Mostrar mensagens com a etiqueta neofeudalismo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta neofeudalismo. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

«IN GOD DOLLAR WE TRUST» ?

 

                                    Nova Iorque: Empire State Building visto no ocaso


                       Gráfico retirado dum artigo de A. Mcleod, que pode consultar AQUI

Nós somos matraqueados permanentemente com a «força do dólar», em relação às outras divisas ocidentais, pelo menos, as que têm maior peso tanto no comércio, como enquanto membros de SDR,  a famosa «divisa» artificial, que é (de facto) um cabaz de divisas, usado na contabilidade interna do FMI.  Mas, o comércio e a participação dos países nas trocas globais não se resume ao «Ocidente». Este conjunto de países é denominado assim, embora devessem ser designados por aquilo que - de uma forma, ou de outra - são: Constituem os mais fieis aliados (ou vassalos) dos EUA; os países de língua inglesa (Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, Canadá e EUA), a Europa da União Europeia, o Japão, a Coreia do Sul e pouco mais (cerca de 15% da população mundial).

O sistema de Bretton Woods, foi instaurado quando os EUA eram a potência tecnicamente vencedora da 2º Guerra Mundial. A URSS e muitos outros países que lutaram contra as potências do Eixo (Alemanha hitleriana e potências suas aliadas) estavam de rastos. A sua vida económica e social sofreu de tal maneira, que não estavam muito melhor que os países vencidos (Alemanha, Japão, Itália, e outros.)

Assim, quando foram assinados os acordos de Bretton Woods em 1944, e nos anos imediatos, os EUA dominavam o comércio mundial (cerca de 50% deste), possuíam a maioria das reservas de ouro em bancos centrais (cerca de 70 % do ouro guardado nos bancos centrais) e tinham uma infraestrutura industrial intacta e em plena expansão. 

Um sistema de Bretton Woods não poderá voltar a ser reinstalado, não porque seja impossível reinstaurar um padrão-ouro (embora seja uma má solução), mas porque não existe nenhuma potência com o poderio hegemónico dos EUA à saída da IIª Guerra Mundial.

Um futuro multipolar será sempre mais instável, que um futuro unipolar. Mas, um sistema global unipolar não dará a um conjunto de países, possuindo a maioria da população mundial e dos recursos em matérias-primas, a possibilidade de fazerem valer os seus interesses e de poderem negociar em termos aceitáveis, a sua participação no comércio, no investimento e na repartição do bem-estar individual e social, ao nível mundial. Por muito injusto que seja um mundo multipolar, como o foi em diversos períodos da História, para aqueles povos submetidos a um império ou a uma nação mais forte,  nada se compara com a força bruta e a ausência total de consideração pelos direitos e pela dignidade dos mais pobres, num império mundial único, hegemónico. 

O império liderado pelos EUA tem demonstrado isso, neste pequeno intervalo de tempo, que vai da implosão da União Soviética (1991), até hoje. No entanto, reveste o seu desprezo absoluto, com a hipocrisia típica da civilização de comerciantes, aventureiros e donos de escravos - que foram os impérios Português, Espanhol, Britânico, Holandês - especializados na guerra de razia e de rapina, que foi o modo como se expandiram e enriqueceram estas potências coloniais desde o século XVI até hoje. 

Não é por o comércio internacional ser feito em tal ou tal unidade de valor, vulgo «moeda», que a troca é mais ou menos desigual. Desde Ricardo, que se reconhece que determinadas nações têm determinadas vantagens competitivas, no comércio internacional, em relação a determinados produtos industriais, agrícolas ou minerais. É sobretudo o preço do trabalho que conta, por agregado. Assim, os países onde o trabalho é mais barato, foram aqueles que receberam as indústrias deslocalizadas dos países industriais tradicionais, os países europeus ocidentais e os EUA, sobretudo. 

Mas o globalismo, ideologia associada ao neoliberalismo, está completamente posto em causa. Este globalismo «reinou» durante um curto período, em que as potências industriais europeias e norte-americanas exportaram as suas indústrias para beneficiarem da mão-de-obra barata dos países ex- coloniais, ou que tinham uma grande diferença no seu grau de desenvolvimento. Estes países, entretanto, fortaleceram-se e tornaram-se mais capazes de impor suas condições a países outrora dominantes. 

