Porque razão os bancos centrais asiáticos estão a comprar toneladas de ouro? - Não é ouro em si mesmo que lhes importa neste momento, mas é a forma mais expedita de se livrarem de US dollars!!
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segunda-feira, 26 de junho de 2023

PIERRE-HENRI GOUYON «O COLAPSO DA BIODIVERISADE»


 P-H Gouyon desanca as incongruências de «verdes» e «tecnocratas», muito preocupados em relação à crise ecológica global, mas que apenas acentuam os problemas porque somente conseguem «raciocinar» nas categorias que lhes ensinaram! 

Um enorme "pontapé" de um grande cientista, nos preconceitos que passam por «ciência».

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

ECOLOGIA: MITOS E REALIDADES

 Tenho estado a acompanhar os desenvolvimentos tecnológicos da chamada «revolução verde» embora não tenha muitas vezes escrito sobre o assunto, mas hoje farei um esforço:

Devo dizer que sou profundamente ecologista, no sentido de preservar a biodiversidade, de permitir a integração dos povos e culturas num modo de vida não destruidor e aceito que a civilização tecnológica que temos não é resposta, pois ela está na base de inúmeras agressões, tanto a seres humanos (que muitos «ignoram», porque ocorrem no «Terceiro Mundo»), como ao ambiente.

As derivas do capitalismo «verde» são baseadas nas ilusões de que se pode obter energia «limpa», em quantidade suficiente para as pessoas (pelo menos no Mundo dito desenvolvido, afluente) continuarem a viver num nível de conforto semelhante ao de hoje. Estas ilusões propaladas, são mentiras intencionais: Quem as propala, incluindo indivíduos com prestigiosas carreiras e títulos académicos elevados, estão conscientes de que estão a relatar as questões de modo enviesado, isto é, a fazer propaganda. São pessoas que mascaram a preocupação com seu próprio emprego, com uma preocupação fictícia com o ambiente.

A questão da emissão humana do CO2 para a atmosfera já foi tratada neste blog em vários artigos. Eu irei apenas aqui sublinhar que tudo está errado, nos que advogam como causa fundamental do aquecimento ou efeito de estufa, o factor antropogénico. 

Pois esse tal efeito existiu desde os primeiros tempos da Terra, há biliões de anos, sendo que os períodos onde o CO2 atmosférico era mais elevado, também são os da maior produção de biomassa total. Por isso, esse excedente de biomassa das florestas do Carbonífero, passados muitos milhões de anos, fornece-nos grande parte do carvão e petróleo que é explorado, hoje em dia.  

Segundo, as medições do CO2, a partir de métodos e de aparelhos com uma sensibilidade e fiabilidade mínimas, só ocorreram a partir da segunda metade do século XIX (cerca de 1880). Os que defendem um aumento do CO2 paralelo ao aumento do efeito de estufa, fazem-no a partir duma janela de observação e registos demasiado estreita para abarcar os fenómenos à escala geológica (centenas de milhares de anos ou mesmo milhões de anos). Pelo contrário, existem métodos, hoje bem desenvolvidos, que são muito fiáveis dentro de determinada janela temporal, desde que os registos sejam corretamente efetuados e acompanhados por rigorosa calibração: 

- Na janela temporal de séculos, temos a espessura dos anéis de crescimento das árvores. Pode dar-nos a ideia de estresses que, num momento, essas árvores tiveram; se houve um período de arrefecimento, a acumulação de nova biomassa pelas plantas será menor e isso reflete-se na menor espessura dos anéis de crescimento. 

- Na escala dos milhares de anos, temos vários métodos usando isótopos radioactivos, 14C, ou não radioactivos, como o 13C e outros elementos, que se têm mostrado muito úteis. 

- Temos os estudos dos paleontólogos, com fósseis  das faunas e floras dos períodos anteriores ao Holocénico (o período geológico mais recente, que nos inclui enquanto espécie), que nos revelam quais as condições gerais e particulares dos ambientes em que viveram estes seres vivos (cobrindo cerca de 500 milhões de anos), permitindo inferir os intervalos de temperaturas a que esses animais e plantas estavam adaptados. 

