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sábado, 17 de agosto de 2024

DENIS NOBLE: PALESTRA «A MÚSICA DA VIDA» + ENTREVISTA SOBRE EVOLUÇÃO

Denis Noble é um fisiologista britânico que se tem interessado pela evolução. Há cerca de 18 anos, publicou o livro «The Music of Life»  [A Música da Vida](ver 1º vídeo), onde propõe uma abordagem organísmica e integrada da expressão genética e do desenvolvimento do indivíduo. O organismo, o ser na sua totalidade, é que estará ao comando, em relação à expressão dos genes, segundo Denis Noble. Hoje em dia, esta sua abordagem é consensual. Porém, ainda existem resistências nas hostes «neodarwinianas», porque estão envolvidas, principalmente nos EUA, numa longa polémica com os criacionistas, situação que não ocorre no continente europeu. 

A entrevista que deu (ver vídeo nº2), intitulada «A Terceira Via do Evolucionismo», esclarece o seu pensamento sobre evolução. Ele próprio considera que sua visão se confronta apenas com as formulações erradas dos fenómenos, ou seja, com barreiras artificiais, resultantes da forma simplista, redutora, como os livros de texto continuam a tratar os assuntos da Evolução.





                                            https://www.youtube.com/watch?v=IAKE1SI9LJc


 

sábado, 25 de setembro de 2021

A ARTE RUPESTRE DO PALEOLÍTICO QUESTIONA O HOMEM CONTEMPORÂNEO*

                 

Gostava de levantar alguns pontos de reflexão no que toca à arte parietal do paleolítico, as representações ou as figuras abstratas, que revelam algumas grutas e alguns locais a céu aberto. 

- Conta-se que dizia Picasso, ao sair da gruta de Lascaux, recém-descoberta: «nós não inventámos nada! Eles já sabiam tudo!». Com efeito, eles tinham um olhar atento e agudo, a mestria da forma e do movimento, a ciência dos pigmentos, sabiam jogar com o relevo e com sombra e luz …

O que me toca mais - e isto é uma reflexão inteiramente subjetiva - é a estranha sensação que tenho quando olho, observo estes testemunhos dos caçadores-recolectores de há dezenas, senão centenas de milhares de anos: é a sensação de que estas figuras me estão próximas, que estou vendo algo muito antigo, mas em simultâneo algo feito por pessoas como eu, como nós, com as mesmas características.

Quando digo pessoas como eu, como nós, refiro-me aos aspetos anatómicos. Se um desses humanos voltasse à vida e fosse arranjado e vestido como os contemporâneos, seria impossível de distingui-lo de nós, apenas talvez notáveis por uma complexão vigorosa, pelo corpo fortemente musculado. Mas, também me refiro aos aspetos mais sociais, psicológicos. Acredito que tivessem uma forte ligação ao seu grupo, que tivessem perpetuado desde incontáveis gerações narrativas semi-históricas, semi-fantásticas, que narravam e transmitiam, à luz da fogueira. Não podem ter sido senão excelentes observadores do mundo natural, pois as figuras de animais representadas têm um vigor e precisão anatómica que implicam uma visão muito apurada e um sentido mesmo do movimento dos referidos animais. A sua utilização dos volumes das paredes rochosas, a disposição e a forma como delineavam precisamente certas partes do contorno enquanto outras apenas eram esboçadas, ou até suprimidas, não podem ter sido fruto do acaso. São resultantes de um saber-fazer, duma técnica, dum conhecimento de como determinada imagem iria vibrar à luz das tochas, visto que muitas destas imagens parietais estão presentes em salas recuadas dos complexos cavernícolas, apenas podiam ser vistas à luz artificial, de tochas ou lamparinas. 

