A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.
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quarta-feira, 1 de junho de 2022

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA, PARTE XIV

A TEMPESTADE PERFEITA


Tela a óleo de Turner* Tempestade de Neve no Mar


[PARTES ANTERIORES DA SÉRIE:  VI ; VII VIII ; IX ; X ; XI ; XII ; XIII ]


Ano velho, ano novo... traz-nos algo: Surpresas, espantos, deceções e esperanças. Tudo isso nos trouxe o ano de 2022, agora que se inicia o sexto mês deste fatídico ano.
Ou talvez não, afinal? - Pois tudo está contido em potência dentro de acontecimentos dos anos passados. Será necessário recuar a 2014, a 2003 ou antes, até a 1998 ou 1991?
São tantos, os eventos que se encadeiam nestas datas e se relacionam com o que se está a passar agora. É como se fossem cadeias causais perfeitamente nítidas. 
Ou será um efeito de óptica? - Será que nossa visão exclui tudo o que se afasta de uma determinada narrativa, que contamos nós próprios, para explicar o inexplicável, para dar sentido ao caos permanente? 

Em traços largos, aquilo que escrevi há 6 meses, no número anterior « OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA, PARTE XIII » mantenho-o: A ascenção de um totalitarismo que se desenvolve com «pezinhos de lã», para não assustar as pessoas. 
Mas, entretanto, já a Europa experimenta, há mais de 3 meses, a descida ao abismo, ao inferno da guerra. A própria cidadania, hipnotizada ou fanatizada, vai lançando mais «achas para a fogueira», quer mais guerra, mais destruição. Quer saciar a sua raiva; quer escoar o seu medo. 

As pessoas, sob efeito de múltiplas injeções de propaganda do medo, deixaram-se manipular, reagindo como as «elites» querem. No orgulhoso Ocidente os valores de que se orgulham desapareceram, do dia para a noite, o que significa que já não existiam realmente, como também, a inteligência, o senso crítico, o equilíbrio da avaliação: Tudo isso voou em estilhaços. 

Afinal, o que isto mostra é que a podridão desta civilização chegou ao seu último estádio. A decomposição final traduz-se em manifestações de belicosidade, mas apenas sob o manto nuclear «tranquilizador» do poderio US. É como bullies que gostam de se fazer de valentes, mas que o fazem apenas quando estão protegidos por um bully mais forte. 

A vida, por aqui, corre como se nada fosse. Creio que a inflação ao consumidor, em países como Portugal, é da ordem dos anos oitenta, ou seja, de dois dígitos. Esta inflação é a maior que a Alemanha experimenta, desde há 60 anos. Note-se que a Alemanha tem horror à inflação, devido à crise hiperinflacionária que sofreu em 1923 e que ficou marcada na sua memória coletiva. 

Mas, em geral, a ignorância da História, da Economia, da Biologia e de todo o conhecimento verdadeiro, leva a uma enorme permeabilidade dos povos perante as «fake news». Estas  são -principalmente - veiculadas pelo poder, pela média dita «mainstream», pelos grandes conglomerados, que incluem agora empresas tecnológicas, aliadas do poder e fornecedoras de informações para e sobre os cidadãos, como operadoras da manipulação da informação. Por exemplo, milhares de páginas e de vídeos foram nestes meses suprimidos no Youtube, só porque não têm a perspetiva dos poderes sobre a guerra na Ucrânia. 

Mas, isto, muitas pessoas não querem saber, não «acreditam», até «acham bem» visto que se destina a calar aqueles que elas odeiam: Então, neste contexto, os célebres romances de ficção político-sociais de Orwell «1984» e «Animal Farm», são tomados - já não como chamadas de atenção para perigos futuros, que o Autor descreveu - mas como manuais de instruções, pela casta sociopática que nos governa. 
Francamente, não estou otimista, no curto-médio prazo. Porém, a realidade é sempre muito mais forte do que os devaneios de uns e de outros. A realidade do colapso das economias antecedeu a guerra na Ucrânia e a crise do COVID, mas foi exacerbada por estas. Esse colapso está já a fustigar o Terceiro Mundo. 
Os despreocupados do mundo afluente estão convictos que será somente mais uma crise; que algumas pessoas irão ter privações, na América do Norte e na Europa, mas que estão «protegidas» de uma grande catástrofe. 
Não serve de nada tentar demonstrar-lhes que não; que o momento é de colapso geral e transformação profunda, porque elas não ouvirão. Estão de tal maneira condicionadas, que apenas tomam atenção ao que saia da boca de poderosos, sejam políticos, multimilionários, ou outras personalidades promovidas pela média corporativa. 

