A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

LÓGICA DE PAZ VERSUS LÓGICA DE GUERRA FRIA

Neste final de 2016, constatamos que o mundo está um pouco menos ameaçado pela guerra global. Isto seria uma quase certeza, caso Hillary tivesse vencido as eleições americanas. 
Não devemos pensar, porém, que tudo se vai compor, não devemos cair na ilusão de que uma détente EUA-Rússia é automática e inevitável, pois existem muitas frentes de fricção que podem, a qualquer momento, especialmente antes da entrada do governo Trump em funções na segunda metade de janeiro 2017, rebentar em conflitos fora de controlo e complicarem muito a situação internacional. 

Esta situação presente poderia caracterizar-se como «nem paz, nem guerra», não se trata de uma situação estável, nem se pode equacionar a nova «Guerra Fria» com o famoso «equilíbrio do terror» da «Guerra Fria nº1». Com efeito, a política agressiva e provocatória dos EUA e de seus aliados da OTAN, tem sofrido revezes de toda a ordem:
- Os tratados de comércio «livre», TPP e TTIP, estão realmente afundados, já estavam seriamente em risco antes da eleição de Trump, sendo que a sua eleição apenas representa o prego final no caixão.
- O lodaçal da Ucrânia tem azedado as relações nem sempre cordiais dos «aliados» (súbditos) europeus na OTAN com os EUA, pois existem demasiados setores industriais europeus a sofrer por causa das sanções à Rússia. Esta, declarou recentemente que as contrassanções, banindo a importação de géneros agrícolas, vão continuar. Muitos outros motivos, como a desesperada necessidade de abastecimento de gás natural, que nunca será substituído pelas energias renováveis, pelo menos no curtíssimo prazo, aconselham os governos a uma atitude de não confronto com a Rússia, que continua a ser um importante fornecedor da União Europeia (especialmente, da Alemanha do Norte).
- A derrota militar na Síria está a tornar claro o jogo sujo lançado pelos EUA, com o pleno apoio da Arábia Saudita e do Qatar. Os objetivos militares eram claramente de empurrar os terroristas do Estado Islâmico (ele próprio uma criação dos EUA, Israel, Arábia Saudita e Qatar) contra o exército sírio governamental, na esperança de causar uma situação crítica e finalmente o derrube de Assad. 
Aliás, isto foi, enquanto estratégia de Hillary, como secretária de Estado do governo Obama, O OBJECTIVO ESTRATÉGICO dos EUA no médio oriente.
- A perda das Filipinas como um dos baluartes de cerco à RP da China. Esta estratégia do «Asia pivot» ruiu com a recusa estrondosa de Duterte em aceitar ser o vassalo obediente dos imperialistas, virando-se claramente para os chineses, para se livrar da dominação colonial secular dos EUA sobre o seu país.
- A redução de influência, em relação aos governos do sul da América: tem surgido uma América Latina cada vez mais independente económica, militar e diplomaticamente do poderoso vizinho do norte.
- Mesmo os aliados mais próximos dos EUA, como a Grã-Bretanha, têm de ter cuidado até onde vão no seu apoio à política «da canhoneira», pois as suas possibilidades de continuarem a desempenhar um qualquer papel no xadrez económico-político-diplomático, dependem das boas relações com a China, e eles sabem-no perfeitamente. Os britânicos ofereceram a praça de Londres para emitir e negociar bonds denominados em yuans, o que lhes daria uma vantagem importante sobre Frankfurt, a principal praça europeia.

Delineei acima algumas de um vasto conjunto de situações, ocultadas ou tratadas de forma completamente distorcida pela média corporativa, mostrando que estamos perante um quadro muito complexo em que a agressividade de uma das partes - o campo «ocidental», nitidamente mais agressivo na retórica e nos atos- acabe por desencadear uma reação da outra. Ou seja, que a provocação constante acabe por causar um passo em falso dos outros. 
Isto é claramente uma estratégia de tensão, que é levada a cabo pelos EUA e aliados (na realidade... súbditos) da União Europeia, agrupados sob o chapéu da OTAN.
- Este posicionamento perigoso é acompanhado por uma torrente importante de propaganda, que faz com que muitas pessoas, incluindo pessoas sinceramente devotadas à causa da paz, confundam as situações e pretendam tomar as suas «distâncias» em relação ao conflito em curso, mas de forma equivocada.
Ora, para se ter uma visão apropriada, deve-se considerar as coisas, não sob a forma que a propaganda quer e deseja que façamos, mas sob a forma que nos parece justa em termos globais, ou seja, sob forma de um desenlace que seja aceitável pelas diversas partes, dentro dum espírito realista de resolução dos conflitos por meios pacíficos, pela prioridade à negociação sobre a confrontação armada, pela reafirmação do princípio da soberania dos Estados, pela não-ingerência de Estados nos assuntos internos dos outros (ou seja, o completo abandono da doutrina de «intervenção humanitária», que apenas trouxe desastres humanitários e destruição total). 
A propaganda tem sempre um objetivo claro em relação à cidadania sobre a qual incide: É desencadear reflexos de medo. O medo impede as pessoas de pensar. Para isso, deflete as questões, não permite que as pessoas percebam onde estão as responsabilidades reais. 
Penso que uma estratégia de paz não passa por contrapropaganda, ou seja, por demonizar aqueles que emitem a propaganda. Isso não é eficaz por várias razões. 
- Em primeiro lugar, porque nos põe, não como críticos, mas como favorecendo apenas um dos lados; ficamos ao mesmo nível que propagandistas. 
- Por outro lado, não permite que se aprofunde, se compreenda, com base em factos e não em opinião, as causas dos acontecimentos. 
Pois é exatamente isso que a média corporativa nos oculta sistematicamente. Esmera-se sempre em obliterar completamente o contexto das notícias, especialmente de conflitos armados, mas - em geral  - faz isso com todo o noticiário de política internacional. 
Pelo contrário, esmeram-se em transcrever e reproduzir todas as declarações oficiais de um dos lados, de forma extensiva, omitindo completamente quaisquer contrapontos. O discurso do poder é registado sem qualquer observação crítica, como um «deus», inquestionável. Para essa média, o «deus» é realmente o poder do dinheiro, seja ele o dos nossos impostos ou o das publicidades que alimentam essas enormes máquinas de propaganda moderna.  
Assim, as pessoas de boa vontade devem educar seus concidadãos a verem a realidade por detrás da propaganda, indo à raiz dos problemas.
Apenas alguns exemplos de manipulações e ocultações recentes da média corporativa internacional:
- Eles sabiam perfeitamente, mas ocultaram quem desencadeou e nutriu as guerras da Líbia, da Síria, quem equipou e subsidiou Al-Nusra, ramo Sírio de Al-Quaida… e como sabemos, estas guerras estiveram realmente na origem do problema – gravíssimo – dos refugiados destas guerras.

- Eles sabiam perfeitamente e ocultaram que houve interesses que se serviram dos refugiados para desestabilizar vários países da Europa central: era conhecido o envolvimento do multibilionário George Soros, que subsidia as ONGs que tiveram um papel de relevo nesta crise.

