A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.
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segunda-feira, 8 de maio de 2017

UM NÃO-MANIFESTO PELO PRESENTE





No presente, existe uma profusão de ruído que impede muita gente de ver o que importa mais. São impedidos, pela gritaria propagandística, de se concentrarem na realidade. Estamos sempre a ser atordoados por ribombantes declarações, brilhantes manifestos, doctíssimas teses...
Por isso mesmo, eu vou apenas dizer o que sinto que este momento da história da Europa e do Mundo parece representar. Vou dizê-lo sem qualquer ilusão de ser detentor da verdade ou de especial lucidez.
Não me importo de repetir o que outros disseram, desde que seja o meu pensamento também; não me importo que outros vão buscar aos meus ditos ou escritos, não tenho «copyright» em relação aos meus textos de análise. Se os meus textos inspiram o pensamento doutros por afinidade ou por oposição, tanto melhor!

A desmontagem do chamado «Estado Social» ou «Wellfare State» está - a partir de agora - na sua etapa terminal.
Com a eleição de Macron, o continente europeu vai alinhar-se cada vez mais com os «valores» do ultra-liberalismo, permitindo que o nível de exploração e de obtenção de lucros atinja valores que satisfaçam os grandes capitalistas. Mas estes nunca estarão contentes, pois o próprio mecanismo da globalização implica a liberdade total de circulação dos capitais e os investimentos continuarão a procurar paragens onde as margens de lucro sejam mais elevadas que as europeias.
Mesmo quando a classe trabalhadora europeia está de rastos, como agora, ela tem um salário médio 5 a 10 vezes superior ao dos países produtores emergentes...

No contexto francês, o efeito paradoxal da vitória de Macron é de uma dupla «vitória de Pirro».
A maioria da esquerda reformista exangue pode clamar vitória, porque o «seu» candidato bateu a candidata da extrema-direita. Mas esta vitória para tal esquerda é o mesmo que um harakiri, o mesmo que tecer a corda que a vai enforcar...
No lado da classe possidente, os muito grandes capitalistas, o 0,01%, TAMBÉM é uma vitória de Pirro, pois nada será resolvido, as crises sobrepostas de decadência da economia, do tecido produtivo, das instituições e da sociedade serão cada vez mais patéticas, criando o «meio de cultura» ideal para rupturas.

O clima será favorável a tentações de regimes ultra-conservadores, de extrema-direita e muito menos favorável para tentações vanguardistas de extrema-esquerda.
Porém, a existirem, estas últimas não virão de Melenchon ou equivalentes, pois o fenómeno Mélenchon, goste-se ou não, é um anacronismo. É uma desesperada tentativa de sobrevivência das esquerdas herdeiras do «Programme Comum» da era Marchais-Miterrand... A esquerda institucional tem sempre uma batalha de atraso sobre a realidade.

A transformação está do lado das pessoas - principalmente jovens - que recusam envolver-se numa lógica partidária mas que, no entanto, não se colocam numa postura de marginalidade egoística. Participam em projectos ao nível local ou global, em redes de afinidade, em conexão múltipla e aberta.
Este tipo de relacionamento vai forjando, pela prática, a sua visão da sociedade. Pelo método, é anarquista na sua essência, mesmo que não tenha uma clara orientação ideológica, teórica, neste campo. Será este o caminho que traz maior fecundidade no longo prazo, não por uma superioridade qualquer ideológica destas experiências, com estes colectivos. Antes, por uma colagem maior ao real.
A esquerda que cola ao real é a que sabe que o parlamentarismo é uma ilusão, que a pugna eleitoral é um terreno nada favorável para fazer prevalecer as posições dos trabalhadores, que existem muitos domínios da vida social que escapam ao controlo do grande capital e dos seus sequazes, sendo portanto possível uma alternativa real.

A luta não violenta continua ... construindo calmamente uma nova sociedade, na concha esvaziada da anterior. Uma maturação orgânica é o que eu vejo como caminho possível e fecundo. A insurreição, as barricadas, mesmo a greve geral, são instrumentos caducos, porque perderam sua eficácia, sua acuidade...
Uma «greve geral» actual - com eficácia - é desinvestir da sociedade da exploração, do consumo, do espectáculo... criando comunidades autónomas, solidárias, plurais, capazes de banhar e difundir a cultura nova, horizontalmente.
Já estão presentes em muitos sítios, nos grandes centros urbanos, nos subúrbios, no campo...Têm demonstrado, em vários casos, serem melhores que a pseudo-cultura da media, das televisões, das escolas...

Por isto tudo, há que ter esperança.

domingo, 5 de março de 2023

A SITUAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

Serão precisos muitos mortos e feridos numa guerra, para a cidadania europeia acordar e exigir Paz aos seus dirigentes? Creio que sim, creio que - infelizmente - as pessoas ficaram dessensibilizadas da guerra por múltiplas técnicas de supressão dos sentimentos (pelo medo e pelo horror), suprimiram a solidariedade humana, que uma guerra deveria suscitar.




