A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.
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segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

«IN GOD DOLLAR WE TRUST» ?

 

                                    Nova Iorque: Empire State Building visto no ocaso


                       Gráfico retirado dum artigo de A. Mcleod, que pode consultar AQUI

Nós somos matraqueados permanentemente com a «força do dólar», em relação às outras divisas ocidentais, pelo menos, as que têm maior peso tanto no comércio, como enquanto membros de SDR,  a famosa «divisa» artificial, que é (de facto) um cabaz de divisas, usado na contabilidade interna do FMI.  Mas, o comércio e a participação dos países nas trocas globais não se resume ao «Ocidente». Este conjunto de países é denominado assim, embora devessem ser designados por aquilo que - de uma forma, ou de outra - são: Constituem os mais fieis aliados (ou vassalos) dos EUA; os países de língua inglesa (Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido, Canadá e EUA), a Europa da União Europeia, o Japão, a Coreia do Sul e pouco mais (cerca de 15% da população mundial).

O sistema de Bretton Woods, foi instaurado quando os EUA eram a potência tecnicamente vencedora da 2º Guerra Mundial. A URSS e muitos outros países que lutaram contra as potências do Eixo (Alemanha hitleriana e potências suas aliadas) estavam de rastos. A sua vida económica e social sofreu de tal maneira, que não estavam muito melhor que os países vencidos (Alemanha, Japão, Itália, e outros.)

Assim, quando foram assinados os acordos de Bretton Woods em 1944, e nos anos imediatos, os EUA dominavam o comércio mundial (cerca de 50% deste), possuíam a maioria das reservas de ouro em bancos centrais (cerca de 70 % do ouro guardado nos bancos centrais) e tinham uma infraestrutura industrial intacta e em plena expansão. 

Um sistema de Bretton Woods não poderá voltar a ser reinstalado, não porque seja impossível reinstaurar um padrão-ouro (embora seja uma má solução), mas porque não existe nenhuma potência com o poderio hegemónico dos EUA à saída da IIª Guerra Mundial.

Um futuro multipolar será sempre mais instável, que um futuro unipolar. Mas, um sistema global unipolar não dará a um conjunto de países, possuindo a maioria da população mundial e dos recursos em matérias-primas, a possibilidade de fazerem valer os seus interesses e de poderem negociar em termos aceitáveis, a sua participação no comércio, no investimento e na repartição do bem-estar individual e social, ao nível mundial. Por muito injusto que seja um mundo multipolar, como o foi em diversos períodos da História, para aqueles povos submetidos a um império ou a uma nação mais forte,  nada se compara com a força bruta e a ausência total de consideração pelos direitos e pela dignidade dos mais pobres, num império mundial único, hegemónico. 

O império liderado pelos EUA tem demonstrado isso, neste pequeno intervalo de tempo, que vai da implosão da União Soviética (1991), até hoje. No entanto, reveste o seu desprezo absoluto, com a hipocrisia típica da civilização de comerciantes, aventureiros e donos de escravos - que foram os impérios Português, Espanhol, Britânico, Holandês - especializados na guerra de razia e de rapina, que foi o modo como se expandiram e enriqueceram estas potências coloniais desde o século XVI até hoje. 

Não é por o comércio internacional ser feito em tal ou tal unidade de valor, vulgo «moeda», que a troca é mais ou menos desigual. Desde Ricardo, que se reconhece que determinadas nações têm determinadas vantagens competitivas, no comércio internacional, em relação a determinados produtos industriais, agrícolas ou minerais. É sobretudo o preço do trabalho que conta, por agregado. Assim, os países onde o trabalho é mais barato, foram aqueles que receberam as indústrias deslocalizadas dos países industriais tradicionais, os países europeus ocidentais e os EUA, sobretudo. 

Mas o globalismo, ideologia associada ao neoliberalismo, está completamente posto em causa. Este globalismo «reinou» durante um curto período, em que as potências industriais europeias e norte-americanas exportaram as suas indústrias para beneficiarem da mão-de-obra barata dos países ex- coloniais, ou que tinham uma grande diferença no seu grau de desenvolvimento. Estes países, entretanto, fortaleceram-se e tornaram-se mais capazes de impor suas condições a países outrora dominantes. 

Esta mudança entra em colisão com a mentalidade colonialista e imperialista, das classes dirigentes dos países ocidentais, que também se transmitiu a extratos explorados desses mesmos países.  Órfã de uma instância política que formalmente a representasse, a classe trabalhadora dos países do Ocidente virou-se para os demagogos de extrema-direita, ou confinou-se na rejeição da política. O abstencionismo crónico tem sido maior na classe trabalhadora marginalizada,  do que na «classe média», ou classe trabalhadora integrada, que tradicionalmente vota à esquerda.

Do ponto de vista do império dominante, este já percebeu que é demasiado tarde para inverter a tendência global. Trump não foi bem sucedido, porque - em parte - não conseguiu o entusiasmo interclassista e patriótico que ele esperava para a sua campanha de fazer regressar as indústrias ao solo americano. Sem dúvida, ele foi sabotado pelo «establishment» de Washington, mas também não conseguiu uma adesão significativa dos setores da indústria, ditos «high-tech», tecnológicos. 

As mutações do sistema monetário são sempre consequência de um duplo jogo de forças: As forças relacionadas com o capitalismo mais dinâmico - hoje, a China e outros países asiáticos, principalmente - por um lado, e por outro, com a capacidade militar global: Sabe-se que as simulações duma guerra Russo-Chinesa / Americana (NATO), realizadas no Pentágono, deram invariavelmente resultados negativos para as forças americanas e suas aliadas. 

Assim como a arquitetura de Bretton Woods foi consequência da prevalência dos EUA no comércio, indústria, finanças e domínio militar, após a IIª Guerra Mundial; também a nova arquitetura global do sistema monetário terá de refletir a realidade das trocas comerciais, das forças produtivas, das capacidades de defesa e da inovação tecnológica, que os diversos atores mundiais terão alcançado, na atualidade. 

O facto de o dólar surgir como «forte», em relação a outras moedas ocidentais não significa que a divisa dos EUA continue a possuir a mesma prevalência mundial. Existe uma diminuição significativa das trocas efetuadas em dólares, numa parte importante do Mundo, o que significa que há rutura, face ao período de trocas efetivamente mundializadas. Significa que os países da esfera político-económica do dólar, estão encerrados numa de matriz de tipo neocolonial em que a potência dominante tem a possibilidade (e exerce-a) de dizer o que esses países devem comerciar e com quem, com que tipo de mercadorias e com que formas de pagamento. O sistema de sanções montado pelos EUA é muito astuto, no curto prazo, porém a impossibilidade das empresas europeias comerciarem com países possuidores de grandes reservas de energia (como o Irão) ou com a Rússia e China, que possuem certos produtos praticamente insubstituíveis, no curto prazo (certos metais, como o titânio, ou terras raras, ou ainda, os «microchips»), traduz-se numa perda de competitividade  da União Europeia, nos mercados mundiais. Isto é válido para todos os seus membros, em especial, para o gigante industrial, a Alemanha.