- Eles sabiam, não apenas do papel das ONGs locais, subsidiadas por Soros, um fator importante na «revolução» de Maidan na Ucrânia, como das forças nazis e antissemitas sem quaisquer máscara, mas que foram apelidadas de «democráticas» pela média e pelo departamento de Estado dos EUA. Foi um golpe de Estado, monitorizado e financiado pelos EUA e com o apoio das chancelarias europeias, nomeadamente alemãs, francesas, britânicas…

Poderia citar mais exemplos, eles estão constantemente a surgir. Mas estes bastam, para se perceber como a média distorce as realidades no terreno, exerce uma forte pressão na opinião pública, não como veículo de informação, que deveria ser, mas como veículo de propaganda.

A meu ver, a propaganda não deve ser combatida com «contrapropaganda», mas com informação objetiva, que desmascare as operações de propaganda. Por isso, importa formar uma cidadania com uma elevada capacidade de pensar criticamente. Não «acreditar» seja o que for, seja de onde vier a informação, sem questionar, examinar as provas da mesma, ver até que ponto se trata de factos, não fabricados, mas objetivos. Depois, ver se estes tais factos suportam ou são coerentes com as teses ou hipóteses defendidas e se não terá havido omissão de outros factos, que iriam contrariar as conclusões…
Esta educação e formação de espíritos livres devem ser assumidas como fator muito importante, essencial mesmo, na construção de um movimento pacifista.



terça-feira, 22 de novembro de 2016

O ESPÍRITO DO LOBO - filme de Jean-Jacques Annaud


Esta película, baseada num romance de Jiang Rong, conta uma aventura de um estudante chinês na Mongólia durante o período da revolução cultural (1967-1970). Os estudantes eram encorajados a irem por períodos de anos apoiar camponeses ou nómadas. 
O livro «Tótem do Lobo» é uma ficção parcialmente baseada na experiência vivida do autor que esteve realmente a viver numa comuna de criadores de gado na Mongólia, nos anos 1970.

                              

sábado, 19 de novembro de 2016

CIBERGUERRA: QUEM A FAZ E QUEM A SOFRE


Nas sociedades ditas «avançadas», o sistema produtivo está muito dependente de redes digitais para o seu funcionamento quotidiano. 
Estas redes, embora possuam mecanismos próprios de defesa contra intrusos, não são à prova de «hackers», que - mediante instrumentos digitais específicos - conseguem tornear ou descriptar muitas das «paredes anti-roubo» ou «firewalls» presentes nos sistemas informáticos de grandes bancos, agências de segurança e espionagem, doutras instâncias do governo ou de grandes corporações. 
Quaisquer que sejam os objectivos, quer seja roubo de dinheiro eletrónico, espionagem, ou revelar segredos, estes sistemas informáticos são o alvo preferido para a ciberguerra. 
Os anúncios de  iminentes ataques por parte de países como a China, a Rússia, a Coreia do Norte, etc, não nos devem porém impressionar, senão como mais uma arma de propaganda dos «nossos» governos para nos aterrorizar. 
Quando lançam estas campanhas de alarmismo, para espalhar o medo, estão provavelmente a preparar -eles próprios - algum ataque de falsa bandeira, ou seja, algo feito pelos seus próprios serviços e atribuído a um inimigo, que estaria por detrás de tal atentado. 
Porém, os peritos em redes de informática sabem que detetar a origem de um ataque informático é tarefa extremamente difícil, pois os que levam a cabo tais ataques sabem proteger-se, «ressaltando» de servidor em servidor através de todo o mundo: Aliás, é assim que a www (world wide web) é constituída, não o esqueçamos. 
Quando nos dizem que tal ou tal ataque foi perpetrado por «hackers» russos ou chineses, etc., apenas horas ou mesmo minutos depois de terem sido constatados, a nossa reação deve ser de incredulidade pois, de facto, não há maneira de se saber, em espaço de tempo tão curto, onde determinado ataque teve origem. Não se consegue quase nunca traçar o seu rasto e muito menos descobrir ao certo quem encomendou tal ataque. 
Desde há uma década - mais ou menos - tem havido um crescente número de ataques informáticos, os quais são invariavelmente atribuídos aos «maus» (Al Quaida, Norte Coreanos, Iranianos, etc, etc). 
Porém, é evidente que nada está mais longe do escrutínio da cidadania comum do que a inspeção das redes informáticas e das suas seguranças, pelo que não se podem nunca esperar provas das afirmações dos agentes governamentais: eis um conveniente meio de chantagem e difusão de paranoias, de psicose coletiva, que prepara o terreno para guerra «a quente»!
Sabe-se que a produção de «virus informáticos», de «cavalos de Troia» etc., é uma indústria lucrativa, na precisa medida em que permite a pequenas e grandes empresas informáticas vender seus kits anti-virus às dezenas de milhões pelo mundo fora, ou de os agregar ao seu software. 
Não admira que alguns criminosos, peritos em Internet, usem para seus próprios fins tais possibilidades, havendo nas grandes organizações uma segurança reforçada nas contas bancárias dos seus clientes, constantemente sob ameaça de piratagem, com o objetivo de sugar milhões dos seus clientes. 
Um caso recente, foi o do banco TESCO (o banco que apoia a maior cadeia de supermercados britânica): envolveu muitos milhares de clientes, sendo retiradas somas pequenas de cada conta à ordem, simultaneamente. O banco em causa tranquilizou os clientes de que estes roubos estariam cobertos. 
Porém, tais piratagens ocorrem muitas vezes sem se saber nada, sem que transpareçam as notícias para a média. Penso que muitas perdas não declaradas dos bancos e outras instituições são devidas a estas piratagens, mas que preferem guardar silêncio a ver o seu prestígio afetado e causarem uma fuga dos seus depositantes amedrontados. 
A razão principal destas fragilidades nas redes informáticas decorre duma exigência concreta do governo dos EUA, para viabilizar a tarefa da NSA e das restantes instituições de vigilância em massa. Como bem demonstrou Snowden, essas agências exigem aos fornecedores de internet e aos construtores de hardware que deixem uma «porta das trazeiras» nos sistemas operativos e nos aparelhos (computadores, telefones, etc) dos seus utilizadores. Assim, poderão espiar toda a gente, armazenando os dados em bruto. 
Estes processos que ocorrem realmente neste Reino do Big Brother foram denunciados por Edward Snowden, Julius Assange e muitos outros. Ninguém, hoje em dia, contesta a sua realidade e gravidade. 
Apenas quero fazer notar que os prejuízos globais - não apenas morais, como materiais - que a sociedade tem de arcar são enormes, pois o custo de prevenir e remediar estes ataques informáticos são pesados, seja qual for a origem deles. 
Mas estes ataques são possíveis, ou mais fáceis, porque as empresas de software, as fornecedoras de internet e as construtoras de equipamento informático  são obrigadas a manter essas tais «portas das trazeiras». Não apenas servem elas para intrusão dos serviços da NSA, mas igualmente às potências estrangeiras, aos grupos terroristas e aos ladrões informáticos. 
Assim, a ciberguerra está a vigorar em pleno. Não há declaração de guerra formal, como aliás não houve em qualquer guerra do século XXI. 
A potência agressora pode manter a sua cobertura, no caso destas formas de guerra, espúrias e ocultas, que se conjugam com a guerra de informação, a guerra económica e a guerra de propaganda. 
- As guerras de propaganda travam-se no terreno dos media e são cada vez mais dependentes da Internet. 
- As guerras económicas, com sanções e bloqueios, que são - em si mesmas - formas de guerra, podem causar muitas  centenas de milhares de vítimas, as quais são inocentes civis, de forma tão eficaz como a guerra «a quente». Nesse caso, os agressores costumam usar falsas justificações, recorrendo à retórica dos direitos humanos e pintando o perigo onde ele não existe. 
- A guerra informática ou ciberguerra é uma outra forma de guerra assimétrica, tal como são as guerras económica e de propaganda. Ela permite aterrorizar a cidadania com ataques de falsa bandeira, pois as origens dos ataques sendo impossíveis de verificar,  é apenas por uma «fé» na palavra do governo que as pessoas acreditam nas narrativas oficiais. 
Enfim, a ciberguerra tem como alvo principal a população, refém dos governos, predadores e não protetores dos direitos e das vidas dos seus próprios cidadãos.

