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quarta-feira, 1 de junho de 2022

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA, PARTE XIV

A TEMPESTADE PERFEITA


Tela a óleo de Turner* Tempestade de Neve no Mar


[PARTES ANTERIORES DA SÉRIE:  VI ; VII VIII ; IX ; X ; XI ; XII ; XIII ]


Ano velho, ano novo... traz-nos algo: Surpresas, espantos, deceções e esperanças. Tudo isso nos trouxe o ano de 2022, agora que se inicia o sexto mês deste fatídico ano.
Ou talvez não, afinal? - Pois tudo está contido em potência dentro de acontecimentos dos anos passados. Será necessário recuar a 2014, a 2003 ou antes, até a 1998 ou 1991?
São tantos, os eventos que se encadeiam nestas datas e se relacionam com o que se está a passar agora. É como se fossem cadeias causais perfeitamente nítidas. 
Ou será um efeito de óptica? - Será que nossa visão exclui tudo o que se afasta de uma determinada narrativa, que contamos nós próprios, para explicar o inexplicável, para dar sentido ao caos permanente? 

Em traços largos, aquilo que escrevi há 6 meses, no número anterior « OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA, PARTE XIII » mantenho-o: A ascenção de um totalitarismo que se desenvolve com «pezinhos de lã», para não assustar as pessoas. 
Mas, entretanto, já a Europa experimenta, há mais de 3 meses, a descida ao abismo, ao inferno da guerra. A própria cidadania, hipnotizada ou fanatizada, vai lançando mais «achas para a fogueira», quer mais guerra, mais destruição. Quer saciar a sua raiva; quer escoar o seu medo. 

As pessoas, sob efeito de múltiplas injeções de propaganda do medo, deixaram-se manipular, reagindo como as «elites» querem. No orgulhoso Ocidente os valores de que se orgulham desapareceram, do dia para a noite, o que significa que já não existiam realmente, como também, a inteligência, o senso crítico, o equilíbrio da avaliação: Tudo isso voou em estilhaços. 

Afinal, o que isto mostra é que a podridão desta civilização chegou ao seu último estádio. A decomposição final traduz-se em manifestações de belicosidade, mas apenas sob o manto nuclear «tranquilizador» do poderio US. É como bullies que gostam de se fazer de valentes, mas que o fazem apenas quando estão protegidos por um bully mais forte. 

A vida, por aqui, corre como se nada fosse. Creio que a inflação ao consumidor, em países como Portugal, é da ordem dos anos oitenta, ou seja, de dois dígitos. Esta inflação é a maior que a Alemanha experimenta, desde há 60 anos. Note-se que a Alemanha tem horror à inflação, devido à crise hiperinflacionária que sofreu em 1923 e que ficou marcada na sua memória coletiva. 

Mas, em geral, a ignorância da História, da Economia, da Biologia e de todo o conhecimento verdadeiro, leva a uma enorme permeabilidade dos povos perante as «fake news». Estas  são -principalmente - veiculadas pelo poder, pela média dita «mainstream», pelos grandes conglomerados, que incluem agora empresas tecnológicas, aliadas do poder e fornecedoras de informações para e sobre os cidadãos, como operadoras da manipulação da informação. Por exemplo, milhares de páginas e de vídeos foram nestes meses suprimidos no Youtube, só porque não têm a perspetiva dos poderes sobre a guerra na Ucrânia. 

Mas, isto, muitas pessoas não querem saber, não «acreditam», até «acham bem» visto que se destina a calar aqueles que elas odeiam: Então, neste contexto, os célebres romances de ficção político-sociais de Orwell «1984» e «Animal Farm», são tomados - já não como chamadas de atenção para perigos futuros, que o Autor descreveu - mas como manuais de instruções, pela casta sociopática que nos governa. 
Francamente, não estou otimista, no curto-médio prazo. Porém, a realidade é sempre muito mais forte do que os devaneios de uns e de outros. A realidade do colapso das economias antecedeu a guerra na Ucrânia e a crise do COVID, mas foi exacerbada por estas. Esse colapso está já a fustigar o Terceiro Mundo. 
Os despreocupados do mundo afluente estão convictos que será somente mais uma crise; que algumas pessoas irão ter privações, na América do Norte e na Europa, mas que estão «protegidas» de uma grande catástrofe. 
Não serve de nada tentar demonstrar-lhes que não; que o momento é de colapso geral e transformação profunda, porque elas não ouvirão. Estão de tal maneira condicionadas, que apenas tomam atenção ao que saia da boca de poderosos, sejam políticos, multimilionários, ou outras personalidades promovidas pela média corporativa. 

Olho o mundo da minha janela e a realidade - por vezes- parece-me um enorme pesadelo. Tento não me deixar influenciar por meu estado de espírito, faço os possíveis por manter o olhar objetivo, desapaixonado, porque sei que isso é crucial para a boa navegação. 
Evitar «icebergs», «tornados», «ondas que tudo arrastam», é um cabo dos trabalhos. Ninguém, com bom senso se deveria considerar ao abrigo do naufrágio, nestas circunstâncias. 
Mas, as pessoas mais ricas pensam sempre que as desgraças são para os outros. Enganam-se, pois a riqueza não lhes serve de grande coisa dentro dum navio sacudido pela tormenta. Quanto mais «carga» levam consigo, pior, pois -em geral- não são capazes de se separar do excesso de bens, de fortuna, para salvar as suas vidas.  
 

Parede, 01-06 2022

PS: como suplementos que não precisam de comentário, deixo-vos duas notícias interessantes: Uma, revela como os ricos parqueiam as suas coleções de arte. Na outra, o eminente cientista, que é Robert Malone, descreve a «monkey pox».


segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA (PARTE V)

Olhando o mundo da minha janela:   partes IIIIIIIV                                     
                  

As «eternas» previsões para o próximo ano, são quase sempre um exercício de futilidade, que apenas pretende reforçar preconceitos, isto é, a «visão» daquele que as emite. 
Vou fugir ao ritual associado à proximidade da passagem do ano, tanto quanto possível. A minha preocupação essencial é de manter a lucidez e o espírito positivo.