Por contraste, os países dos BRICS+ e das Novas Rotas da Seda têm reais perspetivas de desenvolvimento, de alargamento dos mercados. Os países da «velha Europa» não estarão em condições de competir, devido à diminuição da sua parte nos mercados, ao acréscimo de custos de produção e devido à «mão de aço» da potência «hegemónica regional» , os EUA. Por enquanto, estes comportam-se como o senhor feudal (o suserano) em relação aos vassalos. 

Mas, embora o feudalismo tenha durado alguns séculos, o novo feudalismo dos EUA, perante outro sistema multipolar, não poderá manter uma «hegemonia regional», durante muito tempo. Uma tal situação é intrinsecamente instável, não poderá durar mais do que alguns decénios.

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(1) O  «SDR» significa Special Drawing Rights, em português, Direitos de Saque Especiais.

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PS1: Para compreenderes a estratégia globalista em todas as suas vertentes, lê:

https://www.globalresearch.ca/globalist-cabal-meets-again-prepare-world-domination/5805836

PS2: Os dementes que estão no poder não se importam que seja desencadeada uma guerra nuclear; por outro lado, os povos estão de tal maneira doutrinados, que não percebem realmente o que representa a generalização do conflito Rússia/Ucrânia.  

https://caitlinjohnstone.com/2023/01/25/hardly-anyone-is-thinking-logically-about-the-risk-of-nuclear-war/

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Debussy: Suite Bergamasque (interprete: Seong-Jin Cho)

 


Claude Debussy, Paul Verlaine e o Simbolismo

Paul Verlaine (1844 -1896) tem sido considerado um dos chefes de fila do movimento Simbolista. 
Tal era a sua potência poética que - apesar da sua «má vida» e dos amores proibidos com Artur Rimbaud - o elegeram o «Príncipe dos Poetas», do Parnasso Contemporâneo. 
A sua arte é talvez a forma mais acabada de síntese entre o clássico e o moderno.
Quando nos debruçamos sobre a sua obra, valorizando os aspetos estéticos, ficamos extasiados pela musicalidade, subtileza e pela utilização de audácias de estilo que seriam lembradas pelos seus sucessores.
Afinal de contas, é certo que ele seja o Príncipe: Porque, que mais pode uma alma literária desejar para sua posteridade, do que ser admirada, plagiada, estudada, posta em música e isto, em sucessivas gerações!?

A peça Clair de Lune (Luar) de Debussy, integrada na suite «Bergamasque», não sendo um «poema musicado» é uma peça que banha na atmosfera simbolista e possui óbvias referências à poesia de Verlaine. Não apenas o nome «Clair de Lune» é idêntico a um dos poemas da recolha das «Fêtes Galantes» mas, no poema de Verlaine, este menciona «masques et bergamasques»: Trata-se de uma ironia saborosa, pois «masques» (máscaras) estão unidas, pela rima interna, com «bergamasque» a dança renascentista, originária de Bergamo, Itália.
Estou convencido que Debussy escolheu este título da suite «Bergamasque», como forma de homenagear o poeta simbolista.
Os versos de Verlaine têm sido postos em música por sucessivas gerações de compositores, desde Gabriel Fauré e Reynaldo Hahn, a Léo Ferré e Georges Brassens ... e muitos mais! 




Clair de lune

Votre âme est un paysage choisi
Que vont charmant masques et bergamasques
Jouant du luth et dansant et quasi
Tristes sous leurs déguisements fantasques.

Tout en chantant sur le mode mineur
L'amour vainqueur et la vie opportune,
Ils n'ont pas l'air de croire à leur bonheur
Et leur chanson se mêle au clair de lune,

Au calme clair de lune triste et beau,
Qui fait rêver les oiseaux dans les arbres
Et sangloter d'extase les jets d'eau,
Les grands jets d'eau sveltes parmi les marbres.
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[Tradução de Manuel Banet]

Ao Luar

Vossa alma é a paisagem escolhida
Onde se movem máscaras e bergamascas
Tangem alaúdes, dançam e vão quase
Tristes sob suas roupagens de fantasia.

Enquanto cantam em modo menor
O amor triunfante e a vida sorridente, 
Parecem não crer na  sua felicidade
E sua canção mistura-se ao luar

Ao luar calmo, triste e belo
Que faz sonhar pássaros nos ramos
E soluçar de êxtase repuxos de água,
Grandes repuxos esbeltos entre os mármores.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

A CRISE DAS RELIGIÕES E O SEU SIGNIFICADO

 Este século,  ainda tão jovem, já está bem cheio de acontecimentos - mas não de quaisquer!

 - Acontecimentos suficientemente graves e irreversíveis para mudarem para sempre a(s) civilização/ões, que estamos acostumados a associar a determinadas zonas geográficas e a determinadas tradições: A História, a Arte, a Literatura e a Religião, são - entre outras - identificadoras de determinado complexo cultural ou civilização. 

Embora saibamos que todas as civilizações são mortais, tal como os humanos, não sabemos que género de morte espera cada uma delas. Será uma morte por colapso catastrófico? Será um definhar progressivo, até ser englobada por outra, ascendente? Serão outras modalidades, demasiadas para enumerar aqui?

As religiões não podem ser estranhas à construção civilizacional pois, em qualquer civilização, mesmo nas que se proclamam oficialmente «ateias», acaba por haver fenómenos de tipo religioso. 

Inversamente, em civilizações que se identificam, a si próprias, como cristãs, nota-se a dissolução progressiva dos laços da população com o elemento cristão. 

Isto traduz-se - por exemplo - numa paganização do Natal, a época do ano em que tradicionalmente os cristãos de todas as confissões saudavam a vinda do Salvador. O mesmo, em relação à paganização da Páscoa, transformada em ocasião para dar ovos e coelhos de chocolate às crianças.

Esta paganização não se faz, no mundo cristão, sob forma de um qualquer ressuscitar das religiões pagãs que antecederam o aparecimento do Cristianismo nesses territórios. Faz-se com o abandono de tradições e, sobretudo, de assistência ao(s) culto(s).  Muitos são aqueles que dizem professar o cristianismo e, no entanto, não observam quase nenhuma tradição, não vão à missa (ou culto) dominical, apenas frequentam igrejas, quando se trata de um casamento, batizado ou enterro. 

O estádio último desta descristianização, verifiquei-o há poucos anos, na belíssima capital da República Checa. As igrejas do centro de Praga (magníficos monumentos barrocos, na sua maioria) estavam transformadas em locais de concertos (de música clássica em geral, mas não de música clássica sacra) e isto não era temporário. Tinham sido permanentemente transformadas em «salas de concerto históricas», pela muito pragmática razão de que o número de pessoas, na vizinhança, dispostas a frequentar essas igrejas era tão diminuto, que elas deixaram de ter sustentabilidade económica e, sobretudo, de centros vivos de cristianismo. 

O principal «culpado» aqui, não é o Estado, diretamente - pelo menos - mas o processo de «gentrificação» dos centros históricos, que também afeta - de modo insidioso, mas brutal - Lisboa e muitas outras capitais da Europa. 

Assim, o turismo, fonte preciosa de divisas e estimulador de atividade económica está a contribuir para matar os centros culturais. Isto passa-se em países como França, Espanha, Itália, Grécia e outros, muito turísticos. Todos sofrem de uma gentrificação dos locais mais emblemáticos. Estes centros mais investidos pelo turismo, são locais com maior significado monumental e histórico, os centros civilizacionais desses países. 