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

O ESPECTRO DO POLITICAMENTE CORRECTO

Hoje, quando pessoas bem pagas, com um lugar garantido no «establishment», tais como professores universitários, opinadores com lugar cativo em diversos canais de tv ou colunas de opinião nos jornais ditos de referência, se colocam em bicos de pés e clamam contra o escândalo da eleição de Trump, anunciando um terrível futuro, semelhante ao que se viveu na Europa sob Hitler, o que é que está em causa?
Afinal essa ínfima minoria que assim se exprime mostra a sua identidade de classe. É a que se aproveitou dos privilégios, todos estes anos. 
A que substituiu o «politicamente correto» à luta de classes, a que incentivou toda a espécie de divisões no seio da classe trabalhadora, com a ideologia identitária. 
Quando me refiro à ideologia identitária, não estou a negar que as pessoas tenham identidades definidas, num certo grau, pelas suas origens étnicas, pelo género, pela orientação sexual ou por outras características eminentemente culturais. 
Estou a referir-me à sobreposição dessas «marcas» de identidade a quaisquer considerações de classe socio-económica, à sua hipertrofia e até à redução total da identidade complexa de um ser humano, a um desses vetores. 
Assim, um determinado indivíduo «é» antes de mais um «branco» da «classe média»... Eliminam a identidade de classe, se dissessem «um trabalhador», seria susceptível de solidariedade espontanea, portanto tem de ser algo «diferente», a «classe média» (uma espécie de «tampão» entre trabalhadores e patronato). 
Eliminam a própria identidade étnica, pois colam a essa pessoa a pseudo-identidade étnica de «branco», a qual não tem significado, a não ser ideológico, como quem diz: «és branco/a, fazes parte dos exploradores, dos que se serviram dos escravos de cor, ao longo dos séculos e ainda estás cheio/a de complexos de superioridade rácicos»... É isto que se está a transmitir. 
Tornou-se impossível suportar o ataque ideológico constante, sem terem as pessoas uma reação de rejeição, pois seria necessário analisar friamente o discurso desses cultores do «politicamente correto» para perceber o quão odioso ele é, o quão anti-liberdade de opinião, o quão racista, no fundo, sob a etiqueta de «anti-racismo». O único comportamento verdadeiramente anti-racista é a não discriminação, não julgar alguém pela sua origem étnica, seja ela qual for.  
O mesmo se passa com o «feminismo bom tom», que utiliza a separação natural, biológica, dos sexos, para dividir as pessoas, para fazer «guerra de sexos»:  para tal, vão buscar uma mítica «identidade feminina», ou a construção dessa identidade, como se as pessoas devessem «construir» a sua sexualidade, pelo mesmo processo como constróem uma carreira... Totalmente absurdo, mas funciona, pois as pessoas envolvidas nessa dialética se fixam nessa «identidade de género» e passam a considerar tudo sob o ângulo dessa ideologia. 
Ser-se igual em termos de igualdade masculino/feminino só pode ser entendido com ter iguais direitos, serem ambos dignos da mesma consideração e respeito. Quando alguém coloca o seu género «acima» do outro, está também a ser ridículo/a, além de discriminador/a... 
O pensamento «politicamente correto» conseguiu - em poucas décadas- substituir as ligações naturais das pessoas que são sujeitas a trabalhar para viver, a classe trabalhadora, sem aspas - pelas falsas categorias como «classe média» e «identidade de género».  
Assim, ao serviço dos seus donos, os que detêm o privilégio de falar e escrever nos media têm propagado, em moldes de lavagem ao cérebro, a linguagem «politicamente correta», que apenas esconde -como um véu- a sua canina sujeição à classe dominante, ao 0,1%. Os que detém as rédeas do poder, permitem-lhes assim usufruir das migalhas do regabofe que tem sido «a crise», quando vista do lado dos dominantes.
As pessoas que são mais influenciadas pelo «politicamente correto» confundem as questões e vivem numa correria de «lutas» por esta ou aquela «causa» confundindo militantismo, com ativismo. 
- Ativismo é uma pessoa auto-assumir-se como alguém sempre pronto a «aderir» a uma luta, sem analisar os fins ou os meios da mesma. 
- Militantismo é o contrário, ou seja, quando se adere a determinadas lutas, isso é feito porque se refletiu e decidiu, conscientemente assim fazer. Além disso, o militante toma uma parte verdadeiramente ativa pois contribui para a organização das referidas lutas, reflete sobre as estratégias e táticas mais apropriadas, mais consentâneas com os fins em vista. 
O «ativista» apenas quer mostrar aos outros, que está «na onda», que ele/a é «radical q.b.» enfim, é uma pose, um estado de espírito... o seu estado de espírito vai de uma exaltação e agitação enorme, para uma completa indiferença e inatividade...
Foi assim que os senhores do capital e do poder conseguiram dominar nestes anos todos: dividindo para reinar. Nada mais velho e mais eficaz do que esta fórmula. 
Para esse fim, dispõem de uns opinadores, uma espécie de cães de guarda do regime, revestidos de boa consciência, cheios da sua missão de esclarecer as massas... 
Sim, eles estão a fazer o seu papel sujo, todos os dias, a todo o momento, na media corporativa, na qual não têm lugar, nunca, as vozes alternativas realmente capazes de denunciar as verdadeiras desigualdades, os verdadeiros crimes contra as pessoas, contra o ambiente, etc. 
As pessoas incautas vivem na ilusão de uma «liberdade» de informação e de opinião, que - na verdade- é cada vez mais escassa e marginalizada. 
A cegueira atinge as pessoas que teriam todas as razões do mundo em se unirem em torno de objectivos comuns, em vez de se deixarem dividir por «lutas» identitárias. Elas pensam: deixa-me ter atividade neste domínio, porque ao menos aqui pode-se conseguir melhorias no imediato, enquanto a luta pelo derrube do sistema capitalista, no seu todo, será muito difícil, haverá imensos obstáculos, posso sofrer muito mais por me envolver nela, ela tem estado a ser criminalizada.
No fundo, é esse o raciocínio de muitas pessoas, cheias de boa vontade, de mudar algo. 
Querem ser realistas, não reivindicam «o impossível», que seria mudar a própria base sobre a qual assenta a sociedade, a sua organização e a sua produção. 
É assim que a luta por um socialismo autêntico, não um capitalismo de Estado, se foi tornando cada vez menos prestigiada, cada vez mais «antiquada»... 
Mas podemos compreender os truques que usaram para nos enredar:
1- Desfazer a consciência de classe: os explorados, os assalariados, deixam de estar unidos numa classe... fala-se de «classe média» e dos «pobres»...o termo de «burguesia», por contraste, caiu em desuso, tal como o de «proletariado»
2- Criar falsas consciências pelas lutas identitárias: uma pessoa bem intencionada indigna-se com uma discriminação, uma forma de opressão, então considera que deve fazer seu estandarte desta causa, que terá prioridade sobre tudo o resto...
3- Demonizar a luta e a unidade de classe verdadeiras: com base em tais ativismos identitários, os explorados e oprimidos estarão separados, mesmo quando a sua união poderia trazer vitórias imediatas. Por vezes, os pobres, os explorados, os marginalizados irão mesmo combater-se ferozmente uns aos outros, em vez de combaterem o inimigo comum, a classe opressora.