Da parte dos poderes, da OTAN e dos seus chefes, dos parlamentares, dos primeiros ministros europeus, dos seus governos, em relação à Ucrânia, assistimos a mais de oito anos de manipulação dos sentimentos, de mentira institucionalizada e o militarismo descarado, que vai até à recusa de negociar. Assistimos a tudo isso - nós - da cidadania europeia. Mas, a cidadania manteve-se numa letargia inquietante da qual está, apenas agora, a despertar.
Não sei sobre o assunto, senão consultando fontes diversas, não apenas da media «mainstream», como também opiniões críticas, de pessoas que têm um conhecimento aprofundado e - nalguns casos - direto do que se está a passar nesta guerra do «Ocidente» contra a Rússia, em solo ucraniano e usando o povo ucraniano como «carne para canhão».
A eficácia da neutralização dos sentimentos pelo aparelho ideológico - da media e governos fusionados- experimentou-se durante a crise do SARS-Cov-2. Esta pseudo- pandemia continua a fazer vítimas. As das injeções de «vacina», que apenas serviram para aumentar os lucros da Pfizer e doutros gigantes da indústria farmacêutica. Mas, também são vítimas, as corajosas pessoas que se ergueram contra a monstruosidade e perderam o emprego, não receberam indemnização nenhuma, nem será feita justiça, pelo andar das coisas.
Juntaram as duas coisas: A psicose coletiva do COVID e a crença na propaganda de guerra do Ocidente sobre as sua própria população. Estes mecanismos implicaram a supressão ou inversão dos sentimentos das pessoas «normais» que receberam constantes mensagens de propaganda, como avisos assustadores, falsas informações, descrevendo o inimigo como inumano, tranquilizando a má consciência que grande parte poderia ter, através de respostas ilusórias, tais como:
«O vírus é muito mau e muito mortífero, mas nós sabemos resolver o assunto, que se resume a que te submetas e te vacines, não prestando atenção a avisos vindos de pessoas maldosas, pois a única cura é uma vacinação maciça de todos, incluindo idosos, grávidas e crianças...»
ou
«O Putin é o novo Hitler, a Rússia é o reino do Mal, mas nós vamos apoiar sem desfalecer, de todos os modos, a valente e democrática Ucrânia. Não há dúvida que os maus dos russos vão sofrer uma derrota, face às sanções impostas pelo Ocidente e ao seu apoio em armamento, peritos, mercenários, biliões e mais biliões de dólares».
Note-se que, até pouco tempo antes da invasão russa, o perigo de milícias ucranianas de extrema-direita, integradas nas forças armadas desse país, foi assinalado pela própria media mainstream. Depois, esses elementos de extrema direita desapareceram do «écran mediático» e passaram a ser «heróis». Estas mentiras cosidas com um fio bem visível não apoquentam as pessoas, mesmo depois delas perceberem que, afinal, foram enganadas. Isto só é possível com a ilusão continuada de que as «democracias» ocidentais têm eleições ditas «livres».
Os partidos autorizados pertencem ao espectro de «admissibilidade» dos donos do sistema. De qualquer maneira, só têm hipótese de vencer, quando forem partidos bem financiados, o que implica grandes donativos de grandes multimilionários e das suas empresas. Na comunicação social, a janela de Overton ainda é mais estreita, com seus «fazedores de opinião» nos diversos canais televisivos. Partidos ou candidatos que saem fora do «script» de antemão decidido, são logo calados ou difamados. Ficarão com sua imagem associada àquilo que o eleitor típico mais detesta. Os partidos ou candidatos atacados não têm meios para desfazer as calúnias e repor a verdade. E as coisas estão feitas exatamente para funcionar deste modo.
Qualquer pessoa que use o seu cérebro, que não vá atrás de qualquer propaganda e que conheça algo da história do século vinte, não através das «histórias míticas» mas através de bons autores, que analisam em profundidade os regimes totalitários do passado, irá reconhecer que ou estamos já num totalitarismo, ou para lá caminhamos.
Os que apontam o dedo a regimes «comunistas», dizendo que esses é que são os «verdadeiros» totalitários, são pessoas imbuídas da ideologia neoliberal, ou seus propagadores. Com efeito, é um facto que vários regimes, ditos «comunistas», são capitalismos de Estado com pouca preocupação pela liberdade dos cidadãos.
Mas no «Ocidente» estamos em capitalismo de grandes monopólios (multinacionais), que capturaram o Estado; são outra modalidade de capitalismo de Estado. Os cidadãos não são ouvidos ou respeitados: São antes enganados, manipulados, nutridos de falsidades, de propaganda, como «manada de gado» para fazer exatamente o que a oligarquia quer. Não há qualquer respeito pelos indivíduos, pelos seus direitos cívicos e humanos.
Em que é que uns e outros diferem? No modo como agem e se posicionam, mas ambos os sistemas estão basicamente a fazer a mesma coisa, ou seja,  manterem-se no poder, alargando o controlo a todas as esferas; suprimindo a verdadeira concorrência, tanto no plano económico (com as "rendas de monopólio", presentes em ambos os sistemas), como no plano político, anulando os direitos individuais, coletivos e sociais (suprimem-nos na prática, embora os mantenham nas suas constituições).
Só com imenso trabalho de educação (auto- educação) e de abertura crítica, podemos sair da redoma mental (a Matrix verdadeira) que nos encerra a todos, com o resultado de ficarmos impotentes: Não sabendo «ler» a realidade, não são somente os bons sentimentos que nos permitem combater esta situação. É também necessária uma inteligência de como funcionam os sistemas, para se conseguir mudar algo.
Isso não é dado pela educação formal. Nem vale a pena explicar porquê: Se houvesse uma aprendizagem de pensamento crítico, a cidadania despertaria e nunca permitiria que a acorrentassem, como o têm feito as «elites» políticas e económicas deste mundo.


domingo, 18 de agosto de 2019

MICHEL ONFRAY E O COMPLEXO FREUDIANO

Após muitos anos de grande culto pelo pai da psicanálise, Sigmund Freud, é pela primeira vez biografado como deveria ter sido sempre: sem complacências, com rigor e objectividade. Esta tarefa coube ao filósofo Michel Onfray, bem conhecido do público francófono - pela sua obra, mas também pela universidade popular de Caen, que ele ergueu e tem animado, desde os primeiros anos do século. 



Onfray, ele próprio, durante muitos anos foi sujeito ao mito de Freud e ensinou-o aos seus alunos de filosofia. As circunstâncias que fizeram com que ele fosse investigar melhor Freud, tem a ver com um livro «amaldiçoado», pois escrito por autores de «extrema-direita», mas que Onfray se sentiu na obrigação de ler para poder criticar. Qual foi o seu espanto ao verificar que o livro, classificado como «propaganda anti-semita» de autores de extrema-direita, não tinha este cunho, mas antes ia buscar o seu conteúdo à própria obra e a relatos biográficos, que geralmente têm sido ocultados ou mal interpretados. Em geral, os biógrafos também são discípulos directos ou indirectos do «mestre», e as suas biografias não são neutras, são antes construções que tendem a hiper-valorizar as «descobertas» de Freud na psicologia.


Não irei aqui fazer a exposição do conteúdo do excelente livro que Michel Onfray redigiu, na sequência da sua surpreendente (para ele próprio também) descoberta, dum Freud desconhecido e, no entanto, patente pela simples leitura da sua obra completa e correspondência publicada, coisa que poucos fizeram: sobretudo, ninguém com capacidade de distanciamento crítico e independência de espírito, como Michel Onfray.
A sua obra sobre Freud destrói o mito. Vale a pena ser lida por qualquer pessoa, não apenas por profissionais da psicologia e ciências humanas. 
As teorias de Freud são tudo menos científicas. São teorias ad hoc construídas pelo médico vienense para «justificar» suas próprias obsessões e «generalizar» a todo o género humano, os seus problemas! Eis a constatação explosiva e, no entanto, rigorosa, que efectuou o autor do livro «Anti-Freud», nas suas exaustivas leituras e nas reflexões subsequentes que faz. Nos aspectos essenciais, baseia-se em dados, os mais objectivos, nas obras de Freud, na sua correspondência, em particular, com o médico amigo e confidente, Fliess e outras fontes de informação absolutamente seguras. 
O Freud das hagiografias dos seus seguidores não tem muito que ver com o Freud da realidade, é esta a espantosa conclusão que se tira desta biografia. No essencial das questões, nada de especulativo pude encontrar, na escrita de Onfray. Quando ele faz conjecturas, ele afirma-o de modo claro, para que o leitor não possa confundir com o que está efectivamente escrito nas fontes consultadas. 
As conclusões que se possam tirar da leitura desta biografia são muito significativas: a construção de um mito «científico» e a dificuldade das pessoas «educadas» descolarem desse mito, pois elas têm sido nutridas com ele, «desde a infância». 
Depois, há a questão da honestidade e da coragem intelectual. As pessoas que estudaram Freud, que o biografaram, antes de Onfray, com certeza deram com algumas incoerências gritantes, com contradições patentes, com aspectos menos luzidios da biografia do homem. Porém, pelo que me apercebi, na sua imensa maioria, descartaram ou menorizaram tudo o que pudesse amesquinhar a personagem e a «cientificidade» das suas supostas descobertas.    
A cultura do século XX tem muito a ver com o freudismo, com todos os clichés derivados da psicanálise... é um verdadeiro complexo freudiano, que seria necessário descrever sob o ângulo da antropologia cultural. 
Seria um trabalho gigantesco e salutar, o de se compreender como se ergueu e se elevou este mito aos «cumes da objectividade científica». 
Muitas pessoas foram efectivamente capturadas pela propaganda do próprio Freud, segundo a qual, suas «descobertas» seriam de significado e dimensão análogos à revolução do heliocentrismo de Copérnico, no séc. XVI, e à teoria da evolução das espécies e da ascendência do homem, de Darwin (século XIX). 