A «verdadeira religião é o dinheiro», mas esta frase banal, não deixa de soar como grave sentença de morte, de civilizações que se construíram em torno de determinada espiritualidade. 

Pode-se argumentar que a espiritualidade se mantém em indivíduos que não são religiosos. É verdade: No entanto, ao nível de um todo civilizacional, de uma sociedade inteira, isso nunca aconteceu. Basta ver-se o renovo do  cristianismo ortodoxo, que já antes da queda da URSS, tinha um aumento sensível de adesão. É portanto, uma regra empírica, constatar-se que onde esmorece a tradição religiosa, com cultos e clero, também a religião «popular» recua.  Verifica-se o inverso, quando há um renovo da(s) Igreja(s), este acompanha, em paralelo, a evolução da sociedade.

Tudo o que sei sobre as civilizações do passado, é que uma civilização em ascenso vai propulsionar, senão criar mesmo, um determinado movimento religioso. Por outro lado, a espiritualidade não desaparece quando, por motivos políticos e ideológicos (como no Estalinismo ou na Revolução Cultural Maoista), se combatem ativamente a difusão ou, mesmo, a existência de religiões. 

Há uma necessidade profunda, que pode ultrapassar a explícita adesão a determinado credo religioso. Penso que a humanidade não pode viver com uma visão estreita, «materialista» da vida, da Natureza e do próprio ser humano.  O materialismo de hoje, acantona-se numa forma estreita de propaganda antirreligiosa. Não me parece que haja uma oposição entre a espiritualidade de hoje e a aceitação e mesmo a procura ativa de saber científico. Acho mesmo que esta contradição é um subproduto de ideologias do século XIX (sobretudo, do cientismo e do ateísmo «militante»). 

É verdade que as religiões, na sua vertente exterior, perante a sociedade concreta, não foram capazes, muitas vezes, de fazer atualizações que se impunham. Imagine-se alguém do clero, formado/a na perspetiva de que, aceitar a ideia de Evolução biológica e do Homem, era uma heresia intransponível e um passo para a mais total negação de Deus, ou seja, para o ateísmo. Este doutrinamento atravessou várias gerações. Portanto, não se pode ter a ilusão de que as formas de pensar morrem quando desaparecem os criadores ou primeiros cultores de determinada corrente.

Para ilustrar isso, basta-me evocar a estranha - para mim - forma de abordar a sociedade e todos os fenómenos através de um prisma marxista. O marxismo é um exemplo importante e típico de uma religião sem Deus. Mas tudo nele aponta para o fenómeno religioso, como forma de ver o Mundo e o Universo, como se fossem apenas inteligíveis através da «ciência marxista» (que, afinal, é apenas «cientismo»).

Seria muito estranho que, caso a «ciência do marxismo» fosse verdadeira, o mundo científico atual estivesse totalmente divorciado da filosofia / ideologia do marxismo: Note-se que não é uma teoria esotérica, muitos terão tido contacto com ela; muitos cientistas terão mesmo estado convencidos, durante uma etapa de suas vidas, de que se tratava de uma forma de pensar adequada à ciência. Mas, nada disto é verdadeiro, para a imensa maioria dos cientistas de hoje. 

Ao fazerem ciência, não invocam « S. Marx ou S. Engels, ou S. Lenine», da mesma forma que não invocam os Santos cristãos, nem os Deuses pagãos. Têm, como pessoas cultas, conhecimento de correntes filosóficas e de religiões. Mas, na sua imensa maioria, nem escrevem sobre a relação da ciência que praticam, com a espiritualidade.  

Noutras partes do globo, eventualmente, os fenómenos serão divergentes. Eu tenho de me limitar ao que conheço melhor. Não acredito que as diversas civilizações se tenham fundido numa só, ou que esta fusão esteja em curso. Tenho observado mesmo que diversas civilizações afirmam cada vez mais as suas idiossincrasias, para fazer face ao globalismo, largamente promovido por ocidentais. 

Embora não seja uma ideologia cristã, o globalismo da nossa época, enquanto veículo de dominação ideológica, é propagado por pessoas, algumas das quais se afirmam como «cristãs» (não é senão uma capa, para elas, a meu ver).

Estou convicto de que as ideias profundas que os homens podem produzir hoje, estão radicadas na essência da humanidade, daí que não seja difícil encontrar ensinamentos de sabedoria, de espiritualidade e sensibilidade estética, em civilizações passadas, hoje consideradas «mortas». Porém, sua existência foi um passo, uma etapa, para o que a humanidade é, hoje. 

Os aspetos espirituais, têm a sua evolução própria, de certa forma, análoga com a evolução biológica. Os traços da evolução biológica não pararam nos alvores da espécie humana, pois a evolução continua aos vários níveis (genético, anatómico, fisiológico, comportamental) nos humanos do século XXI. 

A cultura e a religião, a pertença a um dado universo mental, a uma forma de compreender o Todo Universal, nada disso pode congelar, tudo se vai transformando. As formas de religião também evoluem; cabe aos contemporâneos atuar no sentido de não «deitar fora o bebé, com a água do banho», isto é, não se deixarem iludir com formas transitórias do fenómeno religioso, como se estas fossem a essência e razão de ser das religiões. 

Sou tão incapaz de descrever as formas que as religiões irão adotar no futuro, como de antever como as sociedades serão organizadas. A minha aposta, porém, é que continuarão a existir valores e que podemos procurá-los em civilizações passadas. Não posso saber quais serão selecionados, da profusão de filosofias, de formas e conteúdos, de mitos, de relatos, etc.. Mas possuo a certeza íntima de que as civilizações futuras irão guardar alguns valores, adaptando-os à sua época. 

                       Foto de ruínas do Convento do Carmo, Lisboa

domingo, 27 de novembro de 2022

DÍVIDA PÚBLICA DE PORTUGAL, ALGUNS DADOS ESTATÍSTICOS

 

Dívida Pública Portuguesa
Crescimento em espiral desde há 20 anos 
Valor da dívida pública em 27/11/2022:
                       309 171 508 215 € 


Juros da dívida, por ano 
 9 045 028 729€ 
                        por segundo 287€ 
Dívida pública por cidadão 29 802€ 
Dívida em % percentagem do PIB 154.73%
PIB de Portugal 199 809 976 417€ 
População de Portugal 10 374 289


COMENTÁRIO

A dívida pública portuguesa é monstruosa face às capacidades produtivas do país, isto é, a dívida é essencialmente incobrável. No mesmo plano, na Eurozona, estão a Grécia, a Espanha e a Itália. Não nos equivoquemos: O desenho do euro foi, desde o início, destinado a manter sob domínio alemão os países do Sul da Europa e permitiu 20 anos de superavit da economia alemã, enquanto as economias mais frágeis da Europa ou estavam em  recessão, ou mantinham o seu PIB ligeiramente positivo, devido a manipulações das estatísticas. 
Assim, agora que o Euro está «na agonia», as economias dos países mais fracos do euro vão ter de pagar a fatura, com aquilo que tiverem. Vai ser um fartote de privatização das últimas empresas públicas, isto é, sua venda ao desbarato, como modo de diminuir o enorme défice, que se foi avolumando nestes 20 e poucos anos de existência do Euro. 
Mas, a espiral descendente vai continuar, pois as pessoas vão ficar cada vez mais pobres, pelo que não poderá haver consumo suficiente para arrancar o país da estagnação económica, por mais sacrifícios que a população seja obrigada a fazer.
Os políticos e os barões da finança portuguesa sabem isto muito melhor que nós; têm mantido o rumo catastrófico da economia; são eles os beneficiários desta enorme burla (conjuntamente com seus congéneres da UE).
É para mim inacreditável que o povo continue a votar neles (os políticos em causa) e a confiar-lhes as suas parcas poupanças (os banqueiros ladrões)! 

domingo, 16 de outubro de 2022

RESERVAS DE GÁS DA UE? NÃO SE ILUDAM

 Numa guerra de propaganda, que invade não só as redes sociais, como (sobretudo) os «respeitáveis» órgãos da media «mainstream», não esperem que notícias como esta e os factos aqui relatados, sejam largamente difundidos. Mas, o seu conhecimento antecipado pode significar muito ao nível individual ou das famílias, ou seja, saber-se quais as medidas adequadas a tomar. De igual importância, são as medidas que os industriais poderão adotar, em previsão dos cortes drásticos de energia (quer energia elétrica, quer gás natural). 

