A China e a Arábia Saudita acabam de chegar a acordo em múltiplos domínios, incluindo a possibilidade de pagamento em Yuan do petróleo saudita e o fornecimento de armas pela China ao Reino. É uma viragem decisiva no Médio Oriente. O petrodólar está morto e enterrado; o acordo China-Saudita é a sua «certidão de óbito» e o dólar, enquanto principal divisa de reserva está fortemente afetado.
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quarta-feira, 9 de abril de 2025

CRÓNICA DA IIIª GUERRA MUNDIAL, Nº 42: A TEMPESTADE TARIFÁRIA, OS MERCADOS E AS ALIANÇAS


Há mercados e mercados. Os mercados bolsistas, mesmo as ações das empresas mais conhecidas, ou os índices do «S&P 500» ou do «NASDAQ», apenas afetam diretamente os que investiram nesses ativos. Mesmo os «valores seguros», estão sujeitos a grandes perdas, como nos foi dado ver, nestes últimos dias, no crash da libertação a 2 de Abril

O S&P perdeu 11.5% em 3 dias, e o juro das obrigações do Tesouro a 10 anos [ 10Y UST ] situa-se agora a 4.38%. As «treasuries» dos EUA  já não podem servir como  tradicional «porto refúgio» dos capitais.

Esta mudança tectónica é, no entanto, mais significativa ainda no médio/longo prazo para os mercados de matérias-primas e produtos manufaturados, ou seja, para a «economia real», a qual afeta todas as pessoas, em todos os países.

Não tenho dúvidas de que estamos perante um crash induzido: Os que planearam este crash, no círculo de Trump, sabem perfeitamente que estas modificações bruscas de tarifas alfandegárias têm implicações a vários níveis. Não só afetam os preços das mercadorias ao consumidor, os fluxos das mesmas mercadorias, e - em consequência - os fluxos de capitais. Mas, igualmente jogam com o panorama de alianças no âmbito da IIIª Guerra Mundial.

Estas mudanças estão ainda no começo, embora as novas linhas de fratura já se vislumbrem, pelos discursos e sobretudo, pelos atos concretos dos governos. Os vassalos do império dos EUA, Starmer, Macron, Van der Leyen, etc, estão atónitos: Após a mudança de rumo nos assuntos da guerra Russo-Ucraniana, vem um «segundo punch», que os deixa a cambalear. Estão incapazes de fazer frente à nítida desautorização, pela potência tutelar que os «protegia».

Mas, a China não se deixou intimidar e respondeu exatamente com as mesmas medidas tarifárias, mas em sentido contrário às dos EUA. Além disso, e muito menos divulgado, decidiu proíbir a exportação de «terras raras» que os EUA precisam para sua indústria de eletrónica, incluindo o fabrico de «microchips» para os jets, mísseis e outras armas sofisticadas.

A China encontra-se, claramente, em vantagem; constatação consensual, qualquer que seja a simpatia ou antipatia dos observadores, em relação ao gigante asiático. Do ponto de vista das alianças, igualmente está a ganhar, com o estreitamento dos laços comerciais e a formação duma «frente comum», com os parceiros da ASEAN. Isto reveste-se de significado estratégico também, pois as (atuais e futuras) sanções ocidentais não a incomodarão; a China terá ainda maior independência comercial, em relação aos EUA e seus vassalos ocidentais. Mesmo os mais fiéis vassalos dos EUA no Extremo-Oriente (Coréia do Sul e Japão), estão dispostos a coordenar ações com a China, para minimizar o efeito do «tornado tarifário Trump» sobre as exportações.

Tudo o que se possa pensar sobre a polaridade globalização/soberanismo, está posto em causa; pois, tradicionalmente, a defesa da globalização capitalista era obra dos EUA e de seus aliados, enquanto as políticas de defesa da soberania, eram protagonizadas pela Rússia, a China e seus aliados nos BRICS...

Hoje em dia, o Mundo descobre que é um perigo bem maior, em termos comerciais e de estabilidade económica, política e geoestratégica, desenvolver laços com os EUA. Estes, serão ainda a potência económica maior em volume de capitais investidos, embora já não em termos de produção de bens industriais.

Pelo contrário, a China é um parceiro confiável: Está sempre atenta aos fatores de estabilidade, predictibilidade e recíprocidade. 
Por isso, também, é vã a tentativa de desacoplar a Rússia, da China: Estão envolvidos numa aliança a vários níveis, da defesa ao comércio, da diplomacia à construção de novas rotas terrestres e marítimas (incluindo a rota o Ártico).