Declaro aqui, sem hesitações, a minha gratidão por Michel Onfray ter-me aberto os olhos e permitido ver, para além de todos os mitos e fábulas com as quais convivemos ao longo de mais de um século. 
É que não se trata somente da personagem «tutelar» da ciência psicológica contemporânea, mas sobretudo da montagem das suas teorias e do seu suposto poder explicativo e terapêutico.  
Não lhe falta coragem e honestidade intelectual por nos dar a conhecer algo que outros ocultaram, sabendo que iria desencadear contra ele uma série de ataques. Estes ataques efectivamente têm surgido dos que se arrogam o papel de sacerdotes da religião da psicanálise. 
O livro é agradável de se ler e é uma fonte inesgotável de referências, tanto da obra de Freud, como de muitos dos seus seguidores e biógrafos, historiadores da psicanálise ...

segunda-feira, 20 de novembro de 2017

O PODER A NU: MERKEL OBRIGADA A RENUNCIAR A NOVA «GRANDE COLIGAÇÃO»

                

Ela é odiada por muitos à esquerda e à extrema direita; e os que estão no centrão, cada vez menos apostam nela...
As razões de uns e de outros são por demais conhecidas. Não vou aqui repisá-las. Vou antes apresentar o meu ponto de vista.

A minha visão do «reinado» de Angela Merkel é a de uma Alemanha que teme e deseja tomar as rédeas da independência em relação à super-potência tutelar.
Na política externa, agradou aos americanos quando se envolveu no vespeiro ucraniano e no golpe do Maidan. Mas teve de enfrentar a contestação dos meios industriais alemães,  face a umas absurdas sanções contra a Rússia, as quais fizeram mais mal à UE que à Rússia.
Desagradou profundamente a Erdogan, fazendo com que a base da NATO de Irklit na Turquia ficasse praticamente fechada para tropas alemãs.
Na UE, tratou com uma severidade absurda a questão das dívidas excessivas da Grécia, de Portugal, Espanha, Itália, sendo certo que a Alemanha foi quem beneficiou mais dessa situação durante mais de um decénio. Quando há um défice num prato da balança, é que existe um superavit no outro. Pena que o prato do défice estivesse cronicamente nos países do Sul e o superavit  em países do Norte.

Agora, perante a crescente onda de repúdio pela abertura indiscriminada das fronteiras, aos refugiados das guerras (causadas  ou atiçadas pela NATO!) do Norte de África ou do Médio Oriente, a sua posição era demasiado frágil com os seus 32% dos votos. Os outros partidos que encetaram conversações, compreenderam que uma coligação assim teria vida curta e seria para esses pequenos partidos mais penalizador, em termos eleitorais, ser solidários com as medidas de austeridade que estão na forja, apesar da tentação de participar no governo, o que dá sempre um reforço de «imagem de Estado» aos mesmos.

A coligação com o SPD teve como resultado que nem o SPD conseguiu infletir significativamente a política, de acordo com o desejo de suas bases, nem conseguiu ganhar uma validação posterior nas urnas, pelo «sacrifício» de ter participado no anterior governo.

As eleições antecipadas, vão desenrolar-se perante incertezas e instabilidade:
- a nível geoestratégico, com uma NATO que não tendo missão clara a cumprir, está porém renitente em «largar mão» do sector europeu, a uma entidade ainda  vaga, mas que agrupa os comandos militares de 23 Estados membros da UE. 
- a nível industrial, a sobre capacidade de produção vai resultar em falências e desemprego, pois vastas camadas da população estão empobrecidas, tanto os consumidores dos países ditos periféricos como os alemães da classe pobre (a leste sobretudo, no território da antiga RDA). No contexto internacional (extra-UE), também, os mercados estão cada vez menos recetivos.
- O modelo social, instaurado com um pacto entre os sindicatos, o patronato e o governo em como o patronato evitaria os despedimentos em troca de uma aceitação por parte dos trabalhadores de tabelas salariais realmente baixas e mantidas constantes,  está prestes de explodir, pois as pessoas mais pobres, que têm pensões de sobrevivência muito baixas (para o nível de preços da Alemanha) vêm os refugiados receberem mais do que eles, além de alojamento e assistência médica gratuitos, e viram-se para a extrema direita.  

Parece-me que tudo o que os líderes políticos dos países mais poderosos e da burocracia da Comissão de Bruxelas fazem se vira contra eles. 
Esta situação é típica de sistemas complexos quando estes são tratados como se fossem modelos - lineares, ainda por cima. A fragilidade é máxima. Qualquer pequeno acidente de percurso é suficiente para fazer descarrilar todo o comboio de políticas laboriosamente negociadas entre as diversas fações da oligarquia.

Temos, portanto, uma crise multidimensional à porta de 2018. 

domingo, 19 de novembro de 2023

EM ESPANHA ESTÃO A CRIAR AMBIENTE PARA A GUERRA CIVIL

   Foto: Rei de Espanha, Filipe VI e Pedro Sanchez, presidente do governo

As ondas que agitam a vizinha Espanha são quase ignoradas pelos portugueses. Mas, não deviam, pois o momento é realmente grave. 

Um coro de vozes indignadas, da direita, faz muito barulho, porque o presidente do PSOE, Pedro Sanchez, negociou com os independentistas catalães  o apoio à votação do novo governo socialista, em troca duma lei de amnistia. Esta, iria resolver a situação dos políticos catalães independentistas que em 2017, organizaram e executaram um referendo pela independência da Catalunha. O referendo foi declarado anticonstitucional e seus organizadores foram presos ou tiveram que se exilar. 

Eu não vou - aqui e agora- discutir  questão do independentismo, tal como se colocou em 2017. A questão de fundo é importante e grave, mas não estou suficientemente por dentro dos assuntos políticos de Espanha, para opinar de modo esclarecido. 

O que vou dizer aqui, é exprimir a minha estranheza por forças da direita considerarem que o indigitado presidente do governo estava a cometer uma falta grave, ao negociar apoio parlamentar junto dos deputados eleitos dos partidos independentistas catalães. 

Indigna-se a gente de direitas, por esse apoio ter implicado negociar uma lei de amnistia. Porém, em muitos países e em diversas circunstâncias, foram feitas leis de amnistia para os crimes políticos. Inclusive em Espanha, os independentistas da ETA, do País Basco, foram amnistiados. 

Os catalães perseguidos e condenados podem ter razão ou não, no que fizeram. Podem ter violado ou não, a constituição de Espanha. Mas, ainda assim, a sua ação foi realizada dentro dos limites da democracia representativa. Por outras palavras; não se tratou de um ato insurrecional.

