«In his Moscow address, he said: “They do not wish us freedom, but they want to see us as a colony. They want not equal cooperation, but robbery. They want to see us not as a free society, but as a crowd of soulless slaves.”»
https://consortiumnews.com/2022/10/03/patrick-lawrence-the-strong-and-the-merely-powerful/
Temos de compreender, não estamos numa «guerra leal», em que o «inimigo» é visto simplesmente como alguma nação ou conjunto de nações, que se opõe ao nosso campo. O que caracteriza esta guerra, esta IIIª Guerra Mundial, é que se trata duma guerra total e híbrida. Híbrida, porque usa meios como sanções económicas, a guerra psicológica com as táticas de ocultação, distorção e fabricação de notícias, a propaganda, o matraquear ideológico, etc. Estes meios são usados em permanência, além dos propriamente militares. É uma guerra total porque os hegemónicos EUA não admitem outra solução senão um domínio, sem partilha, do sistema internacional, feito de acordo com as suas conveniências e não numa qualquer «ordem mundial», mas na mais completa desordem. Eles pretendem assim assegurar a predação e a rapina das riquezas dos povos e seus recursos naturais. Este super-imperialismo ( M. Hudson) pode ser disfarçado de muitas maneiras perante os seus próprios cidadãos; tentam o mesmo em países submetidos à sua órbita. Trata-se de pôr em jogo o que chamam de «soft power». Este é o poder de influenciar, condicionar, atrair as pessoas doutras nações e civilizações, a se submeterem perante o fascínio da máquina produtora de ilusões, da cinematografia de Hollywood, da música rock, de milhões e milhões de horas de séries televisivas apresentando o «american way of life» (totalmente falso) como sendo o modelo que quaisquer pessoas sensatas deveriam adotar. Evidentemente, a propaganda antissocialista e anticomunista, também emanou dos mesmos centros, durante mais de 70 anos, apresentando a imagem mais negativa destes regimes e das forças que defendiam soluções anticapitalistas. Os cidadãos são sujeitos a esta lavagem ao cérebro durante gerações.
A guerra psicológica esteve sempre presente, durante mais de um século, sobretudo desde que surgiu a URSS e houve um apelo para os setores revolucionários da classe operária se libertarem do jugo do capitalismo e instaurar o socialismo. Tais forças, em muitas sociedades não tinham força suficiente para porem em risco as «democracias», mas amedrontaram as burguesias. Por isso, elas criaram, financiaram e apoiaram os partidos fascistas. Estes, acabaram por tomar o poder, primeiro em Itália (onde tinha havido o «biénio vermelho»), em Portugal (onde o regime democrático não reprimia com «suficiente vigor» o operariado revolucionário), na Espanha (onde Franco e outros generais se sublevaram contra a república), para se alastrar na Alemanha, Áustria, Hungria, Roménia. Houve tentativas de golpes fascistas em França e noutras democracias «liberais».
A guerra psicológica, hoje em dia, é aplicada «cientificamente» e parte significativa da «intelectualidade» ou das profissões «intelectuais», está disposta a «fazer a sua parte», neste condicionamento de massas. Não é por acaso, que os meios de comunicação social e da Internet, nas mãos de grandes empresas capitalistas, têm tanto poder, ao ponto de nulificarem qualquer real possibilidade de expressão livre e independente dos poderes. Logo que algo desagrade aos poderes, isso é retirado, através de mecanismos de censura que os regimes fascistas do passado nunca conseguiram implementar com tanta eficácia. Os meios disponíveis permitem anular todo o «perigo» de meus escritos terem uma difusão significativa. Assim, contrariamente à censura do tempo da Inquisição ou dos regimes ditatoriais do século XX, o processo de orientação da informação nas massas, opera sobretudo pelo mecanismo da saturação de «memes». Se algo é dito e redito com intensidade suficiente e dando a ideia de «diversidade», a massa irá acreditar piamente, um número bastante menor - mas consistente - irá fingir que acredita, só para não ser incomodado, uma pequena minoria irá tentar desmascarar esta construção da «verdade», através de contrainformação, mas sem sucesso, pelo menos, junto da grande maioria. Viu-se e vê-se ainda, com a campanha de condicionamento a propósito do coronavírus, propulsionado ao nível de «pandemia» e que serviu para testar (como se os humanos fossem cobaias) o arsenal de guerra «informativa», ou seja de condicionamento de massas, pelos governos e pelos interesses capitalistas mais poderosos.
