Manuel Banet, ele próprio

Reflexão pessoal, com ênfase na criação e crítica

Mostrar mensagens com a etiqueta Ópera. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Ópera. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 10 de setembro de 2024

MÚSICA EM PORTUGAL NA SEGUNDA METADE DO SÉC. XVIII

Na sequência do artigo sobre Carlos Seixas, decidi publicar este breve comentário, sabendo que seria necessário aprofundar muito mais sobre os compositores abaixo citados, sobre as suas características próprias e sobre a sua época. Quero apenas assinalar o interesse deste património que se salvou, tanto do Terramoto de 1755, como das incúrias do tempo e da devastação causada pelos homens. É preciso ter em conta as invasões francesas no início do século XIX e a guerra civil que envolveu liberais e miguelistas, no início da década de1830. 

Muitas obras se perderam, com certeza, pelo que nunca poderemos ter uma amostragem realmente representativa das obras dos compositores abaixo mencionados. 

Uma fração deste património encontra-se no Brasil, ou em bibliotecas de vários países europeus. 


 Francisco António de Almeida

Oratória «La Giuditta» - Aria "Sento Che Dice Al Cor":

https://www.youtube.com/watch?v=P4KWuIAh5TM


https://www.youtube.com/watch?v=aWHRJhVyHrU&list=PL5pgcJAzjI0uyiO1RCAv3KCurL_TG9PJi&index=5

Francisco António de Almeida foi um dos bolseiros enviados para estudar música em Roma, no reinado de João V. Apesar dele ter sido nomeado organista da Capela Real e da Sé Patriarcal, aquando do seu regresso a Portugal em 1726 e de ter sido professor de cravo da infanta Dona Bárbara (tal como Domenico Scarlatti), não lhe são conhecidas obras para órgão ou cravo. 

 Suas obras religiosas vocais e óperas são conhecidas, gravadas e executadas em concerto

.


Francisco Xavier Baptista

Francisco Xavier Baptista  compositor de sonatas para tecla, no final do século XVIII, muito ao gosto «rococó», que tanto podem ser executadas no cravo como no forte-piano. É interessante comparar as sonatas de Francisco Xavier Baptista com as de Carlos Seixas: No meio-século que medeia entre elas, há continuidade; Carlos Seixas foi bem conhecido dos músicos da segunda metade do século XVIII. 


João de Souza Carvalho

                        João Souza Carvalho: Abertura de «l'Amore Industrioso»

É este compositor considerado o mais importante da segunda metade do Séc. XVIII (1745-1798). As suas obras para cravo (ou pianoforte) assim como as suas óperas são frequentemente executadas em concertos e têm sido gravadas em discos.


                          João de Souza Carvalho: Sonata em Fá Maior - Allegro




Posted by Manuel Baptista at 10.9.24 1 comentário:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Labels: Carlos Seixas, Francisco António de Almeida, Francisco Xavier Baptista, João Souza Carvalho, música para tecla, obras corais religiosas, Ópera

quinta-feira, 29 de junho de 2023

HENRY PURCELL: DIDO AND AENEAS

Dido and Aeneas, de Henry Purcell: 
https://www.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_lJokTwIL2ajsgOayUyKP12vw-77bT73ic



Uma joia cénica e musical da ópera: WAYWARD SISTERS

Nesta ópera*, H. Purcell reúne todos os elementos dramáticos, para construir um monumento barroco que resiste muito bem à passagem do tempo.  

A bruxa chama as suas irmãs para lançar a maldição sobre Cartago, da qual Dido é a rainha.  Através das Wayward Sisters é representada uma conspiração, nesta cena e seguintes. 

https://www.youtube.com/watch?v=hzvgpCZ6rxM&list=OLAK5uy_lJokTwIL2ajsgOayUyKP12vw-77bT73ic&index=14



Purcell é realmente um monumento ímpar, em toda a cultura europeia do século XVII. Se o virmos como participante do grande movimento barroco europeu, não apenas como expoente da música das Ilhas Britânicas, temos de concluir que representa um passo decisivo para a modernidade plena. Um músico charneira, num certo sentido, mas certamente original, quer na música instrumental, quer na ópera. A inovação estilística é muito significativa, embora não pretenda entrar em ruptura com a tradição, mas apenas alargar a expressão das paixões humanas. Aplica-se plenamente a designação «drama em música», utilizada em Itália na viragem do século XVI para o séc. XVII, para a ópera. A ária celebérrima «When I'm laid in earth» (Ato III, cena 2), da mesma ópera, tem ocultado esta joia de negrume das bruxas lançando sua terrível maldição sobre Cartago... Faz-me pensar nas bruxas de «Macbeth» de Shakespeare, embora Purcell não tenha composto a ópera a partir da peça do dramaturgo.