Os que berram nas ruas contra o recém-empossado Presidente do governo espanhol, estão simplesmente a descarregar o seu rancor contra a esquerda, no que ela representa como posição mais tolerante, mais respeitosa do direito dos outros terem pontos de vista diferentes do nosso. 

Amnistiar, não significa dar razão às pessoas que tinham sido condenadas, nem opinar se a condenação foi justa ou injusta. Significa que, no interesse da sociedade, o facto dessas pessoas serem amnistiadas, é preferível a cumprirem a pena até ao fim. É um processo de sarar as feridas resultantes dos choques políticos que dilaceraram o tecido da sociedade. 

Para os direitistas que agitam «o papão» da ditadura, da perda da liberdade e do Estado de direito, o que seria «justo»? Seria que os implicados no processo sofressem o castigo mais severo? Seria só de prisão? Talvez mesmo, de pena de morte? Tudo isto, por se terem atrevido a desrespeitar a «sacrossanta» constituição espanhola. Lembro que a constituição atual foi negociada após a morte de Franco, entre governo, forças franquistas e os outros grupos e partidos, na chamada «transição*». 

Para mim e para as pessoas com formação ética, qualquer que seja sua posição partidária, o extremar de posições - neste caso concreto - é criminoso, pois vai reabrir feridas antigas mas nunca totalmente saradas, da trágica Guerra Civil Espanhola de 1936-39.

Alguém, doutra região de Espanha que não da Catalunha, deveria ver com bons olhos a amnistia e também um referendo. Este, deveria ser de tal modo, que não fosse considerado anticonstitucional. Porque, mais vale um divórcio sem demasiados dramas, do que uma guerra civil. Além do mais, a entidade geográfica Península Ibérica foi sempre um conjunto heterogéneo de povos, de culturas e de reinos. 

E, já agora, para lembrança dos portugueses, recordo que os Restauradores de 1640, que «traíram» o Rei (pois Filipe IV era Rei de Portugal, além de ser de Espanha), obtiveram sucesso nesta insurreição, porque havia uma revolução - em simultâneo - na Catalunha. A Restauração da independência de Portugal deve-se - em parte - aos independentistas catalães, que se revoltaram contra a coroa de Espanha e fracassaram. Os portugueses não tiveram que enfrentar logo os poderosos exércitos espanhóis, ocupados na repressão da revolta catalã; tiveram tempo para se organizar na defesa das fronteiras do território.

Mas, hoje em dia, é lamentável que demagogos de extrema-direita e ditos «de centro-direita»,  venham agitar suas hostes, criando um clima de alarme falso porque, na verdade, são eles que põem intenso dramatismo em torno dum processo que é - afinal de contas - banal: A negociação de apoio parlamentar para um governo minoritário.  A amnistia para os independentistas catalães é equiparada por eles, a "traição à pátria". 

Na verdade, eles querem criar uma situação de rutura ao nível institucional, político e sociológico. Eles querem uma grande agitação, um caos. O grande «argumento» deles é falso e nulo, quer em termos políticos, quer jurídicos. A agitação deles visa claramente o derrube do governo recém-nomeado. Pretendem assim reconquistar a maioria e retomar o poder. 

Pelo menos, é o que vejo à distância de umas poucas centenas de quilómetros. Em todo o caso, os meus amigos espanhóis é que têm de resolver o problema, sem se deixarem arrastar por demagogias, de uns e de outros.

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*Veja-se os «Pactos de Moncloa»


quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

REFLEXÃO GEOESTRATÉGICA

Numa época de grande perturbação, como a que estamos vivendo, o facto de eu me atrever a fazer uma síntese, é - sem dúvida- um empreendimento temerário, da minha parte. Temerário, mas não impossível. Pois os meios fornecidos pela Internet e não controlados pelos poderes, multiplicam a capacidade de qualquer um. Temos acesso a muitas informações no que toca aos vários aspetos da cena internacional - economia, militares, diplomacia, etc.

Porém, a maior parte das pessoas não desenvolveu uma visão de conjunto, esta foi antes tornada opaca, pela enorme quantidade de «lixo informativo» que satura os diversos canais de informação.

           
             Navio de carga alvejado no Mar Vermelho

O meu propósito, aqui, é descrever com a maior franqueza o que tenho vindo a observar neste domínio da geoestratégia, ao longo dos últimos decénios. Deliberadamente, irei coibir-me de fazer prognósticos, sejam quais forem; o leitor que tire as suas conclusões. Eu irei, apenas, fazer o diagnóstico do que tem ocorrido no Mundo desde a implosão da URSS.

Com efeito, este é um marco muito importante para se compreender o que vem a seguir, embora a História contemporânea, o século XX, incluindo as duas Grandes Guerras Mundiais e todas as outras situações de guerra ou de conflito, que ocorreram quer entre as duas guerras mundiais, quer após a 2ª guerra mundial, sejam de primeiríssima importância para se compreender o mundo de hoje.

O marco da implosão da URSS é importante porque significou o desaparecimento de um Mundo dominado por duas superpotências. Mas, contrariamente à esperança ingénua de muitos (eu incluído), não houve paz verdadeira, na Europa e no Mundo: lembro as guerras desencadeadas pelo imperialismo triunfante contra o Iraque e a guerra civil que levou ao desmembramento da Jugoslávia, com os préstimos de uma Alemanha reunificada e força dominante da União Europeia.

Mas, no plano económico, a oligarquia do Mundo afluente deu passos de grande significado (e imprudência), nomeadamente, naquilo que chamam de «globalização». Este nome ocultou, na verdade, o propósito de domínio. Este termo de globalização escondia a ideologia subjacente: o neoliberalismo. Na Europa, principalmente, assistiu-se ao «enrolar» do cenário anterior, ou seja, o Estado Social-Democrático, ou Estado de Bem-Estar. Tratava-se de uma transitória repartição, menos assimétrica da riqueza na população, resultante dos superavits das economias, em crescimento rápido depois a IIª Guerra Mundial, permitindo assim manter satisfeitas as classes não-burguesas (assalariados, pequenos funcionários, campesinato) num consenso fabricado, afastando-as da atração exercida pelo socialismo, considerado por muitos ser a inevitável alternativa aos regimes capitalistas então vigentes. O processo de privatização das empresas estatais foi acompanhado pelo desmantelamento dos direitos sociais, conquistas de decénios de lutas populares. Mas este processo teve também como consequência que os grandes capitalistas já não tinham que enfrentar-se com governos que pretendessem obrigá-los a cumprir os objetivos gerais das sociedades, nas quais suas empresas operavam. Foi também possível essa transição graças ao arregimentar da casta política. Tratou-se de torná-la cativa através da corrupção ou, nos casos de tendências não-capitalistas, a marginalização, confinamento a um ghetto político. Além disso, datam dessa altura as discretas manobras visando ressuscitar a extrema-direita, pela primeira vez, desde o final da IIª Guerra Mundial, em muitos países europeus. Esta extrema-direita, aparecendo à luz do dia e concorrendo a eleições, cativou uma parte do eleitorado descontente. Grande parte do que refiro acima, decorreu durante a década de 1990; pelo menos, o desenrolar em grande escala da nova estratégia da oligarquia e os seus primeiros resultados práticos.