Finalmente, o que deveria preocupar mais as pessoas no Ocidente, seria antes a atitude aventureira dos dirigentes, que não sabem como atuar; as suas visões estavam falseadas... mas, falseadas por eles próprios. É um caso de auto-engano, de tomarem seus desejos pela realidade. A sua credibilidade atinge mínimos, nas sondagens de opinião. Estes factos não nos devem tranquilizar, pelo contrário; pois a nossa «democracia», com todas as suas limitações já não é tolerável para os «nossos dirigentes». Eles revelaram-se naquilo que já eram, em segredo: Autocratas ao serviço das oligarquias, interessados apenas retoricamente em afirmar os valores da democracia «para dar uma imagem», para consumo do povo.
O que fazem, na realidade, é no interesse diametralmente oposto ao dos respetivos povos, das respetivas nações. 
Com leis absurdas, produzidas por eles próprios, estão muito atarefados a neutralizar  (pela censura, por processos judiciais e pelo assédio policial) todos aqueles que se atrevem a contestar a sua política. 
Os poderes têm não apenas difamado, como reprimido,  manifestantes contra a monstruosidade do genocído dos palestinianos pelos israelitas, em Gaza e na Margem Ocidental. Se isto não é fascismo em ação, expliquem-me então, o que é...

Tudo aquilo que eu temia, quando falava da destruição de um semblante de legalidade e do Estado de Direito, a propósito da repressão aos dissidentes do COVID e da campanha de «vacinação» forçada, está a ser (re)posto em prática, agora. Existe um centro operacional comum, que coordena ao nível dos países da UE e da OTAN, a repressão da dissidência. É uma contínua guerra contra a cidadania, silenciosa mas sem quartel. 
 Os poderes de Estado, violentos, têm as forças repressivas ao seu serviço e os povos estão desarmados: Os tribunais são a maior farsa e as forças de oposição parlamentar têm sido impotentes, quando não colaborantes.

O fascismo do século XXI , não só tem avançado (ver artigo de Jonathan Cook), mas já tem o atrevimento de negar, ostensivamente, os valores que enformavam a «democracia liberal» nos países da OTAN em geral e, em especial, na França, Alemanha e Reino-Unido...

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PS1: OS BRICS e a multipolaridade são fatores decisivos, que modificam qualitativamente as relações do «Sul global» com o «Ocidente global».

PS2: Veja o que tem acontecido com as compras de ouro pelo banco central da China (a azul) e com as compras/vendas de Obrigações do Tesouro US (a vermelho): O PBOC tem um meio eficaz de pressão sobre o dólar e tem exercido essa pressão, de forma consistente.


domingo, 6 de abril de 2025

REFLETINDO SOBRE CULTURA, SABEDORIA E SABER TÉCNICO-CIENTÍFICO

 

Se fosse tão fácil medir a concentração de sabedoria, como a concentração de riqueza num país, veríamos que certos países, desprezados como «atrasados», estão muito melhor equipados nesta qualidade - a sabedoria - que outros.

 Infelizmente, a dissociação entre sabedoria e saber, entre sabedoria e poder, tem vindo a aumentar. 

As zonas europeias, cujo desenvolvimento científico e técnico se adiantou ao resto do Mundo, a partir do Século XVI, formando o núcleo da modernidade, com suas descobertas, invenções e aplicações técnicas,  produziram a 1ª Revolução Industrial (desde cerca de 1700, até ao presente). 

Igualmente, produziram armamento mortífero em quantidade e qualidade superiores às doutros povos, incluíndo civilizações florescentes e requintadas, como a China ou a Índia. 

A partir daqui e até agora, a dominação económica, política e militar foi mantida pelo chamado «Ocidente». Este, passou a incluir países que - embora na órbita geopolítica anglo-americana (como a Austrália, a Coreia do Sul, o Japão) - não são ocidentais do ponto de vista da Geografia.  

Porém, em termos de civilização, os países ocidentais possuem uma enorme fragilidade. Apesar de traços muito negativos, como a colonização, o tráfico de escravos e sua exploração, manifestavam-se outros traços, como a abertura, modernidade, tolerância relativa, os avanços científicos e tecnológicos, que foram e são ainda o motivo principal para outros povos  - mesmo não aceitando o seu domínio - reconhecerem e admirarem vários dos seus frutos. Igualmente, verificou-se que elites governantes em nações não-ocidentais, foram educadas com valores semelhantes ou idênticos aos das elites do Ocidente. 

A incapacidade de muitas pessoas comuns - e mesmo dos intelectuais - nos países ocidentais, se elevarem acima de uma visão do mundo centrada nas suas próprias raízes, tradições e valores, deve-se a uma arreigada visão racista do que seja a cultura, o valor do intelecto, da espiritualidade, etc. É frequente pensarem em termos semelhantes aos de seus antepassados, quando estes colonizavam povos e nações noutros continentes (África, Ásia, América Latina), sendo a extensão desses impérios coloniais múltiplas vezes a da área geográfica da própria metrópole colonial. Depois destes países terem perdido as suas colónias, alguns ficaram com uma espécie de «orgulho ferido», por terem «sido roubados» esses territórios coloniais à sua nação. No caso de Portugal, a incapacidade em compreender a inevitabilidade da independência das colónias africanas (Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angol, Moçambique) e asiáticas (Macau, Timor-Leste), constatei-a em contactos tidos com várias pessoas. 

É surpreendente que Portugal, um país tão atrasado, tão cheio de analfabetos, tivesse tanto orgulho em «possuir» estes territórios, que supostamente lhe pertenciam porque os «conquistou»... Na verdade, o espírito do colonialismo mais atrasado, mais retrógado, que sacrificou o próprio desenvolvimento da metrópole para manter essas colónias durante a longa guerra colonial, sem qualquer esperança de ser ganha pelo exército colonial, não desapareceu inteiramente de certos indivíduos, incluindo de membros de gerações que não conheceram o tempo da guerra colonial. 