Não creio que seja por acaso que não se encontrem, ou sejam tão raras, representações humanas, anteriores ao neolítico, nesta arte parietal. É um facto que existem raras figuras humanas ou humanoides,  corpo de homem, com cabeça de cervo, ou com cabeça de leão das cavernas, porém estes exemplos, além de raros, estão sobretudo presentes em pequenas estatuetas de marfim ou de osso, que poderiam ser transportadas como amuletos. Porém, são menos raras as representações estilizadas do órgão sexual feminino, a vulva. Os órgãos masculinos nunca, que eu saiba, estão representados em separado. Conhece-se uma figura masculina, aparentemente tombada, com o pénis em ereção. Parece-me correto dizer-se, pelo menos à luz das descobertas feitas até hoje, que a figura humana está quase ausente do conjunto de arte parietal paleolítica. 

A este propósito, não deixa de ser intrigante que, em muitos exemplos de arte neolítica, nos primeiros povos praticando agricultura e pastorícia, as representações humanas, em monumentos, nos objetos de adorno, etc. são muito mais frequentes. 

Muita tinta deve ter corrido para «explicar» a visão do mundo dos homens paleolíticos. Muito do que se tem especulado, tem mais a ver com a projeção da mentalidade e preconceitos  dos seus autores, sobre o que seja o homem paleolítico, a evolução biológica humana, etc. do que uma tentativa séria, mesmo que especulativa, para ir ao encontro de um mistério, para perceber a realidade essencialmente interior dos humanos, que produziram aquelas expressões do psiquismo, que nós consideramos «arte». Eu tenho lembrança dos escritos de André Leroi-Gouhan, que foram tão importantes para minha formação pessoal, no início dos anos 70 (Le Geste et la Parole; La Mémoire et les Rythmes; Techniques et Langage...) 

                               
                        https://www.youtube.com/watch?v=UT3sN3Df2j4

Leroi-Gourhan e outros, podem estar datados, as conclusões a que chegaram devem ter sido profundamente revistas, algumas foram rejeitadas, mas a ciência é feita assim. Com a emissão de hipóteses, que num dado momento estão em conformidade com o conjunto de dados disponíveis sobre um assunto determinado, porém sempre a serem revistas, reelaboradas, rejeitadas e substituídas por outras hipóteses. O facto de que uma hipótese formulada cientificamente foi derrotada por um novo conjunto de dados, por descobertas que obrigam a modificar substancialmente e a impor-se um novo paradigma, não significa que essa hipótese anterior tenha sido em vão. Pelo contrário, é como o patamar, indispensável para se alcançar o andar acima.

Para além das teorias e as especulações mais ou menos imbuídas de elementos ideológicos, acho que podemos abordar as imagens, as representações deixadas pelo homem paleolítico, com respeito. Com o respeito decorrente de estarmos perante culturas, cuja trama mental e  universo simbólico, não nos poderão ser revelados jamais, mas cujos produtos estão inegavelmente presentes, brutalmente contemporâneos de nós todos. 

A arte é intemporal /A arte é fruto de uma época, de uma mentalidade, de uma cosmovisão

Este paradoxo é aparente, apenas, pois nada de essencialmente contraditório se encontra nas afirmações acima.

Confesso que tive um choque ao descobrir as gravuras rupestres do Foz-Côa, há mais de uma dúzia de anos. Deixaram-me uma impressão tão memorável como outros momentos cruciais da minha vida de 67 primaveras. O olhar que pousamos sobre a arte paleolítica é sobretudo sobre nós próprios: Assim como tu olhas para esta forma da expressão humana, assim eu sei em que cultura tu te encontras mergulhado, sei qual o substrato ideológico sobre o qual constróis os teus juízos estéticos. A história do modo como as diversas sociedades encararam o «homem primitivo», diz-nos muito mais sobre elas, do que sobre o dito homem. 

Darwin, na segunda metade do século XIX, tinha a modéstia de reconhecer que dispunha de pouquíssimos dados paleontológicos sobre os antecedentes da humanidade. Porém, escreveu dois volumes sobre a origem do homem, baseado numa biologia comparativa, essencialmente, resultando de observações, quer sobre o homem atual, quer sobre outras espécies de mamíferos. 