Uma primeira contradição que surgiu e foi-se acentuando: a desindustrialização do mundo capitalista mais afluente, realizada pela transferência de fábricas para zonas de não-respeito das regras do mercado laboral (ausência ou repressão dos sindicatos) e uma total indiferença à preservação do ambiente (indústrias depredadoras de recursos, poluição em grande escala ...). Os grandes capitalistas reconstituíam assim a capacidade de extraírem lucro, graças ao custo muito menor dos salários, à ausência de regulamentação, ou seu incumprimento, quer ao nível dos direitos laborais, quer da proteção do ambiente. Esses países tinham governos desejosos desses investimentos estrangeiros. Primeiro, foram as «maquiladoras» (perto da fronteira do México com os EUA), depois fábricas em países totalmente submetidos aos EUA, como o Haiti, as Filipinas, etc. Logo depois, ainda nos anos 80, a China «comunista» proporcionou uma força de trabalho disciplinada e diligente que permitiu a deslocalização das indústrias de eletrónica e de computadores, dos EUA e dos países mais avançados da UE (Reino Unido, Alemanha, França), para a China.

Entretanto, na ex-URSS, a Rússia estava sofrendo um processo de saque e desmantelamento, pelos oligarcas locais e por capitalistas abutres ocidentais. Quanto aos outros países, que antes faziam parte da URSS, reinavam oligarquias desejosas de vender os recursos nacionais (principalmente minerais) aos capitalistas do Ocidente; alguns desses governos eram formados por velhos burocratas do Partido Comunista que se reconverteram à pressa em vassalos do capitalismo globalizado, mantendo-se no poder através dos métodos autoritários de sempre. O desmantelamento da própria Rússia, era o desejo estratégico da tendência neoconservadora (chamada neocons) nos EUA, que se tinha entrincheirado nos postos chave dos ministérios e fazia parte de influentes «think-tanks». Este grupo, autêntico Estado dentro do Estado, considerava que a vitória na Guerra-Fria não estava completa. Para completá-la, era indispensável desmantelar a Rússia («balcanizar»), o maior país mundial, em termos de área, riquíssimo em recursos e escassamente povoado. Eles conseguiram influenciar a política de sucessivos presidentes dos EUA, desde Clinton, Bush Júnior, Obama, Trump, até Biden. A política externa foi sempre ditada pelos neocons, quer os presidentes fossem republicanos, quer democratas.


Esta situação, perigosa para a paz mundial e, em particular, para a paz europeia, teve o seu culminar com a guerra da Ucrânia. A estratégia, essencialmente a mesma durante mais de dois decénios, deve-se aos mais agressivos políticos e militares, que consideravam que os dirigentes dos EUA e da OTAN não tinham que honrar os compromissos assumidos com Gorbatchov, aquando do processo que levou à reunificação pacífica da Alemanha, em que os soviéticos se comprometeram a retirar suas tropas da Alemanha de Leste (DDR), a troco de não se efetuar o alargamento da OTAN, a países do ex-Pacto de Varsóvia. Este compromisso, assumido por Bush Sénior e - coletivamente - pelos líderes da OTAN, foi repetidamente negado ter existido, embora haja provas concludentes de que foi efetivamente assumido e por escrito .



Mas, os poderosos continuavam a fazer o que lhes apetecia, negando-se a qualquer diálogo sério com a Rússia. Note-se que esta, embora enfraquecida, continuava a ser a segunda maior potência mundial no armamento nuclear. As coisas só começaram a mudar, com a subida ao poder de Vladimir Putin, promovido por Ieltsin, nos seus últimos momentos de lucidez, depois de ter visto em que se transformara a Rússia.

A subida de Putin não se deveu a um golpe de Estado: foi uma evolução dentro dos marcos constitucionais e políticos da Rússia, na transição do milénio. Por mais que demonizem Putin, os propagandistas ocidentais não poderão ocultar o facto de que ele e seu governo propuseram que a Rússia se integrasse na OTAN. Esta proposta foi varrida com um revés de mão, como aconteceu a muitas outras iniciativas de «mão estendida» do governo da Rússia.

A última tentativa de diálogo sério entre gente adulta, tentada pela diplomacia russa, ocorreu no final do ano de 2021. Tratava-se de uma proposta de conversações ao mais alto nível, nos países europeus que - coletivamente - se reuniriam e encontrariam um modus vivendi, assegurando um sistema coletivo de segurança.

Nessa altura, os dirigentes da Europa e dos Estados Unidos já estavam, com o governo vassalo de Zelensky, a preparar o assalto final às repúblicas dissidentes do Don (República Popular de Lugansk e República Popular de Donetsk). Estas tinham-se separado do regime de Kiev, após o golpe de Maidan de 2014, porque não aceitavam serem oprimidas por Kiev, que queria impor-lhes a anulação do seu estatuto (constitucional) de regiões maioritariamente russófonas. Nesta situação, as repúblicas organizaram a sua autodefesa, contra as divisões e milícias (neonazis) de Kiev, apoiadas pelos países da OTAN: Durante 8 anos, foram treinadas, armadas e equipadas pelos ocidentais. Cerca de 14 mil mortes civis, durante esses oito anos (do início da guerra civil ucraniana, até à invasão russa) resultaram do constante bombardeamento, pelo exército do regime de Kiev, de centros de cidades e de outros locais com civis, nas duas repúblicas. Deve-se sublinhar, que Putin hesitou muito até vir em auxílio a este povo russo martirizado. Em Janeiro de 2022, os serviços de espionagem russos sabiam que a ofensiva de Kiev estava iminente. A opinião pública russa nunca lhe iria perdoar, se ele não fizesse nada, perante a ofensiva contra as repúblicas do Donbas: cerca de 70 mil tropas ucranianas de elite, bem treinadas e equipadas, preparavam-se para invadir estes territórios. Poucos dias antes da invasão da Ucrânia pela Federação Russa (24 de Fevereiro de 2022), as repúblicas dissidentes estavam a ser bombardeadas com maior intensidade, num crescendo que prenunciava a invasão iminente pelo exército ucraniano.

Dos desenvolvimentos e peripécias desta guerra, outros terão escrito com bastante rigor e pormenor. Eu contento-me em dizer que foi uma guerra cruel e inútil, que deixará marcas indeléveis nos povos da região, mas também implicará uma divisão duradoira entre europeus ocidentais e orientais.

Hoje, já se pode afirmar - sem parcialidade - que se está perante a derrota do exército ucraniano, após cerca de dois anos de guerra, uma guerra desejada e incentivada pela OTAN. Isto significa cerca de um milhão de baixas de militares ucranianos, além das baixas de civis e da destruição causada pela guerra. Do lado russo, não tenho dados precisos pois, desde o princípio, as fontes oficiais russas não fornecem números. O que dizem as fontes jornalísticas ocidentais tem sido - quase sempre - um exagero, elas são um mero instrumento de propaganda anti- russa.

