (1753-1833)
Nascida no século XVIII e falecida no século XIX, Luísa Todi foi das poucas portuguesas a conseguir singrar no mundo da música erudita nesse período. Em muito vincado por nomes, como Beethoven ou Mozart, a setubalense viria a percorrer mundo e a conseguir granjear um prestígio notável, tornando-se próxima dos palcos onde os maiores nomes atuavam e deslumbravam. Foi de Portugal que partiu, mas foi, assim, longe dele que se tornou uma música de excelência, com uma história de vida repleta de aventura e de conquistas.

Luísa Rosa de Aguiar nasceu em Setúbal, no dia 9 de janeiro de 1753, falecendo aos 80 anos de idade, a 1 de outubro de 1833, na cidade de Lisboa. Todi cresceria na cidade de Setúbal até aos doze anos, idade com a qual passou a viver em Lisboa, por força do trabalho do seu pai, mestre de música. Aliás, seria esta ligação à cultura por via do seu pai que a faria contactar, pela primeira vez, com os palcos, precisamente ao lado do seu pai e de três dos seus irmãos, no Teatro do Bairro Alto, situado no Palácio dos Condes de Soure. Corria o ano de 1763 e tinha Todi a idade de 10 anos. Inicialmente, no papel de atriz, encarnando personagens de “O Tartufo”, a célebre peça do francês Molière, para além de outras peças que puxassem à musicalidade e ao cómico, com uma grande propensão para as óperas. Com somente 16 anos, na Igreja das Mercês, casaria com o violinista napolitano Francesco Saverio Todi, ele que seria determinante para a sua entrada no mundo da música. Aliás, seria através dele que conheceria David Perez, compositor italiano que era o mestre de capela da corte portuguesa, que lhe daria aulas de canto. Aulas essas que poria em prática nesse Teatro do Bairro Alto, onde começou a demonstrar os seus dotes, cruzando os ensinamentos com os que recebia em casa, com o seu marido; mas também a começar a aparecer na corte de futuros reis, como Maria I.

Em 1772, aos dezanove anos, passaria a viver no Porto, cidade onde esteve durante cinco anos e onde continuou a exprimir essa sua voz, para além de dar essas aulas que havia recebido há tão pouco tempo. No entanto, o futuro fá-la-ia sair do território português e viajar pela Europa. O primeiro ponto de passagem com notoriedade foi o King’s Theatre, em Londres, onde teria uma prestação imaculada e descobridora de horizontes. Em França, na sua capital, seria uma das protagonistas dos Concerts Spirituels, uma série de concertos que a cidade recebia de forma a entreter os seus cidadãos, enquanto os restantes espetáculos estavam fechados. Aliás, seria em França que se fixaria durante algum tempo, continuando a embevecer quem a ouvia, que a considerava a melhor cantora estrangeira de Paris, em conjunto com a alemã Gertrud Elisabeth Mara, com quem também partilhou as honras no palco. Após o ano de 1780, começou a atuar fora do país, seguindo para Itália (incluindo o prestigiado Teatro Regio, em Turim), Alemanha e Áustria, em tantas e tão diversas cidades, entre reinos, ducados e repúblicas.

A sua família (marido e filhos, seis ao todo) acompanhavam-na para onde ela fosse e assim foi quando partiu para a Rússia, em 1784, com 31 anos de idade. Seriam acarinhados em São Petersburgo, cidade que os acolheu e que se deslumbrou com a sua interpretação de uma ópera do compositor Giuseppe Sarti. Aliás, a própria imperatriz, Catarina, a Grande, ficaria, de tal modo, impressionada ao ponto de lhe ofertar duas pulseiras feitas com diamantes. A gratidão do casal seria materializada numa ópera que ambos compuseram e dedicaram à imperatriz, de título “Pollinia”, que estrearia com Todi ao lado do cantor italiano Luigi Marchesi, com quem começou a desenvolver uma relação de tensão e até de inveja, da parte dele em relação a ela. Porém, a cantora havia caído nas boas graças da imperatriz, que a apontaria como professora de canto da corte russa e como uma artista merecedora de todo o seu carinho.