Oiço, vejo e leio imensos avisos sobre a crise vindoura, monstruosa, capaz de arrasar a economia mundial, portanto também as sociedades e a civilização. 
Estamos a presenciar uma moda de cataclismos, depois de mergulhados numa moda de contentamento seráfico, beatífico, perante o crescimento «imparável» das cotações bolsistas, em todo o mundo. 
O mundo, pelo menos o dos negócios e da finança, é constantemente agitado por notícias, falsas ou exageradas, e pseudo-análises devidas a pseudo-peritos. 
A repetição constante destas previsões e alertas evocam-me, irresistivelmente, a história do menino da aldeia que, de vez em quando, se punha a gritar: vêm aí os lobos!

Neste site, ao longo do corrente ano de 2019, temos tentado fazer uma selecção criteriosa, ponderando as notícias, não tanto pela sua origem, mas sobretudo, pela sua credibilidade. 
É muito importante, neste aspecto, o critério da coerência. 
Consideremos um quadro duma paisagem: Se essa tela pretende representar a realidade de uma paisagem natural, obviamente não será coerente a presença dum animal tropical - um macaco, um tucano, ou um crocodilo - numa paisagem boreal (próxima do Ártico), nem de um abeto ou dum urso polar, por exemplo, numa paisagem tropical. Analogamente, a descrição dos factos económicos e das relações de poder internacionais, deve possuir coerência  com os factos históricos e outros, para ter alguma verosimilhança.

Assim, quando se nos depara um fim de era, tem ele de possuir alguns traços que também se observaram no passado, noutros períodos históricos  equivalentes. 
Sem dúvida, existem alguns sinais alarmantes:

- As guerras incessantes, a impossibilidade da super-potência dominante as ganhar (sacrificando dinheiro, material bélico e, sobretudo, pessoas), para manter sua presença em locais remotos, cuja relevância para a «segurança nacional» dessa superpotência, é tudo menos inquestionável.

- Um fluxo ininterrupto de dinheiro sem contrapartida («fiat»), derramado nos grandes bancos sistémicos, pelos bancos centrais ocidentais, supostamente para «estimular» a economia, mas que apenas estimulam a especulação e as bolhas, em todas as categorias de activos (acções, obrigações, imobiliário, derivados...). 
Por outro lado, os bancos sistémicos apresentam-se insolventes, na prática. A FED e outros bancos centrais ocidentais, estão desesperadamente a tentar conter a derrocada.  

- A crescente perseguição do que não é «politicamente correcto», dos «dadores de alerta»; a marginalização - por uma media ao serviço de grandes grupos financeiros - de todas as correntes de opinião, sejam quais forem os seus posicionamentos, que estejam fora do que eles, jornalistas do «mainstream» e seus patrões, consideram aceitável. 

- Ainda por cima, a agudização da campanha histérica sobre as alterações climáticas, com os interesses corporativos mais notórios a lançarem-se na «nova economia», «sustentável» (que afinal não o é), dos «amigos do ambiente» (à custa da desgraça dos povos do Sul, dos pobres); a aliança entre os principais bancos mundiais, os governos, a ONU e as organizações do mundialismo (OMC; FMI; etc...), para impor uma taxa carbono global. 

- Por fim, a perda da privacidade: Uma realidade - não já uma mera possibilidade - as pessoas serem escrutinadas, durante 24 horas todos os dias do ano sem sequer suspeitarem, ao ponto de se tornarem ultrapassadas as distopias imaginadas por Aldous Huxley, George Orwell, e outros.    

Desenha-se assim um quadro geral, que pode significar, a termo, uma involução, ou seja, uma ruptura com regressão nos padrões de vida e de civilização. Tem uma probabilidade não tão baixa como isso, pois existem elementos para se considerar que essa involução já está em curso
Todos estes problemas e disfunções existem; vê-los como sinais de fim de uma época, talvez seja - ao fim e ao cabo - bastante acertado.

Pois mais vale prevenir com um ano de antecedência, um colapso anunciado, do que o tentarmos remediar, um segundo depois dele ter acontecido. Tomo a sério, embora não com alarmismo, os sinais de tempestade. Para aumentar a nossa resiliência, para estarmos aptos a enfrentar os tempos difíceis que se anunciam, temos de saber como escapar da Matrix.


quinta-feira, 23 de setembro de 2021

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA - PARTE XII

O aniversário dos atentados de falsa bandeira do 11 de Setembro de 2001, foram ocasião para que numerosos jornalistas, políticos, sociólogos e filósofos traçassem um quadro das duas décadas passadas. É normal que isso assim seja, pois a compreensão correta do que se passou neste intervalo de tempo, é indispensável para a avaliação do momento presente. Pois, por isso mesmo, abundam as «análises», sem outro critério, senão o de confirmar e reforçar a visão do mundo dos seus autores, querendo que os leitores fiquem convictos dessa mesma visão. Por outras palavras, fomos amplamente servidos de discursos e narrativas ideológicos, de manipulações da história.
É muito fácil escrever-se algo, na aparência correto, porém completamente errado, na essência, porque só são abordados os factos que venham confortar determinada tese. Este tipo de «análises» pseudo objetivas não deveriam ser consideradas como sérias, por pessoas com espírito crítico, com bom-senso.
A arrogância de muitos dos que estão em lugares que permitem influenciar o grande público, seja na media, nos cargos políticos, ou na academia, leva-os a pensar que os que os leem ou ouvem, são suficientemente estúpidos ou ingénuos para «engolir» mentiras, meias-verdades, os cozinhados que eles fabricam, constantemente. Nisso, eles enganam-se completamente, pois apenas aumentam o repúdio dos que não comungam dos mesmos ideais, da mesma visão das coisas, por um lado; por outro, estimulam o fanatismo de um pequeno número, que já estava convencido, de pessoas já doutrinadas. São estas últimas, as que constituem a massa de manobra, as tropas de choque, de que se servem os ditadores.
Felizmente, hoje em dia, apesar do «blackout» informativo, da barragem de obscurecimento da verdade, erguem-se vozes, ouvidas por alguns (não tão poucos como isso). Existe este fenómeno em muitos quadrantes do espectro político, à exceção dos que são os grandes beneficiários da mentira, ou são pagos por estes para manter a ilusão. Os anglo-saxónicos usam a expressão, apropriada, de «gaslighting»: ou seja, uma desfocagem, uma visão turva das coisas, como a vibração das imagens no entorno das lâmpadas de iluminação a gás, nos tempos idos. Na guerra psicológica que foi desencadeada contra os povos, incluindo os povos americano e seus «aliados», a violência simbólica, somada à violência física sobre milhões de inocentes, no Afeganistão e no Iraque, causaram o efeito desejado de medo pânico, de desorientação. Eles chamam a isso «choque e pavor».
A guerra global contra os povos, que foi desencadeada durante a última década do século XX, foi realmente transformada, potenciada, com o 11 de Setembro de 2001, «a mãe dos atentados de falsa-bandeira», a conjura que, apesar de todos os esforços de ocultação, surgiu, logo no momento, como algo transparente.