Em definitivo, a guerra russo-ucraniana é um acontecimento trágico, também para os povos europeus ocidentais: ficaram sujeitos a uma oligarquia militarista e fascistoide, ela própria obedecendo aos imperialistas americanos. Estes, acentuaram o tratamento dos países europeus sob «proteção» da OTAN, como vassalos aos quais se pode mandar fazer tudo o que decida Washington DC.

No futuro, não haverá paz no continente europeu. Pelo menos, rapidamente, pois não se vislumbra tal vontade. Os russos não se sentem inclinados a negociar um acordo: têm experiência de que os dirigentes europeus e norte-americanos não cumprem os compromissos assumidos. Entre muitos factos graves, os dirigentes dos EUA deixaram caducar, não renovaram ou denunciaram os acordos relacionados com armas nucleares (com grande significado no continente europeu), negociados na década de 70 e nas duas décadas seguintes.

Por outro lado, não se pode esperar do lado ocidental uma viragem no sentido da distensão: os militaristas dominam a OTAN. Os governos na Europa ocidental são submissos aos EUA, cada vez mais imperiais. O mais recente caso, é significativo. A decisão americana unilateral de interromper* o envio de gás LNG aos países europeus, o qual era vendido por preço bem alto, aliás. O seu comportamento é mais uma facada nas costas da Europa, depois de terem promovido a destruição no Mar Báltico, dos gasodutos Nordstream I e II, que abasteciam de gás russo a Alemanha e outros países europeus. Os que governam os EUA, não são «amigos» da Europa.

Duvido que a destruição física da população de Gaza, com a complacência e ajuda material do «Ocidente», seja grande trunfo para exibir como prova do respeito pelos direitos humanos e da simples decência, aos olhos dos países do Sul Global (ver PS1).

O ponto a que se chegou, mostra que o momento unipolar da geopolítica mundial está a chegar ao fim. Isto ocorre mais depressa do que praticamente todos os observadores imaginaram.

Não apenas as bases dos EUA em território hostil, sírio ou iraquiano, estão à mercê de ataques por milícias, desejosas de expulsar os americanos. Também as frotas dos EUA e de dois ou três aliados, estacionadas à entrada do Mar Vermelho são «sitting ducks» (alvos fáceis). O mesmo, em relação aos porta-aviões americanos no Mediterrâneo, ao largo de Israel e do Líbano. As forças do Hezbollah têm mísseis com alcance (e com precisão) mais do que suficiente para atingir e afundar esses porta-aviões.

                                  Sitting Duck, em https://johnhelmer.net/

Então, para que se põem os EUA a fazer estas provocações? - Sem dúvida, querem mostrar que não se deixam intimidar e que continuarão a dar o seu apoio ao governo genocida de Netanyahu. Mas, tanto no Iémen como no Líbano, está fora de questão fazerem desembarques com marines, para conquistar posições dos Houthis, ou do Hezbollah. O espetáculo que dão é dum «gigante com os pés de argila». O Irão e todo o Eixo da Resistência (forças governamentais e milícias no Iraque, Síria, Líbano, Iémen e Palestina) aprenderam as táticas que resultam, nesta guerra assimétrica: estão agora a pôr isso em prática. Estão a flagelar o inimigo através de ataques simultâneos e causando baixas, mas não chegam ao ponto de provocar um ataque americano em larga escala, que só seria desencadeado em caso extremo, devido ao risco de fiasco. Esta tensão permanente obriga os americanos a verter cada vez mais reforços, a aumentar os ataques pela aviação e por mísseis; porém, sem vantagem decisiva, sem vitória. No final, terão de recuar, após terem perdido soldados, material de guerra valioso e prestígio.

Não sei o que o amanhã trará, por isso não faço conjeturas. Não me admira que, nos próximos tempos, a instabilidade aumente. Poderá haver novos focos de violência e de guerra.

A chamada «globalização» foi um enorme fiasco. Agora, o Globo está dividido: Dum lado, os herdeiros das potências coloniais e neocoloniais, o Ocidente; do outro, o Sul Global, com a locomotiva da aliança tríplice Rússia - China - Irão, em coordenação com os restantes Estados dos BRICS alargados. Ao todo, estes já perfazem a maioria da população mundial e cerca de metade do PIB mundial.

Murtal/ Parede, 31 de Janeiro de 2024




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* Parece inacreditável, mas esta medida, que prejudica os aliados/vassalos dos EUA, terá que ver com questões internas dos EUA, nomeadamente a «revolta» do governador do Texas e/ou com a luta contra «alterações climáticas». Veja:

PS1: A sentença do TIJ - que obrigava o Estado de Israel a tomar conta das situações humanitárias - foi sabotada pelo mesmo Estado de Israel, com o pretexto de que a UNRW era capa para ativistas do Hamas. Em consequência, os ocidentais decidiram de imediato suspender a sua contribuição financeira, no momento em que esta é absolutamente indispensável aos cerca de 1,7 milhão de refugiados. Se esta medida parece retaliação contra a população de Gaza, é porque é isso mesmo, de facto: 


PS2: Leia a notícia abaixo que confirma e reforça a nossa primeira informação sobre a «suspensão» do envio de LNG dos EUA para a Europa: https://www.zerohedge.com/geopolitical/russian-media-thrilled-bidens-lng-gift-putin

PS3: Como afirmei anteriormente ( ver AQUI) não há dúvida de que se está num momento em que a classe dominante, em desespero, vai fazendo erros atrás de erros, cada qual mais grave: https://www.moonofalabama.org/2024/02/screw-the-facts-europe-commits-itself-to-further-escalation.html#more

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

UCRÂNIA: REGIME DE ZELENSKY CONTESTADO POR DENTRO


 Pirâmide demográfica da Ucrânia: As classes etárias em torno dos 25 anos estão em défice acentuado. 

 https://www.moonofalabama.org/2023/11/ukraines-demographics-dictate-to-end-the-fight.html

O comandante-chefe das forças armadas ucranianas, Zeluzhnyideu uma entrevista ao magazine britânico «The Economist», em que se mostra realista em relação à guerra Ucrânia-Rússia. Este posicionamento desagradou aos setores de extrema-direita, que controlam o governo de Zelensky e à CIA, que controla o regime de Kiev. 

Porém, a mortandade causada pela guerra de atrição prolongada acaba por tornar impossível a defesa das próprias linhas de retaguarda ucranianas, por falta de soldados. No desespero de encontrar mais carne para canhão, o governo de Kiev decretou a conscrição forçada dos estudantes do ensino superior e de jovens mulheres. 

Zelensky e fanáticos de extrema-direita que o rodeiam, temem somente por eles próprios. Apesar da retórica nacionalista, não têm consideração pelo futuro do seu país e do seu povo.  Há cada vez maior dissidência em relação ao governo. Tem havido boatos segundo os quais três generais estariam em vias de ser demitidos.

É certo que o sacrifício das mais jovens gerações é absurdo, nestas circunstâncias. A probabilidade de vencer é nula e o seu sacrifício põe em xeque o crescimento demográfico no pós-guerra. A situação militar é tão má, que a Ucrânia deveria propor um cessar-fogo e negociar um tratado de paz, mesmo que ele seja nos termos ditados pela Rússia: É isso, ou o desaparecimento da Ucrânia, enquanto Estado independente. 

