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terça-feira, 9 de junho de 2020

REYNALDO HAHN - TROIS CHANSONS, TROIS POÈTES

R. Hahn, venezuelano naturalizado francês, teve uma carreira brilhantíssima. As suas peças vocais revelam uma profunda sensibilidade à melodia intrínseca da língua francesa.

L'HEURE EXQUISE - PAUL VERLAINE


La lune blanche
luit dans les bois. De chaque branche part une voix sous la ramée. O bien aimée. L’étang reflète, profond miroir, la silhouette du saule noir où le vent pleure. Rêvons, c’est l’heure. Un vaste et tendre apaisement semble descendre du firmament que l’astre irise. C’est l’heure exquise!

                             SI MES VERS AVAIENT DES AILES - VICTOR HUGO


















Mes vers fuiraient, doux et frêles,
Vers votre jardin si beau,
Si mes vers avaient des ailes,
Comme l’oiseau.
Ils voleraient, étincelles,
Vers votre foyer qui rit,
Si mes vers avaient des ailes,
Comme l’esprit.
Près de vous, purs et fidèles,
Ils accourraient nuit et jour,
Si mes vers avaient des ailes,
Comme l’amour.

                                                   A CHLORIS - THÉOPHILE DE VIAU                             
   
    
















S'il est vrai, Chloris, que tu m'aimes,
Mais j'entends, que tu m'aimes bien,
Je ne crois point que les rois mêmes
Aient un bonheur pareil au mien.
Que la mort serait importune
De venir changer ma fortune
A la félicité des cieux!
Tout ce qu'on dit de l'ambroisie
Ne touche point ma fantaisie
Au prix des grâces de tes yeux.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

BELÍSSIMAS ÁRIAS DE VIVALDI

[Há quem chame erudita à música de Vivaldi. Perdoem-me o atrevimento, porém eu considero que ele está muito mais próximo de uma sensibilidade popular, que atravessa séculos e modas. O título de «ROCK STAR DO BARROCO» assenta-lhe muito bem! Tanto as obras instrumentais, como as vocais, são exemplo disso...]


                                         


[solista: Philippe Jaroussky]
Vedrò con mio diletto l'alma dell'alma mia Il core del mio cor pien di contento. E se dal caro oggetto lungi convien che sia Sospirerò penando ogni momento... * I will see with joy, the soul of my soul heart of my heart full of content. And if from my dear object I be far away I will sigh, suffering every moment...








                                                    [ solista: Romina Basso]

Se lento ancora il fulmine l'oltraggio mio non vendica cadra quell'empio, vittima del giusto mio furor. Ma sposa ancor ti sono ritorna e ti perdono; occhi versate in lacrime tutto l'affanno d'un tradito amor.

*
If the lightning is still slow To avenge the outrage I have suffered, Soon that wicked man will fall victim To my just anger. But I am still your wife: Come back, and I will forgive you. My eyes, pour forth in your tears All the affliction of love betrayed.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

O BARROCO SUBLIME -



                                                    Nicola Antonio Porpora (1686-1768)
                                                    Alto Giove, from the Opera "Polifemo"
                                                    do album de Jaroussky: "Farinelli, Porpora Arias"



O sublime da ária barroca é que não se consegue definir aquilo que nos atrai. Se isolarmos um elemento, ele parece-nos pouco significativo, por si próprio. O vocal e o instrumental, o desenho melódico, a atmosfera de encanto, o equilíbrio entre a expressão poética do texto e a sua tradução musical, tudo isso parece formar um conjunto indissociável, uma combinação única e efémera, mas por isso tanto mais pungente.

domingo, 16 de abril de 2017

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

STABAT MATER DE PERGOLESI


Uma interpreteação impecável, estilisticamente, para uma obra-prima de todos os tempos. 

O Hino «Stabat Mater» é uma composição anónima medieval, que descreve o sofrimento da Mãe de Deus parante a cruxificação do Filho. 
Como muitos hinos da Igreja, foi musicado várias vezes, em várias épocas. 

A obra aqui interpretada é a de Pergolesi, um talentoso músico napolitano, morto muito cedo (vivou ainda menos anos que Mozart),  do qual restam não apenas obras sacras, como também óperas cómicas, como «La Serva Padrona». 

Creio que o mundo precisa de beleza, mas de verdadeira beleza, a que resulta da transmutação de sentimentos profundos e universais, não só sensual.  

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

HOMENAGEM E ESPERANÇA, EM DIA DE LUTO [CONCERTO VIVALDI]


Poderia escrever muitas coisas em relação ao génio de Vivaldi, à excelente interpretação de Jaroussky e Jean-Christophe Spinosi, mas hoje, dia em que acordámos com a terrível notícia do terramoto no centro de Itália, com dezenas de mortos confirmados e centenas de desaparecidos, apenas farei uma prece:

- Que exista solidariedade verdadeira de entre todos os povos, em especial os europeus, para acudir e ajudar quem precisa de mais tratamento e conforto, ajudando depois a reconstruir as vidas das vilas e aldeias fustigadas pelo trágico terramoto.
Só assim temos o direito de falar de uma Europa à Itália que nos deu Vivaldi e tantos outros mestres. 
Desejo transmitir aqui, modestamente, o meu pensamento de profundo sentir e de solidariedade com o povo italiano.


quinta-feira, 21 de julho de 2016

[NO PAÍS DOS SONHOS] COLLOQUE SENTIMENTAL - VERLAINE, FÉRRÉ, JAROUSSKY


                                         

 Dans le vieux parc solitaire et glacé
Deux formes ont tout à l'heure passé. Leurs yeux sont morts et leurs lèvres sont molles, Et l'on entend à peine leurs paroles. Dans le vieux parc solitaire et glacé Deux spectres ont évoqué le passé. - Te souvient-il de notre extase ancienne? - Pourquoi voulez-vous donc qu'il m'en souvienne? - Ton coeur bat-il toujours à mon seul nom? Toujours vois-tu mon âme en rêve? - Non. Ah ! les beaux jours de bonheur indicible Où nous joignions nos bouches ! - C'est possible. - Qu'il était bleu, le ciel, et grand, l'espoir ! - L'espoir a fui, vaincu, vers le ciel noir. Tels ils marchaient dans les avoines folles, Et la nuit seule entendit leurs paroles. Verlaine Les fêtes galantes



Não existem fronteiras para o passado 
Somente as que colocamos no nosso coração 
A música vem-nos banhar 
com sua atmosfera d'encantamento d' eras passadas, 
d' ondas vibrantes, ecos d' épocas doiradas, 
magia da infância, p'ra sempre abandonada...

A minha voz fica embargada 
com o sentido profundo da melodia unida às palavras
 entretecidas do poema em nostálgica e sábia meditação.

Serei náufrago do passado por opção, 
deliberadamente, no presente de banal e infinita chateza... 
prefiro os espectros dum revisitado passado 
que nunca se foi, junto a vultos cimeiros da Arte.