Olho o mundo da minha janela e a realidade - por vezes- parece-me um enorme pesadelo. Tento não me deixar influenciar por meu estado de espírito, faço os possíveis por manter o olhar objetivo, desapaixonado, porque sei que isso é crucial para a boa navegação. 
Evitar «icebergs», «tornados», «ondas que tudo arrastam», é um cabo dos trabalhos. Ninguém, com bom senso se deveria considerar ao abrigo do naufrágio, nestas circunstâncias. 
Mas, as pessoas mais ricas pensam sempre que as desgraças são para os outros. Enganam-se, pois a riqueza não lhes serve de grande coisa dentro dum navio sacudido pela tormenta. Quanto mais «carga» levam consigo, pior, pois -em geral- não são capazes de se separar do excesso de bens, de fortuna, para salvar as suas vidas.  
 

Parede, 01-06 2022

PS: como suplementos que não precisam de comentário, deixo-vos duas notícias interessantes: Uma, revela como os ricos parqueiam as suas coleções de arte. Na outra, o eminente cientista, que é Robert Malone, descreve a «monkey pox».


quarta-feira, 25 de maio de 2022

TRANSIÇÃO TOTALITÁRIA E JOGO DOS PODEROSOS

Os Estados, ditos de «democracia liberal», que se gabam de superioridade moral perante todos os outros, são objeto, AGORA MESMO, duma transição acelerada para uma distopia totalitária.

Como é que este processo se desenvolve?

As "garantias e liberdades" vão continuar nas constituições e nas leis desses países, mas serão letra morta. Isto define a transição para um Estado totalitário, agora a um nível global e não apenas dentro das fronteiras de um, ou de alguns países.
Hannah Arendt já tinha avisado sobre tal mecanismo, tendo analisado como se processa. Por exemplo, no caso do regime hitleriano, quando os nazis tiveram o Estado parcialmente sob controlo, fabricaram um atentado de falsa bandeira, o incêndio do Reichtag (parlamento), atribuindo-o «aos comunistas», para porem fora de lei definitivamente, não apenas o partido comunista, como todos os partidos e correntes que se opusessem ativamente ao nazismo. Mas, não aboliram a constituição democrática liberal de Weimar, formalmente. Limitaram-se a ignorá-la. A partir desse momento, a lei eram eles: Só eles, os nazis e o seu Führer, é que a faziam.
O processo também existiu, de forma algo semelhante, na URSS de Estaline, com a constituição herdada do princípio do regime soviético. A constituição soviética de 1918 reconhecia, no papel, garantias e direitos aos cidadãos.
No Portugal de Salazar, a constituição de 1933 também consagrava direitos e liberdades, porém, por efeito do estado de exceção permanente e leis de «segurança interna» do Estado, na prática, eram anuladas aquelas disposições da constituição. Mas, o regime declarava-se «cumpridor das leis e da constituição».
Devido à ignorância abismal de muitas pessoas, não identificam os evidentes paralelos do que se passa agora, com situações passadas de transição para o totalitarismo, tanto mais que o novo totalitarismo é suficientemente perverso para se mascarar no seu contrário.
O totalitarismo de hoje mascara-se com declarações de liberdade, pluralismo, antifascismo, etc. Tudo o que for preciso, ao nível verbal. O objetivo é fazer um écran de fumo, com um efeito neutralizador nas pessoas comuns.
Estas estão iludidas, pois só conhecem a «casca» dos fenómenos políticos. Quase ninguém estuda, e muito poucos conhecem em profundidade, a natureza política e económica do fascismo.
O fascismo, uma forma de Estado totalitário, está descrito pelo seu mentor – Mussolini - como «a fusão do poder do Estado e das corporações». 



Literalmente, é o que acontece, hoje em dia, sobretudo nos países que proclamam ser (mas já não são) democracias liberais:
- Há um regime fascista quando o Estado e as corporações se fundem, se conjugam para levar a cabo obra comum. Quando o Estado, ao fim e ao cabo, se torna realmente instrumento direto das corporações.
Erroneamente, a expressão «fascismo» evoca em muitas pessoas, perseguições a opositores e polícia política, somente. É aqui que começa o erro, porque se toma a superfície («a casca»), pelo fundamental («o cerne»).
Nos regimes totalitários houve diferentes graus de violência política: repressão violenta e implacável sobre a oposição, em certos períodos, enquanto noutros períodos, parecia que toleravam um mínimo de dissidência. Estas diferenças no grau da repressão, ocorreram na Alemanha nazi, na Itália fascista, no Portugal salazarista ou na Espanha franquista. O mesmo também se passou no regime soviético, nas «democracias populares» e na China maoista.
O erro primordial é considerar que, se não houver ações policiais de repressão, não se estará perante um fascismo. Além de poder haver momentos em que estas situações existem e outras em que não, na história dum mesmo regime, é notório que esta repressão se exerce sempre de forma seletiva, sobre uma categoria de pessoas, uma classe, ou setor da população, o que faz com que muitas pessoas permaneçam alheias, para elas, «não há» esses crimes, esse espezinhar dos direitos humanos.
Além disso, em determinados contextos, os fascismos contam com uma massa alienada e iludida, que os apoia entusiasticamente, havendo um efeito de grupo, que é repressor por si mesmo. Este anula a possibilidade de expressão significativa de qualquer dissidência.
Quando as coisas começam a correr mal para esses regimes, os bodes expiatórios são acusados de todas as desgraças do povo e da Nação:
No episódio recente da pandemia de COVID eram os não-vacinados, acusados publicamente de serem disseminadores, egoístas, incapazes de «solidariedade», etc.
Este discurso esmoreceu quando veio uma variante (Omicron) infetar, com igual facilidade, os «vacinados» e os não-vacinados, além de que os «vacinados», se fossem infetados, transmitiam efetivamente o SARS-Cov-2. Mas, o efeito de designar uma parte da população como «culpada» permanece, não desaparece. Funciona como um «ruído de fundo» na psique coletiva. Esta persistência do irracional mantém-se, porque as pessoas são movidas por instintos primários, como o medo da morte.
A concentração de poder nunca foi tão grande como hoje em dia. Nenhum ditador do passado tinha ao seu dispor os instrumentos de controlo que existem agora. Estes são constantemente usados para controlar. Na ignorância da maior parte do público, servem-se dos meios informáticos, incluindo «Inteligência Artificial», para analisar as tendências do «rebanho» e detetar as ovelhas negras.