A perpetuação desta visão, completamente distorcida da realidade, tem permitido que uma extrema-direita autóctone, com óbvios laivos racistas, se pavoneie nas ruas (e agora também no parlamento), na indiferença dos «democratas» arrumados, endinheirados, que hoje e amanhã são capazes de fazer coligações com esta extrema-direita. Isto, porque existe muita incultura, mesmo nas pessoas com diplomas universitários: Existe um vazio enorme - um quase silêncio - sobre o que foram, verdadeiramente, para os povos colonizados, os séculos em que Portugal foi a potência colonial. Há mesmo (falsos) intelectuais que se dedicam a branquear a imagem do colonialismo português, supostamente «mais brando» que o dos outros potentados europeus. 

Este complexo colonial tem efeitos graves na mentalidade de muitas pessoas. Estas, não são cultas mesmo que o aparentem: Exibem um complexo de superioridade racial, óbvio ou semi-disfarçado; uma ignorância total das contribuições dos outros povos e das personalidades notáveis destes outros povos para o desenvolvimento espiritual, científico e artístico, da humanidade no seu todo; incapacidade prática em dialogar com pessoas oriundas doutras culturas; o desprezo pela humanidade dos 4/5 da população mundial; uma total contradição com a matriz espiritual do cristianismo, a religião e berço cultural da qual esses indivíduos, quase todos, se reivindicam.  

A persistência deste complexo tem relação com a forma deturpada como lhes é ensinada a História do seu país, assim como das regiões colonizadas pelos portugueses. Tem também relação com o dogmatismo característico dos ignorantes; aqueles que menos sabem sobre um assunto, são os que falam mais sobre ele, que dão a ilusão (aos ingénuos) de possuírem uma vasta cultura e de terem estudado aprofundadamente o assunto! 

É minha convicção de que será necessário as gerações mais jovens descolarem das narrativas efabuladas e enganadoras sobre o passado do seu país, que aprendam os factos, buscando em boas e diversas fontes.  Só assim estes jóvens podem ter um papel construtivo no Mundo de hoje/amanhã. 

Os que estiverem bem equipados cientificamente, mas não do ponto de vista da sabedoria, terão menos hipóteses de ser aceites e apreciados, em trabalhos de equipa. Pelo contrário, os que tiverem abertura maior às outras culturas, a outras espiritualidades, todas elas dignas e representativas da riqueza da humanidade, não serão marginalizados, serão bem acolhidos e terão experiências gratificantes, como muitos de nós tivemos. 

TRUMP, 2 DE ABRIL, EUA: DIA DA LIBERTAÇÃO... PARA QUEM???

 


Segundo Peter Schiff, o dia "da libertação " de Donald Trump vai ser o começo  de um período extremamente penoso para os consumidores dos EUA, de aprofundamento da crise de solvência  das contas públicas, de aceleração  da inflação americana e de escassez de bens e matérias-primas no mercado americano. 

Mas não será  necessariamente assim para o resto do mundo. Será fácil para as economias que exportavam para os EUA bens de consumo, reorientarem-se para outros mercados, incluindo os dos países  emergentes. Haverá também  mais capitais disponíveis para investir nestas economias. Se os países emergentes não imitarem os americanos, taxando tudo e todos indiscriminadamente, vão melhorar a sua posição na competição  mundial. Seria irónico  mas muito justo, que - afinal  - este dia (2 de Abril de 2025) da imposição de tarifas alfandegárias pelos EUA, fosse O DIA DA LIBERTAÇÃO DO MUNDO* DA PARASITAGEM DOS ESTADOS UNIDOS SOBRE AS ECONOMIAS DOS PAÍSES  EXPORTADORES.

(*Dentro de um ano, a 02 de Abril de 2026, penso que já estaremos em condições de fazer um primeiro balanço do efeito dessas medidas na economia dos EUA e no Mundo)

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PS1: Prof. Warwick Powell considera aas tarifas uma prenda para a China e os BRICS. Veja AQUI

PS2: Um americano com muita experiência vivida na China explica-nos porque as subidas tarifárias não poderão atingir os objetivos pretendidos por Trump:

https://herecomeschina.substack.com/p/america-underestimates-the-difficulty

terça-feira, 1 de abril de 2025

AS SOCIEDADES ESTÃO EM COLAPSO... PARA LÁ DELE, O QUE VIRÁ?

 Estamos a viver o colapso. 

A chamada civilização ocidental está a desfazer-se diante dos nossos olhos e não se trata dum fenómeno natural. É resultante da vontade da oligarquia, dos multimilionários, que constituem a «super-classe» capitalista. Esta tem ditado a agenda, não apenas em relação à concentração do capital, com a consequente potenciação dos lucros, como em relação ao poder político, em particular, nos grandes potentados imperialistas. 