- A astronomia reconhece os ciclos de Milankovitch, que estão relacionados com as Glaciações, onde cada ciclo dura em média cerca de 40 mil anos. 

Todas estas metodologias, utilizadas pelos cientistas climáticos, permitem extrair dados concretos. Estes têm sempre de ser trabalhados, calibrados, mas são imprescindíveis. Estas investigações sérias e multidisciplinares, dos climatologistas e de outros cientistas associados, apontam para fatores múltiplos, de ponderação difícil - não para uma «linearidade» - para dar conta de fenómenos de aquecimento ou de arrefecimento globais. Não tem qualquer cientificidade afirmar-se que aumentos de dióxido de carbono na atmosfera, são «o fator mais importante» do «aquecimento global». Mas, os «cientistas da treta» costumam ocultar o que não lhes convém, ou chegam a dar uma interpretação falsa de qualquer fenómeno que venha contradizer a sua teoria. 

O mais vulgar é passarem sob silêncio aquilo que eles não podem explicar; como, por exemplo, o registo por organismos científicos australianos do aumento dos recifes de corais, que deveriam exatamente ter o comportamento oposto, caso as teses desses ideólogos falsamente científicos fossem comprovadas. 

Apenas quis dar, acima,  uma pequena amostra. A media mainstream tem sido responsável de muito alarido, pois ela «vende notícias» e as notícias alarmistas são as que despertam mais curiosidade no leitor (quantos mais leitores, mais publicidade paga o jornal ou o site terá e poderá cobrar mais por ela).

A terrível estupidez que significa estarmos na orla de grandes catástrofes humanas, ou causadas pelos humanos, é adensada pela estupidez suplementar das pessoas responsáveis, com visibilidade mediática, estarem a embarcar numa campanha sem sentido, pelo abandono das outras formas de energia, que não sejam as chamadas energias «renováveis», quando se sabe que a capacidade total de armazenamento de energia nas baterias de lítio que são produzidas, é muito limitada; e sabendo que estas baterias precisam de energia fóssil para serem construídas e recarregadas. Pelo menos, no presente e no futuro próximo, as soluções propostas não estarão à altura das necessidades.

Além do mais, os chamados recursos «renováveis», não o são, segundo a ótica global do custo total energético e no aspeto da salvaguarda do ambiente (que é fundamental). Com efeito, esta salvaguarda implicaria serem inteiramente recicláveis os seus componentes: Na verdade, tanto os painéis solares fotovoltaicos estragados, como as paletes de eólicas em desuso, são deixados a apodrecer em «cemitérios» . Os componentes não são reciclados, porque as operações de reciclagem não são rentáveis. Mas, não há problema; estes lixos causam danos ambientais nada desprezíveis, mas estão longe da vista das pessoas!

Tristemente, as pessoas responsáveis pelas consequências catastróficas de tais decisões «verdes» não serão chamadas à responsabilidade, em tribunal. Tal é o mecanismo da alienação e corrupção nas sociedades ditas «evoluídas», que são apenas evoluídas na hipocrisia. Basta pensar que Julian Assange*... Ele é mantido sob prisão arbitrária, sem ter feito qualquer crime, mas porque reportou o que o Império tem feito, com as suas tropas e seus torturadores, nos países que ocupou; no  Afeganistão e no Iraque, principalmente.

Outro exemplo: a crise global de segurança e o risco de alargamento da guerra não alarmam a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, dirigente do partido ecologista: Mas, a crise ecológica é decuplicada em qualquer cenário de guerra, mesmo nas guerras «confinadas». A guerra é a situação mais desfavorável, em termos ambientais: Provoca a rutura nas vidas humanas, a desarticulação da sociedade, o agravamento dos problemas ambientais, que podem ir até à destruição completa e irreversível de habitats naturais. Isto, para não falarmos da guerra generalizada, que se tornaria nuclear e potencialmente causando a extinção de todas as formas de vida (e da nossa espécie, obviamente). Pois esta ministra alemã é o mais pró-guerra que se possa conceber!