Todi ficaria na Rússia até 1788, quando partiu para a Prússia, juntando-se à corte do rei Frederico Guilherme II, onde usufruiu de aposentos no próprio palácio real do rei e de uma carruagem. Foi uma fugaz passagem, que a viu regressar a Paris logo no ano seguinte, onde continuou onde havia parado nos Concerts Spirituels, não deixando de cativar quem a assistia. Foi deambulando entre a França e o território alemão, chegando a cantar, na cidade de Bona, para o consagrado Ludwig van Beethoven. Regressaria a Itália, em 1790, onde atuaria em Veneza, no seu Teatro San Samuele, ornamentada com acessórios que lhe tinham sido dados pela imperatriz Catarina. A cidade recebê-la-ia durante o período de um ano, que tanto a mimou, mesmo num período em que a cantora sentia problemas de visão e que a colocaram de parte dos palcos durante alguns meses. Foi um ano que, apesar do revés, foi sensacional no assinalar do seu prestígio numa cidade tão relevante no panorama cultural.
Dos grandes países do continente europeu, só faltava deslumbrar em Espanha e foi isso que fez durante quatro anos, entre 1792 e 96, na cidade de Madrid, no seu Teatro de los Caños del Peral. Aproveitando a vizinhança do país em relação à sua casa, regressou a Portugal, num país que era, ironicamente, o único que lhe impunha restrições nos palcos e que não lhe reconhecia os dotes tão propalados por essa Europa fora. Aliás, a sua atuação de comemoração do nascimento do futuro rei D. João VI não seria assistida pela família real, para além de lhe ser imposta uma autorização para atuar publicamente, por ser mulher e isso ser proibido no reino. Porém, e após um breve período na cidade de Nápoles, Todi viria para ficar em Portugal, fixando-se, agora, na cidade do Porto. Foi nesta cidade que o seu marido viria a falecer, dois anos depois do regresso, em 1803. Viúva, sentiria as agruras das invasões napoleónicas na cidade, sendo obrigada a fugir (no célebre desastre da Ponte das Barcas) e a deixar para trás muitos dos seus pertences, incluindo os bens que a imperadora Catarina lhe havia dado. Mesmo sendo presa, acabaria por, graças ao prestígio que havia consumado em França, escapar ilesa das forças francesas.

Era tempo de voltar à cidade onde havia começado a sua carreira, Lisboa. Para aí voltou aos 58 anos e onde passou o resto da sua vida, assim como o período em que desenvolveu cegueira total. No entanto, seria um acidente vascular cerebral que a viria a encaminhar para a morte três meses depois deste incidente. Seria sepultada num antigo cemitério, o da Igreja da Encarnação, e, apesar deste ter sido extinto, permanece nas suas imediações, sem o reconhecimento dos seus restos. Não obstante, o seu legado seria imortalizado na cidade que a viu nascer – dá o nome ao seu Fórum Municipal, assim como a uma das suas principais avenidas -, para além de ter, em Lisboa, uma rua com o seu nome. Seria o reconhecimento de uma mulher que, dominando os mais relevantes idiomas europeus – o alemão, o italiano, o francês, o alemão -, conquistou toda essa Europa, fazendo valer a sua voz e a sua sensibilidade como atriz para ser uma manifestação de emoção e de poder musical e artístico.

Luísa Todi foi, assim, uma celebridade no panorama cultural europeu, numa fragmentação continental que ainda torna mais meritória a sua presença unificadora. Todas as realidades geopolíticas no continente renderam-se aos talentos e à graciosidade de Todi, que partilhou o palco com vultos da maior importância no contexto da música erudita, inclusive com Beethoven. Destes seus méritos, Portugal só a viria a honrar e a estimar verdadeiramente numa fase de decadência física, em que já não estava no auge das suas faculdades físicas e musicais. Não obstante, a sua presença e a sua fama, tanto nos méritos vocais como, até, composicionais, seriam uma nova força na presença das mulheres como protagonistas em espaços de tão premente masculinidade; e em que Todi faria maravilhar o todo.

terça-feira, 20 de junho de 2023

UM PRIMEIRO PASSO EM DIREÇÃO À DISTENSÃO (DÉTENTE)

 

    Blinken (secretário de Estado, dos EUA) e Xi Jin Pin (presidente da China) em conversações ontem, em Pequim

O excelente blog «Moon of Alabama» acaba de publicar um artigo de alcance histórico, se as análises relativas ao conflito Russo-Ucraniano e Sino-Americano (a propósito de Taiwan) se revelarem corretas.

 https://www.moonofalabama.org/2023/06/us-admits-defeat-in-war-on-russia-and-china.html

Estes dois pontos centrais da política de Washington, nestes últimos anos, foram o «canto do cisne» da doutrina Wolfowitz , a qual imperou na estratégia político militar dos EUA e que - em substância - declarava que os EUA como nação «triunfadora» da Guerra Fria, não deveria permitir que qualquer potência viesse a igualar os EUA, nos domínios decisivos para uma hegemonia mundial (os campos económico, militar, tecnológico ou diplomático), advogando que tais ameaças deveriam ser combatidas energicamente, se necessário, pela força das armas. 

A doutrina supra citada foi - desde 1999 - a inspiração para uma série de aventuras militares com o objetivo de manterem a hegemonia US inquestionada. Os conflitos em que os EUA se envolveram ou criaram, correspondem porém, a outros tantos fiascos, não podendo ser considerado «sucesso» terem transformado países viáveis e alguns com nível de vida relativamente elevado, em escombros, em não-estados, em zonas de poderes regionais que se guerreiam, etc. 