- Eu lembro-me como se fosse ontem: Estava no "chat" com amigos, quando as primeiras notícias surgiram. Nós ficámos primeiro estarrecidos, mas logo começamos a estabelecer hipóteses, conjeturas sobre quem seriam os responsáveis e quais seriam as consequências. Tivemos consciência instantânea da importância do sucedido, pois nos apercebemos logo que não se tratava de algo, à escala de um ataque terrorista «vulgar». Lembro-me de ter dito aos meus amigos que «isto não podia ter vindo senão de dentro». Algo que teria como perpetradores o grupo dos chamados Neocons, ou seja, os autores do famoso documento PNAC. «Plan for a New American Century» (surgido em 1999 e profusamente comentado durante a campanha eleitoral para a presidência, que opôs Al Gore e George W. Bush). Era um documento público: Um plano detalhado, que expunha como os neocons pretendiam «guiar» a política americana, com vista a manter e consolidar a hegemonia, resultante do desmoronar da URSS e do bloco socialista.
Eu estava certo, de facto. Os meus amigos são testemunhos disso. A minha primeira intuição, no dia 11 de Setembro de 2001, acertou em cheio. Hoje, passados 20 anos, não resta a mais pequena dúvida, de que se tratou de um monstruoso ataque de falsa bandeira.

Não irei aqui elaborar mais sobre o assunto, apenas vos recomendo a leitura do excelente artigo de Whitney Webb sobre o tema do 11 de Setembro. Este seu escrito vai mais além, pois estabelece as pontes necessárias com o presente.
Estou também interessado na compreensão aprofundada da guerra de manipulação e condicionamento maciço da opinião pública. O termo «propaganda» já não chega, pois as coisas foram muito mais longe que quaisquer técnicas e modos de atuar, que normalmente se classificam dentro da rubrica «propaganda». Estou a falar da agressiva investida do «transumanismo», ou seja, da já iniciada transformação dos humanos em «cyborgs», acoplada à transformação social radical, onde as estratificações de classe são reforçadas por estratificações biológicas. Um mundo distópico está a despontar: Se os amanhãs cantassem, a música seria feita por máquinas, robots, computadores, terminais cibernéticos.

                                     

Estou a fazer o meu «upgrading», com o livro de Pedro Baños «El Dominio Mental; La Geopolítica de la Mente». Não digo que este livro seja a única fonte de informação neste domínio, deve haver um certo número de obras com qualidade, sobre esta temática. Porém, para mim é fundamental, pois nele encontro um condensado do que se tem feito, desde o condicionamento dito soft, até às experiências com humanos, autênticos pesadelos.

Decidi não abordar aqui o tema COVID: Ele está presente nas duas obras acima citadas e, ao fim e ao cabo, temos de ver o essencial*. O essencial, parece-me ser a questão do controlo. Quem controla quem. Quem é que deseja controlar os mecanismos do poder. Quem é que tem de facto, alavancas para acionar esses mecanismos. Como procedem os poderosos para aplacar as massas. Como procedem para «legitimar» o seu domínio sobre as coisas e as pessoas. Não se trata de obsessão pelo tema, mas antes, ter em alta estima a minha/vossa liberdade e autonomia, tanto física, como de pensamento, que me/ nos estão sendo roubadas, sistematicamente.
Vendo as coisas pelo lado otimista, creio que podemos imaginar - sem tomar nossos desejos pela realidade - que os outros seres humanos, compreensivelmente, terão os desejos que eu próprio possuo; que essas vontades dispersas irão coagular em novas formas de estar, de sentir, de pensar e de agir; que as pessoas vão procurar novas formas de fazer política, novas formas de relacionarem-se umas com as outras.
O mundo nunca permanece estático, para grande desespero dos oligarcas, que gostariam de ter o mundo inteiro «congelado», transformado numa imensa «quinta ecológica», onde eles seriam os donos e senhores, como um paraíso terreal para os muito ricos.
Há muita gente que, simplesmente, não compreende o meu ponto de vista. São pessoas a quem é servida, constantemente, uma imagem da realidade condicionada pelas narrativas serventuárias do poder. Mas, como elas estão tão condicionadas, não se podem aperceber da extensão do seu engano. Não as desprezo, pelo contrário. Tenho refletido nos últimos tempos na questão de saber como proporcionar-lhes meios para que - por elas próprias - se apercebam como têm sido manipuladas e suas consciências violadas. Talvez seja sensato ficar à espera que a realidade se encarregue de lhes abrir os olhos.
Dizem-me várias pessoas amigas que esta deriva autoritária poderá durar muito tempo. Estou de acordo com elas. Porém, quanto mais as coisas evoluírem em direção ao autoritarismo e totalitarismo, mais as hipóteses de termos uma vida mais ou menos «normal», ou «feliz» vão diminuindo, para não dizer que se vão esfumando.