Onde se enganam os globalistas-eugenistas triunfantes de hoje?

- Eles tomam o discurso como substituindo a realidade. Ora a história mostra que, ao fim e ao cabo, a realidade é mais forte que qualquer ficção, por mais elaborada ou perfeita que esta seja.
Um regime político, tido como «perfeito», não é compatível com pobreza, marginalidade, violência nas ruas, etc. Como conciliar então o seu elogio permanente, com a realidade que vem negar esse mesmo discurso?
Daí a necessidade de censura, de fabricar a realidade, através dum tecido de mentiras e de propaganda. Nada disto é inédito, nós verificamos isso agora, mas os historiadores descrevem a mesma manipulação da informação, a propaganda, o encobrimento e a mentira que desempenharam, nos séculos passados, exatamente o mesmo papel.
A maneira de manter as pessoas na ilusão, passa também por as distrair constantemente com algo de novo. O que mais chama a atenção, são coisas que fazem medo, que assustam. Os média sabem fazê-lo.
Por isso, as pessoas estão constantemente a ser bombardeadas por notícias alarmistas, quer tenham um fundo de verdade, ou não. Muitas vezes, um pequeno incidente é ampliado até se parecer com uma grande catástrofe. Faz parte das técnicas de manipulação. Assim como fazer variar a atenção das pessoas; ora focalizando a sua atenção num objeto, numa pessoa, num assunto, ora noutro: O efeito é de confusão mental, de incapacidade de apreensão do real.
Nas notícias, o contexto é quase sempre omitido, ou meramente aflorado. A forma como as notícias são apresentadas vem intencionalmente reforçar os preconceitos das pessoas. É espantoso o número de adultos que «acreditam» numa informação, apenas porque esta foi veiculada por jornalista ou político da sua simpatia. 
Dada a propensão para pertencer e para acreditar, na generalidade das pessoas, é fácil os manipuladores terem um ascendente sobre elas, parecendo que tudo se passa na mais genuína «democracia».


terça-feira, 29 de março de 2022

QUANDO A CENSURA SE TORNA PARTE DA «GOVERNANÇA GLOBAL»

 Já se sabe que há uma censura cada vez maior nas chamadas redes sociais, nas plataformas controladas pelos gigantes tecnológicos. Existe também uma íntima relação destas empresas globais com o governo, em particular, o dos EUA. Estão criadas as condições para um controlo totalitário. 

Esse controlo exerce-se até em relação ao que foi produzido no passado. Nos regimes totalitários Estalinismo, Nazismo... ou na ficção de George Orwell «1984», o passado era reescrito ao sabor das conveniências da clique no poder. 

Chris Hedges viu todas as suas produções em vídeo serem eliminadas. Tinha acumulado vídeos com entrevistas de toda a espécie, não apenas a políticos, como a figuras da cultura, etc. Todo esse trabalho e documentação foi apagado pela Google (proprietária do Youtube). 

Isto parece uma punição por aquilo que Chris Hedges pensa, uma perseguição indiscriminada, mas é precisamente aquilo que os regimes totalitários costumam fazer.



“The moment we no longer have a free press, anything can happen,” Hannah Arendt warned.