As pessoas estão a ser iludidas por um écran de propaganda, que tem origem nas declarações de diversos membros do governo, de membros da comissão europeia e de outros com cargos oficiais, por um lado e pela media, por outro. 



  Uma das primeiras mentiras é dar a impressão de que o LNG poderá facilmente substituir o gás via gasodutos,  necessário para o aquecimento de lares e indústrias na UE. Nada mais longe da verdade:

1- A frota de navios capazes de transportar LNG é muito insuficiente para satisfazer as necessidades europeias. O aumento desta frota  especializada, para níveis adequados, irá demorar - no mínimo - 3-4 anos.

2- Os terminais nos portos, que poderão servir o LNG estão por construir, do lado europeu. Ainda por cima, é um empreendimento de engenharia muito caro, cuja rentabilidade não está garantida. Que financiamentos a construção das instalações receberão? O risco para os bancos será elevado, a não ser que estes tenham garantias dos Estados...

3- Os depósitos de gás natural que a UE possui, não são suscetíveis de ser mobilizados, sem um fluxo de gás natural de superfície, que venha arrastar o gás depositado. Por outras palavras, enquanto houve gás natural russo a circular pelos gasodutos, era possível mobilizar as reservas. Estas, não deveriam constituir mais do que 10 % da mistura. Veja a explicação técnica AQUI. Não se pode portanto contar com o gás em «reserva», pois ele não pode ser mobilizado na ausência de gás de superfície, circulando nos gasodutos. 

4- O LNG é um gás «sujo», ou seja, com muitos resíduos resultantes do fracking. Há portanto um custo acrescido em «limpá-lo» de impurezas. É mais difícil o armazenamento e com maior possibilidade de explosão do que para o gás importado da Rússia. 

5- O preço do LNG já é 4 vezes maior que o gás russo, transportado por gasodutos, mas ainda estamos no princípio da subida. Ninguém pode prever o seu preço, quando não houver gás russo. Apenas um pouco de gás russo continua a ser distribuído, via o gasoduto Turkstream. Este, foi sujeito recentemente a uma tentativa de sabotagem. Ele serve a Hungria, a Áustria, a Sérvia e a Itália. Porém, é impossível, através dele, de  fornecer os maiores consumidores europeus. A sabotagem dos gasodutos sob o Báltico NS1 e NS2 (ordenada pelos EUA) torna mais difícil a retoma do fluxo de gás para a Alemanha.  Com o Inverno que se aproxima, o preço do LNG vai subir até às nuvens. 

6- Não vejo que o governo americano esteja disposto a subsidiar os europeus para que estes não sofram tanto com esta subida brusca do preço do gás. Vejo o contrário! Várias empresas europeias estão já a considerar seriamente relocalizar-se nos EUA, pois aí o custo da energia é muito menor. Sem dúvida, nos EUA serão bem acolhidas, pois eles têm desejo de se re-industrializar!


Se os alemães e outros povos do Norte europeu estão a armazenar lenha para o Inverno, eles têm muitas razões para fazê-lo. Mas, as indústrias não poderão mudar o abastecimento de gás ou eletricidade, para lenha! Vai - portanto - haver uma onda (que já começou) de fecho de empresas, cuja fatura energética subiu de tal maneira, que deixaram de ser rentáveis!

A crise energética, fabricada pelos globalistas que nos governam, não é causada pela guerra na Ucrânia. Ninguém pode dizer que os russos querem «estrangular» energeticamente a UE, pois eles têm sido boicotados, sujeitos a sanções, diabolizados e têm continuado a fornecer o gás a países que se tornaram claramente hostis. Mas, como de costume, a «culpa» é sempre do «outro», neste caso «do Putin»!

Quando é que as pessoas acordam e percebem como têm sido manipuladas? 



quinta-feira, 13 de outubro de 2022

QUE TAL UMA CRISE BANCÁRIA, A SOMAR À CRISE ENERGÉTICA?

                                             

 Os bancos dos países ocidentais, sobretudo da UE, do Japão e Reino Unido, têm estado super alavancados, isto quer dizer que a soma de tudo aquilo que têm emprestado ultrapassa, nalguns casos de perto de  30 vezes, as somas em cash e outros ativos que possuem e que eles têm como garantia. O principal elemento desta alavancagem monstruosa é o mercado dos derivados. É um mercado muito pouco regulado, que não entra nas contabilidades dos bancos, pelo que as quantidades em jogo e o risco associado são apenas estimativas. No entanto, estas apontam para uma potencial quebra em «castelo de cartas», visto que a subida dos juros das obrigações e a contração do crédito, tanto ao público, como interbancário, vai desencadear uma série de ativações (automáticas) das cláusulas de segurança nos referidos contratos de derivados. Tipicamente, um determinado contrato está baseado sobre índices ou valores de ativos. Estes estão fora do controlo das entidades que emitem e compram esses mesmos derivados. Assim, quando são feitos os contratos, há cláusulas de salvaguarda, para o caso em que haja um desvio demasiado grande de certos parâmetros, em relação aos mesmos aquando da assinatura dos contratos. É o caso recente dos aumentos de juros grandes e bruscos, tanto nas obrigações soberanas (emitidas pelos Estados), como as obrigações de empresa. Ninguém sabe qual o comportamento no curto prazo dessa «nebulosa» dos derivados, que mobiliza muitos triliões. Porém, a instabilidade e o receio imperam. Isto explica, em parte, a dificuldade presente do Crédit Suisse em se recapitalizar. Mais uma vez, entra o mesmo cenário que na Grande Recessão de 2008. Lembremos que foi a ausência de empréstimos interbancários, que poderiam resolver défices de liquidez temporários, que despoletou a crise. Os «pacotes de créditos hipotecários» foram os catalisadores, mas a consequência imediata disso foi que nenhum banco confiava na solvabilidade do seu vizinho; todos se retraíam de emprestar dinheiro, mesmo nos prazos mais curtos. O cenário repetiu-se em Setembro de 2019, seguido pela avalancha de QE (impressão monetária) da FED, até ao tsunami em Março 2020, supostamente por causa do COVID. 

Na realidade, a enormidade das dívidas acumuladas e a alavancagem de muitos bancos - incluindo bancos ditos sistémicos - faz com que já não haja «potência de fogo» de nenhum banco central, ou mesmo do FMI, para diferir (não digo eliminar) a derrocada. 