São precisas pessoas com coragem e lucidez para reconhecerem esta estratégia....Para reconhecerem que ela foi aplicada com persistência e talento pela classe dominante... Que ela resultou, em grande parte, o que explica o marasmo em que se encontra a luta de classes, nesta época em que a classe trabalhadora tem sofrido tanto do ponto de vista económico, como de direitos.
Mas as pessoas -coletivamente- são capazes de inverter completamente as situações, uma vez que tomem consciência dos problemas, uma vez que sejam capazes de ver claramente o que é preciso fazer.
«Será que tal posição X, tal luta Y, serve o objetivo de aumentar a unidade e consciência de classe geral dos trabalhadores, ou não?» 
Esta será uma pergunta-chave para já não se deixarem manipular, para deitarem pela borda fora falsos conceitos, encontrarem sua orientação própria, evitando uma  série de becos-sem-saída... 


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

DMITRI ORLOV SOBRE O PRESENTE E FUTURO

O entrevistado no video abaixo, Dmitri Orlov é um cidadão dos EUA de origem russa. Emigrou com os seus pais durante a infância e manteve muitos contactos com o seu país de origem. Quando se deu a implosão da URSS, teve o «privilégio» de observar e analisar em directo o que se passou na sociedade russa. 
Muitas lições valiosas para as gentes do «ocidente» extraíu ele, nomeadamente, a resiliência do povo e sua capacidade de se adaptar a um colapso. 
Tem escrito livros que são uma súmula de lições de história, de ciência política e de sociologia sobre o início do novo milénio. 
A imprensa main-stream não apenas o ignora, faz um trabalho de ocultação de todos os factos que ele revela e que lhe permitem fundamentar uma visão do mundo diferente  e oposta da média. 
Ele acusa a média de apenas estar a reproduzir a propaganda que uma pequeníssima oligarquia deseja ver difundida nas massas. 

O trabalho de auto-educação da cidadania e do espírito crítico para os que se interessam pelos destinos do mundo e de suas próprias sociedades terá muito a ganhar com a leitura dos seus livros e do seu blog, ClubOrlov.




segunda-feira, 14 de novembro de 2016

ALIENAÇÃO, NECESSIDADE DE REVISITAR O CONCEITO

Nos dias de um Freudo-Marxismo omnipresente no discurso dos «opinadores», algumas décadas atrás, falava-se de alienação, sobretudo para citar o desapossamento do operário em relação ao produto do seu trabalho e ao seu próprio trabalho. Em simultâneo, usava-se o termo para menosprezar os que se entretinham com «futilidades» e não se dedicavam à «luta revolucionária»; neste caso, o uso da palavra alienação era para verberar as pessoas que se satisfaziam com o que a sociedade de consumo lhes podia fornecer, alienando-se no consumismo, na ausência de consciência social. Essas formas de usar o termo, ambas carregadas de ideologia, foram tornando a palavra «antiquada» e logo a riqueza polissémica do conceito de alienação deixou de ser percebida. 
Porém, no momento presente, vale a pena que nos debrucemos melhor sobre este conceito. Com efeito, «alien», significa etimologicamente «estrangeiro», só depois veio a significar um louco: assim, um doente mental está alienado na medida em que perdeu a consciência dos seus próprios atos e do seu entorno. Não compreende já, minimamente, como se encontra inserido no ambiente natural e social, já não conseguindo adequar o seu comportamento a uma realidade exterior. 
Mas o mesmo termo pode ser usado e também significa que um indivíduo perdeu ou que nunca teve os direitos de «cidadão», pois o «estrangeiro» é, por definição, aquele que não possui cidadania. 
O estado de não participação na coisa pública em que a maior parte das pessoas se confina, mesmo as que ainda «se interessam por política», faz delas alienadas, num determinado sentido. 
Elas são alienadas no sentido de serem jogetes nesta economia de mercado, condicionadas a consumir, a produzir para consumir, consumir para terem a ilusão de viver, de serem «alguém». 
As pessoas consomem bens, mas também consomem «ideias» ou slogans, formas abastardadas e ultra-simplificadas de uma determinada teoria. 
Elas julgam conhecer os filósofos ou pensadores, quando apenas leram (superficialmente) algumas citações dos mesmos. Elas nem sequer lêem: têm a TV, a Internet, o Twitter, etc. para se informarem e comunicarem. 
Assim, a alienação tem progredido: basta estar-se atento ao facto das pessoas se julgarem cada uma delas o centro do mundo e atuando como tal.  
Não posso, neste breve artigo, analisar em profundicade as raízes e ramificações desta alienação. Evidentemente, um fenómeno complexo terá muitas causas, que se interpenetram, não haverá nunca uma explicação linear, que possa minimamente satisfazer. Em sociologia e em psicologia social, entre muitos conceitos que podem ajudar-nos, vale a pena recordar o conceito de alienação, contextualizando-o, usando-o com rigor. 
O conceito, assim renovado, permitirá compreender como as multidões são tão facilmente usáveis, manipuláveis pelos media, como é que estes conseguem desencadear o medo, sobretudo,  como forma de manipulação dos sentimentos das multidões, deixando de lado quaisquer laivos de verosimilhança, de rigor informativo. 
Com efeito, um espírito livre verá facilmente os truques de propaganda, disfarçados de informação, usados pelos media corporativos. Porém, essa manipulação, tão visivel, tão fácil de desmontar, tem capacidade de influenciar e mesmo moldar o comportamento de pessoas. Como é que muitas pessoas, mesmo as que têm um nível de instrução elevado, se deixam enredar num universo ficcional, que reproduz os estereótipos da propaganda disfarçada de «informação»? 
- Penso que nós estamos a viver o início de uma nova era de totalitarismo: existem demasiadas coisas que se parecem com os inícios dos Estados totalitários do século XX, das tomadas de poder quer de Estaline, quer de Hilter, assim como de outros poderes totalitários. Os regimes totalitários que então se instalaram, não se afirmaram de início como uma enorme chapa de chumbo por cima do povo que os aclamou. 
Eles foram conquistando todos os mecanismos de controlo da sociedade e não apenas do Estado, efetuando um trabalho de propaganda massiça, sem quaisquer contrapontos, pois estes foram impiedosamente esmagados, mas em segredo. Assim, a generalidade dos indivíduos não tinha a mínima noção da brutalidade exercida contra as dissidências, nem sabia a escala da supressão dessas dissidências. 
Agora, o «totalitarismo soft» não necessita da supressão física das dissiências. As poderosas cadeias de média, autênticas máquinas de propaganda ao serviço dos poderes apenas se limitam a «ignorar» algo. 
Podem «ignorar» um movimento, uma corrente, até ao momento em que esta realidade se torne demasiado incómoda. Assim, muitas pessoas caem na armadilha mediática e fazem coisas somente para atrair a atenção dos media... que lhes dão uns instantes da sua programação, para logo se dedicarem a encher os écrans com futilidades, mediocridades, desporto-espectáculo, etc. com aquilo que o «grande público» gosta...
Hoje em dia, a barbárie é chamada pelos próprios «defensores dos direitos humanos», que não se importam que «sua» candidata (por ser mulher?) possa afirmar-se como campeã do feminismo e simultaneamente, receber os milhões e fazer os favores correspondentes à Arábia Saudita, o reino mais misógino e brutal que existe à face da Terra! 
Existe muito boa gente muito preocupada com os refugiados das guerras do Médio-Oriente. Claro, estes refugiados devem ser tratados com todo o carinho que merecem, mas porque razão é que as pessoas não dirigem simultaneamente a sua firme desaprovação perante as pessoas e os poderes - os dirigentes duma NATO com intervenções militares criminosas - primeiramente responsáveis pela destruição de suas vidas, de seus haveres e de seus países inteiros? Como é isto possível sem uma operação muito bem concertada de lavagem ao cérebro? Como é isto possível sem que as pessoas se apercebam da óbvia incongruência? 
O conceito de alienação -na sua polissemia - parece-me adequado para analisar a sociedade de hoje: as pessoas estão «alheadas», «alienadas» da sua cidadania, estão «ignorantes» ou «alienadas» da realidade social, apenas concentradas num círculo imediato de «interesses», nas suas «micro-redes sociais» que apenas reforçam recíprocamente os seus preconceitos. 
Materialmente, também estão - sem dúvida - «alienadas», quando usam compulsivamente a parafrenália informática em todo o lado... o telemóvel, a tablet, o desktop... etc. 
Mas não usam, de forma nenhuma, ou só de forma muito deficiente, o seu «PC interno», ou seja, o cérebro, que poderia analisar e processar corretamente informação, se elas tivessem o cuidado de o utilizar de forma apropriada!!
Penso que, apesar de tudo e no longo prazo, haverá sempre pessoas capazes de usar de forma criativa os instrumentos da revolução digital. Nós vemos exemplo disso - felizmente - em muitos campos. 
Infelizmente, porém, em face de meia-dúzia de pessoas realmente criativas, que o seriam também na ausência da revolução digital,  vemos imensas que se deixam alienar e dominar pelos poderes: essa assimetria é assustadora. 
Não temos uma cidadania mais esclarecida porque melhor informada. Temos exatamente o contrário daquilo que foi esperado, com optimismo, nos anos 70 do século passado, pelos que olhavam  para a revolução da informática, então nascente.
Não tenho receita ou remédio para oferecer perante estes novos fenómenos de alienação e suas diversas vertentes, mas creio que a consciência de que existe um problema é um primeiro passo. Depois, caberá a cada um, em diálogo com os seus semelhantes,  encontrar a resposta adequada, na vida pessoal e social. 