Haendel reconheceu a qualidade dramática e musical de Purcell, criador da ópera em língua inglesa. Embora as óperas de Haendel sejam compostas em italiano - para satisfazer a moda da sua época - moldou magistralmente a matéria musical em língua inglesa, nas suas oratórias.

----------
* libretto da ópera em  http://opera.stanford.edu/iu/libretti/dido.html
Posted by Manuel Baptista at 29.6.23 2 comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Labels: Barroco, Dido and Aeneas, Henry Purcell, música britânica, Ópera

terça-feira, 25 de abril de 2023

BRECHT - WEILL Ópera "Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny"

Aufstieg und Fall der Stadt Mahagonny (“A ascensão e queda da cidade de Mahagonny”) é uma performance musical de Bertolt Brecht e Kurt Weill , que se tornou uma ópera em três atos. Foi criado em 9 de março de 1930 em Leipzig .

Mahagonny Songspiel , criada em 1927 em Baden-Baden, nasceu da colaboração entre Bertolt Brecht e Kurt Weill . O show de seis músicas (incluindo a famosa Alabama Song ) teve 25 minutos de duração. Eles o tomaram e desenvolveram três anos depois, em 1930, sob o título Grandeur et décadence de la ville de Mahagonny ; esta ópera foi, desde a sua criação, proibida na Alemanha.

Ele narra o nascimento, clímax e queda de Mahagonny, uma cidade imaginária fundada por três criminosos na América. É uma cidade-armadilha destinada a recolher o dinheiro dos garimpeiros da região. Prostitutas, álcool e diversão atraem buscadores cansados ​​que vêm gastar seu ouro. Um dia, um lenhador do Alasca descobre que algo está faltando. Ele deseja remover o sinal de "Defesa de ..." com "é seu direito". Esse lema faz da cidade um lugar de devassidão. Quando este lenhador se encontra sem um tostão, a justiça, encarnada pelos criminosos fundadores da cidade, o condena à cadeira elétrica . A cidade vai cair no caos.

Brecht não nega o prazer do espectador, mas Mahagonny é acima de tudo uma ópera épica e inovadora, onde o centro de gravidade tradicional é deslocado. Os processos do teatro épico são aplicados aqui à ópera e, da mesma forma, a música se combina com o texto para se posicionar. Brecht, portanto, questiona as formas tradicionais da ópera clássica. Com Mahagonny , ele afirma a necessidade da função ideológica da ópera, que abra a discussão e o questionamento social. Esta peça é na verdade uma metáfora gigantesca para o capitalismo. Mostra como se impõe facilmente e como pode se autodestruir.

(retirado de https://pt.frwiki.wiki/wiki/Grandeur_et_d%C3%A9cadence_de_la_ville_de_Mahagonny )

                                           


https://youtu.be/d88MDM5vCTA


Ópera em três atos sobre libretto de Bertolt Brecht. Estreia: Leipzig, Neues Theater, 9 de Maio 1930. 
Jane Henschel (Leocadia), Donald Kaasch (Fatty), Willard White (Trinity Moses), Measha Brueggergosman (Jenny), Michael Konig (Jim), John Easterlin (Sparbüchsen Billy), Otto Katzameier (Jacob Schmidt / Tobby Higgins), Steven Humes (Alaska Wolf Joe) 
Maestro Pablo Heras-Casado 
La Fura dels Baus Madrid, 2010











Posted by Manuel Baptista at 25.4.23 1 comentário:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Labels: Bertold Brecht, Kurt Weill, Ópera, Singspiel

terça-feira, 24 de maio de 2022

Somewhere - (There's A Place For Us) - West Side Story [LUCY THOMAS]



https://www.youtube.com/watch?v=sSlLNSWAXpo

Lucy Thomas interpreta a magnífica canção «Somewhere», da ópera de Leonard Bernstein «West Side Story».