“What makes it possible for a totalitarian or any other dictatorship to rule is that people are not informed; how can you have an opinion if you are not informed? If everybody always lies to you, the consequence is not that you believe the lies, but rather that nobody believes anything any longer. This is because lies, by their very nature, have to be changed, and a lying government has constantly to rewrite its own history. On the receiving end you get not only one lie — a lie which you could go on for the rest of your days — but you get a great number of lies, depending on how the political wind blows. And a people that no longer can believe anything cannot make up its mind. It is deprived not only of its capacity to act but also of its capacity to think and to judge. And with such a people you can then do what you please.” 

sábado, 19 de março de 2022

CITAÇÕES DE GEORGE ORWELL





Eis a «comunidade internacional» de que eles constantemente falam. Ao ver este «novo Mapa-Mundi», achei que tinha grande semelhança com a «Oceânia» do romance «1984», escrito há quase 80 anos por Orwell:
 


Entretanto, George Orwell, de forma bastante surpreendente, voltou e lê a crónica de 2022:


quinta-feira, 17 de março de 2022

NÃO HÁ NADA MAIS REVOLUCIONÁRIO QUE A VERDADE


 
O meu pensamento, as minhas palavras neste blog, podem dar a sensação de que tenho  elevado grau de apetência pela política e pela economia, em geral. Nada mais longe da realidade, porém. O meu interesse por ambos assuntos, é norteado por algo, que não tem a ver com o «gosto», mas com a «necessidade». Por outro lado, procuro não interferir, neste campo, com os outros: Não desejo persuadi-los, nem convencê-los, nem tão-pouco opinar sobre suas opções políticas. Que estúpido seria eu, de me colocar como mentor político - ou «anti-político» - dos outros! Dito isto, considero ter razões para acompanhar a política e a economia; essas razões não são difíceis de perceber. Explico-me:

- Se te cai em cima algo imprevisível - algo que não poderias imaginar, ou cuja probabilidade era ínfima - não tenho dúvidas de que tiveste pouca sorte. Mereces a minha simpatia, porque dessa desgraça, pouco ou nada podias antever. 

- Mas, se o que te cai em cima da cabeça é consequência de uma cadeia de acontecimentos previsíveis, rastreáveis? Estavas completamente distraído, estavas indiferente, julgavas que não te podia acontecer nada, que as coisas más só ocorrem aos outros... Não digo que merecesses o mal, mas que foste imprevidente, foste leviano/a, não soubeste prevenir-te. Tanto a tua pessoa, como a tua família ficaram carenciadas da segurança essencial, também no plano material, para que a vida não seja um rol de desgraças. 

É somente - ao fim e ao cabo - a motivação da auto-proteção (e da minha família) que me impele a interessar-me pela política e pela economia. 

Se ninguém é apolítico - e isto é uma verdade insofismável - reduzir tudo à política, é como reduzir a visão do Mundo a «preto e branco». Mesmo que se incluam todos os tons de cinzento, a visão do Mundo fica, ainda assim, drasticamente diminuída. Algo essencial - as cores - não é captado. 

Nas minhas finanças pessoais, sigo alguns princípios. Se não se deve fazer do «amor ao dinheiro» o objetivo central da vida - pois isso equivaleria a nos tornarmos escravos do dinheiro - também devemos perceber que é razoável gerir nosso património com prudência, da forma adequada para maximizar a segurança de nós próprios e de nossa família e de minimizar a probabilidade de cairmos numa situação penosa, como ficar em dívida, na dependência em relação aos outros, sejam estes particulares, instituições, ou o Estado. Não jogar nunca no «casino»!

Tenho uma atitude geral semelhante em relação à saúde. Prevenção é melhor que remédio. Isto significa que evito fragilizar o meu ser biológico por comportamentos inadequados. Eu sei que o meu corpo é bastante frágil. Não vou torná-lo ainda mais frágil. Proponho - não imponho - o mesmo padrão de prevenção aos outros, à família, em particular. Não sou dos que tem uma relação narcísica ao corpo, mas também não sou dos que vêem o corpo só como «coisa onde a alma habita». Não; o meu ser é corpo e espírito, unidos. Quando morrer separam-se. 

Se nós todos temos medo de morrer, se isso está ancorado profundamente no nosso inconsciente, por que razão há tantas pessoas que agem de modo suicidário? Neste texto, não irei desenvolver a questão. Basta-me dizer que não podemos viver plenamente, sem amar os outros (amor e altruísmo são a mesma coisa, no meu vocabulário) e que para amarmos os outros, temos de nos amar a nós próprios. Basta pensar nas enormes angústias, que dá aos familiares e amigos, aquele que não cuida da sua vida, que a destroí, que esbanja e dissipa tudo, que está sempre metido em complicações. Essa pessoa, não apenas é infeliz, mas está a impossibilitar, ou dificultar, que outras sejam felizes. A responsabilidade por nós próprios, pelo modo como conduzimos a nossa vida, é uma questão de ética, além de ser uma atitude natural e inteligente.