sábado, 12 de novembro de 2016

QUEM DISSE QUE A MÚSICA ERUDITA ERA «UMA CHATICE»?

Mais do que um concerto, é um show. Um show dum grande percussionista e também compositor. A obra «Percussões falantes» de Eötvös está repleta de uma bem humorada energia. Funciona como catalizador de bom humor...
Humor.. sim, será este o «mood» certo para disfrutar do concerto! 


AS PERCUSSÕES FALANTES DE EÖTVÖS  
        Martin Grubinger e Orquestra Sinfónica da Radio de Frankfurt sob direção de Vasily Petrenko


sexta-feira, 11 de novembro de 2016

ADENDA PÓS-ELEITORAL


Como eu estava consciente desde há vários meses, que a vitória de Trump seria inevitável (*), caso não houvesse uma e descarada manipulação dos votos eletrónicos por parte do establishment pró-Hillary, não me espantei com a vitória do Donald. 
Mas fiquei bastante entristecido por verificar a «cegueira voluntária» de pessoas, geralmente de esquerda, ou mesmo da esquerda radical, que pintaram esse acontecimento como sendo o «fim do mundo» quando, na verdade, apenas é uma derrota de uma fação da oligarquia, que aceitou que a outra fação, mais capaz de mobilizar a «turba», os eleitores-carneiros, fosse render a guarda, para garantir a perenidade do reino do grande capital. 
Estranho a cegueira seletiva das pessoas, que logo esqueceram os crimes de guerra, crimes contra a humanidade, perpetrados pela administração Obama, sobretudo quando a Hillary foi secretária de Estado: como é possível terem esquecido isso, sobretudo os europeus? 
- A única resposta que encontro é que são realmente muito manipulados por uma média sem escrúpulos, que consegue perversamente «vender» seja o que for, desde que isso seja, ao fim e ao cabo, a «narrativa» de que os seus patrões precisam para continuar o seu jogo mortífero e lucrativo. 

Mas eu não os inocento, pois se eles – os que se dizem de esquerda, os anticapitalistas, antifascistas, etc. – tivessem um mínimo de coerência, perceberiam desde o princípio da administração de Obama, que estávamos perante o «reino do Big Brother», onde guerra é paz, onde liberdade é escravidão, etc…  
Perante esta falência, não apenas intelectual como também moral, eu penso que as pessoas de esquerda sinceras, deveriam fazer uma grande autocrítica e compreender como têm sido instrumentalizadas pelos sequiosos de poder a qualquer preço. 
Com efeito, as Hillarys e os Obamas, mas também os seus «ídolos» locais, fazem sempre o mesmo jogo: dizer às massas aquilo que elas querem ouvir, para depois de eleitas fazerem aquilo que é o seu verdadeiro e único programa: servir a oligarquia para assegurar os fundos para a reeleição!

QUANTO AO IMEDIATO PÓS-ELEIÇÕES: Toda a indignação de uns, que se aproveitam da confusão para fazer motins – atiçados pelos zelotas da média corporativa – a que assistimos no presente, nestes dias que sucederam ao histórico 8 de Novembro, para que serve isso?
- Permite reforçar a convicção de que as eleições, de que este processo é realmente a coluna vertebral da democracia. Como dizia uma manifestante anti-Trump: «tem de haver mortos», ou seja, esta situação merece que haja violência extrema, guerra civil.

É assim que a oligarquia vai aproveitando a divisão entre o povo «miúdo», enquanto eles já se posicionaram há muito para as mudanças que vão chegar. 

A vitória de Trump não será nunca uma vitória do povo miúdo, indignado pelas elites que lhes roubaram tudo, desde a crise de 2008, da qual elas – as elites – são claramente culpadas! 