A descoberta, contemporânea de Darwin, do Homem de Neandertal, foi a primeira revelação concreta duma forma anterior ao Homo sapiens. Esta espécie é bastante recente, de facto, coexistiu com nossa espécie, por um período muito extenso de história comum. Foi, na época da sua descoberta, objeto da projeção de tudo o que - em finais do século XIX, princípio do século XX - se considerava como «primitivo, bruto»... Os que seguiram imediatamente Darwin não tinham mais que uma mão-cheia de achados, muito mal estudados. Alguns dos locais destes achados foram irremediavelmente destruídos. Porém, foram muito arrojados em avançar com teorias, caducas hoje em dia, que apenas têm interesse para a História das Ciências,  para se perceber como a antropologia está eivada de preconceitos, que se espalham em determinadas épocas e sociedades. 

Isto não significa que não se possa abordar a expressão estética no homem paleolítico. Significa antes, que se tem de abordar sob um prisma objetivista (como Leroi-Gourhan defendia), o que passa por um agudo sentido de autocrítica, uma modéstia e uma abertura enorme às opiniões alheias. Ao fim e ao cabo, isto remete para algo de muito filosófico, adequado a uma reflexão aprofundada sobre a humanidade.

A natureza humana, será imutável? Será ela resultante, mais ou menos direta, das condições de vida?  Fará sentido falar-se de «natureza humana», para além da óbvia continuidade biológica da sucessão de gerações, no tempo e da não menos óbvia continuidade de caraterísticas comuns, ao longo do espaço geográfico da distribuição da espécie?

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*NB 

O título pode parecer invertido, mas não: A verdade é que devemos questionar-nos aonde foi parar a humanidade do homem, este é o sentido primário da frase « A ARTE RUPESTRE DO PALEOLÍTICO QUESTIONA O HOMEM CONTEMPORÂNEO ». É, afinal de contas,  esta reflexão que irá desencadear outra, ou seja, qual a realidade do que chamam «progresso» ou «civilização»!

quinta-feira, 13 de junho de 2019

AURORA DA HUMANIDADE


Um vídeo-documentário excelente, da «National Geographic Studios» em associação com a cadeia «Arte», dá-nos conta dos avanços, espectaculares e recentes, do conhecimento sobre a origem da espécie humana, expostos de modo pedagógico e sedutor. 
As próprias descobertas de Homo naledi ou de Australopithecus sediba também foram aventuras. No filme, as narrativas fascinantes do trabalho de cientistas e exploradores, são contadas na primeira pessoa.

quinta-feira, 9 de novembro de 2017

MALTHUSIANISMO E NEO-MALTHUSIANISMO

Neste curto ensaio vou desenvolver alguns aspetos da questão populacional. A biologia das populações sempre foi um domínio de que eu gostei, embora não tenha especificamente trabalhado como biólogo das populações. 
O malthusianismo, do economista inglês Thomas Malthus (1766-1834) é uma teoria que encara a população sob o duplo prisma dos recursos e da sua taxa de reprodução. Malthus postulou que os recursos - os bens necessários à subsistência humana tais como alimentos, casas, roupas, etc. - poderiam - quanto muito - progredir numa progressão linear (ou diretamente proporcional), enquanto a multiplicação dos indivíduos ocorria numa progressão geométrica ou exponencial.  Da divergência entre estes dois crescimentos, originava-se fatalmente uma escassez, que se traduzia em fomes, violências e guerra. Para evitar este terrível destino, teriam de ser tomadas medidas concretas para limitar a população (encorajamento da contraceção, esterilizações...), com vista à estabilidade populacional.
O princípio malthusiano era pessimista porque postulava que as pessoas, ao multiplicarem-se, iriam necessariamente ficar cada vez mais pobres, mais destituídas. A elite aproveitou o mesmo princípio para lutar contra a tendência para aumento dos salários e diminuição das horas de jornada de trabalho, que foram as grandes causas movimentando o proletariado, desde a primeira metade do século XIX, até hoje. 