Se eu desejasse o poder, saberia como me insinuar em determinados círculos, como representar meu papel para ser aceite pelos outros, para ter uma carreira política. Para mim, teria sido muito fácil, se eu tivesse desejado isso. Mas, qualquer coisa me impeliu a não entrar em jogos de poder: Compreendi que tal não era para mim. Não por falta de compreensão, ou falta de capacidade em representar no teatro político. O espetáculo tinha algo de repelente, não via nele qualquer elevação. Com efeito, subir a escada para, do alto desta, mandar nos outros, subjugá-los, iludi-los? Para negar pelas ações, as minhas promessas e declarações de fé? Isso pareceu-me algo tão abjeto, apenas sociopatas conseguiriam desempenhar-se bem nesse papel. Pois via que aqueles outros, motivados por sentimentos nobres, eram instrumentalizados pelos cínicos, pelos sociopatas

O sistema político real é homólogo à versão mais simplista, distorcida, ideologizada do darwinismo social. Pelo contrário, o darwinismo de Darwin, dá muita ênfase à cooperação dentro da mesma espécie. Por exemplo, na mesma espécie há uma competição mitigada, ou seja, existem mecanismos pelos quais o vencedor fica inibido de liquidar o vencido, o que tem um coeficiente positivo de sobrevivência para o grupo e para a população. Não culpemos Darwin, nem os cientistas honestos, da monstruosidade que construíram os apologistas do «neo-liberalismo», ou capitalismo desabrido e impiedoso, escondendo-se por detrás do nome do prestigiado cientista!

Eu tenho uma paixão - que dura a vida inteira - pela biologia, em particular, pelos mecanismos da evolução biológica, mas isso não significa que vá transpor as realidades de um plano, para outro. Vejo, com preocupação, que a biologização do discurso, é uma atualização da deturpação e travestimento do pensamento de Darwin. Isso ocorreu desde os finais do século XIX, até hoje.  Quando veem à baila expressões, como «seleção natural», ou «está no seu ADN», estas não têm qualquer valor genuíno. São expressões de ignorantes, que tentam convencer outros ignorantes. Usam termos sem critério, nem adequação. Os cientistas verdadeiros não são compreendidos nesta sociedade; não são sequer escutados, no meio da algazarra mediática que nos cerca, como na crise do COVID.

A política é sempre totalitária, na sua essência. Isto significa que os políticos se apropriam da totalidade dos domínios da vida: Apropriam-se dos vários ramos da ciência; de tudo o que é produtivo, na sociedade; das nossas mentes, das nossas vontades. O meu repúdio da política tem a ver com isso. Não é devido a indiferença em relação ao que se passa na sociedade; não se pode confundir com egoísmo disfarçado. 

Revolta-me que o povo, em geral, seja despojado do direito natural de «gerir a polis», o significado etimológico de política. Como é que os políticos fazem isto? Eu tento compreender como é que as pessoas se tornam «servas voluntárias», como é que aceitam ser remetidas a uma situação de irresponsabilidade, de infantilização. Compreender estes fenómenos, é do domínio da psicologia social. Mas, de facto, todos deveríamos nos debruçar sobre o assunto. Acredito que as pessoas que me lêem, se preocupam com isso. 

Parafraseando Orwell:

« Não há nada mais revolucionário que a verdade.»

                                                        «Alegoria da Verdade» por Edouard Debat-Ponsan. 

                  Ele ofereceu este quadro a Emile Zola, em apoio ao seu combate em defesa de Dreyfus.

segunda-feira, 14 de março de 2022

PSICOPATOLOGIA DO PODER - [ARIANE BILHERAN]




 Ariane Bilheran, filósofa e psicóloga, com impressionante carreira científica e académica, é entrevistada para a cadeia «A Verdade em Marcha» ("La Vérité en Marche") sobre os aspetos mais ocultos do poder nos seus aspetos perversos narcísicos, psicóticos paranóicos e como nos podemos prevenir. A não perder!

[Em francês, para melhor compreensão, pode ser útil accionar as legendas automáticas em francês.]


domingo, 6 de março de 2022

«MUNDOS SEPARADOS». O AUTORITARISMO, A GUERRA E A GEOPOLÍTICA

                  


Incessante tendência dos autoritários de todas as cores ideológicas em querer moldar o mundo exterior à IMAGEM DO SEU MUNDO INTERIOR, TEM CONSEQUÊNCIAS que estão de todos à vista. 