"Somewhere"
There's a place for us
Somewhere a place for us
Peace and quiet and open air
Wait for us somewhere
There's a time for us
Someday a time for us
Time together and time to spare
Time to look, time to care
Someday
Somewhere
We'll find a new way of living
We'll find a way of forgiving
Somewhere
There's a place for us
Somewhere a place for us
Time together with time to spare
Time to look, time to care
Someday
Somewhere
We'll find a new way of living
We'll find a way of forgiving
Somewhere
Hold my hand and I'll take you there
Somehow
Someday
Somewhere
Source: LyricFind
Songwriters: Leonard Bernstein / Stephen Sondheim

Posted by Manuel Baptista at 24.5.22 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Labels: Leonard Bernstein, Lucy Thomas, música americana, Ópera, West Side Story

domingo, 27 de março de 2022

La ci darem la mano - Mozart


https://www.youtube.com/watch?v=-iZHwbxLBO0

Na minha memória, esta melodia acorda demasiadas reminiscências. Consigo analisá-la friamente hoje; talvez 60 anos depois de a ter ouvido pela primeira  vez. Mas, quando muito jovem, passava ao lado do significado da letra em italiano, que não compreendia. Julgava, erroneamente, que se tratava de um dueto glorificando o amor entre um homem e uma mulher. Mas, a realidade é mais complexa do que isso, porque D. Juan quer seduzir Zerlina. Esta, deixa-se seduzir e acaba por trair Masetto, o seu noivo, que pode ser um pouco simplório, mas que tem um amor sincero por ela, ao contrário do aristocrata depravado.
Creio que é, com plena justiça, um dos duetos mais famosos das óperas de Mozart. Aqui, com Renee Fleming e Dmitri Hvorostovsky.

As variações sobre a melodia de Mozart por Chopin, uma das raras peças para piano e orquestra deste compositor, são para mim outro motivo de maravilhamento. Aqui, com Claudio Arrau e a London Philharmonic Orchestra dirigida por Eliahu Inbal.

https://www.youtube.com/watch?v=Qehh1vZBzRE



Posted by Manuel Baptista at 27.3.22 1 comentário:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Labels: Claudio Arrau, Dmitri Hvorostovsky, Mozart, Ópera, piano e orquestra, Renee Fleming

terça-feira, 8 de março de 2022

Barcarolle des Contes d'Hoffmann [J. Offenbach]

 


Jaques Offenbach (composer)

Emmanuel Villaume (conductor) Barcarolle Anna Netrebko Elina Garanca Orchestra Prague Philharmonia Rudolfinum, Dvorák Hall, Prague, Czech Republic Anna Netrebko & Elīna Garanča – Offenbach: Les Contes d'Hoffmann: Barcarolle Listen to „Anna Netrebko: Souvenirs“ – https://dg.lnk.to/Souvenirs Subscribe here – The Best Of Classical Music: http://bit.ly/Subscribe_DG

Posted by Manuel Baptista at 8.3.22 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Labels: Anna Netrebko, Elina Garanca, Jacques Offenbach, Ópera

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

KURT WEILL: «YOUKALI» & «DENN WIE MAN SICH BETTET...»

 É sempre importante saber-se elementos da biografia de um compositor, quanto mais não seja, para se compreender melhor o contexto em que realizou esta ou aquela parte da sua obra. No caso de Kurt Weill, esse conhecimento sobre a sua vida é indissociável do conhecimento das tragédias que assolaram a primeira metade do século XX. Além de que ele compôs belíssimas peças musicais, motivo de admiração em si mesmas, tenho um respeito enorme pelo homem e fico estarrecido perante a completa ignorância dalgumas pessoas que se «julgam sabedoras» de música.  

Youkali é uma canção célebre composta por Weill para a opereta de Jacques Deval, " Marie Galante ", estreada em 1934. É um tango-habanera; esta música tem um ritmo de dança bem popular, que não difere estilisticamente do que os compositores tradicionais do tango compunham. Mas, a letra (1) tem muito idealismo e está relacionada com a história de Maria Galante, como seria de esperar. Ela transmite a força dos que «estão por baixo», oprimidos mas não derrotados, porque querem ter esperança, querem emancipar-se da condição de escravidão em que se encontram.