Não se pense que este processo de demolição seja inteiramente caótico; porém, para nós, que estamos por baixo, ele parece efetivamente um caos, uma catástrofe, um pesadelo: tudo aquilo que tivemos, como mais ou menos certo e seguro nas nossas vidas particulares e sociais, se está a desmoronar. Mas o processo é - afinal - de uma demolição controlada, programada com o rigor necessário, para que não sejam postos em causa os fundamentos da sociedade capitalista. O processo tem sido designado por vários nomes, entre eles «The Great Reset» e outros chavões e frases ideológicas que se destinam a fazer crer numa explicação do que está a acontecer, mas sem dar realmente as chaves para a compreensão global dos fenómenos. 

Não serve de nada dizer que «o capitalismo está em crise»: De facto, a crise é um dos principais processos que ele tem, enquanto modo de produção, para se adaptar aos novos contextos, desde invenções e suas aplicações na economia, até às transformações na política das grandes potências.

O que o processo atual mostra, não é que o «capitalismo esteja a morrer», longe disso; podemos ver como ele se está a desenvolver de modo pujante, na Ásia, em particular, na China. Mais uma vez se constata que está na própria natureza do sistema capitalista, a sua adaptação  ás grandes transformações. 

Hoje, a exploração já não se limita ao trabalhador individual, embora esta persista e até se tenha intensificado, nos últimos decénios. São relativamente novas, as modalidades de exploração  da classe operária através do Estado todo poderoso, o capitalismo de Estado. A primeira versão - a soviética - acabou por se afundar nas suas próprias contradições. Mas o modelo «misto», o «socialismo com características chinesas», tem mostrado o seu vigor. 

A classe capitalista ocidental não se engana ao colocar na China uma parte importante do aparelho produtivo das suas empresas, em estabelecer parcerias «win-win» com o Estado chinês, a fazer depender a extração de lucro do funcionamento bem oleado da exploração da classe operária chinesa, sob o controlo político da «elite comunista». 

As pessoas, no Ocidente estão ainda a pensar em termos de ontém, ou mesmo, de antes-de-ontém. Não veem que, para se perpetuar o sistema capitalista no Ocidente, informatizado, digitalizado, robotizado, elas terão de se submeter à intensificação da exploração, que implica precariedade, dependência aos mecanismos assistenciais e a completa destituição social para os 90%, enquanto uma reduzida classe média irá servir os interesses da classe neofeudal, os 0.01%.

Esta classe neofeudal não terá muitas das características da classe feudal histórica: Não haverá ligação à terra, às grandes propriedades agrícolas; não haverá títulos de nobreza hereditária, embora as fortunas passem de geração em geração. Mas será uma nova classe feudal e a sociedade estará em breve debaixo deste novo feudalismo, pois as pessoas comuns terão perdido qualquer réstea de liberdade de movimentos, qualquer hipótese de determinar a sua carreira ou profissão, apenas terão escolha (se isso se pode chamar assim) entre serem assistidos crónicos, recebendo o mísero rendimento universal, o mínimo de subsistência na nova sociedade, ou submeterem-se a condições de exploração máxima, competindo com robots e algorítmos de IA, escravos-assalariados num dos gigantescos conglomerados mundiais que acumulam produção, serviços e comércio, como já se verifica na Coreia do Sul, com os "Chaebol" (Samsung, Hyundai, LG...).

Isto não é sequer a descrição de um futuro sombrio. Porque é o presente; está o mundo encaminhado nesta direção, quer queiramos quer não. Algumas regiões do mundo mostram-nos o seu presente, que será também o nosso, no futuro próximo. As muitas variações superficiais escondem a uniformidade do modo de agir e de explorar  os recursos, humanos e naturais. 

A capacidade das pessoas comprenderem o que se está a passar é sempre muito limitada. Na melhor das hipóteses, conseguem delinear as tendências principais. Mas, não podem socorrer-se duma teoria, seja ela qual for. A razão disto, é muito simples: os dados de que uma pessoa, ou um grande número de pessoas, dispõe sobre o presente, são limitados; há dados que pura e simplesmente não estão disponíveis, seja intencionalmente ou não. Há até elementos de informação não disponíveis, porque os investigadores das áreas de economia, sociologia, etc, não os consideram relevantes. Mas, alguns deles serão relevantes, apesar da opinião dos «especialistas». 

Por outro lado, é sempre necessário um certo recuo histórico para se ter uma ideia geral da evolução social e económica. Não podemos fazer «história do presente», isso é somente a projeção da nossa ideologia sobre as ocorrências que se podem observar. Então como encarar a atual transformação? Como encontrar o fio condutor para se avaliar as evoluções possíveis?

As grandes transformações saem sempre fora dos modelos estabelecidos. Nada do que é realmente novo se pode plasmar numa realidade do passado. Quando se usa o termo «neo-feudalismo», é porque há aspectos superficiais que evocam o período feudal, mas sobretudo porque não se conseguiu compreender a lógica do supermonopolismo que se vem afirmando em diversas partes do globo.

Os arautos do capitalismo, por mais que possuam títulos académicos, apenas reproduzem a lenga-lenga «da sociedade de livre concorrência», do «livre mercado». Porém, esta visão está longe de corresponder à realidade. 