Comento o excelente artigo, de LIAM COSGROVE «The US Is Culpable in Today's Ukraine Crisis  - How the incessant neo-conservative urge to reshape foreign nations in the Western image has brought us to the brink of World War.»
Curiosamente, os herdeiros da ideologia liberal (quase toda a classe política dos países ditos do «ocidente») têm muito mais traços de autoritarismo, do que os que estiveram (caso dos russos), ou mesmo ainda estão (caso dos chineses), debaixo de regimes totalitários.
Mas, ao fim e ao cabo, como eu repetidas vezes avisei, o cisma entre o Ocidente e o Oriente, vai traduzir-se por dois mundos separados
Quando não se confrontarem com armas, quando não fizerem guerra por procuração («proxi-wars») farão pelo menos, guerra económica, política, ideológica, ou «de informação». A globalização «feliz» advogada por ambos, acabou. Agora, será a pseudo-globalização do calvário dos povos, com a forma simbólica de cruz: o eixo «vertical» - os atlantistas, contra o eixo «horizontal» - os euro-asiáticos.
Ver o meu artigo QUEM SÃO OS VENCEDORES DA TRANSFERÊNCIA DE RIQUEZA DO «GREAT RESET»?. Quanto aos vencidos, o resultado desta crise é o empobrecimento geral, mais cruel para os pobres, o reforço dos traços autoritários, o estreitamento da «janela de Overton» até ser praticamente indistinguível de um regime fascista, como foi Portugal, durante os 48 anos de Salazar e Caetano, um dos membros iniciais da NATO*. Talvez piores sejam estes regimes, que agora se estão a instalar em toda a Europa, na concha vazia das democracias liberais. Não só haverá uma profunda ruptura dentro da sociedade, como não haverá qualquer tolerância para pessoas com ideologias divergindo da ortodoxia imposta pela ditadura «democrática». O «fascismo Mc Donald» irá fazer com que estas pessoas sejam ostracizadas, perseguidas, não haverá «direitos humanos» para elas. Os dissidentes no Ocidente, estão já a ser pior tratados, nalguns casos, do que os da URSS, quando esta existia. É que a campanha continuada dos media corporativos, juntamente com a aprovação, em grande parte do público, das discriminações a pretexto de COVID e o infame passe vacinal, vieram mostrar que os governos ocidentais podiam avançar com este autoritarismo, deixando intacta a letra da lei, para a esvaziar do seu conteúdo, impondo novas realidades sociais e políticas, em seus respectivos países. Isto foi analizado por Hannah Arendt, há quase um século. Porém, os que se reclamam de esquerda, anti-fascistas, etc, estão completamente olvidados da análise que ela fez dos totalitarismos.
É que estes «esquerdistas» também são autoritários; são adoradores do Estado. Eram eles, que achavam que as medidas de «lockdown» e a imposição do passe vacinal, não apenas eram justificadas em nome da «saúde pública», como queriam mais energia e celeridade na sua implementação.
De facto, os liberais genuínos, os libertários, os anarquistas pacifistas e outros não-autoritários, já estão completamente excluídos do discurso público, que se tornou num discurso meramente do poder, com várias cambiantes, para dar ilusão de democracia. 
Não sei até onde a ausência de vergonha, a hipocisia e o puro sadismo poderão chegar, mas podemos ver o paralelo histórico da instalação das ditaduras totalitárias do passado onde, após o esmagamento da oposição (quer na Alemanha de Hitler, quer na URSS de Estaline), aumentou o nível de repressão feroz, indiscriminada e sem qualquer preocupação em guardar as aparência da legalidade. Nas ditaduras «vulgares», tais regimes, depois de terem triunfado, de terem consolidado a sua vitória, vão querer dar uma aparência de respeito pelos direitos humanos, de tolerância, etc. Mas, nos regimes totalitários, uma vez consolidado o poder, a repressão é intensificada, como nunca antes. Isto é um facto que se tem observado repetidas vezes, que os dissidentes de hoje terão de ter em conta. 
Esperemos que tal não aconteça, mas não sejamos ingénuos ao ponto de acreditar que a salvação esteja nos bandidos de um bando,  que eles se vão arriscar a derrubar os do outro bando, sobretudo quando estão a beneficiar do estatuto de «oposição» tolerada, construtiva, etc. dentro do regime!
No plano mundial, teremos uma polarização, do «império ocidental» sob a garra reforçada dos EUA, enquanto no «império oriental», a China dominará a Rússia. Isto será consequência da Rússia ter sido expulsa violentamente da esfera internacional e diabolizada pelos europeus.

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*Sim, a NATO aceitou no seu seio o regime fascista de Portugal, a tal estrutura atlântica destinada a defender as democracias contra o comunismo totalitário!

domingo, 26 de dezembro de 2021

OS TAMBORES DA GUERRA SOAM MAIS ALTO...

... MAS CONTINUAIS DISTRAÍDOS!

                    
                     
Forças russas num treino militar

O risco de um confronto generalizado não é discutido.
As sanções contra a Rússia e contra a China, são formas de separação radical do mundo em várias partes. Como visão «geoestratégica», é a mais absurda e primitiva que se pode imaginar nesta era.
As ameaças de cortar a Rússia do sistema SWIFT, que têm sido agitadas periodicamente, são apenas uma ocasião para esta desenvolver (ainda melhor) um sistema alternativo, que já existe e que está em funcionamento. Possivelmente, vai expandir-se com outros parceiros, com a China e outros, não sujeitos do Império USA.
A Rússia e a China são grandes países, com poderosos meios e cujos governos estão bem cientes das ameaças de Washington e dos seus lacaios da NATO.
Há alguns anos, a Rússia eliminou praticamente da sua dívida externa os ativos dependentes do dólar (obrigações do Tesouro US, etc.) e também se tornou largamente autossuficiente - e mesmo exportadora - nos alimentos, respondendo assim às sanções dos europeus, submissos aos americanos.
Vejam no gráfico abaixo. A partir do final de 2019, a dívida externa da Rússia é muito baixa. Se ela precisasse de saldar agora as suas dívidas externas, as reservas de divisas do banco central e dos seus bancos estatais chegariam.