                                                                                                    
           
(1) «Youkali» cantado por Lianka Bedeschi 
(Letra de de Roger Fernay, música de Kurt Weill)

A segunda composição por Kurt Weill está integrada na peça de Berthold Brecht, «Ascensão e Queda da Cidade de Mahagony» nascida antes da famosa ópera dos Três Vinténs. A mesma peça possui outras partes cantadas, a mais célebre das quais é «Alabama Song». 

Creio que a canção aqui apresentada tem algumas maravilhas escondidas, que revelam todo o génio de Kurt Weill. Por exemplo, a preocupação em fazer com que o auditor capte bem a letra. A parte inicial, um recitativo cantado, dá-nos o contexto «moral» e «social», sobre o qual  se desenvolve o discurso a partir da frase-feita ou provérbio  «Deitas-te na cama que tu próprio fazes». 

Note-se que o provérbio tem o seu sentido inicial subvertido, visto que Brecht enfatiza que nós somos humanos, que não sejamos como «bestas». Para uma análise aprofundada da «Song» (canção) e da ópera na qual se insere ver AQUI. Weill compõe um «jazz blues», com ritmo quaternário, de tempo moderado, evocando as marchas de New Orleãs. Esta fusão conjuga-se com soluções harmónicas audazes. 

Note-se que as obras de Kurt Weill mereceram um auto-de-fé, pelos nazis. Ele foi designado de judeu-bolchevique e isso - em si mesmo - já consistia num «crime» para os adeptos de Hitler. A etiqueta de «arte degenerada» era facilmente aceite pelas pessoas mais convencionais da época, pelo aspecto «chocante» das audácias harmónicas, e da fusão da ópera com a música popular e o jazz.




(2) «DENN WIE MAN SICH BETTET» cantado por Hanne Wieder (Brecht / Weill) Meine Herren, meine Mutter prägte Auf mich einst ein schlimmes Wort: Ich würde enden im Schauhaus Oder an einem noch schlimmern Ort. Ja, so ein Wort, das ist leicht gesagt, Aber ich sage euch: Daraus wird nichts! Das könnt ihr nicht machen mit mir! Was aus mir noch wird, das werdet ihr schon sehen! Ein Mensch ist kein Tier! Denn wie man sich bettet, so liegt man Es deckt einen da keiner zu Und wenn einer tritt, dann bin ich es Und wird einer getreten, dann bist’s du. Meine Herren, mein Freund, der sagte Mir damals ins Gesicht: "Das Größte auf Erden ist Liebe" Und "An morgen denkt man da nicht." Ja, Liebe, das ist leicht gesagt: Aber wenn man täglich älter wird Da wird nicht nach Liebe gefragt Da muß man seine kurze Zeit benützen Ein Mensch ist kein Tier! Denn wie man sich bettet, so liegt man, usw.

------------------------------------------------------------------------------------------------------------

PS1: O texto abaixo é uma tradução em francês do original em alemão.

Messieurs, ma mère m’a prédit l’avenir le plus sombre :
Tu finiras à la morgue, disait-elle
Ou dans un lieu pire encore…
Oui, tout ça c’est facile à dire,
Mais moi je vous le dit : c’est du vent !
Vous n’aurez pas ma peau comme ça !
On verra comment je finirai…
On n’est pas des chiens !
Comme on fait son lit on se couche
Personne ne vient border personne
C’est moi qui te marcherai sur les pieds,
C’est toi qui seras piétiné !
Messieurs, mon ami ma disait,
En regardant dans les yeux :
« ce qui compte sur terre, c’est l’amour »
Et « ne songe pas au lendemain. »
Oui, l’amour c’est facile à dire :
Mais tant qu’on vieillira tous les jours
On n’aura pas la tête à l’amour,
On voudra profiter du peu de temps qu’on a.
On n’est pas des chiens !
Comme on fait…
-----

PS2: A tradução usada por Pia Colombo «Comme On Fait Son Lit On Se Couche» é diferente, mas exprime as mesmas ideias.