O que um grande grupo capitalista atual faz, é tentar minimizar a concorrência, a todo o custo e por todos os processos. Desde a influência no aparelho de Estado, para colocar em inferioridade os seus concorrentes, às fusões e aquisições, para neutralizar o potencial de crescimento doutras empresas operando no mesmo sector, ou ainda outras e diversas táticas, envolvendo patentes, ou redes exclusivas de distribuição, etc. Se estudarmos - no concreto - a estratégia dos grandes grupos, vemos que sua máxima preocupação é conseguir uma situação de monopólio no mercado e, uma vez conseguida, mantê-la,   usando toda a panóplia de meios legais e ilegais, para liquidar toda a concorrência, logo à nascença, se possível.

A sociedade capitalista atual será portanto caracterizada pelo domínio estratégico de grandes conglomerados, monopolizando setores inteiros ou, nalguns casos, partilhando o mercado apenas com um, ou com poucos concorrentes, em duopólio ou oligopólio

Nesta sociedade, algumas atividades são deixadas a empresas familiares ou outras, porque não desempenham papel relevante para o controlo estratégico dos mercados. Mesmo nestes casos, difundiu-se o sistema de  «franchising» ou seja, a exploração por concessionários, com a empresa-mãe a controlar tudo o que é produzido e recebendo uma renda, pelo facto do concessionário ter autorização para usar a marca prestigiosa.

Nesta sociedade, a produção em massa será abundante e barata: o trabalho humano será quase nulo e servirá somente para controlar os robots em ação. Uma cadeia de montagem de automóveis - atualmente - corresponde ao novo paradigma, onde quase tudo está robotizado, sendo a parte humana confinada a duas áreas: a concepção dos modelos, assistida por algorítmos de IA; e o controlo do produto saído da cadeia de montagem, também este assistido por computadores utilizando IA.

Numa sociedade com caraterísticas socialistas ou igualitárias, o mesmo processo de produção iria permitir que os seus membros tivessem ócios maiores; as pessoas trabalhariam apenas 4 horas por dia, 5 dias por semana, por exemplo. Numa sociedade onde o bem-estar das pessoas é uma preocupação central, a robotização seria algo muito positivo: Iria livrar os humanos da execução de trabalhos perigosos, insalubres, fatigantes, ou repetitivos. Mas numa sociedade onde as assimetrias sociais se extremaram, isso não irá passar-se assim. Dum lado, os  multimilionários, do outro, pessoas destituídas, relegadas aos trabalhos pouco ou nada prestigiosos... Nesta sociedade, a robotização, a generalização da IA, irá servir para acentuar as condições de exploração e de submissão dos assalariados. Estes, não terão boas condições de vida, serão menos considerados que os robots, tanto mais que haverá um abundante «exército de reserva» de desempregados, ou de ultra-precários.

As condições objetivas da transição para uma sociedade de tipo socialista estão reunidas e isto não é de agora. No final do século XIX, já se podia claramente afirmar a mesma coisa. Certamente, as condições concretas de produção eram totalmente diferentes, das de hoje. Mas o fundamental estava realizado, tanto no passado, como hoje: A existência dum excedente, do qual os produtores podiam beneficiar ( se conservassem o fruto do seu trabalho), permitindo-lhes ter uma vida digna, ao abrigo das carências vitais. 

Hoje, as condições objetivas existem, embora não pareça ser o caso, porque enormes quantidades da riqueza social produzida são constantemente desviadas para o usufruto exclusivo dos oligarcas parasitas, ou para construções faraónicas dos Estados, os quais estão controlados pela oligarquia e não pelo povo.

A transformação para um tipo real e realizável de socialismo é sobretudo obstacularizada pela campanha permanente, contra tudo o que - no passado e no presente - se aproxime do modelo socialista. Os  próprios (nominais) defensores do socialismo, por vezes, têm contribuído para desprestigiar este modo de produção, junto dos trabalhadores. 

A batalha pelo socialismo faz parte de uma luta multissecular, que implica - antes de mais - uma ética própria, que tem de se desenvolver nas fileiras dos que efetivamente desejam o socialismo. Para um modelo destes ser realizável, é preciso que existam estruturas sociais, como cooperativas, comunas (rurais ou urbanas) e associações de tipo igualitário, que irradiem uma cultura diferente e apelativa. A atração por outro modo de vida e por relações sociais mais satisfatórias a todos os níveis, tem de ser essencialmente através do exemplo. Só assim se poderão vencer os preconceitos e campanhas difamatórias dos propagandistas pró-capitalistas. 

segunda-feira, 24 de março de 2025

PORTUGAL, «O COLAPSO EM CÂMARA LENTA»

 No vídeo seguinte são apontadas algumas das graves disfunções, que têm sido responsáveis pela crise. Esta tem sido mais longa e mais profunda que noutros países europeus. Na realidade, conjugam-se três crises, ou três componentes de uma mesma crise estrutural: demográfica, económica e social.

Na realidade, as raíses do fenómeno português podem ser procuradas bem longe, na História. Porém, no relativo curto prazo, situo a deriva agravada a partir do ano de 2015 quando, saído de uma grave recessão e com num processo anémico de crescimento, o país foi governado pelo centro-esquerda, tendo antes estado entregue ao centro-direita. 

