Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.

sábado, 3 de junho de 2023

Charlot, por todo o tempo que o Homem for capaz de contar [poema por Maximiano Gonçalves]

 

Charlot,

por todo o tempo

que o Homem for capaz de contar

 

“ Não queremos odiar,

Não queremos o desprezo de uns pelos outros”.

O teu discurso ouvi-o até me entranhar.

Ficou meu.

E se não sei dizê-lo como tu,

Posso ouvi-lo por ti gravado

E lê-lo, está em papel publicado.

É meu, é de todos os que o percebem,

E também dos que o desentendem,

Todos o precisam,

Os que vivem e hão-de viver,

Enquanto houver Mundos

Capazes de nos acolher.   

 

Meu Charlot de calças lassas,

Artista maior do século que viveste,

Para ficares por todo o tempo

Que o Homem for capaz de contar !

Crente absoluto no Homem !

 

“ Vamos lutar por um mundo de razão,

Um mundo onde a ciência e o progresso

Dêem a todos a felicidade”,

Disseste-nos em “O Grande Ditador”,

Quando o Nazi-Fascismo

Começava brutal guerra total,

A pregar ódio novo e vária dor.

Assim soubeste, assim denunciaste,

E ninguém, capaz de ouvir e ver “O Grande Ditador”,

Ia esquecer o teu modo de o fazer.

Se o pensámos morto ou dominado,

Aí está ele, a falar de novo, o Nazi-Fascismo,

Por vozes diferentes das anteriores, tonitruantes.  

Agora, as disponíveis são de outros timbres,

Conforme o local, os ouvintes e demais farsantes,

De doutrina não autoras (pois já está escrita).

De novo,

“Em nome da democracia, unamo-nos todos”.

Como pediste, meu Charlot eterno,

O rosto explícito,

A palavra dita ou sugerida,

Os gestos justos, as calças lassas,

O chapéu a saudar todos e cada um,

Por o Mundo ser de todos e de cada um.


(MaximianoGonçalves)

 

 

 

 

1 comentário:

Manuel Baptista disse...

A notícia seguinte, mostra a «banalidade do mal» e esta banalidade é tornada possível pela indiferença. É a indiferença que permite que o mal continue a exercer-se sobre vítimas inocentes como o rapazinho de dois anos... Leia o artigo:
https://www.unz.com/pgiraldi/israeli-soldiers-shoot-dead -palestinian-two-year-old/