Situação das contas de diversos bancos. Para análise detalhada, ler Artigo* de Alasdair Macleod 

Creio que os bancos centrais - mais uma vez-  enganaram-se a si próprios. Seguiram estúpidas teorias monetaristas, entre elas o neokeynesianismo e  -mais recentemente - a famosa MMT. Essencialmente, ambas teorias advogam que os Estados podem manter-se em défice permanente, que o aumento da moeda em circulação é percebido pelos mercados como crescimento, como confiança no investimento, etc. A ideia é que esta «crença» dos mercados acaba por despoletar o crescimento, tem um efeito «estimulador» da economia. Tenho imensa dificuldade em compreender como tantas pessoas adultas, muitas delas com doutoramentos, conseguem autoiludir-se a este ponto: 

- De facto, se há um aumento da massa monetária em circulação, ele vai traduzir-se num enfraquecimento dessa moeda e isso vai despoletar a inflação. Esta pode ser diferida, assim como a água numa represa de uma barragem hidroelétrica pode ser retida durante algum tempo, até um certo nível. Mas, a partir de certo volume, têm de se abrir as comportas, que permitem que a água escoe, que a inflação deixe de estar confinada aos ativos financeiros e se alargue ao consumo geral (é aquilo que estamos a ver agora). No caso da barragem, se isso não for feito, a pressão constante da água sobre as paredes e o transbordar de água por cima do parapeito causarão inundação a jusante, ou pior ainda, uma rutura na própria barragem, seguida de inundação brusca. 

A analogia com o sistema monetário mundial é muito forte. Existe, como sabemos, ligação forte entre todos os bancos centrais, que também estão conectados ao sistema bancário e financeiro de cada país e internacional. No caso presente, uma crise séria, causando a falência dum «banco sistémico», como o Crédit Suisse ou o Deutsche Bank (ou outro grande banco internacional equivalente), irá despoletar uma série de fenómenos de vendas de pânico, de falências e «default» (= falhas de pagamento) em cascata. Mas, agora, não haverá já dinheiro do jogo «Monopoly» que possa salvar (temporariamente) a situação como em 2008. Ou então,  bem podem eles produzir divisas-fiat, nas quantidades que quiserem. Mas, o público e as empresas não quererão mais esse dinheiro «Monopoly». 

Também não servirá de grande coisa «afundar o vizinho» para se manterem à tona, como os americanos têm feito - desde há muitos anos - aos europeus. Agora, agiram de forma espetacular, com o atentado terrorista dos gasodutos NordStream. A cidadania mais esclarecida, mais consciente, já está a mobilizar-se. Em França, Alemanha, Rép. Checa, Itália, etc, há grandes manifestações. 

A U. E. está enredada nas suas contradições, entre servir os respetivos povos e suas economias nacionais, ou sujeitar-se ao «diktat» americano. Estes, através da OTAN (sobretudo), estão sempre a «torcer o braço» aos europeus para estes fazerem as «guerras dos americanos» contra os seus competidores. 

Não sei se, na U.E., chegarão a um ponto de rutura ou não, mas sei que não será o fim do mundo. As crises vão e veem. Causam muito desemprego, miséria, agitação social, além de que muitos valiosos ativos mudam de mãos. Mesmo que seja o fim do capitalismo, também não é o fim do mundo. Só temos que ter muito cuidado com a histeria de certos atores políticos que - conscientemente ou não - têm estado a aproximar a humanidade do holocausto nuclear. Isso sim, seria o fim de tudo.

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*)  https://www.goldmoney.com/research/banking-crisis-the-great-unwind

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Crise energética na UE e oportunidade para os EUA...

 ... de que falava Blinken: Sim, é uma oportunidade para o business americano, sem dúvida. 

O Gás Natural Liquefeito (LNG na sua sigla em inglês) é obtido, nos EUA, a partir de depósitos de gás de xisto. A indústria de produção de petróleo e de gás de xisto apresentou-se primeiro como um grande negócio e muitos investiram nas ações das empresas do xisto. 

Porém, a enorme dívida que se acumulou no setor, tornou-o pouco rentável ou mesmo não rentável. O segmento menos rentável era justamente relacionado com a extração e todo o processamento que leva ao LNG. Com a agudização da crise ucraniana, os poços de gás de xisto e as respetivas empresas tornaram-se de novo rentáveis. 

A garantia de um mercado cativo, o dos súbditos europeus, permite tornar rentável algo que raramente ou dificilmente o podia ser. Com efeito, as operações de compressão e  liquefação do gás natural são onerosas e gastam energia! A armazenagem do LNG, o transporte em navios-cisterna especialmente desenhados para o efeito, a necessidade de instalações portuárias especiais, tanto nos portos de origem como de destino, tornam a margem de lucro destas operações muito pequena.

O processo só pode ser rentabilizado com um preço de monopólio, ou seja, se os compradores estiverem obrigados a abastecer-se de gás natural (LNG) proveniente dos EUA e não da Rússia. 

O atentado terrorista dos gasodutos Nord Stream encontra aí o beneficiário do crime. Os executores podem ter sido, além dos americanos, os britânicos  também, pois estes tinham a motivação, o interesse e a capacidade técnica para isso. Também podem ter colaborado ativamente  os noruegueses e os polacos, que estavam quase a estrear a entrada em funcionamento doutro gasoduto, trazendo gás natural da Noruega para a Polónia. Lembro que são países inteiramente «fieis» à NATO. 

         Reprodução do selo «comemorativo» do atentado contra a ponte da Crimeia.

É bem possível que vários outros países tenham participado, pois as águas onde se deu o atentado são constantemente vigiadas por satélite, por dispositivos de sonar, por câmaras submersas etc., para impedir que qualquer submarino russo possa atravessar essas águas sem ser detetado. Este sistema apertado e sofisticado não podia ser iludido nem pelos russos, nem por ninguém. Logicamente só dando o conhecimento prévio aos países (da NATO) vizinhos (Dinamarca, Alemanha, Suécia e Polónia) esta sabotagem poderia ter sido levada a cabo, não fossem os «sabotadores legítimos» ser confundidos com os mauzões dos russos. 

De qualquer maneira, este atentado não foi isolado. Lembro a frequente utilização da central nuclear de Zaporozjnie (ocupada pelos russos) como alvo dos mísseis ucranianos, arriscando um acidente nuclear com disseminação  de radiatividade no ar e nos rios. Houve também uma central em território russo, que foi alvo de tentativa de sabotagem por parte dum comando ucraniano. 

O atentado contra a ponte que liga a província russa da Crimeia à parte continental da Rússia foi endossado pelo governo e serviços secretos ucranianos. Ele não foi a única causa de retaliação dos russos. Poucas horas depois, houve uma barragem de mais de 70 mísseis russos contra alvos governamentais em Kiev e noutras cidades da Ucrânia. Também foram destruídas centrais elétricas e centros de retransmissão de energia elétrica. 

Os russos deram um claro sinal ao governo do «Banderastan» e às forças políticas que o apoiam, que são teleguiados pelo Pentágono, pela CIA e pelo Departamento de Estado do Tio Sam (juntamente com outros comparsas da NATO). 