O grande despertar dos países não-ocidentais deu-se com a guerra na Ucrânia e com a constatação de que os EUA e os seus aliados da OTAN não conseguiam vencer, perante uma potência como a Rússia, com um nível  elevado de sofisticação no armamento, mas com muitas fragilidades ao nível económico e social. Isto desencadeou o não-alinhamento de países de diversos continentes, que tinham interesse em continuar a comerciar com a Rússia e não viam nenhuma garantia de apoio ao desenvolvimento, do lado das ex-potências coloniais. Os países que colonizaram países de África e doutros continentes, eram todos membros da OTAN. Eles tinham sido, nos anos mais recentes, os «senhores neocoloniais», tal como os EUA, que punham e dispunham de governos em África e - através do FMI e doutras agências - submetiam economicamente os referidos países ex-colónias, à escravatura da dívida. 

Se o artigo acima referido estiver correto, pode-se dizer que os americanos acabaram por se render à evidência, de que as políticas internacionais por eles desenhadas e executadas nos últimos 25 anos, tinham sido prejudiciais para o poderio dos EUA. Isto é um princípio de bom-senso mas, é só o primeiro passo. 

Nunca vi os EUA ou seus representantes máximos pedirem desculpa pelas atrocidades e genocídios que realizaram ao longo da sua história. Desde a era pré- independência, com a escravatura em massa e o genocídio das nações nativas da América do Norte, até às brutais intervenções do século 21, que põem os EUA (e seus aliados) de par com a barbárie nazi durante a guerra de 39-45. 

Eu fico tanto mais triste com o desenvolvimento que tomaram os EUA nos últimos decénios, quanto é evidente que nada do que aconteceu foi uma fatalidade. Foi uma deliberada sucessão de agressões contra outros povos e nações, contra os quais eles não podiam seriamente argumentar com a justificação dum perigo existencial para o próprio povo e para o Estado dos EUA.


PS: Mal Blinken regressou, Joe Binden sabotou todos os resultados obtidos por seu secretário de Estado, com declarações ofensivas e insultuosas sobre Xi Jin Pin. Leia aqui:

https://www.moonofalabama.org/2023/06/and-then-biden-blew-it-.html#more

segunda-feira, 19 de junho de 2023

AGORA É A NOSSA VEZ!


 A resposta à opressão do neoliberalismo poderá vir (em parte) deste grupo, que se reuniu neste fim-de-semana passado, em Stroud, Gloucestershire (Inglaterra). A formação de grupos de ligação, juntando as diversas competências de pessoas, ativistas de base. Há uma longa lista de planos da «elite» globalista que têm de ser combatidos. 


domingo, 18 de junho de 2023

O ESPECTÁCULO DO PODER

 Lamento dizer-vos, não me interessam por aí além as peripécias do poder, seja em Washington, seja noutra qualquer capital.

Mas não resisto de vos mostrar a expressão abúlica, alheada, ridícula, do homem que serve como «capa» ao verdadeiro poder, nos EUA. Um homem com antecedentes gritantes, apologista da invasão do Iraque, profundamente envolvido (com o filho) em negócios de tráfico de influências para proporcionar portas abertas a empresas chinesas, dirigidas por membros do PcCh. 

Tudo isto era sabido (pelo estado-maior Democrata) antes de Biden ser sido escolhido como candidato, para enfrentar Trump. Porém, tudo isto está definitivamente dentro do que o establishment democrata considera aceitável, até mesmo a sua dúbia atitude face a tenras crianças ou adolescentes, em público. Este comportamento deve ser relacionado com a acusação da filha de Biden, que foi obrigada a tomar duche com seu pai, quando criança. O facto dele estar senil, apenas tendo capacidade para fazer aquilo que lhe ditarem os «conselheiros», também deve ter pesado na escolha. 

Uma vez escolhido o candidato preferido pela elite no poder, os dólares contam mais que os votos dos cidadãos. Já se sabe: Quem contar com somatório de donativos mais importante, está com a eleição garantida. Isso é uma fraude, na essência, mas não é contada como tal. Porém, no caso do último despique eleitoral (ou farsa?) para a presidência, houve fraude comprovada, embora tivesse sido «anulada» por tribunais corruptos. De facto, houve muitos votos por correspondência, os quais - misteriosamente - eram todos para o mesmo candidato, Joe Biden (entre vários outros fenómenos curiosos). Talvez eles (os promotores de Biden) tenham achado que era melhor «jogar pelo seguro». O escândalo do «lap-top» de seu filho Hunter Biden, que contém as provas de transações criminosas (luvas) destinadas ao seu pai, teve a investigação «congelada» durante dois anos, pelo FBI.