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* Consultar outros números da série «OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA»: 
parte IV , parte VI e seguintes.











domingo, 23 de setembro de 2018

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA (PARTE I)

                          Resultado de imagem para tsunami


Olhando para o Mundo da minha janela, reparo que o jogo da grande política e estratégia não pára; mas - à superfície - tudo é feito para que as pessoas tenham uma percepção de que «tudo está na mesma». 

Bastam-me dois exemplos para ilustrar esta tendência:

Primeiro, a enorme perda de influência do dólar, o qual já não tem o domínio que teve outrora sobre os mercados financeiros, sobre as trocas comerciais e, sobretudo como moeda de reserva inquestionável, com a qual amigos e inimigos tinham de contar, nos cofres dos seus bancos centrais, sem o que muitas operações vitais deixavam de poder realizar-se. 
Hoje em dia, não apenas se desenvolve o sistema da nota de crédito em Yuan, dando muito maior flexibilidade a trocas efectuadas fora do dólar em África e no Médio Oriente, mas a China e Rússia estão a adquirir uma quantidade recorde de ouro, o que só pode significar que claramente estão a preparar a transição multipolar, como também vão-se livrando do dólar. 
A Rússia praticamente não tem mais «Treasuries» (obrigações do tesouro dos EUA, normalmente usadas como meio de reserva de dólares), lançou-as no mercado em Abril-Maio deste ano e avisou que o dólar já não era um activo «confiável». 
Quanto à China, com a sua «Belt and Road Iniciative» (as Novas Rotas da Seda), tem vindo a fazer empréstimos em dólares (uma maneira inteligente de se livrar deles) a países africanos, os quais podem pagá-los de volta, sob forma de Yuan ou de matérias-primas. 
A China tem usado também «Treasuries» para financiar mega-projectos de infraestruturas -caminhos-de-ferro, portos, aeródromos, estradas, etc. - em todo os espaço euro-asiático, para criação de um espaço único de circulação de mercadorias, desde a península coreana até às margens do Atlântico. 
Poderia continuar a dar exemplos de perda de influência americana e de perda de controle da situação geoestratégica relacionadas com ocaso do dólar, como moeda de reserva universal.  
Basta-me referir que as sanções económicas e as tarifas punitivas decretadas por Trump, apenas indicam fraqueza, não impressionam por aí além, fazem mais mal à população dos EUA e dos seus aliados europeus, do que propriamente aos países alvo das mesmas, nomeadamente o Irão e a China. Têm, ambos os governos destes Estados, meios para circunscrever  e tornear os prejuízos causados e sabem que as ditas sanções são fruto do desespero e susceptíveis de se transformarem em «tiros pela culatra». 
O mundo inteiro vê isso e pensa que os dias do Império do dólar estão contados.

O segundo exemplo, é o da movimentação da Itália para fora da zona euro. Os italianos não querem mais sofrer com o euro. Sabem que o seu caminho é o da saída. 
Mas, querem fazer as coisas de maneira mais inteligente que os gregos, que ficaram entalados com uma dívida impagável e uma espoliação de muitos activos e propriedades (incluindo portos e aeroportos) dados em contrapartida de «resgates» mais que dúbios. 
A Itália tem possibilidade de decretar a saída do Euro mas, para isso, terá de proteger-se de efeitos secundários que poderão ser demasiado penosos, tanto política como economicamente. Só será possível fazerem a transição se tudo for preparado em segredo e no último instante decretarem o controlo de capitais e o fecho  dos bancos (com a possibilidade da população retirar algumas centenas de euros por semana  das suas contas-correntes nos ATM). 
Isto, a acontecer, automaticamente criará uma crise de confiança no espaço europeu,  pelo que todos os países da «eurolândia» serão arrastados para soluções similares se não quiserem logo ver seus próprios bancos colapsar, por insolvência manifesta. 

Estes dois exemplos não me tiram o sono, felizmente, porque eu não detenho meios para influenciar os acontecimentos: só teria se fosse um grande bilionário ou trilionário, dono de bancos  e de ramos inteiros de indústrias.

Mas tenho o bom-senso de me precaver destas eventualidades, que parecem como uma enorme vaga, um tsunami, que se vai aproximando cada vez mais da costa, enquanto as pessoas despreocupadas, não ligam, continuam na praia a apanhar sol e a brincar... 

Não é somente por compaixão e solidariedade humana mais básica, que não tenho vontade que essas pessoas sejam vítimas de uma tal desgraça. Quanto maior número de pessoas souberem precaver-se, melhor estarão - colectivamente - para reconstruir as coisas. 
Não sei como nem quando irá rebentar, mas uma catástrofe económico-política de grandes dimensões está fermentando, somente a media hipócrita, ao serviço dos seus donos, mantém todos distraídos. 

Tenho poucas esperanças numa revolução mundial, que varra de vez este capitalismo depredador e monstruoso: Seria bom que, ao fim e ao cabo, esta crise vindoura assinalasse a morte e enterro do sistema capitalista mundial. Mas isso, embora não seja inverosímil, não me parece provável. 

Em qualquer circunstância, para retomar a analogia da vaga gigante ou tsunami, não perdemos nada por subir para colinas, a umas centenas de metros acima do nível do mar. 
Mesmo que a minha análise seja demasiado sombria e afinal não aconteça nada de muito grave, o que se perdeu, fazendo essa pequena retirada? 
Se, pelo contrário, as minhas previsões se realizarem, aqueles que - por ignorância ou desleixo -  ficam na praia a brincar... com certeza serão varridos e arrastados pelo tsunami, sem salvação possível. 

terça-feira, 30 de março de 2021

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA - PARTE X

 


Se regressar mentalmente a alguns (poucos) anos atrás, reconheço que, se alguém me viesse contar sobre o quotidiano actual na sociedade, eu não acreditaria

Por isso, aconselho-vos a leitura do texto futurístico, de TE Creus, talvez ficcional, talvez antecipatório.