 Pelo menos, desde o atentado - por uma agente dos serviços secretos ucranianos - que vitimou  Daria Dugina perto de Moscovo (início de Agosto), os ucranianos intensificaram sabotagens em solo russo e bombardeamentos contra a república do Donestsk, em zonas urbanas sem interesse militar, causando muitos mortos civis. 

Se os americanos, usando os seus fantoches de Kiev, estavam convencidos de que iriam poder continuar com estes atos de terror impunemente, eles iriam redobrar de audácia e criminalidade. 

No geral, muitos países que não estão debaixo da tutela americana percebem as razões que assistem à Rússia, a qual teve (e tem) uma ameaça existencial às suas portas, desde 2014, desde o golpe de estado, cozinhado pela administração americana e vários países da UE.

Pode dizer-se que - na guerra pelos recursos energéticos - a húbris de americanos e outros ocidentais, faz com que estes acabem por perder. Por exemplo, o projeto petrolífero na península de Sakalina, no extremo oriente russo, já não terá a participação de 30% da Exxon-Mobil. Os russos convidaram a Índia a tomar o lugar dos americanos. 

Os países da OPEP irão reduzir a sua produção em 2 milhões de barris diários. Eles argumentam que precisam de sustentar os preços. No entanto, nunca se tinha visto a Arábia Saudita dizer «não» aos americanos, seus protetores e fornecedores de armas. Os americanos estão furiosos e dizem que agora a Arábia Saudita está a «fazer o jogo dos russos». 

O Império não consegue manter sua hegemonia, nem sequer consegue fazer-se respeitar. Mesmo entre os seus vassalos mais submissos, como vários países da NATO, têm uma cidadania que já acordou e compreende que tem sido instrumentalizada por mentiras, contra os seus próprios interesses vitais. 

Os dirigentes destes países só têm duas saídas possíveis: 

- Eliminam ou flexibilizam as sanções, como a Hungria, a Bulgária e agora a Itália, que não deseja com certeza «suicidar-se» para agradar aos americanos... 

- Ou então, vão continuar a política cega contra a Rússia, como fazem o Reino Unido e outros, com o risco do povo perder a paciência e derrubar o governo. 

Aliás, as cidadanias alemã e checa têm demonstrado recentemente que não se identificam com a política dos seus respetivos governos, em relação às sanções contra a Rússia. 

Ângela Merkel, líder de partido conservador e chanceler alemã durante dez anos, teceu fortes críticas à maneira como as relações com Moscovo têm sido levadas a cabo pelas diplomacias do seu país, da UE e dos EUA. 

Espero que os dirigentes europeus, pressionados pelos eleitores, encontrem um caminho para negociar a paz com a Rússia. 

O governo da Ucrânia é totalmente fantoche. Zelensky até sugeriu aos países da NATO que façam uma escalada, usando mísseis nucleares contra a Rússia. É um sociopata perigoso, pois não está preocupado com a aniquilação dos povos, incluindo do seu próprio. Está convencido de que irá sobreviver, num cenário destes. Está tomado pelo «papel de herói»  (de mau ator teatral), querendo que o seu povo e o mundo tomem como verdade a ficção grotesca que ele encarna.

PS1: Um dos números de Zelensky ator!

https://www.armstrongeconomics.com/international-news/ukraine/zelensky-profiting-from-the-war/

PS2: Biden e seu governo devem achar que os europeus são muito estúpidos! Veja: https://www.youtube.com/watch?v=LIg_bluzx_s&feature=youtu.be


PS3: A Alemanha está a jogar cavaleiro solitário, no que toca à crise energética. Ela arrisca causar uma quebra na UE: 

https://www.youtube.com/watch?v=c5SLK_ywJb8


PS4:  Vê este vídeo bem documentado 

https://www.youtube.com/watch?v=zIF2MCGBNOI


sábado, 8 de outubro de 2022

FRANCISCO CORREA DE ARAÚXO E A MÚSICA IBÉRICA NO SÉCULO XVII


A ideia de que a Península Ibérica não trouxe nenhum compositor notável, antes do século XIX, é totalmente falsa e fabricada. Na verdade, avaliando por aquilo que se salvou dos desastres naturais ou provocados por humanos, põe-se em evidência uma arte dos sons requintada,  com tradições e escolas diversificadas, sinal de maturidade e sofisticação.

A Península Ibérica, na música para órgão (e outros instrumentos de tecla, como o cravo e clavicórdio) pode mesmo reivindicar uma grande precocidade, em relação a outras escolas europeias. Pode dizer-se que - desde cedo - a Península Ibérica esteve aberta e teve conhecimento da música que se fazia na Europa. A tradição ibérica  recebeu influências e ela própria influenciou as escolas europeias, nomeadamente, da Itália, da França, dos Países Baixos, da Inglaterra. 

Gosto especialmente de Francisco Correa de Araúxo. Em Portugal, um eminente  musicólogo muito fez para dar a conhecer a obra de Araúxo, o Prof. Macário Santiago Kastner

O mestre organista de Sevilha deixou uma obra monumental que é um repositório dos processos de composição que eram aplicados, no seu tempo, à música para órgão. 

O órgão ibérico tem a particularidade de apresentar com frequência um teclado «partido», ou seja, a metade mais grave tem um conjunto de registos, e a metade mais aguda, outro conjunto.  Assim, é possível fazer vozes solistas, graves ou agudas, sem ter as dimensões bem maiores em tubaria e com vários teclados, que já nessa época (séc. XVII) caracterizavam os órgãos das catedrais e igrejas importantes do Norte da Europa. O «tiento de medio-registro», tornou-se, com as "Batalhas" e os "tientos de Falsas" ( = com cromatismos e dissonâncias),  uma forma quase exclusiva da literatura para órgão ibérica. 


Claro que a música de Araúxo, embora de excecional qualidade, estava inserida na grande tradição coral polifónica, tanto em Portugal como em Espanha. Muitos outros, seus antecessores e contemporâneos, participaram no florescimento da música para tecla (sobretudo órgão). Os séculos XVI e XVII, são ricos em grandes compositores para órgão, tanto em terras de Portugal (António Carreira, Manuel Rodrigues Coelho, Pedro de Araújo...), como de Espanha (António de Cabezón, Sebastián Aguiler de Heredia, Pablo Bruna, Juan Cabanilles...). 

A música ibérica no século XVIII foi demasiado «seguidora» das modas de além Pirinéus, sobretudo de França e de Itália. Embora alguns traços ibéricos típicos se conservem, a música italiana tornou-se a referência: Os monarcas e as cortes de ambos os países importavam músicos italianos (Domenico Scarlatti, é o mais famoso); as óperas eram ao gosto italiano. Assim, a grande tradição ibérica de música para órgão não teve o desenvolvimento, ou a continuidade da tradição, que o século anterior prometia. 

De qualquer maneira, o legado da música de órgão ibérica, foi redescoberto no século XX. Atualmente, organistas profissionais de todo o mundo incluem nos seus discos e programas de recitais para órgão os compositores ibéricos dos séculos XVI e XVII. Entre eles, destaca-se (justamente) Francisco Correa de Araúxo.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

POR QUE RAZÃO A MEDIA NÃO REPORTA AS DECLARAÇÕES DE PUTIN E XI JIN PIN?