PS3: Oiça a interpretação de Gisela May : 
Aufstieg und Fall der Stadt Mahagonny, Act I, Scene 11: "Denn wie man sich bettet, so liegt man"

PS4: Outra pouco conhecida e linda balada de Kurt Weill, com Kiri Te Kanawa e Andre Previn: 
«It Never Was You»
Posted by Manuel Baptista at 14.12.21 3 comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Labels: Berthold Brecht, canção, Hanne Wieder, jazz, Kurt Weill, música contemporânea, Ópera, Opereta

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

[Sonya Yoncheva] «Io t'abraccio»* de G.F. HAENDEL


https://www.youtube.com/watch?v=PbPcJcxzI6k&list=RDMMPbPcJcxzI6k&start_radio=1

 Uma joia musical, extraída da ópera "Rodelinda" de Haendel, interpretada pela potente e subtil soprano búlgara (com a «Accademia Montis Regalis» dirigida por Alessandro de Marchi, e com a mezzo-soprano Karine Deshayes). 
Esta gravação dá testemunho das qualidades essenciais da cantora: Nesta peça em dueto Sonya Yoncheva evidencia a sua maleabilidade expressiva, e o seu timbre rico.. Quem quiser apreciar a sua arte, pode ouvi-la na playlist seguinte: Yoncheva

----------------------------
(* EU TE ABRAÇO)

Posted by Manuel Baptista at 5.11.21 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Labels: Haendel, música barroca, Ópera, Sonia Yoncheva

terça-feira, 22 de junho de 2021

[Wagner, Vivaldi] NAVIO-FANTASMA - TEMPESTADE

 


O sobrenatural como símbolo pode ser libertador, não enquanto mito que subjugue a mente, ou que esteja conectado com uma visão fatalista. 

Percebi que o que há de delicioso nas histórias de fantasmas, é que elas nos dão um calafrio no momento mas, ao mesmo tempo sabemos que é ficção, pois estamos em segurança, lendo ou vendo ou ouvindo essa «estória de dar arrepios». 

Certamente o fantasma invoca a morte. Mas,  se temos medo da morte, não é do simples facto de um dia desaparecermos. Pelo menos, não duvidamos que desaparecemos enquanto ser material, algo que sabemos inevitável, a partir do momento que crescemos. A morte suscita medo, pelo seu lado desconhecido. 

Este aspeto, o desconhecido, manifesta-se no que está para além do mundo corriqueiro, do dia-a-dia vulgar. A narrativa de terror precisa, não apenas do perigo mortal, mas também de algo insólito, estranho, sobrenatural. 

O fantasma é uma criatura do outro mundo que vem visitar-nos neste mundo. 

O fantasma...um ser real, ou uma alucinação, um efeito de ótica ou ainda, uma  fantasia da nossa mente? 

As histórias de navios-fantasmas, que continuam a vogar pelos oceanos, durante decénios, sem tripulação lá dentro, pois morreu  até ao último homem, misteriosamente, tragicamente, são narrativas romanceadas de situações que ocorreram na realidade. 

Não é difícil um navio continuar a flutuar durante algum tempo, sem ninguém para cuidar dele. Que isso tenha acontecido variadíssimas vezes durante a história da navegação, não nos pode surpreender. O que é mais da ordem do fantástico, são as lendas em que o navio surge durante as tempestades,  periodicamente, do nada, do nevoeiro, como um monstro oceânico imponente. 

Simbolicamente, o «navio-fantástico-fantasma» resume os medos (fobias) que podem nos habitar, pessoal e socialmente: O medo da morte, dos «mortos-vivos», dos fantasmas que poderão estar dentro do navio fantasma, o medo da natureza indiferente, do destino severo, vingativo, o castigo da não-sepultura, pela transgressão das leis dos homens ou -sobretudo- dos Deuses.

Muitas histórias de navios-fantasma relacionam-se com epidemias misteriosas que dizimaram toda a tripulação. Neste século de histeria pandémica, é provável que estas antigas histórias sejam evocadas, recicladas e atualizadas.

A famosa ópera «Die fliegende Hollaender/ The Flying Dutchman» de Wagner retoma o mito do navio-fantasma. 

Abaixo, a abertura da ópera: 

                            

Mas, na época barroca, já existia um subgénero de música descritiva, a «tempestade no mar», abaixo exemplificada no concerto para flauta de Vivaldi. Note-se, que ele não foi o único na sua época, a utilizar o tema da tempestade marítima!  Aliás, Vivaldi também escreveu outro famoso concerto para flauta «La Notte» RV 439 onde um dos movimentos se intitula «Fantasmi», fantasmas.






