Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.

segunda-feira, 13 de março de 2017

[NO PAÍS DOS SONHOS] Lamento de Dido (H. Purcell)


Vogava num universo enfumado, onde se evaporavam os rostos dos companheiros da véspera, como se os fantasmas se confundissem com os vivos, dando a estes uma consistência fantasmagórica, enquanto aqueles se faziam passar por viventes.
Em cima de uma mesa comprida, apenas iluminada por um candelabro, jazia um corpo. Estava ainda revestido da aparência do que fora, uma jovem e alegre criatura. 
No escuro, ouviam-se murmúrios de preces, entrecortados de suspiros e silêncios. 
Lá fora, o sol de Junho resplandecia e as aves cantavam, em contraste insólito com a cena de desolação que se apresentava no interior.
O espectáculo deste palácio do renascimento parecia-me real. 
Sentia-me oprimido e só desejava sair, mas não sabia como. Foi um pequeno pagem que me indicou, com um gesto tímido, um cortinado, recobrindo uma porta. Avancei para lá, levantei o cortinado e abri a porta. 
Foi então que abri os olhos, vendo a realidade do meu quarto, banhado em luz natural. 
Suspirei e fiquei deitado, a tentar relembrar-me dos pormenores do que acabara de sonhar.

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