 «In his Moscow address, he said: “They do not wish us freedom, but they want to see us as a colony. They want not equal cooperation, but robbery. They want to see us not as a free society, but as a crowd of soulless slaves.”»

https://consortiumnews.com/2022/10/03/patrick-lawrence-the-strong-and-the-merely-powerful/

Temos de compreender, não estamos numa «guerra leal», em que o «inimigo» é visto simplesmente como alguma nação ou conjunto de nações, que se opõe ao nosso campo. O que caracteriza esta guerra, esta IIIª Guerra Mundial, é que se trata duma guerra total e híbrida. Híbrida, porque usa meios como sanções económicas, a guerra psicológica com as táticas de ocultação, distorção e fabricação de notícias, a propaganda, o matraquear ideológico, etc. Estes meios são usados em permanência, além dos propriamente militares. É uma guerra total porque os hegemónicos EUA não admitem outra solução senão um domínio, sem partilha, do sistema internacional, feito de acordo com as suas conveniências e não numa qualquer «ordem mundial», mas na mais completa desordem. Eles pretendem assim assegurar a predação e a rapina das riquezas dos povos e seus recursos naturais. Este super-imperialismo ( M. Hudson) pode ser disfarçado de muitas maneiras perante os seus próprios cidadãos; tentam o mesmo em países submetidos à sua órbita. Trata-se de pôr em jogo o que chamam de «soft power». Este é o poder de influenciar, condicionar, atrair as pessoas doutras nações e civilizações, a se submeterem perante o fascínio da máquina produtora de ilusões, da cinematografia de Hollywood, da música rock, de milhões e milhões de horas de séries televisivas apresentando o «american way of life» (totalmente falso) como sendo o modelo que quaisquer pessoas sensatas deveriam adotar. Evidentemente, a propaganda antissocialista e anticomunista, também emanou dos mesmos centros, durante mais de 70 anos, apresentando a imagem mais negativa destes regimes e das forças que defendiam soluções anticapitalistas. Os cidadãos são sujeitos a esta lavagem ao cérebro durante gerações.
A guerra psicológica esteve sempre presente, durante mais de um século, sobretudo desde que surgiu a URSS e houve um apelo para os setores revolucionários da classe operária se libertarem do jugo do capitalismo e instaurar o socialismo. Tais forças, em muitas sociedades não tinham força suficiente para porem em risco as «democracias», mas amedrontaram as burguesias. Por isso, elas criaram, financiaram e apoiaram os partidos fascistas. Estes, acabaram por tomar o poder, primeiro em Itália (onde tinha havido o «biénio vermelho»), em Portugal (onde o regime democrático não reprimia com «suficiente vigor» o operariado revolucionário), na Espanha (onde Franco e outros generais se sublevaram contra a república), para se alastrar na Alemanha, Áustria, Hungria, Roménia. Houve tentativas de golpes fascistas em França e noutras democracias «liberais».
A guerra psicológica, hoje em dia, é aplicada «cientificamente» e parte significativa da «intelectualidade» ou das profissões «intelectuais», está disposta a «fazer a sua parte», neste condicionamento de massas. Não é por acaso, que os meios de comunicação social e da Internet, nas mãos de grandes empresas capitalistas, têm tanto poder, ao ponto de nulificarem qualquer real possibilidade de expressão livre e independente dos poderes. Logo que algo desagrade aos poderes, isso é retirado, através de mecanismos de censura que os regimes fascistas do passado nunca  conseguiram implementar com tanta eficácia. Os meios disponíveis permitem anular todo o «perigo» de meus escritos terem uma difusão significativa. Assim, contrariamente à censura do tempo da Inquisição ou dos regimes ditatoriais do século XX, o processo de orientação da informação nas massas, opera sobretudo pelo mecanismo da saturação de «memes». Se algo é dito e redito com intensidade suficiente e dando a ideia de «diversidade», a massa irá acreditar piamente, um número bastante menor - mas consistente - irá fingir que acredita, só para não ser incomodado, uma pequena minoria irá tentar desmascarar esta construção da «verdade», através de contrainformação, mas sem sucesso, pelo menos, junto da grande maioria. Viu-se e vê-se ainda, com a campanha de condicionamento a propósito do coronavírus, propulsionado ao nível de «pandemia» e que serviu para testar (como se os humanos fossem cobaias) o arsenal de guerra «informativa», ou seja de condicionamento de massas, pelos governos e pelos interesses capitalistas mais poderosos.

A guerra mundial que está em curso, iniciada com o ataque bárbaro e criminoso das forças da OTAN contra a Jugoslávia em 1999 (há 23 anos!), vai durar enquanto não houver mudança da estrutura de poder mundial. Até lá, os países mais poderosos vão fazer a guerra (híbrida), que terá como causa e razão de ser a repartição das áreas de influência. Essa guerra híbrida será também, tanto quanto puderem, uma guerra através de terceiros (by proxi) e isto porque eles sabem que a sua estabilidade doméstica fica posta em causa - no longo prazo - se o seu povo for obrigado a suportar uma guerra. Por isso as forças da NATO estão a impor uma guerra à Rússia através da Ucrânia. Lembremos que as guerras de atrição são (quase sempre) ganhas pelos que têm menos a perder (os Vietnamitas, os Afegãos, etc), enquanto os que têm mais meios técnicos e económicos para fazer a guerra, também têm uma população «amolecida» que não aceita sacrificar o seu conforto e por isso deixa de apoiar o seu governo. Foi o que aconteceu, nomeadamente, com a Guerra do Vietname e com a contestação generalizada que causou no povo e juventude americanos.


A media atual, no Ocidente, é literalmente uma arma poderosa que, não apenas anestesia a opinião pública de seus próprios países, também a intoxica e a fanatiza com relatos mentirosos e cruéis. Desumaniza os «do outro lado», permitindo assim que as oligarquias continuem com a barbárie da guerra. Por isso, é claro que o que dizem do outro lado tem de ser completamente falseado, distorcido, porque nada pode contradizer a imagem de maldade absoluta que é pintada permanentemente dos povos e dos dirigentes das potências opostas. Só quando os povos deixarem de «acreditar» na propaganda de guerra disfarçada de informação, os poderes se sentirão obrigados a moderar seus ímpetos. Porque no passado, não muito longínquo, o rei ou o chefe militar, tinha de ir com as tropas enfrentar o inimigo no campo de batalha; se não o fizesse, o seu exército iria fraquejar e seria derrotado. O elemento psicológico funcionava, mas a lealdade ao chefe implicava que este se mostrasse intrépido, corajoso, pronto a morrer pelo seu povo, mesmo que isto não fosse exatamente assim. Hoje, o elemento psicológico tem a ver com a distorção intencional e repetida do campo adversário, como se «aquilo que parece, acabasse por existir, na realidade». Até certo ponto, esta falácia tem funcionado, porque permite manter as pessoas na ilusão. Devido a este engano, elas acabam por tomar como verdadeiro aquilo que - provavelmente - nunca aceitariam, se tivessem um retrato realista, não partidário, das situações. Porém, no longo prazo, a população acaba por ser massacrada pela sua própria «elite», no altar fantasmagórico da «pátria»... A descida ao mundo real, quanto mais tardia for, mais dura será

terça-feira, 27 de setembro de 2022

ITÁLIA E A ETIQUETA «FASCISTA»

ESTA ETIQUETA É DADA PELA MEDIA CORPORATIVA A TUDO O QUE VAI CONTRA A AGENDA GLOBALISTA.