Posted by Manuel Baptista at 22.6.21 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Labels: abertura de ópera, Concerto para violino, música barroca, música romântica, navio-fantasma, Ópera, sobrenatural, Vivaldi, Wagner

terça-feira, 6 de novembro de 2018

PIANGERÒ LA SORTE MIA... da ÓPERA GIULIO CESARE, DE HAENDEL

"Piangerò la sorte mia" - Giulio Cesare - Haendel

https://www.youtube.com/watch?v=X3uYxKlJDC4


Roberta Mameli, soprano Ensemble Fratres

Na ópera de Haendel «Giulio Cesare in Egito» (estreia em 1724) Cleópatra lamenta, nesta ária, a perda simultânea do seu reino, em resultado da batalha e do seu amante, Júlio César (no entanto, este não está morto).
A intensidade dramática e expressiva está presente na partitura, mas a enorme qualidade vocal de Roberta Mameli também contribui para nos convencer, por alguns instantes, de que estamos perante uma tragédia. Oiça-se como a sua voz se reveste de ternura e depois de fúria, por aquilo que lhe está a acontecer.
Na minha opinião, o facto de ser uma gravação ao vivo, não diminui a qualidade da mesma; as imperfeições eventuais que se poderá notar na qualidade sonora, podem ser colocadas entre parêntesis, devido à emoção que transparece.
Posted by Manuel Baptista at 6.11.18 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Labels: Cleópatra, Giulio Cesare, Haendel, música barroca, Ópera, Roberta Mameli

segunda-feira, 24 de setembro de 2018

HAENDEL - «DA TEMPESTE»

                        Amanda Forsythe/Apollo's Fire


Aprecio esta interpretação de Amanda Forsythe na ária de Cleópatra, da ópera «Julius César». 
Privilegio sempre a qualidade e o bom gosto sobre quaisquer outras considerações. 
Posted by Manuel Baptista at 24.9.18 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Labels: Haendel, música barroca, Ópera

segunda-feira, 3 de setembro de 2018

OPERA-BALLET «LES INDES GALANTES» DE RAMEAU



Les Indes Galantes, estreada em Agosto de 1735:
Mais uma pequena jóia de música barroca, numa encenação muito bem humorada. 
Posted by Manuel Baptista at 3.9.18 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Labels: Ballet, música barroca, Ópera, Rameau

domingo, 24 de junho de 2018

«ORLANDO FURIOSO» DE VIVALDI

«NEL PROFONDO», ÁRIA DO 1º ACTO




(Nel profondo cieco mondo si precipiti la sorte già spietata a questo cor. Vincerà l'amor più forte con l'aiuta del valor.)
                                                   
                                                        [SOLISTA: Mathieu Salama]


                                                          INTEGRAL DA ÓPERA



  • O libreto, baseado num poema de Ariosto, poeta do Renascimento, tem todos os ingredientes para exprimir as paixões humanas. Nomeadamente, a tensão emocional que acompanha o desenrolar do drama em música. As paixões foram sempre matéria-prima da ópera: aqui, a paixão amorosa insatisfeita leva Orlando à loucura. 

Esta ópera «Orlando Furioso» é uma das mais célebres de Vivaldi. Na nossa época, foi representada em palco e gravada em disco, com bastante frequência. Creio ser uma das óperas barrocas que mais facilmente se podem acomodar ao gosto do público contemporâneo. 
Algumas das suas árias tornaram-se célebres e são regularmente incluídas em recitais, por vários intérpretes. 

Posted by Manuel Baptista at 24.6.18 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Labels: Ariosto, Barroco, Marie-Nicole Lemieux, Ópera, Vivaldi

domingo, 18 de março de 2018

PAUL ROBESON, A VOZ INOLVIDÁVEL

Paul Robeson (1898- 1976) continua a ter imensos cultores, devido à  qualidade da sua voz, pelo esmero e bom gosto das suas interpretações. Conheço versões das peças abaixo por outros interpretes, mas não tenho dúvida, pelo menos nestes casos, que prefiro a interpretação de Paul Robeson. Não é esta avaliação ditada por nostalgia ou pelo prestígio; este cantor tinha uma voz excepcional e grande capacidade expressiva.