Esta mudança entra em colisão com a mentalidade colonialista e imperialista, das classes dirigentes dos países ocidentais, que também se transmitiu a extratos explorados desses mesmos países.  Órfã de uma instância política que formalmente a representasse, a classe trabalhadora dos países do Ocidente virou-se para os demagogos de extrema-direita, ou confinou-se na rejeição da política. O abstencionismo crónico tem sido maior na classe trabalhadora marginalizada,  do que na «classe média», ou classe trabalhadora integrada, que tradicionalmente vota à esquerda.

Do ponto de vista do império dominante, este já percebeu que é demasiado tarde para inverter a tendência global. Trump não foi bem sucedido, porque - em parte - não conseguiu o entusiasmo interclassista e patriótico que ele esperava para a sua campanha de fazer regressar as indústrias ao solo americano. Sem dúvida, ele foi sabotado pelo «establishment» de Washington, mas também não conseguiu uma adesão significativa dos setores da indústria, ditos «high-tech», tecnológicos. 

As mutações do sistema monetário são sempre consequência de um duplo jogo de forças: As forças relacionadas com o capitalismo mais dinâmico - hoje, a China e outros países asiáticos, principalmente - por um lado, e por outro, com a capacidade militar global: Sabe-se que as simulações duma guerra Russo-Chinesa / Americana (NATO), realizadas no Pentágono, deram invariavelmente resultados negativos para as forças americanas e suas aliadas. 

Assim como a arquitetura de Bretton Woods foi consequência da prevalência dos EUA no comércio, indústria, finanças e domínio militar, após a IIª Guerra Mundial; também a nova arquitetura global do sistema monetário terá de refletir a realidade das trocas comerciais, das forças produtivas, das capacidades de defesa e da inovação tecnológica, que os diversos atores mundiais terão alcançado, na atualidade. 

O facto de o dólar surgir como «forte», em relação a outras moedas ocidentais não significa que a divisa dos EUA continue a possuir a mesma prevalência mundial. Existe uma diminuição significativa das trocas efetuadas em dólares, numa parte importante do Mundo, o que significa que há rutura, face ao período de trocas efetivamente mundializadas. Significa que os países da esfera político-económica do dólar, estão encerrados numa de matriz de tipo neocolonial em que a potência dominante tem a possibilidade (e exerce-a) de dizer o que esses países devem comerciar e com quem, com que tipo de mercadorias e com que formas de pagamento. O sistema de sanções montado pelos EUA é muito astuto, no curto prazo, porém a impossibilidade das empresas europeias comerciarem com países possuidores de grandes reservas de energia (como o Irão) ou com a Rússia e China, que possuem certos produtos praticamente insubstituíveis, no curto prazo (certos metais, como o titânio, ou terras raras, ou ainda, os «microchips»), traduz-se numa perda de competitividade  da União Europeia, nos mercados mundiais. Isto é válido para todos os seus membros, em especial, para o gigante industrial, a Alemanha.

Por contraste, os países dos BRICS+ e das Novas Rotas da Seda têm reais perspetivas de desenvolvimento, de alargamento dos mercados. Os países da «velha Europa» não estarão em condições de competir, devido à diminuição da sua parte nos mercados, ao acréscimo de custos de produção e devido à «mão de aço» da potência «hegemónica regional» , os EUA. Por enquanto, estes comportam-se como o senhor feudal (o suserano) em relação aos vassalos. 

Mas, embora o feudalismo tenha durado alguns séculos, o novo feudalismo dos EUA, perante outro sistema multipolar, não poderá manter uma «hegemonia regional», durante muito tempo. Uma tal situação é intrinsecamente instável, não poderá durar mais do que alguns decénios.

----------------------

(1) O  «SDR» significa Special Drawing Rights, em português, Direitos de Saque Especiais.

--------------------------------------------------------------------

PS1: Para compreenderes a estratégia globalista em todas as suas vertentes, lê:

https://www.globalresearch.ca/globalist-cabal-meets-again-prepare-world-domination/5805836

PS2: Os dementes que estão no poder não se importam que seja desencadeada uma guerra nuclear; por outro lado, os povos estão de tal maneira doutrinados, que não percebem realmente o que representa a generalização do conflito Rússia/Ucrânia.  

https://caitlinjohnstone.com/2023/01/25/hardly-anyone-is-thinking-logically-about-the-risk-of-nuclear-war/

segunda-feira, 7 de junho de 2021

[EUROPEAN MEDICINES AGENCY] MORTES E REAÇÕES ADVERSAS DAS VACINAS ANTI-COVID

 


PERANTE UM QUADRO QUE SE VAI AGRAVANDO MÊS APÓS MÊS, parece-me absurdo e criminoso que se continue a insistir em campanha para vacinar toda a população.