A substituição de Biden não deve interessar - ainda - ao estado profundo, nem aos atores medíocres que formam a «elite», ou a corte, em torno do «Rei Momo». 


Kamala Harris é vice-presidente: Uma que se mostra completamente imbecil, quando lhe é dada a oportunidade de abrir a boca. Portanto, será uma hipótese de substituição viável, para servir a clique no poder. 

É preciso apreender a aberração e a constante deriva para a ilegalidade de um Estado que, por ser o mais poderoso, justamente, fez tábua rasa de todos os princípios. A sua oligarquia quis governar de modo hegemónico e disse-o claramente: veja-se o documento programático PNAC, de 1997, no virar do século. Este Estado, «pertence» aos que o dirigem desde a sombra dos seus gabinetes de empresas e bancos. Quiseram realizar o sonho de Hitler, de um governo único mundial, os «mil anos do Reich». 

Com suas tropelias e atos criminosos, criaram mais e mais inimigos. Ao fim e  ao cabo, o comportamento no poder do Tio Sam, veio a criar o ambiente mais favorável para nova aliança, coligando Rússia, China, Irão, Índia, Brasil, África do Sul  (os BRICS) e a partir daí, para um movimento de aproximação e candidatura dos mais diversos Estados, mesmo de alguns tidos como «aliados fiéis» dos EUA.

Como é típico, a classe dirigente portuguesa vai de novo falhar o comboio. Porém, é claro que a OTAN/NATO mais serve os interesses hegemónicos do imperialismo USA, do que a defesa nacional de Portugal. Os portugueses têm sido manipuláveis a preceito, mas quando virem o descalabro em que foram metidos, irão rejeitar a humilhação de serem meros súbditos neo-coloniais.  De resto, vejo com alívio que o desmoronar do império ocidental já está em curso. É como uma avalanche em câmara lenta. 

Os que querem suster esta avalanche com murinhos de areia, são idiotas criminosos; eles querem aproveitar os privilégios até ao último momento, julgando safar-se quando vier o grande abanão. 

Eu irei continuar a denunciar seu papel antipatriótico e antidemocrático. Necessariamente, a partir de certo momento, irão erguer-se milhões de vozes indignadas. Eu não gostaria de estar na pele desses senhores nessa altura!

Mas, para quem olha fascinado para o poder, digo: vejam que até um malvado, corrupto e senil, tem o lugar de topo da «democracia» mais poderosa! 

Foto retirada do artigo seguinte:

Biden Baffles US Audience, Closing Speech With 'God Save The Queen'


quarta-feira, 14 de junho de 2023

ARMADILHA DO EURO DIGITAL: PORQUE NINGUÉM VÊ O QUE ESTÁ PARA CHEGAR?


 Grand Angle é um programa semanal de divulgação da economia, falado em francês: Neste episódio com Didier Darcet.

SOBRE AS MORTES EM EXCESSO NOS ANOS PÓS-COVID

 Já tinha refletido e comunicado previamente sobre o assunto. Por isso, presto a minha homenagem à coragem e lucidez deste médico reformado, Dr. Campbell. Deixo à vossa consideração os dois vídeos dele, que são muito significativos. 

Ele não aborda a hipótese do fenómeno ter sido causado pela generalizada vacinação com suposta «vacina» de ARNm; isso é compreensível, pois se arriscaria a ser excluído do Youtube ou, pelo menos, ver o seu site «desmonetizado». 

Basta, com efeito ter em conta que a quase totalidade das inoculações com a «vacina», ocorreram a partir do primeiro trimestre de 2021, em diante. Veja-se que a sucessão de excesso de mortes (em relação à média sobre os dez, ou cinco anos anteriores), numa série de países desenvolvidos, mostra que este fenómeno deveria ser sujeito a inquérito científico sério. 

Trata-se de 15 a 20% de excesso de mortes em 2022 e 2023, que não são de «COVID»: Só uma pequena minoria dos óbitos é declarada como tendo sido causada pelo COVID. Isto, em vários países ao mesmo tempo, o que exige uma explicação coerente com os factos: 

- Qual o ou quais os factor(es) que jogaram para que se observassem, no mesmo período, em todo o mundo, estes excessos de mortes? 

- Quais as causas imediatas dessas mortes? 

- Por que razão não existe resposta, ou sequer uma investigação em curso, dos organismos de saúde pública, nos países onde as estatísticas apontam claramente para um fenómeno massivo e localizado no tempo, de 2021 até ao presente? 

-Será que estão a fingir que está tudo normal, para que o público ignore a extensão da catástrofe sanitária que foi a «vacinação» contra o COVID?

Veja os dois vídeos abaixo e julgue por si próprio(a):


Vídeo nº1 do Dr. Campbell:





Video nº 2 do Dr. Campbell:

https://www.youtube.com/watch?v=hHXICFnF-do