«Mood Indigo» O clássico dos clássicos do blues, pelo célebre cantor negro de ópera, que por ser membro do partido comunista, foi perseguido e proibido de cantar no palco e cinema, na «democracia» dos EUA.



«Joe Hill»: era um organizador do sindicato revolucionário IWW, assassinado pelos capangas dos patrões. 


                          

«It aint necessarily so»: Esta é uma das canções de «Porgy and Bess» (de George Gershwin). Como muitas outras passagens da famosa ópera, foi inúmeras vezes interpretado pelos mais variados cantores.


                          

«Deep River»: Um espiritual negro que Paul Robeson interpreta de forma poderosa. 
Posted by Manuel Baptista at 18.3.18 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Labels: «Porgy and Bess», blues, espirituais, EUA, Gershwin, IWW, Joe Hill, Ópera, partido comunista, Paul Robeson

terça-feira, 18 de abril de 2017

Lamento d'Arianna - MONTEVERDI



                                     
                                           

Consta que esta ária foi composta sob o efeito do profundo desespero de Monteverdi pela morte da sua esposa. 
Quer isso seja verdade ou lenda, esta melodia impressionou até às lágrimas os que ouviram o «Lamento de Arianna», da ópera Orfeo, em Mântua, quando esta foi criada, em 1608. 

O estilo consistindo em traduzir os movimentos da alma pelo recitativo expressivo, o mais próximo da fala humana, recebeu o título de «stilo nuovo» (final do séc. XVI- início do séc. XVII). É uma característica distintiva do barroco nascente. É também particularmente adequado à Ópera, o novo género musical e teatral que, a partir dessa época, passou a ter a relevância que se sabe. 
Posted by Manuel Baptista at 18.4.17 Sem comentários:
Enviar a mensagem por emailDê a sua opinião!Partilhar no XPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest
Labels: Barroco, Maneirismo, Monteverdi, Ópera, Recitativo
Mensagens antigas Página inicial
Subscrever: Mensagens (Atom)

Publicação em destaque

ALASDAIR MACLEOD: O PLANO DA CHINA ENVOLVENDO OURO, PARA A ERA PÓS-DÓLAR

Alasdair Macleod descreve, com rara clareza, a realidade dos fracassos de Trump no domínio económico e financeiro.  Anteriormente ao 2º mand...