Esta insistência não tem nada que ver com saúde pública, porque as pessoas que tomam as decisões não podem ignorar estes números. 

Se elas vêm argumentar que «o efeito de não fazer vacinar em massa a população e deixar o COVID espalhar-se seria bem pior», é completamente falacioso. Basta ver o exemplo do Texas, da Flórida, e de muitos outros lugares onde ANTES de haver uma percentagem significativa de pessoas vacinadas, a epidemia estava naturalmente debelada, pelo efeito da imunidade natural (cerca de 50% das pessoas), ou da imunidade nas pessoas infetadas e curadas.

O argumento de que «há muito mais mortes por COVID, do que por acidentes de vacinas contra o COVID», também não passa duma falácia: Com efeito, a grande maioria das pessoas que morreram DEPOIS DE VACINADAS*, estavam bem antes de serem vacinadas. 

Nunca deveria ser dada a vacina a pessoas jovens e saudáveis, muitas das quais teriam uma forma benigna da  doença «Covid-19», caso fossem infetadas. Nestes casos, está-se perante uma taxa de recuperação de cerca de 99,98 %, para pessoas abaixo dos 50 anos. 

Há aqui uma cegueira induzida no público, que foi sujeito a psicose coletiva, com a campanha terrorista mediática mais violenta de sempre, de que somos testemunhas. 

Esta situação vai continuar a criar a divisão entre as pessoas: as que estão conscientes dos riscos e resistem a ser inoculadas com as «vacinas» experimentais e as outras. 

Um regime de apartheid vacinal está a instalar-se com a iniciativa ativa de governos, parlamentares europeus e entidades públicas, com a passividade do público (enganado e aterrorizado).

A instalação da inquisição dos «fact-checkers», que censuram tudo o que seja contra a ortodoxia decretada pelos patrões (da Facebook, Twitter, Youtube/Google, etc.) mostra, a quem ainda tivesse dúvidas, que os globalistas estão a instalar um regime totalitário.

O mais espantoso é que os «think-thanks» mais conservadores, mesmo quando disfarçados de proponentes da «revolução verde» (como o Fórum Económico de Davos, e outros) estão claramente a anunciar que pretendem impor ao Mundo a Sua Grande Reiniciação e isto, sem sofrerem oposição significativa a essa «Nova Ordem Mundial».

A não denúncia deste estado de coisas, incrimina todas as forças políticas, mas em particular, à esquerda. Uma certa esquerda, que gosta de posar em defensora da paz, dos trabalhadores e dos povos oprimidos. 

Já noutro momento histórico crítico ela consentiu nos piores ataques aos trabalhadores, aos povos: Nas vésperas e no início da Iª Guerra Mundial. Infelizmente, não foi caso único, remeto as pessoas para a História do Século XX. A esquerda, hoje, está a fazer uma nova capitulação, pelo menos tão grave como a de 1914.

O significado disto tudo ainda está obscuro para muitos. Daqui a uns anos, talvez seja claro como água. Mas, isto não é um jogo intelectual, pois estão a ser desenvolvidos novos instrumentos de domínio sobre os povos pelas oligarquias mundiais

Quanto mais o tempo passa, mais fico preocupado com a inércia, a cobardia de certas pessoas líderes de opinião, intelectuais cuja voz seria de certeza ouvida,  perante os crimes e a «húbris» dos poderosos. Muitos, estão mesmo ocupados a «matar» os mensageiros das más notícias, em vez de «matar» os responsáveis destes horrores. 

Se as pessoas não acordam e não reagem, o mal que deixam que se agrave, por inação, irá repercutir-se sobre toda a sociedade, com particular acuidade, nos jovens e nas crianças. 

Haverá uma grande diminuição da fertilidade das pessoas mais jovens (tanto masculina, como feminina), além de que todas as gerações são afetadas pelo neo-feudalismo, pela ausência  - na prática - das liberdades e o total desrespeito pelos direitos humanos mais elementares.

 As conquistas sociais e cívicas perdidas são muito difíceis de ser recuperadas. 

-----------

* Os níveis de efeitos adversos (incluindo morte) admissíveis em vacinas, são muito mais estreitos, segundo a Agência Europeia do Medicamento, do que os que vigoram para medicamentos, pois estes últimos têm como função tratar pessoas doentes,  enquanto as vacinas são dadas a pessoas em boa saúde. A falácia consiste em comparar o que não é comparável.