Giorgia Meloni e os Fratelli di Italia podem ser conservadores e anti-imigração, mas estão longe de serem fascistas. O seu sucesso eleitoral  resulta da saturação do povo italiano pela destruição do seu modo de vida, pela burocracia globalista que lhes quer impor os seus «não-valores». Este partido conseguiu 26 % dos votos. Sendo o maior partido, pode formar governo com outras duas formações de direita (Forza Italia e Liga Norte ). Conjuntamente, terão uma maioria absoluta nas duas câmaras (deputados e senado). 

O principal problema que leva as pessoas a votar nestas formações tem  a ver com a sua sensação de que perderam o controlo sobre o seu próprio país, com as imposições da Comissão Europeia. Com efeito há dezenas de anos que tiveram de arcar, sozinhos, com as consequências das vagas sucessivas de migrantes vindos do Norte de África. De facto, o problema não é especialmente italiano, mas sim global. 

                                            Imigrantes ao largo das costas italianas

É um problema da responsabilidade de países ditos ricos e democráticos. Deveriam trabalhar sem paternalismos, nem ambições de neocolonialismo, com as instituições dos países de origem, para que haja uma solução para os problemas terríveis que assolam esses países. 

Em vez disso, como hipócritas que são, continuam com a sua ingerência permanente e com exploração das riquezas naturais desses países, mas sem os custos de países coloniais (como o foram no passado, muitos deles). 

Hipocritamente, aceitam os imigrantes económicos disfarçados em refugiados políticos, porque isso lhes permite ter mão-de-obra barata e precária nos setores desertados pelos trabalhadores de origem dos seus países. Muitas vezes, leis destinadas a acolher perseguidos políticos, servem de cobertura à aceitação indiscriminada de imigrantes económicos. A constante utilização do direito de asilo, em casos que não o são, obviamente acaba por fragilizar os verdadeiros asilados políticos. 

As economias de onde vêm os imigrantes, foram pilhadas e exploradas nas épocas colonial e neocolonial. Os problemas estruturais desses países são mantidos ou agravados pelas políticas das chamadas «democracias», que têm participado no processo de manutenção desses países sob tutela. Basta ver o que têm feito no Mali, no Burkina-Faso, na Líbia ou na Síria, e em muitos outros casos.

Quanto aos países que se tornaram pontos de acolhimento dessa migração do desespero, ficam com a estabilidade social, económica e política, postas em causa. A velocidade a que tudo ocorre, impede qualquer assimilação da população imigrada. Esta é mantida em guetos. 

As populações de origem, que vivem na proximidade desses guetos, encontram-se confrontadas quotidianamente com pessoas de outras etnias, de outras culturas. Isto faz com que aquelas se sintam acossadas e desenvolvam complexos racistas e xenófobos. 

Mas, os que, nos seus condomínios privados de luxo, nos seus bairros da classe alta, tomam as decisões - em Bruxelas, Berlim, Roma, ou Paris - não têm que partilhar o seu espaço com esses imigrantes. Não lhes custa pessoalmente nada mostrarem-se «virtuosos». Não lhes custa impor aos cidadãos do seu país, o acolhimento forçado de outras etnias e culturas. 

A verdade é que os imigrantes são um «exército de reserva», ou seja,  desempregados, disponíveis para as tarefas mais duras ou menos bem remuneradas, muitas vezes abaixo dos mínimos salariais e em condições de sobre-exploração. O estatuto de «clandestino» ou «ilegal», que aflige muitos, é mais um instrumento de pressão, para a classe patronal e para as autoridades do país em que trabalham.

Tanto na Suécia, como na Itália, estou convencido que os fatores principais da viragem à direita, foram o problema da imigração não-controlada e da agenda globalista, que os respetivos governos anteriores perseguiam. Aliás, os mais prejudicados são os mais pobres da população autóctone, os quais têm de aguentar a concorrência da mão-de-obra do exterior, sobretudo em empregos manuais (construção civil, restauração, etc.). 


                               Principais fluxos migratórios para Itália

A incapacidade de lidar com este problema é uma das razões porque a classe trabalhadora, seja na França, na Itália, na Suécia, etc. se tem desviado massivamente dos partidos de esquerda, os quais se reclamam de «origem operária», mas que se tornaram estranhos ao sentir dos trabalhadores. O mesmo se pode dizer dos sindicatos. O resultado, é que o voto na «extrema direita» é - cada vez mais - o voto das classes populares e o voto na «esquerda» é - cada vez mais - o voto das classes médias-superiores, com diplomas universitários e bons empregos.

Tenho visto pessoas ditas de «esquerda» negar a evidência, mostrando-se realmente incapazes de raciocinar. É tal o seu medo de serem consideradas «racistas» ou «fascistas»,  ou outra etiqueta do género, que são incapazes de pensar objetivamente e de encontrar caminhos para a resolução destes problemas. 

De facto, a oligarquia globalista é a única a beneficiar deste estado de coisas. Tem ao seu dispor uma massa de trabalhadores dóceis, não sindicalizados, que não se misturam com os trabalhadores autóctones, fragilizados e incapazes de fazer valer os seus direitos legais. 

O fenómeno também toca a Portugal: Veja-se a enorme quantidade de imigrantes vindos do Sul da Ásia, que estão a trabalhar na Costa Alentejana, em propriedades agrícolas e em estufas. 

Por outro lado, os oligarcas têm garantido o controlo dos diferentes países, ao nível político, pelas divisões criadas no interior da cidadania: as cidadanias desses países de acolhimento, digladiam-se em lutas fratricidas. Não sabem mais nada, senão chamar nomes de «fascistas» ou de «comunistas»! 

Por fim, a média que está sempre ao serviço do grande capital reforça - constantemente - os estereótipos. Ela é propriedade de grandes capitalistas, ou tem necessidade da publicidade, paga por esses mesmos capitalistas. 

Chamar fascista a Georgia Meloni e ao seu partido é o adjetivo fácil; mas, se a media em Portugal seguisse os mesmos critérios, seriam «fascistas» dirigentes do CDS-PP e PSD, partidos portugueses onde há /houve elementos das direções que foram fascistas, incluindo ex-membros do último governo fascista, derrubado no 25 de Abril de 74. E,  pela mesma lógica, seria fascista o PS, que teve como membro o Prof. Veiga Simão, ex-ministro de Marcelo Caetano*, que aderiu ao PS após o 25 de Abril de 74 e foi membro de governos pós-25 de Abril. O caso do Prof. Veiga Simão não é único - longe disso! - na «democracia portuguesa». 

Esta etiquetagem traduz o incómodo dos lacaios do grande capital, face a alguém que sai fora do «consenso» (fabricado por eles). Chamar nomes, como «populista», «extrema-direita» ou «fascista», esconde o facto deste governo se apresentar contra Bruxelas, contra a Comissão Europeia, pelos interesses fundamentais dos italianos. 

Resta agora ver se  o novo governo italiano está disposto a fazer frente às ingerências (que começaram antes da votação, com declarações de Úrsula von der Leyen), ou se cede perante a pressão conjugada dos globalistas europeus e americanos.

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*Presidente do Conselho de Ministros, que sucedeu a Oliveira Salazar. O seu governo foi derrubado pela revolução de 25 de Abril de 1974