Pesquisar neste blogue

Translate

Arquivo do blogue

  • ▼  2025 (171)
    • ▼  junho (13)
      • OS ÚLTIMOS DIAS DE GAZA (POR CHRIS HEDGES)
      • ALASDAIR MACLEOD: O PLANO DA CHINA ENVOLVENDO OURO...
      • CORONEL MACGREGOR: «A CREDIBILIDADE DE TRUMP ACABOU»
      • JACQUES BAUD: AS BAIXAS RUSSAS E UCRANIANAS
      • A FALSIFICAÇÃO DA HISTÓRIA DOS HEBREUS COM OBJETIV...
      • ÀS PALAVRAS RENUNCIEI [OBRAS DE MANUEL BANET]
      • O OCIDENTE E A SÍNDROMA DE NEGAÇÃO DA REALIDADE
      • U.E DESTRÓI A DEMOCRACIA POR DENTRO
      • «A ORDEM A PARTIR DO CAOS» ?
      • COMENTÁRIO AOS ATAQUES COM DRONES UCRANIANOS, A BA...
      • VILLA-LOBOS e Música da América Latina (Segundas-f...
      • CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL (Nº44): «Morrer dua...
      • WARWICK POWELL: «PODEM FICAR COM VOSSOS DÓLARES; N...
    • ►  maio (32)
    • ►  abril (31)
    • ►  março (35)
    • ►  fevereiro (28)
    • ►  janeiro (32)
  • ►  2024 (338)
    • ►  dezembro (33)
    • ►  novembro (34)
    • ►  outubro (31)
    • ►  setembro (33)
    • ►  agosto (26)
    • ►  julho (34)
    • ►  junho (29)
    • ►  maio (26)
    • ►  abril (22)
    • ►  março (27)
    • ►  fevereiro (29)
    • ►  janeiro (14)
  • ►  2023 (374)
    • ►  dezembro (23)
    • ►  novembro (40)
    • ►  outubro (34)
    • ►  setembro (30)
    • ►  agosto (33)
    • ►  julho (33)
    • ►  junho (31)
    • ►  maio (27)
    • ►  abril (30)
    • ►  março (32)
    • ►  fevereiro (25)
    • ►  janeiro (36)
  • ►  2022 (358)
    • ►  dezembro (31)
    • ►  novembro (32)
    • ►  outubro (31)
    • ►  setembro (29)
    • ►  agosto (29)
    • ►  julho (22)
    • ►  junho (27)
    • ►  maio (34)
    • ►  abril (30)
    • ►  março (33)
    • ►  fevereiro (29)
    • ►  janeiro (31)
  • ►  2021 (340)
    • ►  dezembro (28)
    • ►  novembro (30)
    • ►  outubro (24)
    • ►  setembro (26)
    • ►  agosto (31)
    • ►  julho (31)
    • ►  junho (35)
    • ►  maio (28)
    • ►  abril (29)
    • ►  março (29)
    • ►  fevereiro (26)
    • ►  janeiro (23)
  • ►  2020 (343)
    • ►  dezembro (29)
    • ►  novembro (28)
    • ►  outubro (23)
    • ►  setembro (27)
    • ►  agosto (22)
    • ►  julho (25)
    • ►  junho (25)
    • ►  maio (35)
    • ►  abril (32)
    • ►  março (38)
    • ►  fevereiro (27)
    • ►  janeiro (32)
  • ►  2019 (340)
    • ►  dezembro (28)
    • ►  novembro (30)
    • ►  outubro (31)
    • ►  setembro (34)
    • ►  agosto (28)
    • ►  julho (22)
    • ►  junho (27)
    • ►  maio (30)
    • ►  abril (28)
    • ►  março (31)
    • ►  fevereiro (24)
    • ►  janeiro (27)
  • ►  2018 (332)
    • ►  dezembro (25)
    • ►  novembro (26)
    • ►  outubro (25)
    • ►  setembro (29)
    • ►  agosto (32)
    • ►  julho (30)
    • ►  junho (30)
    • ►  maio (27)
    • ►  abril (27)
    • ►  março (30)
    • ►  fevereiro (22)
    • ►  janeiro (29)
  • ►  2017 (321)
    • ►  dezembro (29)
    • ►  novembro (25)
    • ►  outubro (26)
    • ►  setembro (22)
    • ►  agosto (19)
    • ►  julho (35)
    • ►  junho (26)
    • ►  maio (31)
    • ►  abril (22)
    • ►  março (26)
    • ►  fevereiro (28)
    • ►  janeiro (32)
  • ►  2016 (160)
    • ►  dezembro (24)
    • ►  novembro (22)
    • ►  outubro (17)
    • ►  setembro (17)
    • ►  agosto (20)
    • ►  julho (16)
    • ►  junho (22)
    • ►  maio (22)

PÁGINAS

  • Aviso ao leitor
  • CRÓNICAS DA IIIª GUERRA MUNDIAL
  • OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA
  • PROPAGANDA 21 - condicionamento de massas no séc. XXI
  • MITOLOGIAS
  • Segundas-feiras musicais (início: Maio 2024)
  • NO PAÍS DOS SONHOS
  • OPUS VOL. I (2016-2021)
  • OPUS VOL. II. (2022 - 2023)
  • OPUS VOL. III (2024)
  • Postfácio

MÚSICA NO BLOG

  • ATUAÇÕES AO VIVO
  • BACH & VIVALDI
  • HAENDEL
  • FROBERGER
  • JEAN-PHILIPE RAMEAU
  • CARLOS SEIXAS
  • AZNAVOUR
  • CHANSONS DE JACQUES BREL
  • GEORGES BRASSENS
  • FRANÇOISE HARDY - ULTIME HOMMAGE
  • Billie Holiday
  • Sarah Vaughan, the immortal
  • JAZZ SINGERS ANTHOLOGY [1]
  • JAZZ SINGERS ANTHOLOGY [2]
  • MEMÓRIAS - POP & ROCK
  • Dylan Originals
  • Dylan Songs Covers
  • TALENTOS LATINO-AMERICANOS
  • GUITARRA CLÁSSICA

Acerca de mim

A minha foto
Manuel Baptista
Ver o meu perfil completo

Número total de visualizações de páginas

I refuse to join any club that would have me as a member (Groucho Marx)
Tema Viagens. Com tecnologia do Blogger.