-----------

PS: Veja o vídeo seguinte para detalhadas explicações

COVID-19 Criminality - Prof. Michel Chossudovsky

--------------------

PS2: Prof. Bakhdi : As autoridades que aprovaram estas «vacinas» deveriam todas ser processadas em tribunal e deveria ser na Haia (sede do Tribunal Internacional dos Direitos Humanos)


---------

PS3: Artigo que dá a CONTABILIDADE nos EUA dos casos de doença pós-vacina, incluindo pessoas infetadas  com SARS-Cov-2, DEPOIS de plenamente vacinadas; cita-se também a ocultação feita pelo CDC:

https://www.globalresearch.ca/covid-hospitalizations-deaths-vaccinated-more-than-triple-one-month-cdc-reports/5747233


PS4: O dr Zelenko designa a vacinação obrigatória de crianças «experimentação coerciva em humanos» e «crimes contra a humanidade»

Zelenko Protocol discoverer Dr. Vladimir Zev Zelenko MD today called child vaccine mandates “coercive human experimentation,” calling for those responsible for such policies to be tried for “crimes against humanity.”

“According to the CDC, healthy kids 18 or younger have a 99.998% rate of recovery from COVID-19 WITHOUT any treatment,” Zelenko told America’s Frontline Doctors (AFLDS). “There is NO medical necessity for any vaccines. Especially, an experimental and unapproved mRNA injection that has shown to have many dangerous side effects.”

He continued: “Any government or individual that forces or mandates children to get this experimental injection is in direct violation of the Geneva convention’s prohibition against coercive human experimentation.

“These are criminals of the highest order and must be brought to justice for crimes against humanity.”

Dr. Zelenko has accused the government of the State of Israel of using “coercion against its own citizens to force them into human experimentation,” urging a halt to the campaign.

“The Israeli government uses coercion against its own citizens to force them into human experimentation,” he said. “Green passports are a tool of discrimination and exert an unconscionable amount of psychological pressure on innocent people.

“Informed consent has been disregarded and medical necessity is not considered. Therefore, young and healthy people and those who already have antibodies are still being forced into an experimental medical intervention that they do not need.”

He continued: “Israeli government – stop shooting microscopic missiles into the bodies of your innocent and non-consenting citizens.

“Proceed with caution, stop human experimentation, and gather more safety and efficacy data BEFORE using new and unapproved technology.”

Dr. Zelenko has been included in a group of doctors nominated for the Nobel Peace Prize for their role in addressing the coronavirus pandemic.

He achieved worldwide prominence for treating COVID-19 patients with hydroxychloroquine and zinc, finding that mortality dropped 8-fold with use of those two substances. He says treatment with hydroxychloroquine and zinc within the first 5 days reduces death rates by 85%.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

[Entrevista a Catherine Austin Fitts] «PLANETA CARCERAL»





                                «PLANET LOCKDOWN»

O VÍDEO (ver link), com uma extensa entrevista a Catherine Austin Fitts será provavelmente ignorado, já que não pode ser negada a qualidade intrínseca da entrevistada. Assim se instala uma censura que não se assume como tal. 

Pela minha parte, considero que este será um dos vídeos mais marcantes, em todo o ano de 2021.  

O vídeo em questão* foi censurado pela «comissão de censura» do Youtube, passadas apenas algumas horas de aí ser colocado.

   *O vídeo - «Planet Lockdown» - tem cerca de 48' de duração.                                                   https://vimeo.com/497799299

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA, PARTE VIII

 [ver aqui parte VII e anteriores neste blog]

 Estamos a mergulhar numa distopia (= utopia negativa). 

Mas, para que tal ocorresse, era necessário que os senhores feudais obtivessem a submissão dos vassalos. 

A submissão vem apenas pelo medo. Assim, conseguem submeter a multidão, embora esta tenha realmente a capacidade para mudar isto tudo, para derrotar os senhores feudais e construir uma sociedade onde cada um tenha (de novo) poder sobre sua própria vida, seja livre e responsável.

O estribilho da «segurança» e da defesa da«saúde» de todos é constantemente tocado nos media e no discurso omnipresente do poder. 

Entretanto, as pessoas não conformes com este estado de coisas, são reprimidas com toda a dureza, até há bem pouco tempo, «apanágio» de regimes totalitários.  

Aquilo que a «Amnesty Internacional» ou «Humans Rights Watch» denunciavam (e bem) na China «comunista», agora não o fazem ou fazem-no de forma muito tímida e parcialmente, quando os atropelos se passam nos regimes «ocidentais».  