Na sua arrogância estúpida, os governantes americanos e europeus não puseram sequer a hipótese duma derrota ucraniana e ainda menos, com esta amplitude. 

Alguns observadores pensam que um dos motivos para os EUA terem dado carta branca à campanha genocida de Israel sobre a população de Gaza, é que ela vem desviar as atenções da enorme derrota dos EUA e da OTAN na Ucrânia.

A questão demográfica já existia muitos anos antes do início da guerra com a Rússia, em Fevereiro de 2022. O défice demográfico, agora mais acentuado, limita severamente a viabilidade  económica da Ucrânia, no período pós-guerra. 

- Explicações pormenorizadas sobre o assunto no blog Moon of Alabama, «Ukraine's Demographics Dictate To End The Fight».

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PS1 - Veja a entrevista dada pelo Prof. Jeffrey Sachs, dada a 21 de Nov. 2023:   https://www.youtube.com/watch?si=Atgmv32VbAFjQ0RI&v=CsDPDIx8bPY&feature=youtu.be

sábado, 25 de novembro de 2023

AUMENTO DE VOTOS NA EXTREMA-DIREITA EUROPEIA

 


https://www.statista.com/chart/6852/right-wing-populisms-enormous-potential-across-europe/


A progressão da extrema-direita europeia não é uma fatalidade. Não se pode ficar de braços cruzados... 

O que fazer? Gostaria que as forças políticas e sociais fizessem um debate sério sobre o panorama político europeu e dentro de cada Estado. Só assim, haverá possibilidade de acordos entre várias tendências, mesmo que limitados, para a ação. 


domingo, 8 de janeiro de 2017

TRATADOS DE LIVRE COMÉRCIO, GLOBALISMO E ESQUERDA

Os supostos tratados de «comércio livre», quer se chamem CETA, (entre a EU e o Canadá), ou TTIP (entre a Europa e EUA), etc. são apenas pára-ventos para avanço do programa ou agenda globalista.

Primeiro, é necessário compreender que esta agenda globalista existe, que não é «teoria» de conspiração nenhuma, até mesmo as pessoas mais ingénuas não podem deixar de a reconhecer nos discursos oficiais de chefes de estado e de governo, ou entidades das grandes organizações. Eles argumentam que se trata dum paradigma essencial ao mundo contemporâneo. Se não aceitamos a «globalização», somos como «homens das cavernas»!
Não, não é assim, pois a globalização que nos vendem como inevitabilidade, significa simplesmente a forma de garantir os lucros das transnacionais, do capital financeiro, dos multibilionários, que dominam sectores industriais e países inteiros. 

A legislação dos países é considerada um obstáculo para os globalistas porque coloca – explícito ou implícito - o princípio da soberania nacional.
Isso é intolerável para as entidades transnacionais, que desejam ver assegurados seus lucros, seja qual for a situação do país em causa. A legislação de muitos países possui cláusulas que previnem que os interesses materiais sejam sobrepostos à própria vida das pessoas, seja ela directamente, seja indirectamente, com legislações que protegem as condições de trabalho, o ambiente, a saúde pública, etc.

Sob a capa de modernidade, esta ideologia globalista quer anular o princípio da soberania nacional. Porém, este é absolutamente vital para a preservação dos direitos e garantias dos cidadãos nos diversos países. Argumenta-se que, mesmo assim, os direitos desses cidadãos estão a ser espezinhados, pelos próprios governos, em muitos casos. Pergunta-se: se essas frágeis garantias que estão na lei forem retiradas ou anuladas, acham que as coisas melhorarão ou piorarão?

Acontece que a esquerda estúpida não percebe. Existe uma esquerda inteligente que percebe, mas ela é minoritária dentro da própria esquerda. A esquerda estúpida é capaz de glorificar as «lutas de libertação nacional» e simultaneamente desprezar, quando não até designar como «extrema-direita», a luta pela preservação da soberania nacional… Por causa da esquerda estúpida, a extrema-direita tem tomado conta do assunto e tem arrastado consigo muita gente.
Existem muitos cidadãos que se apercebem das coisas apenas até um certo ponto, porém, eles não são totalmente responsáveis pela sua incultura política. Com efeito, muitos dos que tinham a obrigação de esclarecê-los ainda os tornam mais confusos.

O globalismo é uma ideologia perniciosa, que nada tem que ver com o internacionalismo; é uma ideologia que corresponde ao projecto de uma Nova Ordem Global, a um Superestado planetário, com um governo único, uma moeda única, umas forças armadas únicas. Ou seja, é exactamente o «sonho molhado» de Hitler, Mussolini e todos os nazi e fascistas a eles associados. 
O globalismo não é fruto do liberalismo, mas do fascismo; se querem designar a ideologia da casta dominante, não a designem como «neoliberal», porque de liberal não tem nada! Chamem-na antes de neofascista. 
O fascismo define-se como a fusão do Estado e das corporações: isto quer dizer que tudo, toda a sociedade está «dentro» do Estado e que o Estado tem o direito e mesmo a obrigação de se imiscuir em todos os aspectos da sociedade; em suma, estamos muito próximos da realização da sociedade do Big Brother, profetizada por Orwell e outros. 

É triste que uma parte da esquerda tenha sido neutralizada, arregimentada e manipulada, ao ponto de servir como instrumento do globalismo.


quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

JOVEM DE EXTREMA-DIREITA ESBOFETEOU MANUEL VALLS, ONTÉM

O estúpido incidente na Bretanha, enquanto Manuel Valls fazia uma ação de campanha, pode ser considerado um caso menor mas revela o estado de espírito dos franceses. Com efeito, juntaram-se logo dois grupos; um que pretende salvaguardar o jovem de extrema-direita de consequências penais do seu gesto, outro que - pelo contrário - exige que justiça seja feita e que ele seja severamente punido pela agressão.

A esquerda francesa nunca esteve tão fraca como agora. 
O descontentamento entre as pessoas humildes, que deveriam teoricamente constituir o eleitorado natural da esquerda, é enorme. 
O que este incidente violento e estúpido revela é que , nas eleições, vai predominar o elemento passional, vai haver muita gente que vai votar Marine LePen, pois estão fartos do establishment. 
Não me admira que Marine Le Pen ganhe a eleição à primeira volta, por maioria absoluta. Já é dado como certo que ela ficará em primeiro lugar na primeira volta.

domingo, 2 de outubro de 2022

A EUROPA METEU-SE NUM BECO SEM SAÍDA

   Maidan (2014) a violência do golpe de Estado, instigado e apoiado pelos Ocidentais