Na realidade, trata-se de duas versões da classe dominante. Esta burguesia local tem estado vassalizada - principalmente - aos senhores da UE, à Comissão Europeia e aos governos dos países mais fortes (Alemanha e França sobretudo). 

A opção do governo P«S» de Carlos Costa, foi de  dar rédea larga à exploração de curtíssimo prazo resultante da bonança momentânea com o turismo, criando condições para uma enganadora retoma económica. Enganadora, pois não se baseava em desenvolvimento estratégico, como seria o caso, se houvesse real investimento em infraestruturas e em formação. Mesmo nos sectores «dos ovos de ouro», turismo e imobiliário, não havia real estratégia. O imobiliário foi entregue a empreendores exclusivamente virados para a construção ou reabilitação de elevados custos finais, destinada à fina camada de portugueses endinheirados e -sobretudo - aos muitos estrangeiros, principalmente da UE, mas também dos EUA, do Brasil, da China, etc. Estes superricos viam a compra de imobiliário em Portugal, como sendo um investimento com boas hipóteses de valorização. Era também avaliado este país como sendo «seguro», em termos de proteção da propriedade capitalista. 

Com a crise do COVID primeiro e depois com a deterioração do clima económico na UE, entrou-se em recessão. Esta, tem sido negada pelas estatísticas enviesadas. Mas, as condições precárias dos não-beneficiários com o «mini-boom» turístico, foram tornando-se cada vez piores. Muitos partiram para o estrangeiro, sobretudo jovens, como está documentado no vídeo. Mas, esta emigração em massa só trouxe prejuízo ao país, pois acentuou a condição de país exportador de mão-de-obra e cuja juventude - altamente qualificada- por falta de emprego adequado, é obrigada a fazer carreira no estrangeiro (a «drenagem dos cérebros» ou «brain drain»). 

A dependência estrutural de Portugal não é uma fatalidade, porém:

 Portugal possui boas condições naturais, climáticas e geográficas, para arrancar para um desenvolvimento autónomo. Mas, para isso, seria necessário que a camada dirigente dos partidos de governo tivesse uma perspectiva patriótica. Ora, esta camada é totalmente o oposto: sofre dum complexo de inferioridade face ao estrangeiro, em todos os setores do espectro político: de direita, de centro e de esquerda. O mais frequente, é digladiarem-se para arrancar mais benesses ao Estado, através do controlo da media de massas. 

A casta governante está inteiramente devotada aos interesses corporativos; sua sujeição canina ao imperialismo e à OTAN, são outro sinal claro disso.




sábado, 22 de março de 2025

CRÓNICA DA IIIº GUERRA MUNDIAL, Nº41: O EUROPEÍSMO DESCONCERTADO REVELA SUA VERDADEIRA FACE

Uma interessante discussão sobre o militarismo, por Michael Roberts:  

https://thenextrecession.wordpress.com/2025/03/22/from-welfare-to-warfare-military-keynesianism/



Meu comentário:

Tenho ideia de que o «Keynesianismo de guerra» foi positivo na altura da 2ªGuerra Mundial, sobretudo para os EUA, pois ajudou a derrotar os poderes do Eixo e simultaneamente foi a saída para a longa e terrível depressão na economia americana e mundial, que durou de 1929 a 1941, mais de uma década.

Mas, em consequência do Mundo resultante do fim da IIª Guerra Mundial, nomeadamente, a formação do bloco soviético, o império americano quis manter as suas indústrias de guerra intactas para derrotar os soviéticos e seus aliados...Assim, nos anos 50 e 60 as despesas de guerra continuaram, não havendo reconversão significativa das indústrias de guerra (sobredimensionadas, mesmo para o contexto da então nova guerra-fria). Depois, o Complexo Militar Industrial foi tomando mais e mais poder na política, na administração, no Pentágono, na CIA, etc, até que, definitiva e totalmente, tomou conta dos assuntos correntes (a última tentativa para derrotá-lo, foi devida a JFK…).

Nos dias de hoje, não existe possibilidade prática, num lapso de tempo inferior a dez anos, das indústrias militares - presentes e futuras - da UE atingirem um nível remotamente semelhante ao que possuem, tanto a China, como a Rússia (e estes são dois aliados de facto). Este atual entusiasmo militar é baseado em tomar seus desejos pela realidade (wishful thinking), por pessoas que estavam tão seguras do apoio americano, que nunca encararam a possibilidade deste apoio acabar, como está acontecendo agora.
Porém, uma despesa «furiosa» de rearmamento, a ter lugar, irá arruinar todos os países da UE; será um suicídio económico e social. Sendo assim, cabe aos povos europeus acordarem, verem como foram enganados e tomarem seu destino em suas próprias mãos, varrendo a clique militarista, parasitária e oligárquica que domina a UE.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

O PROBLEMA COM O 'DINHEIRO'... NÃO É O DINHEIRO [CHARLES HUGH SMITH]

 

Para muchas mentes, la solución a nuestros problemas económicos centrales es volver a  un dinero sólido  a través del patrón oro, en el que el oro respalda todas las monedas, o sustituyendo el oro por bitcoin, es decir, el bitcoin se convierte en la  moneda del reino .