                                     
A obra de Malthus foi utilizada por Marx e Engels assim como por Darwin, entre outros. Marx e seguidores tiraram daí o conceito da autodestruição inerente ao sistema de exploração capitalista. 
                                            
Darwin inspirou-se em Malthus para explicar a inerente competição pelos recursos escassos entre todas as espécies vivas; foi também buscar a este autor a ideia do efeito da predação (e incluindo o parasitismo) como forma de ajustar os efetivos das populações de presas e de predadores.                 
Após Darwin, o seu sobrinho Galton adaptou os conceitos de seu tio e de outros. Numa linha neomalthusiana defendeu a eugenia - ou seja - que os «melhores» deviam ser estimulados a procriar enquanto os que eram portadores de «taras» deviam ser impedidos de procriar. 

                    
Vários países praticaram a esterilização sistemática de pessoas consideradas «inferiores». Muitas pessoas têm ideia de que apenas a Alemanha de Hitler e quanto muito alguns dos seus estados-vassalos da Europa praticaram essas medidas. Hoje, sabe-se que não foi assim: Desde a Suécia à Austrália, sucedem-se histórias verídicas de políticas de Estado, da esterilização forçada de certos grupos de cidadãos.
  

A grande indústria e em particular o império Rockefeller estão associados desde o principio, ou seja, antes ainda do partido NAZI subir ao poder, através da Fundação Rockefeller, em apoio entusiástico ao eugenismo prático, além de serem financiadores de muita da investigação científica destinada a melhoramento da espécie humana. É com base em programas financiados pelos grandes empórios da agroquímica que são criados OGM, organismos geneticamente modificados. William Engdahl explica de modo muito convincente e exaustivo, no livro «As sementes da destruição»,  que a oligarquia (Rockfeller e outros bilionários) esteve - desde o princípio - a subsidiar e promover as OGM. Décadas antes (nos anos 70), defendendo uma estratégia tipicamente neo-malthusiana, o seu protegido H. Kissinger tinha já delineado uma estratégia de guerra económica utilizando sementes, trigo, soja, leite, principalmente.

                  
A utilização dos alimentos estratégicos (sobretudo dos cereais) como arma de chantagem permitiu a Washington impor aos governos de países do Terceiro Mundo, programas de «controlo da natalidade» (que incluíram esterilizações em massa e sem conhecimento/consentimento das mulheres) como condição para beneficiarem do apoio alimentar não só dos EUA, directamente, como também de agências internacionais, mas de facto controladas pelos EUA.

Actualmente, as chamadas guerras contra o terror têm uma dimensão de destruição massiva não apenas das populações como também das infraestruturas. Assim, no Afeganistão, no Iraque, na Síria, na Líbia, no Iémene, estão documentados actos destinados a destruir ou inviabilizar estruturas fundamentais para a população civil, desde centrais eléctricas e geradores de corrente, a sistemas de canalização e tratamento de água potável e de esgotos. O resultado é a morte de milhões de crianças, principalmente causada pela desnutrição, ausência de cuidados básicos de saúde, de água potável, etc. Note-se que estes países ficam com uma população reduzida, não somente porque tem de emigrar para longe, como refugiados, como também está desnutrida, enfraquecida, mais sujeita a doenças, em países devastados, onde não existem os recursos médicos e sanitários mais elementares. 
                 