Este intróito leva-me a considerar a realidade da trapaça do COVID de frente: com efeito, nunca é demais repeti-lo, não é por o vírus ser real e por haver mortes reais, que tudo aquilo que os «esclarecidos» dirigentes e seus conselheiros têm dito e defendido é lógico, é científico, é realista, é humano.

Mas, ainda mais grave, é a passividade e conivência de quase toda a esquerda, cobarde, enfeudada ao sistema, comprada - quanto mais não seja - pelas mordomias (as migalhas) que lhe concede a oligarquia, nos diversos países e mesmo a nível mundial. É detestável o papel que estão a fazer , pois muitos se situam na «vanguarda» da «luta pelo desmascarar dos ditos conspiracionistas» , quando, na verdade, estão a colaborar sem vergonha e sem remates de consciência (ambas coisas de que sempre careceram) na morte da liberdade de expressão.

Os Klaus Schwab, os Bill Gates e os George Soros deste mundo podem sorrir, satisfeitos: em pouco tempo, conseguiram neutralizar discretamente os que se vangloriavam de ser os defensores dos trabalhadores, os que estão na primeira linha da defesa dos direitos humanos, etc... É caso mesmo para dizer, não apenas os neutralizaram como os recrutaram (veja-se o caso de BLM «black lives matter», ou de AF «antifa» e muitos outros pelo mundo fora).

Que amigos (e outros) não gostem do que escrevi, paciência! O facto é que denunciei há um ano, (ver aqui, também aqui) o maior golpe jamais realizado, ao nível global: pois essa análise é corroborada agora, por pessoas muito mais informadas e competentes do que eu. É aquilo que tem de ser dito; assim como aquilo que irei dizer a seguir:

Não seria possível tudo o que vemos: os despedimentos em massa, o esmagamento da capacidade reivindicativa dos trabalhadores, o atirar milhões de pessoas para a precariedade, logo para a doença mental, a depressão e o suicídio... nem tão pouco, a continuação das guerras de desgaste, cruéis e punindo as populações civis inocentes, no Iémen, na Síria, no Afeganistão, ou a ameaça muito séria de guerra a quente, com pontos de fricção em várias zonas no globo (essencialmente nas fronteiras da Rússia e da China), com o triunfo nos neo-cons do Estado profundo nas «eleições» americanas, que deram «a vitória» a um caquético fantoche, às ordens dos bilionários. Não seria possível isto tudo, sem uma traição secular de grande parte da esquerda. Na verdade, ela já tinha traído há muito, só que não tinha tido ensejo de revelar o que era, essencialmente.

Nunca mais voltará o mundo de antes, pois estamos em plena 3ª Guerra Mundial, a qual se compõe de complexas batalhas em diversas frentes, que vão das sanções, com efeitos devastadores nas populações civis dos países «inimigos» (vejam as vítimas no Irão ou na Venezuela, são as crianças, os doentes, os pobres, não são os militares de alta patente nem os governantes, que isso seja bem claro), às guerras por procuração e até à vigilância generalizada e militarização da sociedade civil, nos países dominantes.

Mas, nem tudo são trevas. Assiste-se ao acordar de uma consciência mais humana, mais próxima das muitas espiritualidades que nos legaram milhares de anos de História. 

O cristianismo, o budismo, o islamismo e todas as espiritualidades, não têm «culpa» das distorções, da hipocrisia e da falsidade dos que dizem professar tais religiões...

única luz de esperança que vejo agora, provém das pessoas que sinceramente aderem a qualquer religião, seja a que está mais próxima da minha cultura e modo de sentir, seja de outra. 

Muitos não compreendem que haja valores espirituais, pois os «valores» que eles conhecem, traduzem-se apenas em cifrões, em cotações bolsistas, etc.: São os materialistas vulgares e filosóficos... Para eles, a vida é o desfrutar, o prazer, não têm nenhum respeito ou preocupação com a verdadeira amizade, com o verdadeiro amor, com tudo aquilo que é intrinsecamente humano.   

Eles estão - aparentemente  - triunfantes: Os muito ricos enriqueceram ainda mais, desde há um ano. Sobretudo, consolidaram o seu poder. Para isso, jogou a descida dos padrões morais, sobretudo no mundo «rico», a ideologia do consumismo, hedonismo e egoísmo ostensivos. Também a traição dos chamados intelectuais, com especial destaque para os auto-proclamados defensores dos oprimidos, dos explorados, etc...

Claro que uma grande crise também está prenhe de grandes oportunidades; não apenas de destruição. Eu antevejo que as oportunidades não se limitarão à nova configuração do poder económico, mas também haverá uma «varridela» enérgica nas chamadas elites, nos políticos, na própria tecnocracia. 

Convido os leitores a procurar tudo o que não é relatado, filmado ou transmitido pela média corporativa, mas por fora. Aí, por vezes, encontram-se as mais interessantes e originais formas de pensamento e de organização. 

Os fascistas tecnocráticos são muito persistentes, mas existe já uma resistência: pessoas e grupos, considerados marginais hoje, mas que nos trazem a brisa fresca do futuro, não contaminada pela podridão do presente. Nada está definitivamente traçado.

sexta-feira, 27 de março de 2020

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA (PARTE VI)

   Robots humanoides, nanobots dentales y la odontología del siglo ...
Tinha prometido a mim próprio que faria - com uma periodicidade trimestral - um balanço do que se tem passado de mais relevante no mundo, do meu ponto de vista, como não podia deixar de ser. Daí o nome da série: Olhando o Mundo da Minha Janela (ver partes IIIIIIIV  e V).

Porém, apesar de ter deixado um aviso muito sério de perigo de colapso (em Dezembro de 2019), confesso que não esperava que as coisas acontecessem tão depressa e - sobretudo - da maneira como ocorreram. Mas, no essencial, mantenho tudo o que afirmei; conservo o mesmo ponto de vista dos vários escritos. Se estes pecam, é por defeito, não por excesso.