A guerra mundial que está em curso, iniciada com o ataque bárbaro e criminoso das forças da OTAN contra a Jugoslávia em 1999 (há 23 anos!), vai durar enquanto não houver mudança da estrutura de poder mundial. Até lá, os países mais poderosos vão fazer a guerra (híbrida), que terá como causa e razão de ser a repartição das áreas de influência. Essa guerra híbrida será também, tanto quanto puderem, uma guerra através de terceiros (by proxi) e isto porque eles sabem que a sua estabilidade doméstica fica posta em causa - no longo prazo - se o seu povo for obrigado a suportar uma guerra. Por isso as forças da NATO estão a impor uma guerra à Rússia através da Ucrânia. Lembremos que as guerras de atrição são (quase sempre) ganhas pelos que têm menos a perder (os Vietnamitas, os Afegãos, etc), enquanto os que têm mais meios técnicos e económicos para fazer a guerra, também têm uma população «amolecida» que não aceita sacrificar o seu conforto e por isso deixa de apoiar o seu governo. Foi o que aconteceu, nomeadamente, com a Guerra do Vietname e com a contestação generalizada que causou no povo e juventude americanos.
A media atual, no Ocidente, é literalmente uma arma poderosa que, não apenas anestesia a opinião pública de seus próprios países, também a intoxica e a fanatiza com relatos mentirosos e cruéis. Desumaniza os «do outro lado», permitindo assim que as oligarquias continuem com a barbárie da guerra. Por isso, é claro que o que dizem do outro lado tem de ser completamente falseado, distorcido, porque nada pode contradizer a imagem de maldade absoluta que é pintada permanentemente dos povos e dos dirigentes das potências opostas. Só quando os povos deixarem de «acreditar» na propaganda de guerra disfarçada de informação, os poderes se sentirão obrigados a moderar seus ímpetos. Porque no passado, não muito longínquo, o rei ou o chefe militar, tinha de ir com as tropas enfrentar o inimigo no campo de batalha; se não o fizesse, o seu exército iria fraquejar e seria derrotado. O elemento psicológico funcionava, mas a lealdade ao chefe implicava que este se mostrasse intrépido, corajoso, pronto a morrer pelo seu povo, mesmo que isto não fosse exatamente assim. Hoje, o elemento psicológico tem a ver com a distorção intencional e repetida do campo adversário, como se «aquilo que parece, acabasse por existir, na realidade». Até certo ponto, esta falácia tem funcionado, porque permite manter as pessoas na ilusão. Devido a este engano, elas acabam por tomar como verdadeiro aquilo que - provavelmente - nunca aceitariam, se tivessem um retrato realista, não partidário, das situações. Porém, no longo prazo, a população acaba por ser massacrada pela sua própria «elite», no altar fantasmagórico da «pátria»... A descida ao mundo real, quanto mais tardia for, mais dura será.
6 comentários:
O artigo abaixo resume toda a questão da relação dos EUA com os seus súbditos da NATO: Não deixe de ler!
https://www.unz.com/article/nordstream-the-signal-that-washington-knows-it-has-lost-the-great-game/
Veja de onde vêm as «teorias da conspiração»:
https://caitlinjohnstone.com/2022/10/04/its-only-a-conspiracy-theory-when-it-accuses-the-us-government/
Prof. Jeffrey Sachs foi interrompido durante entrevista televisiva porque defendeu que os EUA eram considerados responsáveis pela sabotagem no Báltico:
https://www.zerohedge.com/geopolitical/watch-top-un-adviser-interrupted-exasperated-bloomberg-hosts-wrongthink-russia-ukraine
Análise geoestratégica, por Pepe Escobar, sobre «o 11 de Setembro dos gasodutos»:
https://www.unz.com/pescobar/pipeline-terror-is-the-9-11-of-the-raging-twenties/
Aquilo que a media mainstream não te explica:
https://www.youtube.com/watch?v=iiYcIfuwvBw
Scott Ritter, um militar dos EUA, dá uma ideia não falseada das forças no terreno e da provável evolução da guerra:
https://www.youtube.com/watch?v=cwWOqUdQ6xE
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