Por exemplo: 

- A maneira como são reprimidas manifestações na Austrália. 

              


- No Reino Unido prevê-se já o uso dos militares para apoiar a repressão policial; isto nem sequer é submetido ao parlamento para aprovação. 

- Em vários países da UE, são impostas mais e novas restrições (ao comércio e restauração, por exemplo), à circulação das pessoas e à sua liberdade de se relacionarem entre si.  São completamente arbitrárias e contestadas por muitas autoridades científicas. 

Já lhes caiu a «máscara da protecção sanitária», agora só lhes resta a repressão, o medo...

Tornou-se bem claro que a «pandemia » é mero pretexto para impor o «Reset» desejado pela oligarquia, pelos senhores neo-feudais

Este «reset» está em curso agora, já : reparem que a repressão e supressão das liberdades fundamentais e elementares vai de par com a destruição do pequeno comércio (em favor das grandes superfícies), das pequenas unidades produtoras de bens, que não têm as ajudas governamentais (as quais têm sido fornecidas a grandes empresas), etc. 

O desemprego - que já subiu brutalmente por todo o lado - não é muito «visível», porque a comunicação social de massa tudo faz para esconder ou menorizar esta subida. 

O número de falências vai continuar e acelerar, neste Outono e no próximo ano, com o concomitante lançamento no desemprego de mais uns milhões de trabalhadores. 

A Comissária Europeia anunciou, há dias, um «salário mínimo para todos», ou seja, um «rendimento mínimo universal», com outro nome. 

Eles, da Comissão Europeia e Conselho de Ministros Europeu, fazem isso porque sabem que não poderão aguentar a contestação resultante da perda brusca de meios de subsistência, para a maioria da população laboriosa, em toda a Europa. 

Então, antecipando o inevitável colapso, estão preparando «helicopter money». Qualquer cidadão /cidadã terá direito a receber um «salário» (perversamente, distorcem o significado da palavra salário, que significa «receber dinheiro em pagamento de trabalho»). 


Figura 1: Marco- papel, em relação ao Marco-ouro e ao dólar US, em 1923

O reverso desta medida, é que os preços ao consumidor vão inflacionar muito mais do que até agora. Isto, no cômputo geral, vai anular a capacidade aquisitiva do dinheiro, que as pessoas recebem no seu salário (resultante do trabalho) ou pensão (resultante dos descontos efectuados ao longo dos anos sobre os salários). Não podia ser mais clara a intenção de tornar a população (em especial, os trabalhadores), dependente das esmolas do governo... Assim, o povo não terá coragem de se revoltar!

Entretanto, a oligarquia vai gerindo a crise em seu proveito, convertendo os bens financeiros (acções, obrigações, participações em fundos, etc), em bens que estão fora da lógica estrita financeira. 

Por exemplo, casas arrendadas (ou arrendáveis), propriedades agrícolas, poderão dar algum rendimento, agora. Quando a crise tiver passado, seja qual for a unidade monetária, não terão sofrido desvalorização em termos reais. Valores de reserva como o ouro e a prata (em barra ou moeda), ou ainda objectos valiosos, como antiguidades e obras de arte cotadas, jóias, etc. também irão atravessar a crise, sem que seu valor desça em termos reais e, provavelmente,  até com aumento substancial, em relação ao «antes COVID». 

Os que não pertencem ao 0,01% e que têm ilusões quanto ao funcionamento do sistema, irão manter seus capitais investidos nas aplicações financeiras, embevecidos pelas subidas espectaculares das bolsas. Não percebem que não poderão retirar «as castanhas do lume» antes da grande quebra, do grande colapso. Entretanto, as subidas no mercado de acções servem para que os grandes (sobretudo, bancos e «hedge funds»)  despejem suas carteiras de títulos. Com o «cash» (dinheiro líquido) obtido, investem em metais preciosos, ou em minas de onde estes são extraídos, com rentabilidade garantida. Foi o que fez Warren Buffet e o seu fundo; muitos estão a imitá-lo. 

 Lembremos que a riqueza verdadeira - das grandes fortunas tradicionais - não se destrói, mas continua, durante e depois das reestruturações financeiras. Sobrevivem a um «crash» na Bolsa, ou à desvalorização da moeda, devido à inflação. 