A menudo he sostenido que  si no cambiamos la forma en que se crea y distribuye el dinero, no habremos cambiado nada.

Pero el dinero es complicado, y esto introduce el koan del título de este post:  El problema con el dinero no es el dinero .  La mente humana prefiere la simplicidad a la complejidad, y por eso tendemos a buscar soluciones simples a problemas complejos. A veces las soluciones simples funcionan con una eficacia casi mágica, pero otras veces generan nuevos problemas que no previmos, problemas que complican nuestra solución simple.

Como explicó David Graeber en su libro  Deuda: Los primeros 5.000 años , el problema con el dinero no es lo que se declara  moneda del reino , sino todas las formas de dinero que no son monedas ni efectivo, es decir, el crédito, también conocido como deuda, que como documenta Graeber, ha sido "dinero" desde que comenzó el comercio.

Si vamos al grano, el problema del dinero se reduce a:

1. No hay suficiente  dinero en el reino  para financiar todas las actividades que todos quieren llevar a cabo.

2. La mayor parte de la  moneda del reino  pertenece a los ricos, fuera del alcance de los plebeyos que intentan mejorar su nivel de vida.

3. Independientemente de lo que se declare  moneda corriente , el Wetware 1.0 humano generará burbujas especulativas y pánicos desastrosamente destructivos.

Si se declaran las conchas de almejas como dinero, las conchas de almejas serán "invertidas" (es decir, apostadas) en especulaciones que amasan fortunas para unos pocos y arruinan al resto.  Las extraordinarias manías especulativas y la ruina resultante de las burbujas de los Mares del Sur y de los tulipanes ocurrieron en   economías  de dinero sólido . El dinero sólido  no inhibió el surgimiento de burbujas y las crisis resultantes, ni tampoco limitó las depresiones y los pánicos que caracterizaron el siglo XIX. El problema en Estados Unidos en 1800 era sencillo: no había suficiente oro y plata en circulación para impulsar el inmenso esfuerzo por aumentar la producción y el comercio.  Si  el dinero sólido  es limitado y gran parte del que existe está en manos de los ricos, entonces la economía del 95% más pobre no puede expandirse. He aquí la realidad económica que  el dinero sólido  no puede resolver:  los ricos heredan  dinero sólido , o poseen monopolios o empresas que generan  dinero sólido.



, pero los plebeyos sólo tienen su trabajo para vender, y el valor de ese trabajo lo fijan las fuerzas del mercado, de modo que pocos pueden ganar lo suficiente para acumular ahorros suficientes para iniciar una empresa o comprar un activo en efectivo.

Los ricos aman  el dinero sano , los pobres aman  el dinero en circulación y el crédito  porque son los únicos medios que tienen para aumentar la producción y el comercio.  Ésta es la lección de la historia: se emitió papel moneda en China porque no había suficiente oro y plata en circulación para estimular el comercio y la producción cotidianos.

En otros reinos, se emitían monedas de cobre para las transacciones cotidianas, ya que no había suficiente oro y plata en circulación para que la gente promedio pudiera tenerlos en sus manos.

La escasez de oro y plata no era sólo un problema para los plebeyos que buscaban aumentar la producción y el comercio; También era un problema para los gobiernos,  ya que los plebeyos no podían pagar sus impuestos en oro o plata porque no tenían. Los impuestos debían pagarse  en especie , es decir, con grano o con alguna otra forma de "dinero" que no fuera oro o plata.

En la Edad Media, la escasez de oro y plata condujo a la creación de un vasto sistema de crédito comercial en el que el papel era "dinero".  En la terminología actual, los comerciantes emitían  órdenes de compra  y organizaban el comercio mediante pagarés en poder de intermediarios confiables que podían comercializarse como "dinero" antes de la liquidación.

Así, si acordábamos intercambiar una carretada de madera por ropa de lana, el intercambio real de esos bienes se produciría en una de las grandes ferias comerciales. Mientras tanto, podría intercambiar (vender) el pagaré prometedor de la madera a otro comerciante y utilizar las ganancias para realizar otras actividades comerciales. En el comercio justo, las mercancías se intercambiaban y el "dinero" creado por los billetes desaparecía.

En otras palabras, la gran mayoría del comercio se hacía posible gracias al crédito, no  al dinero sólido .  Si el comercio se hubiera restringido únicamente al  dinero sólido , entonces habría habido muy poco comercio y, por lo tanto, pocas oportunidades para que la gente común saliera adelante.

El crédito también es “dinero”.  Esta es la realidad que los defensores del  dinero sano  pasan por alto. La mayor parte del "dinero" en cualquier sistema es crédito o moneda fiduciaria: las dinastías chinas emitieron papel moneda "fiduciario" por necesidad, así como los regímenes antiguos emitieron monedas de cobre de bajo valor para servir al mismo propósito, y los comerciantes a lo largo de la historia han utilizado el crédito comercial como "dinero".

Uno podría imaginarse que el Imperio español, financiado por su flota de tesoros de plata del Nuevo Mundo, no tenía necesidad de crédito. Pero uno estaría equivocado. La inundación de plata amplió la oferta de "dinero", y el resultado fue predecible: el valor del "dinero" de plata cayó en consecuencia.