Estas guerras do Império, de uma crueldade incrível, seriam suficientes, por si só, para condenar os presidentes e seus respectivos governos (George H. Bush, Bill Clinton, George W. Bush, Barack Obama e Donald Trump), se houvesse o equivalente do tribunal de Nuremberga. Infelizmente, os países que participam no tribunal da Haia, consentiram que os EUA se auto-excluíssem de poder jamais comparecer no dito cujo tribunal, apesar de terem sido os mais fervorosos impulsionadores do mesmo.
A política de destruição sistemática ocorre nos países do «crescente fértil», onde nasceu a agricultura há 12 mil anos, onde existe uma parte muito grande do petróleo explorado.

O trazer aí o caos, encorajando a intolerância religiosa, sectária e étnica, não é fruto do acaso ou daquilo que os  media corporativos nos querem fazer crer: é resultado duma política neo-malthusiana destinada a reduzir drasticamente certas populações, sobretudo,  se elas são dos países que detêm recursos (o petróleo, mas também certos minerais) de que o «Ocidente» carece para as suas indústrias, para satisfazer o seu estilo de vida e consumo.


Existe uma forte corrente que se designa de «neocon» que capturou sectores inteiros do governo dos EUA e sobretudo do chamado «Estado Profundo», incluindo as agências CIA, NSA, Homeland Security, etc. Esta corrente advoga que é possível uma guerra nuclear ser «ganha» pelos EUA, havendo depois um redistribuir de poderes e de recursos em benefício dos mesmos e de seus vassalos de «primeira» (essencialmente anglossaxónicos «de pele branca»: Grã-Bretanha, Austrália, Canadá, Nova-Zelândia).

Todos os outros países sofreriam devastações tais, que durariam muitos anos a recomporem-se. Loucamente, delirantemente, imaginam conseguir obter uma redução de 4/5 da população mundial, por este meio (o holocausto nuclear) e que as populações sobreviventes viverão em condições muito satisfatórias. Mas uma guerra nuclear significa a destruição completa da habitabilidade do planeta ou, no mínimo, a perda irreversível das condições para os sobreviventes. É este o perigo que o mundo enfrenta, se deixar um punhado de pessoas com poder (os neocons e a oligarquia mundial) manobrar as políticas dos Estados.


sexta-feira, 21 de abril de 2017

CIÊNCIA, RELIGIÃO, ESPIRITUALIDADE, ÉTICA

                                 



Este cientista tem uma abordagem de bom senso, mas de um bom senso que não vai tão longe como isso. Quando fala da impossibilidade de se solucionar o «porquê», mas apenas o «como» dos fenómenos, através da ciência, está a ser correcto.
Porém, a existência de um espírito cósmico é vista com relutância por uma série de pessoas imbuídas de cientismo, talvez mais do que de ciência propriamente dita. O facto é que o célebre teorema de Goedel implica que não possamos abarcar nunca o todo para o submeter à lei de um sub-conjunto, seja ele qual for.
A ciência é um instrumento precioso, mas não é uma chave de sabedoria.
A sabedoria tem como fundamento o «coração», a ciência tem como fundamento a «razão». Quando a razão se junta com desejo de poder, transforma-se numa mistura muito perigosa e instável, dando origem às derivas mais obscuras da história humana.
Só enunciarei algumas delas (cada uma necessitaria de uma longa explanação):

- J. Robert Openheimer, um dos pais da bomba A, suicidou-se cheio de remorsos pelo monstro que ajudou a criar. Com efeito, muitos cientistas envolvidos em torno do Manhattan project consideravam como um dever patriótico desenvolver essa bomba, até porque havia indicações da espionagem (erradas ou sobrevalorizadas como depois se verificou) de avanços significativos dos cientistas alemães nazis neste domínio, de controlarem o átomo para fabricarem a bomba atómica.

- O darwinismo foi distorcido e transformado em «argumento» para justificar duas teorias monstruosas, o racismo e arianismo dos nazis, o lyssenkismo na URSS do tempo de Estaline.

- A eugenia é uma teoria racista que foi originada por Galton (sobrinho de Darwin) e que tem feito muito mal, inspirado muitos programas nefastos, desde esterilizações em massa de vários povos, até à promoção das guerras em que uma parte da humanidade contemporânea está mergulhada.