Conclusão: Eu poderia continuar, traçando um panorama mais completo. Há imensas situações onde aparecem flagrantes contradições entre o discurso do poder e sua prática real, em defesa do ambiente. Mas isso está para além das minhas capacidades. De qualquer maneira, vários autores têm feito essas críticas. Mas, como existe a barreira da censura/autocensura nos grandes media, tem sido torpedeado de todas as maneiras levar este debate ao grande público. 

É assim que os «grandes» ganham; eliminam à partida - da praça pública, que hoje em dia são os grandes media -  todos aqueles que tenham capacidade e vontade de pôr em causa as suas políticas. Na verdade, estamos num novo tipo de totalitarismo, em que as pessoas «comuns» pensam que estamos em «democracia», mas em que apenas resta a imagem mais superficial, a mera aparência, não a substância. Para que esta situação mude, é necessário que o povo deixe de confiar automaticamente em tudo o que lhe dizem, deixe de se comportar de forma passiva em relação à informação. Existem exceções, às quais os leitores deste blog provavelmente pertencem, mas insuficientes para obrigar à transformação qualitativa do modo como circula a informação e sobre o acesso ao debate por parte daqueles cujos pontos de vista são não conformes aos do poder.

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*Veja AQUI sobre luta para desmascarar a «justiça»  do R-U. , Suécia e EUA, no que toca a extradição de Assange para os EUA.



domingo, 19 de agosto de 2018

GLIFOSATO, UM PRESENTE ENVENENADO...

                 Farmers spray 200m pounds of weedkiller on crops, including corn, soybeans, wheat and oats, every year. 
      
A estratégia clássica dos grandes grupos económicos é de se expandirem , derrotando toda a concorrência, impondo as suas tecnologias, com exclusão de todas as alternativas, externalizando os danos que estas trazem à sociedade e natureza.

Um caso realmente típico disso é o da Monsanto/Bayer e do seu produto glifosato (comercializado sob o nome de «Roundup»).
Nos anos noventa, a Monsanto desenvolveu um sistema associando herbicidas, entre os quais o glifosato, com plantas de cultivo geneticamente modificadas, para incluírem genes de resistência aos mesmos. Assim, o milho, por exemplo, portador desses genes de resistência podia ser copiosamente tratado com glifosato, apenas as plantas «daninhas» ou espontâneas iriam ser afectadas e erradicadas. A Monsanto gabava-se que as plantações de milho, soja, etc geneticamente modificadas tinham a capacidade de resistir a doses altíssimas de herbicida, garantindo uma  monda química eficaz e a «impossibilidade» (que já se verificou ser falsa; ver, por exemplo, aqui ) de desenvolver resistência aos referidos herbicidas. 

O resultado é que o uso do glifosato se foi expandindo, contaminando muitos ecossistemas agrícolas e naturais, afectando muitas espécies de plantas, que nunca foram invasivas de campos cultivados, sobretudo acumulando-se na cadeia alimentar até ao ser humano.
Estudos com mães lactentes no Brasil, mostraram que 83% destas possuíam vestígios de glifosato no seu leite. O glifosato não é uma substância inócua para os animais e para o homem. O glifosato tem propriedades cancerígenas, mas isto foi intencionalmente ocultado pelas próprias autoridades sanitárias da Alemanha.
Por muito prejudicial que este glifosato seja, devemos ter em perspectiva que é um caso apenas, produzido por uma companhia, mas existem outros milhares que têm efeitos colaterais graves sobre a saúde humana e a Natureza. 
No seu conjunto, a civilização tecnológica tem sido completamente desrespeitadora do princípio de precaução, que implica a não-utilização de qualquer substância, cujo efeito no ambiente possa implicar grave prejuízo (quer no imediato, quer futuramente). 
Na busca do lucro a qualquer preço, os grandes da agro-indústria, da indústria farmacêutica, das biotecnologias, têm distorcido, ocultado, falsificado os dados que tinham obtido nas suas investigações e conseguem comprar os mais diversos poderes públicos, incluindo os próprios legisladores