El Imperio libró tantas guerras simultáneamente que tuvo que pedir grandes préstamos a los banqueros holandeses. Sus enormes ingresos de  dinero sano  no le impidieron endeudarse demasiado.

A principios del siglo XIX, los estadounidenses estaban desesperados por obtener crédito para expandir la producción y el comercio , por lo que los bancos surgieron y quebraron con una regularidad alarmante. Recordemos cómo funciona el crédito bancario. El banco acepta depósitos en efectivo y presta un porcentaje del efectivo con intereses como medio necesario para generar ingresos para cubrir los costos de funcionamiento del banco: alquiler, empleados, etc., y generar una rentabilidad para los propietarios.

En el curso normal del comercio diario, mantener el 25% del efectivo para los clientes que retiran el efectivo depositado es más que suficiente. Pero entonces surge el pánico financiero y todos los clientes corren al banco para retirar la totalidad de sus ahorros. El banco no tiene suficiente efectivo, por lo que recurre a todos sus préstamos. Los prestatarios no tienen dinero en efectivo para devolver el préstamo, por lo que están en quiebra. El banco no tiene suficiente efectivo para cubrir todas las demandas de retiro, por lo que quiebra y los depositantes que no estaban primeros en la fila pierden su dinero.



Ya ves, el problema con el dinero no es el dinero en sí, sino el crédito, el hambre de la humanidad por especular y mejorar el nivel de vida y la necesidad de emitir crédito y otras formas de "dinero" para aceitar el comercio y aumentar la producción.

Cómo satisfacer las necesidades de crédito y de "dinero" en circulación y limitar los efectos negativos de las burbujas especulativas y los pánicos son los problemas que los bancos centrales fueron creados para resolver. El dinero sólido -la moneda del reino a lo largo de la historia- genera su propio conjunto de problemas y no elimina las burbujas especulativas y los colapsos ni la destrucción causada por los pánicos.

El problema con el dinero es que es complicado. Está vinculado no sólo con el valor de la escasez y la oferta y la demanda, sino con la psicología humana y con todo, desde la necesidad de recaudar impuestos hasta la distribución de Pareto, que dicta que el 80% de toda la riqueza (propiedad y todo el dinero sólido) terminará en manos del 20% más rico, dejando al 80% más pobre con pocas oportunidades de mejorar su suerte.

Los ricos poseen el dinero sólido y los pobres que quieren progresar necesitan crédito para financiar sus intentos de mejorar su suerte.

Cuando las burbujas especulativas estallan, la ruina resultante no se puede evitar. Los problemas del dinero no se pueden reducir a una solución simple


domingo, 16 de fevereiro de 2025

ALIANÇAS DE INVESTIGAÇÃO ESPACIAL DA CHINA COM NAÇÕES DE ÁFRICA



Pequim possui 23 acordos espaciais bilaterais com nações africanas, incluindo financiamentos para construção de satélites e instalações terrestres de recolha da imagens e dados. No ano passado o Egípto, a África do Sul e o Senegal decidiram colaborar com a China com vista uma futura base lunar.

Para ler artigo integral consulta REUTERS  

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«Nos arredores do Cairo, um laboratório espacial de última geração destina-se a ser o primeiro em África a produzir satélites localmente construídos.

O primeiro satélite desta fábrica, descrito como o primeiro jamais construído por uma nação africana, foi aí montado e lançado a partir dum aeroporto espacial em Dezembro de 2023.

O laboratório de satélites egípcio é somente parte do programa espacial desenvolvido pela China no estrangeiro. Pequim está a construir alianças espaciais em África, para melhorar a sua rede global de satélites e converter-se assim em potência espacial de primeira grandeza. 
A China anunciou publicamente uma grande parte desta assistência espacial aos países africanos, a qual inclui satélites, telescópios de vigilância espacial e estações terrestres.  Pequim terá acesso aos dados e imagens recolhidos por estes satélites. Haverá continuidade de assistência, por técnicos e cientistas chineses, para lá da entrada em funcionamente das instalações nos arredores do Cairo.
A fábrica de satélites, que començou a operar em 2023, faz parte dum complexo de tecnologia espacial oferecido pela China ao Egipto nos últimos dois anos. Entre as transferências tecnológicas anunciadas publicamente, menciona-se o novo centro de monitização do espaço. Este possui dois telescópios muito poderosos e controla dois satélites de observação terrestre, lançados em 2023. Um destes foi montado no Egípto e o outro fabricado exclusivamente na China. Nesse ano de 2023, terá sido lançado um terceiro satélite de fabrico chinês, capaz de realizar vigilância de nível militar.

As instalações da Space City são a peça central do complexo construído cerca de 30 km a leste do Cairo, próximo da nova capital administrativa, em construção. 
O presidente egípcio Abdel Fattah El-Sisi tem desenvolvido laços com a China nos últimos anos, incluindo acordos sobre infraestruturas e sobre energia no âmbito da Iniciativa Belt and Road.»



Nações Unidas apontam parceria China-África como “um pilar da Cooperação Sul-Sul”