             
Na guerra híbrida que estão a levar a cabo contra a Rússia, desde 2014 e contra a China, desde 2017, muitas das sanções (Nota: são atos de guerra económica) têm um efeito boomerang: São mais prejudiciais para os países que as fazem , do que para os visados.
Nota-se um aumento da estabilidade do sistema financeiro dos países da Organização de Cooperação de Xangai, onde China e Rússia são os principais, o que permite que a crise económica seja muito mais suave nestes.
As dificuldades da China, decorrentes duma economia fortemente exportadora, estão a ser enfrentadas: Há uma viragem para um maior consumo interno, para a diversificação dos mercados e para a complementaridade das economias. A China tem os problemas de abastecimento de energia largamente resolvidos, graças à cooperação com o Irão e com a Rússia.
Os russos não precisam de vender o seu gás à Europa Ocidental pelo Nordstream II. Têm compradores na China e noutros países. Mas os europeus têm que arcar com as consequências da não entrada em funcionamento de Nordstream II: Uma limitação energética, apenas aliviada com gás liquefeito vindo dos EUA, transportado por navios, evidentemente muito mais caro. Se isto não é exatamente a definição de «tiro no pé», então o que será?
A agressividade dos centros de poder atlantistas e globalistas não abranda, no entanto: Eles estão congeminando a próxima «pandemia». Desta vez será uma «pandemia cibernética», uma série de ataques de falsa bandeira, para dar pretexto a que imponham um regime ainda mais severo de sanções contra a Rússia e a China.
Veja como Klaus Schwab nos ameaça a todos:

               

Para eles, globalistas, o tempo de concluir o «Great Reset» chegou. Eles vão servir-se de toda a panóplia para conseguir neutralizar a resistência dos povos.
Claro que, por ora, sabem que não podem escravizar seus adversários mais poderosos. Sabem que somente poderão fazer «contenção» e «guerra híbrida». Isto também serve como forma de manter aterrorizados e dominados os governos do Ocidente, desejosos de se mostrarem «leais» à Grande Cabala.
Porém, no seio das sociedades que eles dominam, que ironicamente auto- designam por «democracias», estão a implementar um regime totalitário, com sistemas de vigilância («tracking»), com campos de internamento para dissidentes «covidianos». Criam uma dependência completa de muitas pessoas em relação ao governo, com o Rendimento Básico Universal. Devido aos «lockdown» e às várias restrições de atividades, milhares de pequenas e médias empresas ficam na falência: Isso não os aflige, ajuda-os a submeter ainda mais a população. Através da imposição da obrigatoriedade vacinal, montam um sistema de vigilância generalizado, que será aplicado noutras circunstâncias, com ou sem pretexto sanitário.
Estas manobras implicam um planeamento complexo, num número restrito de centros de poder. A ofensiva contra as liberdades civis está muito bem coordenada.
A «Cimeira para a Democracia», destinada a construir conivências entre governos ocidentais CONTRA os «arqui-inimigos» China e Rússia, não deveria merecer senão o desprezo e denúncia, por parte das esquerdas. Mas, infelizmente, elas foram cooptadas ou emudecidas e isso não é de agora. Com efeito, a sua resposta à tomada de poder globalista sob pretexto da crise do COVID, foi nula ou, até mesmo, foi de aprovação.
Andam também os governos da Europa sob direção americana, a fazer tudo em relação à Ucrânia, para reacender o conflito com as repúblicas separatistas do Don. Esta manobra suja e criminosa serviria para atrair a Rússia, para ela se imiscuir no vespeiro ucraniano, com o objetivo de aumentar o nível das sanções e, eventualmente, criar uma situação análoga à do Afeganistão nos anos 80, nas fronteiras europeias da Rússia.
A estratégia globalista para completar o «Great Reset» está patente, numa simulação lançada pelo WEF chamada “cyber polygoon. Em resumo:
- Os bancos irão fechar durante vários dias e a atividade bancária «on-line» não estará disponível. Não teremos acesso nem poderemos ver as nossas contas.
- A «suspensão de dívidas» será implementada, incluindo o cancelamento de dívidas. Note-se que a dívida de um é o ativo (as poupanças) de outro. Esta será a «solução» que nos será vendida para resolver a tal «ciber-pandemia». Eles dirão que isto TEM de ser feito para salvar-nos a todos.
- A relação de câmbio recíproco entre as divisas principais vai ser descontinuada. Deste modo, deixará de haver pagamentos em dólares USA, Euros, Libras, etc. As divisas serão de novo ativadas, mas com um severo corte, quando se transformarem em divisas digitais dos bancos centrais.
Parece que estas medidas são loucas, mas veja-se o que se passou com as divisas mais fracas (caso de Portugal) aquando da passagem ao Euro. Tiveram o seu câmbio inteiramente ditado pelos países mais fortes. O mesmo se irá passar, mas numa escala enorme e com mudanças de câmbios abismais.
A media vai mascarar estas manobras, que afinal se traduzem pelo empobrecimento massivo de uns e pelo enriquecimento de outros. Vão acusar, como de costume, os russos e os chineses, de estarem por detrás dos hackers. 
O ciberataque de falsa-bandeira é que irá supostamente tornar indispensáveis todas estas medidas .
Será uma espécie de arma de destruição massiva, que irá anular a autonomia das classes médias, nesses países.