Hoje irei tentar fazer um balanço provisório daquilo que se passou desde fins de Dezembro de 2019, sem querer fazer uma crónica dos factos. Primeiro, seria uma tarefa acima das minhas fracas capacidades, especialmente nestes tempos conturbados. Segundo, estou convencido de que tal exercício é mesmo impossível, agora. É trabalho futuro para os historiadores, que poderão extrair, de um manancial de dados, factos significativos e terão um recuo suficiente para analisar o que realmente se passou.

«Do mal, o menos» dizem, «não houve uma guerra mundial, por enquanto»...
- Bem, eu discordo desta maneira de ver o problema pois, contrariamente ao que o comum das pessoas pensa, uma guerra não declarada existe desde há cerca de trinta anos, quando uma das super-potências - a URSS e os acólitos que formavam o Pacto de Varsóvia se desmoronou. Ficaram então, o gigante americano e seus acólitos da NATO e das outras alianças regionais tuteladas pelos EUA, com as mãos livres para fazerem o que muito bem lhes apetecia.
Mas, sobretudo após o 11 de Setembro de 2001, a pretexto da «Guerra contra o Terrorismo», tem sido feita uma guerra sem quartel contra os povos, especialmente, os que não se enquadram dentro da Nova Ordem Mundial globalista. 

Agora foram mais longe: aproveitam uma catástrofe (a pandemia do coronavírus) para deitar abaixo o que resta do modo de vida ocidental, com as suas garantias e liberdades e uma certa autonomia no plano económico. É certo que a pandemia não é coisa inócua «de per se», mas o efeito das medidas tomadas pelos governos vai no sentido de exacerbar o prejuízo da pandemia, nas sociedades e  nas economias. 
Uma pessoa que esteja alerta e não afogada no mar de propaganda dos media, deverá imediatamente perguntar... porquê?

- A resposta, tenho tentado dá-la nas páginas do meu blog. Também a tenho discutido com quem me acompanha, com quem lê os meus artigos e  com todas as pessoas que vierem por bem. Porque o assunto é de suprema importância para todos nós, não é algo que aconteça «lá longe», entra portas  adentro das nossas vidas. Compreender, é o primeiro passo para agir com cabeça.

O coronavírus, como tenho dito, é um  pretexto para efectuar o «reset» ou reestruturação de todos os mercados e do sistema monetário mundial. 
Os países que não estão alinhados com o «Ocidente» (os EUA e seus vassalos), nomeadamente, a Rússia e a China (e outros), compreenderam muito bem, desde há lustres e, por isso, têm vindo a acumular muito ouro nas suas reservas dos bancos centrais. 
Os que possuem trunfos, como o ouro e matérias-primas estratégicas, estarão em melhor posição para defender os seus interesses, perante a reestruturação financeira mundial. Esta, se for deixada ao critério dos super ricos (donos dos bancos sistémicos e das grandes multinacionais), irá escravizar-nos ainda mais do que já estamos, hoje.

A dificuldade maior é os povos fazerem com que sejam respeitados os seus interesses fundamentais, o seu modo de vida, os seus valores, a sua cultura, pelas castas políticas que têm o comando dos Estados. Estas incluem não só governos, como o conjunto dos agentes políticos e administrativos duma nação.
Porque, se o problema fosse apenas a substituição do modo de pagamento com moeda-papel, por moeda electrónica, tal problema quase não se punha, visto que as pessoas já estão muito familiarizadas com pagamentos sob forma digital: cartões de débito ou crédito, porta-moedas electrónicos, etc., fazem parte do quotidiano. 
Mas, o problema não é dessa ordem. Os media ao serviço do poder irão tentar enganar as pessoas, dizendo que a reestruturação financeira em curso será apenas um assunto «técnico». Mas não é.

Então, qual é, afinal, o propósito da oligarquia mundial?

- é, primariamente, uma questão de poder, de controle, de extrair cada vez maior rendimento de uma população de súbditos, não de cidadãos.

- os meios usados, para manutenção desse poder, desse controle, têm sido muitos, desde a guerra «híbrida» contra os países que não se submetem, até à constante «guerra interna» feita de «psi-op», o condicionamento maciço das suas próprias populações pelo medo. 

E quais as resistências a esta oligarquia?

- Em paralelo com o avanço do neo-liberalismo e do pensamento único, observa-se a desagregação das resistências, enfraquecidas pelo fraccionamento identitário, que segrega grupos de oprimidos, põe uns contra os outros, hipertrofiando diferenças, exacerbando os interesses particulares, e inviabilizando assim uma frente unida contra os poderosos das oligarquias, nacionais e internacionais.

- Se houvesse consciência disso, ancorada no seio dos povos, os líderes políticos das oposições não poderiam senão estar em consonância com tal consciência e agir da melhor maneira possível em defesa dos povos. 
Mas isto é uma impossibilidade pois, justamente, o sistema de domínio mundial baseia-se largamente na dominação mental, muito mais até do que na força bruta, embora não hesitem em recorrer à repressão e ao banho de sangue, se necessário. 

- Neste contexto, a ascensão dum líder carismático ou dum partido dito «revolucionário» ao poder, será uma forma de enganar, não de defender as pessoas. 
Aliás, assim aconteceu na ascensão de Mussolini e de Hitler ao poder: muitas pessoas, que inicialmente os viram com simpatia, estavam convencidas de que os partidos fascista e nazi eram revolucionários, no sentido emancipatório do termo!   

- A questão que se coloca para nós, seres humanos de 2020, é saber se queremos ser ovelhas e ir para o matadouro, de olhos vendados (pela propaganda dos governos e dos media) ou se nos auto-organizamos fora da esfera do poder, de forma livre e autónoma, no respeito das pessoas e dos seus direitos naturais. 

