Porque razão os bancos centrais asiáticos estão a comprar toneladas de ouro? - Não é ouro em si mesmo que lhes importa neste momento, mas é a forma mais expedita de se livrarem de US dollars!!
Mostrar mensagens com a etiqueta Reynaldo Hahn. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Reynaldo Hahn. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 2 de janeiro de 2023

Debussy: Suite Bergamasque (interprete: Seong-Jin Cho)

 


Claude Debussy, Paul Verlaine e o Simbolismo

Paul Verlaine (1844 -1896) tem sido considerado um dos chefes de fila do movimento Simbolista. 
Tal era a sua potência poética que - apesar da sua «má vida» e dos amores proibidos com Artur Rimbaud - o elegeram o «Príncipe dos Poetas», do Parnasso Contemporâneo. 
A sua arte é talvez a forma mais acabada de síntese entre o clássico e o moderno.
Quando nos debruçamos sobre a sua obra, valorizando os aspetos estéticos, ficamos extasiados pela musicalidade, subtileza e pela utilização de audácias de estilo que seriam lembradas pelos seus sucessores.
Afinal de contas, é certo que ele seja o Príncipe: Porque, que mais pode uma alma literária desejar para sua posteridade, do que ser admirada, plagiada, estudada, posta em música e isto, em sucessivas gerações!?

A peça Clair de Lune (Luar) de Debussy, integrada na suite «Bergamasque», não sendo um «poema musicado» é uma peça que banha na atmosfera simbolista e possui óbvias referências à poesia de Verlaine. Não apenas o nome «Clair de Lune» é idêntico a um dos poemas da recolha das «Fêtes Galantes» mas, no poema de Verlaine, este menciona «masques et bergamasques»: Trata-se de uma ironia saborosa, pois «masques» (máscaras) estão unidas, pela rima interna, com «bergamasque» a dança renascentista, originária de Bergamo, Itália.
Estou convencido que Debussy escolheu este título da suite «Bergamasque», como forma de homenagear o poeta simbolista.
Os versos de Verlaine têm sido postos em música por sucessivas gerações de compositores, desde Gabriel Fauré e Reynaldo Hahn, a Léo Ferré e Georges Brassens ... e muitos mais! 




Clair de lune

Votre âme est un paysage choisi
Que vont charmant masques et bergamasques
Jouant du luth et dansant et quasi
Tristes sous leurs déguisements fantasques.

Tout en chantant sur le mode mineur
L'amour vainqueur et la vie opportune,
Ils n'ont pas l'air de croire à leur bonheur
Et leur chanson se mêle au clair de lune,

Au calme clair de lune triste et beau,
Qui fait rêver les oiseaux dans les arbres
Et sangloter d'extase les jets d'eau,
Les grands jets d'eau sveltes parmi les marbres.
--------------------------------------
[Tradução de Manuel Banet]

Ao Luar

Vossa alma é a paisagem escolhida
Onde se movem máscaras e bergamascas
Tangem alaúdes, dançam e vão quase
Tristes sob suas roupagens de fantasia.

Enquanto cantam em modo menor
O amor triunfante e a vida sorridente, 
Parecem não crer na  sua felicidade
E sua canção mistura-se ao luar

Ao luar calmo, triste e belo
Que faz sonhar pássaros nos ramos
E soluçar de êxtase repuxos de água,
Grandes repuxos esbeltos entre os mármores.

terça-feira, 9 de junho de 2020

REYNALDO HAHN - TROIS CHANSONS, TROIS POÈTES

R. Hahn, venezuelano naturalizado francês, teve uma carreira brilhantíssima. As suas peças vocais revelam uma profunda sensibilidade à melodia intrínseca da língua francesa.

L'HEURE EXQUISE - PAUL VERLAINE


La lune blanche
luit dans les bois. De chaque branche part une voix sous la ramée. O bien aimée. L’étang reflète, profond miroir, la silhouette du saule noir où le vent pleure. Rêvons, c’est l’heure. Un vaste et tendre apaisement semble descendre du firmament que l’astre irise. C’est l’heure exquise!

                             SI MES VERS AVAIENT DES AILES - VICTOR HUGO


















Mes vers fuiraient, doux et frêles,
Vers votre jardin si beau,
Si mes vers avaient des ailes,
Comme l’oiseau.
Ils voleraient, étincelles,
Vers votre foyer qui rit,
Si mes vers avaient des ailes,
Comme l’esprit.
Près de vous, purs et fidèles,
Ils accourraient nuit et jour,
Si mes vers avaient des ailes,
Comme l’amour.

                                                   A CHLORIS - THÉOPHILE DE VIAU                             
   
    
















S'il est vrai, Chloris, que tu m'aimes,
Mais j'entends, que tu m'aimes bien,
Je ne crois point que les rois mêmes
Aient un bonheur pareil au mien.
Que la mort serait importune
De venir changer ma fortune
A la félicité des cieux!
Tout ce qu'on dit de l'ambroisie
Ne touche point ma fantaisie
Au prix des grâces de tes yeux.