A ascensão de Trump, vai permitir que essa mesma elite deixe cair a encenação que mantinha dos mercados a «pairar» na estratosfera. Como prova disso, apenas uma série de indicações: 
- Primeiro, não houve nenhum «Armagedão» nos mercados, face à vitória do candidato republicano
- Segundo, houve uma deslocação estratégica do capital para o que serão os setores da indústria mais favorecidos pelas medidas económicas anunciadas no programa do Trump. O facto é que o índice «Dow Jones», sofreu apenas uma breve quebra, seguida de recuperação espetacular: explica-se o fenómeno por ser uma redistribuição do capital, não uma retirada.
- Terceiro, a subida de taxas de juro, programada para Dezembro, irá desencadear uma quebra brutal nos mercados, pois a economia não está em recuperação, mas sim em depressão. A narrativa de uma economia em «ligeira recuperação» já se tornara insustentável. 
Agora, com a programada subida das taxas de juro, ela vai agravar-se e vão atribuir isso ao Trump, claro. 
Tanto pior para as pessoas da classe média, que pensavam que podiam «jogar» com os mercados, mas que -na realidade - vão ser jogados «debaixo do camião»!

Tudo o que eu sei sobre a atualidade da economia e finanças, de política internacional, etc. decorre de uma leitura atenta a sites, vídeos e blogs. Simplesmente, eles não são homogéneos, são fontes geralmente credíveis, mas com perspetivas contrastantes, que me permitem ler várias versões, ponderando sobre cada uma delas: fujo ao «pensamento único» e mesmo ao chamado «alternativo». Que estes veículos de informação apresentem as suas versões dos factos, claro, é inevitável, mas não ocultam montanhas de factos importantes, não seguem aquilo que a grande média ao serviço da oligarquia globalista diz sobre determinadas coisas.
Tenho feito desde há uns anos este exercício, tanto por curiosidade como para ficar alertado, com alguma antecedência e com um certo rigor, sobre coisas importantes, que apenas chegam à superfície (quando chegam) muitos dias ou meses depois…
Sigo o método científico: emito uma hipótese explicativa do fenómeno e vou seguindo os desenvolvimentos: se eles reforçam a hipótese, eu irei ter maior confiança na minha hipótese, mas nunca 100%; serei sempre o maior crítico de meu próprio pensamento.



(*) The bottom line is, Trump is on the way to the White House because the elites WANT HIM THERE.  Now, many liberty proponents, currently in a state of elation, will either ignore or dismiss the primary reason why I was able to predict the Brexit and a Trump win.  These will probably be some of the same people that were arguing with me only weeks ago that the elites would NEVER allow Trump in office.

So, to clarify:

Trump may or may not be aware that he and his conservative followers have been positioned into a a trap.  We will have to wait and see how he behaves in office (and he WILL be in office, despite the claims of some that the elites will try to “stop him” before January).  My primary point is THAT IT DOES NOT MATTER, at least not at this stage.  The elites will initiate a final collapse of the global economy under Trump’s watch (this will probably escalate over the course of the next six months), and they WILL blame him and conservatives in general.  This IS going to happen.  The elites play the long game, and so must we.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

FÁBRICA DE ALTERNATIVAS ASSUME PUBLICAÇÃO DOS «CADERNOS SELVAGENS» A PARTIR DO Nº4

Ver páginas FB da Fabrica de Alternativas para os anúncios relativos aos «Cadernos Selvagens»:

https://www.facebook.com/fabricadealternativas/photos/a.1434033810146203.1073741828.1433108183572099/1807401719476075/?type=3&theater


https://www.facebook.com/notes/f%C3%A1brica-de-alternativas/cadernos-selvagens/1784643548418559



                                


          

TUDO E O SEU REVERSO

«TUDO E O SEU REVERSO»
- É COMO CLASSIFICO A VERBORREIA DA MÉDIA CORPORATIVA E DOS QUE LHE DÃO CRÉDITO

Não! O mundo não acaba hoje, nem amanhã! A eleição de Trump, por mim esperada, mas não desejada nem temida, desencadeia em muitos dos meus amigos uma onda de pânico. 
 - Será real esse pânico ou será induzido por uma média que se esmerou em manipular as pessoas pelo medo e pelos sentimentos, nunca em dar informação factual e objectiva?
- Uma média que seguiu até ao fim o guião de uma Hillary abraçando «causas progressistas», mas que era obstinadamente amnésica da política genocida promovida por ela própria enquanto foi membro do governo de Obama ... 
- Muitas pessoas boas estão completamente manipuladas, por isso engolem tudo o que se lhes diz, vêem só as aparências, não percebem a guerra de propaganda, que faz delas as vítimas principais.
- De facto, o campo da guerra, da oligarquia, levou um sério revez. Mas ele não foi surpreendido; teve demasiado tempo para encenar uma retirada estratégica. Com efeito, eles sabiam quais os verdadeiros números das sondagens. 
- Mas houve um momento de viragem nesta campanha. Graças ao Wikileaks, incriminatórios e-mails da Hillary e de seus colaboradores, vieram à superfície. Foi nessa altura que a oligarquia compreendeu que era melhor a vitória de Trump. 

- Foi a oligarquia que deixou cair Hillary, depois de ver que ela não era sustentável, caso fosse «eleita», não apenas perante demasiadas suspeitas de fraude eleitoral, sobretudo devido ao demasiado lixo, do seu  passado e do seu Bill e atividades criminosas da Fundação Clinton. Assim, decidiu nada fazer para impedir o triunfo do Donald. 

Escolheu o menor dos males para ela própria...
- Tive receio que ela escolhesse provocar um ataque de falsa bandeira para anular o escrutínio no último momento, sobretudo depois de termos visto a miserável campanha acusando a  Rússia, sem base nenhuma, de querer interferir através de hackers, no próprio ato eleitoral.

- Nos próximos dois meses até à investidura vão condicionar o futuro presidente Trump, de tal maneira que seja impossível da sua parte afastar-se -no essencial- da defesa dos interesses do grande capital, do complexo militar-industrial, da grande banca! - A escolha dos futuros membros do governo e dos colaboradores é muito mais decisiva do que a personalidade «exuberante» de Trump. 

Em suma, nada muda! 
- Apenas a crise profunda do capitalismo vai avançando na sua obra de destruição massiça do próprio capital, fagocitando as energias produtivas que possam existir dentro do sistema e que ainda poderiam, teoricamente, regenerá-lo.

- Com outras «surpresas» em perspectiva para 2017, não esperem momentos fáceis, mas também não se deixem iludir pelos propagandistas, disfarçados de analistas: eles não têm escrúpulos e apenas querem influenciar as pessoas para aparecerem como «os salvadores», dos males criados por eles próprios, afinal!

terça-feira, 8 de novembro de 2016

ONTÉM, REUNIÃO DO MOVIMENTO PELA PAZ

Síntese pessoal da Reunião de 07 de Novembro na Fábrica de Alternativas:

Houve uma boa participação. As pessoas apresentaram as suas motivações pessoais para se mobilizarem por esta causa. Das intervenções havidas, conclui que existe vontade de agir e que há genuíno desejo de participação. 

Foi decidido consensualmente que iríamos trocar informações e esboços de propostas por e-mail, para preparar a próxima reunião de forma adequada. 