Os pequenos investidores são, geralmente, quem perde mais nas crises. Os que ficam em maus lençóis financeiros, têm de vender... e vender, nestas circunstâncias, é uma liquidação com perdas. Do outro lado, há «tubarões» que irão abocanhar os bons bocados por uma pechincha... 

Nestas circunstâncias, a transferência da propriedade (e de poder),  será no sentido de que os grandes vão ficar ainda maiores ou mais sólidos, enquanto os pequenos vão desaparecer ou ficar mais debilitados. 

Do ponto de vista do poder neo-feudal, é esta transferência que tem de ser mascarada. Tem de ser mantida a «paz e a ordem» a todo o  custo, se necessário, deitando pela borda fora o verniz «democrático» dos regimes. 

sábado, 23 de setembro de 2017

SOBRE NEOFEUDALISMO E PORQUE DELE NÃO SE FALA

«Our system is Neofeudal because the non-elites have no real voice in the public sphere, and ownership of productive capital is indirectly suppressed by the state-corporate duopoly.* » Charles Hugh Smith

(*O nosso sistema é neo-feudal porque as não-elites não têm realmente qualquer voz na esfera pública e a posse do capital produtivo está indiretamente suprimida pelo duopólio estado-corporações) 

Como bem diz Charles-Hugh Smith, a questão é essencialmente de poder. Poder político e poder económico, os quais andam sempre de par. 

A nossa ideologia que permeia todo o quotidiano é a do neoliberalismo, ou seja, de que não existe alternativa à democracia representativa, dentro dos moldes definidos como sendo aceitáveis. Não se questiona o poder económico, que distorce a genuinidade e a possibilidade mesmo de uma democracia eleitoral; estabelece-se uma igualdade fictícia, a igualdade do eleitor perante o voto, a igualdade dos candidatos a um posto de trabalho, a progressão social e profissional apenas dependente do mérito (meritocracia), etc.
No domínio do poder económico as coisas são muito claras, basta-nos analisar a estrutura de posse de que as diversas fatias (não uso o termo classes, neste contexto) de rendimentos dispõem. 
Os muito ricos, os que estão no 1%, em termos de rendimentos, têm as suas posses repartidas de tal modo que uma parte substancial seja fonte de rendimento. Portanto, tal estrutura de propriedade implica acumulação, sem - aliás - fazerem qualquer esforço de contenção de gastos. Por isso é que os muito ricos são tendencialmente cada vez mais ricos. 
À medida que se desce na escala de rendimentos, verifica-se que a quantidade disponível de bens que geram rendimento se vai tornando numa fatia percentual menor, em relação ao total: por exemplo, uma família da classe média poderá possuir um apartamento que utiliza como habitação própria, ou seja, não gera rendimento; quanto muito, evita que parte de seus salários seja para pagar as rendas de casa. Além desse apartamento, podemos supor que disponha de alguns rendimentos financeiros, como fundos de poupança ou outros, os quais irão gerar uma quantidade mínima de rendimento. 
Quando nos deparamos com a situação das classes realmente desapossadas, «proletárias» no sentido clássico do termo, verificamos que não são detentoras de bens que geram rendimentos, nem possuem bens que - pelo seu valor e seu uso - representam uma forma de independência mínima. Isso significa sobretudo, nos dias de hoje, o ser dono de sua casa; no passado distante significava ser dono de terreno agrícola que permitisse assegurar o essencial da subsistência.

         

No gráfico acima, retirado do artigo de Charles Hugh Smith citado, os rendimentos de vária natureza - participação em negócios, fundos, ações, títulos, imobiliário não habitacional, seguros de vida, depósitos, contas-poupança, residência principal, dívida total - seguem uma progressão inversa ao estatuto socioeconómico. A maior percentagem de participação em negócios vai para o 1% (os mais ricos), enquanto a maior fatia da dívida vai para os restantes 90% .
Penso que este esquema se aplica, não apenas à sociedade americana, como também às sociedades europeia e portuguesa, com algumas variações de pormenor.
Esta estrutura de propriedade pode nos fazer compreender a verdadeira razão porque a parte mais rica e poderosa tem vindo a aumentar o seu poder económico e político nos últimos 30 anos, enquanto os trabalhadores e os pequenos empresários têm ficado cada vez mais frágeis, ou mesmo depauperados, em muitos casos.

A ideologia neoliberal esconde deliberadamente o facto essencial da fratura social em classes. Ela está constantemente impondo a sua visão do mundo falseada através da tripla falácia da democracia eleitoral representativa, da meritocracia e das classes de rendimento.