A sistemática ocultação dos efeitos nefastos faz com que governos e as sociedades aceitem a novidade, se adaptem a ela, usem correntemente esses produtos, sendo depois a sociedade a pagar os referidos efeitos nefastos. Esta externalização dos danos permite que os produtos sejam rentáveis para o seu produtor. 
Com efeito, está-se perante uma ocultação sistemática, conseguida também à custa de uma corrupção do Estado e dos seus agentes.
Se houvesse reconhecimento da perigosidade dos produtos em causa, ou as entidades protectoras da saúde e do ambiente decretavam a sua exclusão do mercado, ou eles seriam severamente regulados e restringidos no seu uso. Tanto num caso, como no outro, não haveria lucro, não poderiam rentabilizar as operações que levaram a colocar o produto no mercado, desde a sua concepção, investigação, desenvolvimento, produção,  até à comercialização. 
Segundo estudo publicado, o custo dos poluentes ambientais excede  9 milhões em vidas humanas e 4,6 triliões dólares anuais, mais do que a guerra, o tabagismo, a fome, ou os desastres naturais.
A sociedade humana e a Natureza são constantemente agredidas, sujeitas às piores depredações e em última instância, à morte, para que os tais gigantes da agro-química ou outras corporações capitalistas de grande poder, continuem a obter os seus lucros!

terça-feira, 27 de março de 2018

BUÇACO: GRANDE BELEZA E BIODIVERSIDADE

              

A poucos quilómetros de Coimbra, encontra-se a Serra do Buçaco, com a sua Mata, no centro da qual está o hotel-palácio do Buçaco. Inicialmente mandado construir por D. Carlos I, como pavilhão de caça, acabou por ser adquirido e transformado em hotel, desde 1917. 
A arquitectura e decoração vão buscar os seus elementos ao Estilo Manuelino, com elementos copiados de monumentos do início do século XVI.


              

Os jardins, à francesa, evocam zonas equivalentes do palácio da Pena, em Sintra. Mas todo este luxo real não nos deve fazer esquecer que o Buçaco foi um local de vida espiritual e  árdua dos monges, em séculos anteriores.



               

Ainda se pode visitar o convento onde Sir Wellesley, futuro Duque de Wellington foi descansar, após a batalha do Buçaco de 1810, que foi decisiva para a derrota da terceira e última invasão napoleónica.


            

A natureza da vegetação desta altura das guerras peninsulares, era muito mais rala; não havia muitas árvores de grande porte; a vegetação era essencialmente formada por arbustos e ervas. 
A florestação desta zona começou em meados do século XIX. Muitas árvores de grande porte, que se podem hoje observar na Mata do Buçaco, foram plantadas no referido século.  


 


 A zona é muito abundante em água, que escoa durante todo o ano a partir de várias nascentes.


 

Como biólogo, fiquei  muito interessado na biodiversidade desta mata, embora saiba que uma parte das espécies não é vegetação autóctone. As espécies autóctones, porém correspondem às que povoavam a floresta primitiva ibérica; estes exemplares, assim como outros, vindos de outros pontos, poderiam fornecer as sementes para a plantação das áreas ardidas do Centro de Portugal, no ano passado. 
O eucaliptal não se pode designar como autêntica floresta, visto que não é uma formação natural, mas uma plantação. A sua substituição poderia proporcionar o restauro  e a regeneração do ecossistema, assim como o repovoamento humano. Os ecossistemas florestais são dos mais produtivos, quer em quantidade de biomassa, quer em biodiversidade.