Na próxima reunião discutiremos um projeto de Carta de Princípios. Espera-se que todos dêem a sua contribuição. 
Uma Carta de Princípios parece-me indispensável, pois permitirá a definição dos valores comuns e ajudará à nossa intenvenção futura.


segunda-feira, 7 de novembro de 2016

STABAT MATER DE PERGOLESI


Uma interpreteação impecável, estilisticamente, para uma obra-prima de todos os tempos. 

O Hino «Stabat Mater» é uma composição anónima medieval, que descreve o sofrimento da Mãe de Deus parante a cruxificação do Filho. 
Como muitos hinos da Igreja, foi musicado várias vezes, em várias épocas. 

A obra aqui interpretada é a de Pergolesi, um talentoso músico napolitano, morto muito cedo (vivou ainda menos anos que Mozart),  do qual restam não apenas obras sacras, como também óperas cómicas, como «La Serva Padrona». 

Creio que o mundo precisa de beleza, mas de verdadeira beleza, a que resulta da transmutação de sentimentos profundos e universais, não só sensual.  

domingo, 6 de novembro de 2016

UM ODOR DE PODRIDÃO

Um odor de podridão invade o ar, não deixa que outros odores se afirmem e nos possam guiar para paragens mais sorridentes.
- Por um lado, o que caracteriza o presente é a decomposição de todas as funções do Estado, sem nenhuma alternativa viável, sem algo que possa realmente mudar a situação. 
A guerra, a violência máxima entre povos e indivíduos, é o resultado disso. Os abutres adoram isso, têm carniça em abundância e festins contínuos, sempre defletindo a raiva da multidão, drogada consigo própria, numa onda hedónica e estéril, exatamente aquilo que a «elite» do dinheiro e do poder precisa para se manter e prosperar.
- Mas o Estado, por outro lado, não pode ser desculpa para tudo. Porque nós somos também responsáveis - de facto e não somente em teoria - pelo Estado e pelos micropoderes no quotidiano das nossas vidas; devemos ter a coragem de ver que no outro lado da equação... Estamos nós próprios. 
Muito do que temos agora é fruto da nossa miopia coletiva, da nossa enorme preguiça intelectual, da nossa visão «carneirística». 
Porém, a espécie humana - diz-se - é eminentemente adaptável. 
O que me parece bastante estranho é que ela se adapta mais prontamente a situações de humilhação, de domínio bruto, de negação da mais elementar humanidade, do que ao contrário disso, à emancipação dessas opressões! 
Não sou um pessimista, apesar do que escrevi acima. 
Acredito profundamente nos indivíduos, por isso escrevo aquilo que escrevo: sei que há indivíduos que me compreendem, quer partilhem ou não os meus valores.  
O importante, neste contexto, é as pessoas saberem manter a lucidez mental, o espírito crítico e guiarem-se pela ética mais profunda, por aquela que diz "não faças ao Outro aquilo que não gostas que façam a ti próprio" ou ainda, "trata o Outro como gostarias que te tratassem a ti". 
Só serão humanamente amadurecidas as sociedades que ensinem este princípio aos seus filhos e filhas, independentemente do grau de riqueza material e de sofisticação tecnológica que atingiram. 
De momento, só vejo corresponderem mais ou menos a este padrão, as Nações ameríndias, os Aborígenes da Austrália e outras populações, nomeadamente nómadas, que vivem em recantos inóspitos. 
Os povos ditos «primitivos» são, de facto, não apenas os guardiães da Natureza, como da ética... Afinal, são os que tratamos com desprezo, «os selvagens», quem nos pode dar lições. 
Precisamos muito da sua ajuda, pois eles nunca esqueceram os valores que nós, os «civilizados», perdemos desde há bastante tempo e nunca mais recuperámos, pelo menos no chamado «Ocidente».


sábado, 5 de novembro de 2016

ESTES VIDEOS CAPTAM UM MOMENTO HISTÓRICO

ENTREVISTA DE JOHN PILGER A JULIAN ASSANGE

                                              


    - A FONTE DOS EMAILS DE HILLARY
VEM A PÚBLICO:






REVELAÇÕES FEITAS E SUAS IMPLICAÇÕES









quinta-feira, 3 de novembro de 2016

UM FATOR QUE PODERÁ MUDAR TUDO

É bem conhecido o conceito de «Cisne preto» de Nassim Taleb. Resumindo, ele assume que - em qualquer situação - existe sempre um risco não avaliado e impossível de avaliar. O risco de algo devastador vem então, muitas vezes, de um acontecimento com muito pouca probabilidade estatística, ou que é percebido como irrelevante pelo público, ou ainda cujo grau de verosimilhança é considerado muito baixo. 


Porém, existe outro conceito, o de «Dragão branco», ou seja, quando um acontecimento é praticamente certo, está à vista de todos, mas cuja importância é sistematicamente menorizada, cujo desenlace não é considerado. Este conceito também está relacionado com o preconceito de que «o que foi ontem, será também hoje e de novo, amanhã», o preconceito da normalidade.

Tudo isto vem a propósito de momentos ímpares que estamos a viver na História Mundial e... Não, não me estou a referir à disputada eleição para a presidência dos EUA entre Trump e Clinton! Este fenómeno, os prognósticos que enchem a média do mundo inteiro, é o epifenómeno, o qual não mudará um iota ao conteúdo do «Dragão branco». 
Justamente, os factos que irei brevemente descrever são importantes, são relevantes, estão à vista de todos, porém apenas algumas pessoas conseguem avaliá-los ao seu justo valor. Poucos conseguem ver para lá do instante presente, conseguem equacionar corretamente este momento como sendo um momento charneira do Mundo.

Não estou a exagerar: a dívida mundial - quer privada quer dos Estados - está fora de qualquer noção humanamente concebível, dizem-nos os especialistas em finanças que atinge os quatriliões.
maior devedor do Mundo inteiro é sem sombra de dúvida os EUA, sendo a sua dívida PÚBLICA per capita muito maior do que chamadas «repúblicas bananeiras». Este grande devedor é, perigosamente, detentor do maior arsenal de armas nucleares e outras armas de destruição maciça, além de que o seu orçamento bélico ultrapassa as despesas armamentistas dos restantes países do globo combinados. Os gastos com «defesa» nos EUA equivalem a 37% desses gastos no mundo inteiro.
O banco central dos EUA tem liderado a hiperinflação monetária, ou seja, a produção de dinheiro eletrónico sem qualquer contrapartida, o qual vai para as contas dos bancos mais poderosos. Ele é acompanhado, verdade seja dita, pelos bancos centrais da maior parte dos países «ocidentais» (Japão incluído), fazendo a compra de ativos tóxicos dos diversos bancos, permitindo assim que bancos tecnicamente falidos continuem a existir e  - pior ainda  -permitindo que o valor do dinheiro seja completamente sabotado por dentro. Isto traduz-se na maior investida contra as poupanças, contra os direitos das pessoas a receberem as suas pensões, na proporção daquilo que ganharam durante uma vida de trabalho. 