Quando diversos governos europeus se precipitaram, na sequência da invasão russa da Ucrânia, para executarem as sanções, é notável que um certo número destas, como a expulsão dos Bancos russos do sistema SWIFT, ou a tomada (não o congelamento) das reservas em divisas detidas pelo Banco Central da Rússia, não tivessem sido jamais consideradas como possíveis, publicamente. O efeito devastador de tais sanções inéditas seria de causar um colapso da economia da Rússia, a sua descida subsequente no caos e a revolta contra Putin e o seu governo. Estas expectativas foram, nessa altura, enfaticamente afirmadas pelos governos atlantistas e seus propagandistas. Essa tal ênfase, faz-me pensar que estavam 100 % confiantes do seu resultado.
O facto é que a economia e o próprio Estado russo se tinham estado a preparar para esta guerra económica, desde que verificaram o papel dos ocidentais no golpe de Estado na Ucrânia, o golpe dito de Maidan, que derrubou um governo legítimo e instalou forças nacionalistas, chauvinistas, as piores de que há memória, desde o fim da IIª Guerra Mundial. Eu lembro-me perfeitamente das declarações histéricas de certos líderes do triunfante golpe de Maidan em 2014. A perseguição furiosa aos elementos russófonos, foi ao ponto de uma guerra de extermínio, de etnocídio, contra uma parte do próprio povo ucraniano. As províncias do Don eram províncias russas ofertadas por Lenine à república soviética da Ucrânia em 1922, a Crimeia foi povoada por russos desde o final do século XVIII, e estes são muito maioritários nesta península. Por outro lado, houve impunidade total dos elementos (conhecidos) pelo bárbaro crime de imolação pelo fogo de mais de 40 pessoas que se refugiaram no edifício dos sindicatos, em Odessa (outra cidade claramente russófona). Em consequência do ataque violento à sua cultura, às suas propriedades, meios de subsistência e -sobretudo- à sua própria vida, os russófonos da Ucrânia foram empurrados para a guerra civil pelos bandidos de extrema-direita. Estes foram chamados, eufemisticamente, pelas chancelarias e pelos órgãos de imprensa, de «nacionalistas», quando na verdade, integravam uma extrema-direita nazi, em continuidade com a divisão SS formada por ucranianos durante a IIª Guerra Mundial e culpada de inúmeros massacres e atrocidades.
Nada do que ocorreu durante estes oito anos, incluindo a invasão russa e a recente inclusão as ex-províncias ucranianas de Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporizhzhia, no território da Rússia, teria acontecido, se europeus e americanos, desde 2014, não tivessem jogado no confronto e na provocação com a Rússia, às suas fronteiras, nesta área tampão extremamente complexa do ponto de vista das etnias, da História, etc.
Todo este jogo absurdo, por parte dos governos da Europa ocidental, mostra até que ponto eles são vassalos do poder de Washington. Com efeito, é este que mantém a Europa refém e «protege-a», assim como os gangsters «protegem» os comércios que lhes pagam um tributo. A cobardia e corrupção dos seus dirigentes políticos, é o que torna viável o jogo americano. Ao ponto de se aplicar perfeitamente a interrogação retórica, «com amigos assim, para que são precisos inimigos?»
Agora, estamos perante uma classe política que não sabe o que fazer. Toda ela está totalmente impotente para evitar os rigores de austeridade, de inflação galopante, de miséria e de fome, causados nos respetivos povos pela sua própria estupidez. O povo e os trabalhadores já percebem e não perdoarão. Os dirigentes europeus embarcaram numa violenta guerra de sanções, em proveito alheio (Washington) sem sequer se precaverem das (prováveis) consequências de ficarem cortados dos principais fornecimentos de gás, petróleo, adubos e cereais! Absurdo, mas verdade. Incrível, mas autêntico. Nada nem ninguém poderá negar a evidência dos factos.
Todos os dados apontam para isto. Os governos europeus da OTAN caíram na armadilha, que seu «suserano» os EUA, lhes pregou, para os ter na mão.
Tinham ainda uma pequena «tarefa» a fazer para dar o golpe final. A sabotagem, tornando inviáveis, no curto e médio prazos, os fluxos de gás dos gasodutos NS 1 e NS2. Assim a Alemanha e outros, não iriam poder retomar as importações de gás russo. A saída diplomática da guerra é do interesse dos europeus ocidentais, além de ser - obviamente - vital para o povo ucraniano. Mas, encontrar uma saída diplomática, é aquilo que Washington mais deseja evitar, no  presente conflito no Leste da Europa.
Penso que as circunstâncias em que se encontra a Europa ocidental hoje, podem causar um choque de tomada de consciência. Não creio possível a continuação da pantomima de que os Americanos são «amigos» e «aliados» dos europeus:
- O dólar joga claramente contra o euro e agora contra a libra: OS MEIOS FINANCEIROS, A COMEÇAR PELA FED E POR WALL STREET, agem como inimigos dos europeus, querem captar as suas indústrias mais valiosos, as indústrias de ponta. Eles querem que a Europa se desindustrialize, para as melhores indústrias europeias se instalarem nos EUA. Estas indústrias beneficiarão de regimes especiais de proteção. As economias dos países ocidentais, sobretudo as dos mais poderosos, são agora privadas do acesso às fontes de energia seguras e baratas, para depois serem saqueadas e exportadas (as mais interessantes) para territórios do Tio Sam.
O que digo acima é evidente. Pois, de uma forma ou de outra, é exatamente o que JÁ OCORRE DEBAIXO DO NOSSO OLHAR. Talvez eles consigam salvar a sua economia da hecatombe, à custa da hecatombe dos seus «amigos e aliados» europeus. Mas, será isto um verdadeiro triunfo?

 ALGUMAS REFERÊNCIAS RELACIONADAS:

https://thecradle.co/Article/Columns/16307

https://consortiumnews.com/2022/09/30/scott-ritter-the-onus-is-on-biden-putin/

https://www.nakedcapitalism.com/2022/09/michael-hudson-on-the-euro-without-germany.html

https://www.youtube.com/watch?v=2wpMMSvKUTU

https://www.globaltimes.cn/page/202209/1276456.shtml

https://www.unz.com/article/nordstream-the-signal-that-washington-knows-it-has-lost-the-great-game/


PS1: Agora, que Blinken classificou (na Sexta feira passada, 30 de Set.) as explosões dos gasodutos no Báltico como «uma tremenda oportunidade» ou seja, agora, os europeus têm de comprar LNG americano em grande quantidade, não há mais lugar para dúvidas. A húbris da administração Biden é reveladora de QUEM fez essas sabotagens. Não me custa crer que os americanos tiveram a colaboração operacional dos britânicos e polacos e conhecimento prévio dos membros da NATO do Báltico, Alemanha, Dinamarca, Suécia. Veja:

 https://www.zerohedge.com/geopolitical/blinken-calls-sabotage-attacks-nord-stream-pipelines-tremendous-opportunity

Se os Estados da Europa ocidental tivessem governos nacionais e não fantoches, esta situação deveria conduzir à rutura com os EUA e ao rebentamento da própria NATO.
https://www.unz.com/runz/american-pravda-of-pipelines-and-plagues/


PS2: A candidatura da Ucrânia à «entrada de emergência» na NATO, teve como resposta um frio «NÃO» do lado da NATO. Aos americanos, obviamente, não lhes interessa que a Ucrânia esteja dentro da NATO. Querem que a Ucrânia lute contra a Rússia até à exaustão das suas forças, mas sem alastramento à NATO, o que iria certamente significar uma guerra direta NATO-Rússia.