Poderia continuar com uma infindade de factos, por todos os investigadores consensualmente aceites, nomeadamente com a utilização de saberes das ciências e técnicas, para cometer depredações ou crimes ecológicos extremamente graves para o presente e futuro da humanidade...

O meu argumento é de que a ciência é um instrumento, podendo ser empregue para o bem ou para o mal, consoante as mãos nas quais esteja.
Isto sempre foi compreendido pelos cientistas, eles próprios. Por exemplo, Leonardo da Vinci escrevia os seus textos, suas notas para estricto uso pessoal, numa escrita indecifrável (excepto para ele). Era afinal a imagem em espelho da escrita vulgar, que ele treinou, provavelmente desde muito jovem, como «canhoto» que era. Os célebres manuscritos de Da Vinci só foram reconhecidos plenamente no seu enorme significado científico e filosófico, muito recentemente, em pleno século XX!

A não conflitualidade da pesquisa científica e dos seus conceitos e teorias com a religião foi reconhecida pelo papa João Paulo II. Ele, evidentemente, procedeu ao «aggiornamento» indispensável para manter a influência do catolicismo na intelectualidade esclarecida da sua/nossa época.
Do lado do ateísmo, Michel Onfray por exemplo, afirma sem qualquer problema que - apesar de ateu - ele (e muitos outros) é culturamente cristão, o que é uma evidência, não apenas pela educação, mas também pelo facto de que praticamente todas as teorias sociais e políticas contemporâneas (republicanismo, democratismo, socialismo, comunismo, anarquismo...) serem afinal laicizações do cristianismo. Esta constatação, que poderá surpreender alguns, teria de ser desenvolvida por si só num artigo ou numa série de artigos...

Mas o mais interessante, no meu ponto de vista, é que se afastem falsos argumentos:

- Uns, imbuídos do prestígio «mágico» do cientismo, usam abusivamente o nome de «ciência».

Já ouviram, com certeza, pessoas a falar do que em geral NÃO SABEM: costumam dizer, doutoralmente: «a ciência prova que...» ora a ciência nunca provou, nem prova nada, como dizia Bateson*; as ciências físicas e naturais não são como a matemática em que, aí sim, existe prova, ainda que esteja subordinada a um conjunto de axiomas (ex.: a geometria mais corrente é euclidiana; porém não tem cabimento num contexto riemanniano).

- Outros, temerosos da ciência, combatem-na em nome duma «fé», não compreendendo que a sua fé só pode ganhar com um aprofundamento do conhecimento do Universo, ou seja, de Deus.

Segundo uma visão muito consensual em várias religiões, não se pode ter uma compreensão total, nunca, do que está para além da compreensão racional, seja qual for o estado da ciência ou do desenvolvimento tecnológico humano. Porém, se essa «fé» é temerosa da ciência enquanto método de conhecimento do real, é apenas um medo, uma ignorância. Talvez essas pessoas precisem de ter mais fé, para que ela não seja abalada pelo tipo de estudo realizado no âmbito da pesquisa científica.

Isto não significa que não se coloquem limites éticos à pesquisa científica. A procura da verdade, em si mesma, não deve ser vista como um absoluto. Praticamente todos os cientistas e filósofos, quer sejam ateus, ou possuíndo alguma forma de espiritualidade, entendem que devem existir limites éticos a essa pesquisa científica, podem é não estar de acordo no traçado das fronteiras.

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Science sometimes improves hypothesis and sometimes disproves them. But proof would be another matter and perhaps never occurs except in the realms of totally abstract tautology. We can sometimes say that if such and such abstract suppositions or postulates are given, then such and such abstract suppositions or postulates are given, then such and such must follow absolutely. But the truth about what can be perceived or arrived at by induction from perception is something else again.
  • p. 27