Tudo isto terá em breve um fim inevitável, pois não existe de facto, nenhum mecanismo para eliminar uma dívida de maneira real e autêntica, além do seu pagamento. A política dos bancos centrais ocidentais é supostamente para «ajudar» a economia, a retoma económica. Desde quando é que a inflação e deflação conjugadas podem causar «um choque, uma chicotada» para fazer disparar a economia? É evidente, mesmo para quem não tem a mínima noção do funcionamento da economia que esta é uma justificação absurda! Não, eles procedem assim para tornar os juros da dívida mais suportáveis e pensam também que, se cada dólar, ou euro, ou outra divisa, valer muito menos, embora nominalmente a dívida desse banco ou desse Estado se mantenha, ela diminui na prática, será mais fácil pagá-la. Mas, ao se atribuírem o poder de destruir o valor do dinheiro (que é uma representação de valor: ou seja,  o dinheiro é valor que foi recebido  - algures no passado - em troca de bens ou serviços) estão a destruir a base do sistema financeiro capitalista, no qual assenta a ordem económica mundial.

A desordem é causada, não por imperícia, não por estupidez, mas por cálculo: a ordem mundial não pode perpetuar-se mais nos termos em que está. A oligarquia que nos governa percebe isso. Está apostada em modificar o sistema mundial, não para nosso benefício, mas para manutenção do poder imenso de meia-dúzia. Tem estado a socavar, a destruir a base monetária do sistema, porque se considera capaz de substitui-lo por um novo sistema, mais favorável ainda do que o anterior.
No sistema ainda em vigor, os ativos de qualquer espécie eram/são contabilizados numa moeda. Esta moeda (seja ela qual for) funciona aqui como unidade de contabilidade. Mas ela também é um repositório de valor. A situação catastrófica de hiperinflação é aquela em que uma pessoa recebe o seu salário e no dia seguinte ele já vale muito menos, em termos de poder de compra. Isto faz com que as pessoas vão tentar livrar-se do dinheiro o mais depressa possível, comprando coisas que necessitam ou que pensam venham a necessitar algum dia, ou mesmo que pensem que poderão de futuro trocar por outras coisas, antes que esse dinheiro do salário perca ainda mais valor. 
Ao fornecer somas colossais aos bancos comerciais para os manter «a flutuar», os bancos centrais estão, não apenas a criar dinheiro a partir de nada, como estão a fazer crescer um risco, o de que o tal dinheiro passe das contas dos mesmos bancos e seja «lançado na corrente» da economia real, nos negócios, nas empresas, nas famílias... É como um rio que está bloqueado por uma barragem: a montante, a água vai acumulando-se e apenas corre para jusante uma quantidade pequena e controlada; mas uma brecha pode fragilizar o betão da barragem e esta pode ceder à enorme pressão da água... Todas as terras a jusante serão inundadas bruscamente, sem possibilidade de salvar seja o que for. Este é o risco que os bancos centrais dos países ocidentais estão a criar. 
Mas, pior ainda, é isto: Eles estão conscientes, fazem isso deliberadamente para obterem a justificação para a tal nova ordem mundial em que a respetiva divisa internacional e de reserva seria apenas e só uma... 
Tem todas as probabilidades de ser decalcada sobre o SDR (Direitos de Saque Especiais - moeda contabilística do FMI) controlada por um FMI «reformado», transformado para o efeito numa espécie de «ONU financeira». 
Enquanto divisa de reserva mundial não seria possível ser possuída por pessoas ou instituições privadas, seria antes uma moeda inteiramente digital, regulada pelo consórcio dos bancos centrais. Dentro de cada país continuaria a circular a respetiva moeda; mas eles querem abolir o papel-moeda, para que nenhuma transação deixe de ser processada digitalmente, o que poria os cidadãos inteiramente à mercê dos bancos e dos Estados. O câmbio duma moeda nacional noutras já não poderá flutuar, porque quaisquer moedas nacionais terão como referente essa tal divisa única mundial (no fundo, um retomar da ideia do «Bancor» de Keynes, que ele não conseguiu fazer vingar em Bretton Woods).

Este é o plano. Parece-me muito perigoso, pois muitos milhões de pessoas ficarão empobrecidas, nomeadamente, as pessoas que detêm grande percentagem do seu património sob forma de ativos financeiros, como obrigações (quer de empresas, quer de Estados), ações, contas-poupança, participações em fundos de investimento: todos estes ativos poderão ser desvalorizados, em termos reais, na ordem de 50 a 70%.
As alternativas aos ativos financeiros são diversas; irei apresentar os casos do imobiliário, dos metais preciosos, da terra agrícola, da arte e objetos de coleção:
- Podia-se pensar que o imobiliário é um valor-refúgio. Porém, no imobiliário também há uma grande parte que está inflacionada. Inevitavelmente, neste setor, a porção mais inflacionada - o setor de imobiliário de luxo ou de elevadas rendas - sofrerá: porque é este que está sujeito a uma maior perda de valor quando a hiperinflação se libertar.  
- Outras pessoas apostam em metais preciosos como forma de contrariar a grande onda de desvalorização acelerada das moedas. O risco, neste caso, é a dificuldade em conseguir uma transação justa. Um metal precioso (ouro ou prata) é visto como repositório de valor, uma função tipicamente monetária, mas é negociado como mercadoria, matéria-prima, sujeito a momentânea variação de preço, em função da oferta e da procura. 
Os países do Oriente (Estados e particulares) estão a comprar grandes quantidades de ouro, nomeadamente na China, pois estimam que podem assim contrariar os desígnios dos países ocidentais de levar as divisas próximo de zero. Além do que é comprado oficialmente, no caso da China, há muito mais ouro que é comprado e mantido fora das estatísticas oficiais. Desde a transição de Deng Xiao Ping e sobretudo desde os anos 2000, que os chineses são encorajados pelo próprio governo a adquirirem ouro.  
- Outras pessoas apostam nas terras cultiváveis, com rendimento agrícola no presente ou que possam facilmente ser cultivadas. Há também notícia de grandes investidores privados e de Estados (novamente, o caso da RP da China) a comprarem terras em múltiplos locais: principalmente, na América Latina e África subsaariana, mas noutros locais também, na Europa e nos EUA.  
- Um mercado que tem estado a crescer imenso é o das obras de arte e de objetos de coleção, mas no segmento de mercado dos preços apenas abordáveis por bilionários, ou bancos, ou grandes firmas. Uma obra de dezenas de milhões torna-se um veículo de investimento, na medida em que daqui a uns poucos anos o seu detentor possa vendê-la de novo por uns milhões mais do que seu valor de compra atual. Para peças de baixo valor (abaixo de 5 mil euros, por exemplo), por contraste, tem havido uma descida ou estagnação dos preços. Neste último caso, os compradores potenciais serão sobretudo pessoas da classe média, a que tem estado a perder mais com a crise.   

Para a esmagadora maioria das pessoas, o que se está a passar é realmente um pesadelo económico, um acréscimo de incerteza e um aumento de angústia em relação ao amanhã. 
Muito poucas têm consciência clara de quem são os atores e as forças realmente responsáveis pela crise mundial. 


A média corporativa tem tido um papel avassalador: de facto, estão constantemente a emitir propaganda favorável aos grandes interesses corporativos e financeiros. Porém, esta é apresentada como sendo «notícias»! A imensa maioria das pessoas ainda não percebeu como está a ser manipulada na sua perceção. Se as pessoas comuns tivessem uma noção clara da realidade que se descreveu acima, o jogo dos poderosos não seria tão fácil ou mesmo, não seria possível.