Resta saber se estamos suficientemente lúcidos para escolher o que é fundamental: se é o aspecto humano, se é a ganância do poder com o seu cortejo de violências.
Depende de nós, em cada momento, seguirmos a consciência própria, baseada nas nossas convicções profundas, nos princípios da nossa religião ou, caso sejamos ateus, da nossa ética. 
... Ou então, se nos deixamos dominar pelo medo, que traz o ódio contra um suposto «inimigo» e fazemos o jogo dos muito poderosos. Estes  tentam, agora mesmo e por todos os meios, conservar o controlo.

NB1: Ler artigo seguinte de  John Whitehead 
«Suspending the Constitution: Police State Uses Crises to Expand Its Lockdown Powers»

NB2: Ler artigo seguinte de Caitlin Johnstone
The US Is Using Germ Warfare On Sanctioned Nations

NB3: Absolutamente indispensável ver a entrevista de Lynette Zang a Gerald Celente


NB4: UMA CURTA ENTREVISTA DE NICOLAS TALEB 


segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Documento ao Congresso dos EUA SOBRE GUERRA DE INFORMAÇÃO/PERCEÇÃO

Deparei-me com um documento interessante, um estudo destinado ao Congresso dos EUA, datado de 2018. A autora, Catherine A. Theohary, é especialista em políticas de segurança nacional, operações no ciberespaço e informação:

 https://sgp.fas.org/crs/natsec/R45142.pdf

Este documento é interessante porque caracteriza em pormenor toda a panóplia que os governos, ou forças não-governamentais, dispõem para levar a cabo a guerra informativa. Se lerem em pormenor o documento, verão que ele ajuda a clarificar muito do que se fala sobre ciberataques, sobre ataques de falsa bandeira, sobre a propaganda e sua utilização quer pelos Estados, quer por forças rebeldes. 

O que sobressai deste estudo sistemático é que estamos em pleno numa era, em que a guerra informativa toma a dianteira. 

Nesta guerra de perceção, os cidadãos - quer cidadãos do país-alvo, quer cidadãos do próprio país que leva a cabo as operações - é sobre eles que se exercem as ditas técnicas. 

O objetivo central  é - de uma ou outra forma - a construção duma imagem*. As pessoas, uma vez construída uma determinada imagem do mundo e adotada determinada visão de como as coisas funcionam, aderem a ela, sem terem consciência do processo que as levou a adotar precisamente essa visão das coisas e do mundo e não outra. Se essa visão do mundo for constantemente reforçada pelos media, pelo discurso do governo, dos políticos, incluindo políticos ditos de «oposição», então, essa tal visão do mundo e da  perceção da realidade que implica, ficam completamente «congeladas», «cristalizadas» na mente dos indivíduos. 

Em qualquer caso, as pessoas assim «capturadas», podem ser de convicções de esquerda ou direita, de cultura elevada ou baixa, de inteligência elevada ou medíocre: como eu já tinha apontado noutro ensaio publicado neste blog, a capacidade de criar ilusão através desta influência abrangente, exerce-se sobre os mais diversos tipos de pessoas, vai influenciar todos.  Uma das razões disto, tem a ver com o mecanismo de interiorização: A pessoa assimila a propaganda como se fosse a verdade, como se tivesse testemunhado pessoalmente determinados factos (quando isso não aconteceu, é apenas ilusão). A vítima torna-se defensora de seu molestador (síndroma de Estocolmo). A pessoa fica convicta de que os pensamentos são seus, foram o resultado dos seus processos de raciocínio, quando - na verdade - foram plantados no seu subconsciente, através de processos de condicionamento.

Estas táticas tornam-se muito mais eficazes na era da massificação da Internet, das redes sociais, da universalidade dos telemóveis de tipo «smartphone». A diferença em relação à era anterior, é a seguinte: As pessoas podiam ficar temporariamente hipnotizadas pela a TV mas, em confronto com a realidade, a ilusão plantada nas suas mentes acabava por se dissipar, em muitos casos. Mas, atualmente, as pessoas têm - ao contrário da era anterior - a ilusão de «procurar por elas próprias», de aceder às fontes, mesmo àquelas que estão de facto (ou aparentemente), em contradição com o discurso dominante. Isso dá-lhes uma convicção profunda de que aquilo em que creem seja verdadeiro, que seja o real. Porque elas, aparentemente, não foram guiadas, induzidas, ou canalizadas na sua pesquisa. É evidente que tal não é assim. Os algoritmos dos motores de pesquisa são manipulados de modo a dificultar o acesso a certas páginas Internet. Quando observamos a censura digital, sob pretexto de «COVID», de «segurança», ou outro, sabemos que já não existe  liberdade de expressão e informação na Internet, em especial, nos canais de vídeos, ou em redes sociais.  

Edward Snowden tem avisado e explicado em vídeos, ou entrevistas o funcionamento de todo o aparato que se destina a influenciar a perceção das pessoas. Ele, assim como Julian Assange e Wikileaks, são diabolizados e considerados «espiões», devido ao facto de terem desmascarado militares e «contratantes» (mercenários) dos EUA e seus crimes de guerra, a total ausência de respeito pela lei dos EUA, até com a utilização de táticas de guerra psicológica (guerra de informação) dirigidas ao público dos próprios EUA. O que está em causa é a exposição da técnica da ciberguerra, a técnica psicológica, a qual se aplica (com instrumentos e usos diferentes, claro) às próprias populações e às populações de potências inimigas.

O documento que Catherine A. Theohary escreveu é apenas um documento, entre muitos. Ele está redigido de modo a não ofender deputados e senadores, está feito com a hipocrisia necessária para não colocar em causa as estruturas dos EUA, que levam a cabo esta guerra psicológica, esta guerra de informação. Estou a falar da CIA, a NSA, etc. mas também de fundações como a NED e ONGs, em estruturas governamentais desde os ministérios, até às embaixadas. 

Mas, essencialmente, é um documento utilizável como «manual», ou um «guia» para se perceber o que são as jogadas de uns e de outros. Não apenas EUA, e NATO, como igualmente Rússia, China, etc...

O «Information Warfare», que eu traduzo por Guerra de Informação, é um instrumento e técnica da guerra híbrida. É uma parte importante nesta IIIª Guerra mundial, que não se afirma enquanto tal, mas que se vai desenrolando diante dos nossos olhos, com início na queda do Império Soviético e aceleração com o 11 de Setembro de 2001. Desde esta segunda data, os processos utilizados da Guerra-Fria Nº1 têm sido aplicados de forma massificada, multiplicados pela potência da Internet, tanto na população doméstica**, como nos aliados e inimigos. 

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(*) O termo «imagem» é tomado aqui no sentido mais lato possível, pois também pode ler-se como sinónimo de: «narrativa», «ideia», «conceito».

(**) Joe Rogan entrevista o autor e investigador: The secret history of MK ULTRA

Alguns artigos deste blog, relacionados com o tema:

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/12/prof-mattias-mesmet-entrevistado-sobre.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/11/mattias-desmet-condicionamento-de.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/09/olhando-o-mundo-da-minha-janela-n10.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/08/aldous-huxley-1962-derradeira-revolucao.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/08/propaganda-21-n-7-psicose-de-massas.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/06/servidao-voluntaria-e-great-reset.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2019/11/obras-de-manuel-banet-roteiro-para.html


domingo, 24 de março de 2019

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA (PARTE ii)


[ver parte 1 aqui

As situações complexas e contraditórias que se nos deparam são completamente indecifráveis se nos mantivermos pela imprensa «mainstream». Isto porque a dita imprensa apenas relata acontecimentos pontuais, dando relevo aos aspectos imediatos, ignorando os aspectos de longo prazo ou de contexto.

Um caso interessante é aquilo em que se tornou a contenda política nos EUA, em que vêm à superfície os elementos que contradizem a narrativa dominante. Trump, não sendo nenhum anjo, não era aquele «agente dos russos» que os porta-vozes democratas pintavam. Os CNN, NYT, WP, e outros da imprensa e televisões «mainstream», transformaram os americanos nos alvos duma gigantesca operação do tipo «psy-op». Antes da eleição de Trump em 2016, este tipo de campanhas (de guerra psicológica, afinal) eram reservadas, pela CIA e outras agências dos EUA, ao exterior. Destinavam-se a desestabilizar regimes que não lhes agradavam. Isso agora mudou, pois os alvos de tais operações TAMBÉM se tornaram o poder político e o povo americanos: um extenso artigo de Matt Taibbi sobre o «Russiagate»  esclarece-nos sobre a importância deste caso.

Outra situação, bastante desprezada pela imprensa «mainstream» e muito significativa para os países da Europa meridional, é a impossibilidade do sistema da UE e, especialmente da Moeda Única, instituída em Maastricht (1992), jamais ter correspondido aos fins apregoados pelos políticos da época: a propalada convergência das economias, dos níveis de vida e bem-estar dos diversos povos, a solidariedade dentro da UE, blá, bla, blá!
 O artigo de Eric Toussaint, embora não partilhe todos os pormenores da sua análise, ajuda à compreensão de qualquer pessoa que, realmente, queira saber o que está em jogo, na economia mundial e, em particular, na UE. 
Um posicionamento dos cidadãos da UE, seja ele qual for, não pode ser esclarecido, se não dispuserem destas informações!

A terceira fonte informativa debruça-se sobre a mudança tectónica, que está ocorrendo «por detrás da cortina», ao nível dos Bancos Centrais, das Organizações como FMI, Banco Mundial, BIS, e muitas outras. Esta mudança vai implicar a reorganização do sistema monetário, porque o reino hegemónico do dólar (e do petro-dólar) está mesmo no fim. Jim Willie, o editor de «Hat Trick Letter», tem acertado em muitas previsões do que vem acontecendo. Tenho seguido este autor, pela qualidade intrínseca das informações e análises que fornece. Os seus interesses estão mais centrados no seu país, os EUA, o que é natural; porém, ele tem uma vasta rede de contactos internacionais, em posições que lhes permitem compreender o que se passa. 
Infelizmente, os supostos «analistas» económicos da imprensa «mainstream» fazem como se nunca tivessem conhecimento de tais factos. Para um leitor que apenas consulte esta imprensa, a crise mundial - cujos sinais precursores já despontam - irá cair como uma «trovoada em céu azul». A entrevista de Jim Willie, dada a X22 Spotlight recentemente, é muito esclarecedora.

Se as pessoas pensam que sou um seguidor acrítico dos três autores supra-citados, desenganem-se. 
Eu tenho em elevada estima uma pessoa, mesmo quando discordo dela em pontos significativos, se ela nos traz algo de novo, algo que nós não sabíamos. Quando nos dá evidências, apoiando as informações. Com o tempo aprendi a separar «o trigo do joio», a saber quais os autores são para se tomar a sério, mesmo quando não podem revelar as suas fontes. 
Como é que se sabe que determinado autor é de confiança? 
- Quando ele/ela tem a humildade de reconhecer que errou, que se enganou neste ou naquele aspecto. Ninguém é infalível.

No caos do mundo contemporâneo, é absurdo pensar-se que alguém ou alguma organização possam ter uma clarividência absoluta. 
Assim, também é insensato confiar na «solução» de um mundo globalizado, com um governo mundial, um banco central mundial,  forças armadas mundiais, etc, etc. É este, porém, o caminho perigoso e totalitário para o qual nos querem arrastar, políticos, empresários, banqueiros e outras pessoas em altos cargos.
 A informação real sobre uma série de fenómenos ocultados ou distorcidos pela media mainstream deve ser lida atentamente por pessoas mais esclarecidas - sejam elas jornalistas, académicos, ou doutras áreas -, que devem usar os seus talentos para divulgar as informações que obtiveram. 
De outro modo, é impossível ao cidadão comum tomar conhecimento dessas realidades.