terça-feira, 21 de dezembro de 2021

FALSIFICAÇÃO DO REAL ENQUANTO ESTRATÉGIA

 As palavras servem para educar, para informar, para esclarecer, mas também servem para confundir, para agredir, para iludir.

Apenas breves apontamentos sobre o papel, hoje mais do que nunca, da propaganda disfarçada de informação a todos os níveis, dos domínios económico e financeiro, ao ideológico.

A necessidade dos governos ditos democráticos se servirem da propaganda rebatizada «public relations» (relações públicas) foi teorizada e, de certo modo, posta em prática, por Edward Bernays. A propaganda tornou-se tal, que as realidades ficaram completamente ofuscadas para o público, em geral, crédulo e desinformado, mas com a ilusão (isto, também, efeito da propaganda) de estar mais bem informado, do que jamais no passado. 

A dominação, o poder, será sempre uma questão de saber-se quem detém o controlo económico e militar, mas com uma componente de propaganda, que se disfarça de «informação», «educação» e «ciência». Neste contexto, a cidadania deve ser levada a seguir o caminho traçado pela oligarquia. Para o poder, será muito mais fácil ele realizar seus objetivos com a adesão passiva, o consentimento fabricado, da cidadania. 

No mundo de hoje, ditaduras que realizam o esmagamento sangrento da dissidência, não são raras, contrariamente ao que possa parecer, mas esta modalidade violenta não é a preferida pelos poderosos, pois eles sabem que correm certos riscos: Nem todos os ditadores do passado, tiveram morte tranquila no seu leito. Só recorrem à ditadura aberta, quando não têm outro meio de manter ou de retomar o poder.

Nos dois anos que estamos a viver e sob a cobertura da pandemia de COVID, estão a ser transferidas imensas riquezas, dos mais fracos economicamente e dos Estados, para a posse de multimilionários, das grandes corporações, da grande banca e da finança privadas. 

Esta transferência objetiva tem a cobertura dos Estados, de instâncias supranacionais (OMS, FMI, UE. etc.) e da media corporativa, ponta-de-lança da propaganda ao serviço dos poderosos. Ela é acompanhada pela violação das constituições, dos direitos individuais e coletivos, particularmente, em nações que antes se apresentavam como um «modelo» de democracia liberal*.

Verifica-se a verdade afirmada por Che Guevara e por muitos outros, de que: «Os  Estados burgueses mais democráticos transformam-se em ditaduras, quando eles - burgueses - sentem o seu poder seriamente ameaçado. Nessa ocasião, deixam de ser democratas e passam a ser fascistas.» 

É isto que se está a passar e as forças políticas que se autoproclamavam representantes dos oprimidos, da classe trabalhadora, ao nível dos seus chefes e grupos parlamentares, alinharam plenamente no golpe. Vimos casos de partidos «de esquerda» serem os mais exigentes no cumprimento das restrições impostas, para demonstrar (a quem, senão aos seus donos?) que eram cumpridores das diretrizes vindas do verdadeiro poder. 

Creio que o efeito de obscurecer, camuflar, de fazer manobras de diversão, foi fundamental para o golpe ter sucesso. Sem isso, era impossível a monstruosa operação, que levou, no mundo inteiro, à ruína de muitos milhares de pequenos e médios empresários, ao desemprego de milhões de trabalhadores e à miséria de incontáveis pobres, que resvalaram para a indigência. Isto passou-se na indiferença das classes possidentes e governantes das nações. Porém, se é verdade que o mundo está largamente globalizado, então, aquilo que se passa em «Wall Street», terá efeitos catastróficos nas ruas de Calcutá ou de Nairobi. 

Em 2020, a falsa narrativa saiu imediatamente, ela estava bem preparada e ensaiada: A epidemia de COVID (real, mas banal, como tem havido muitas e bastante benigna, em comparação com os registos históricos das pandemias)  foi cozinhada de modo a parecer um cenário de catástrofe, com um vírus «incontrolável», «sem tratamento eficaz» e, sobretudo, «muito mortífero». As pessoas caíram nessa rede de mentiras, com a consequência de aceitarem como «mal necessário» os confinamentos e outras restrições à sua liberdade. Esta primeira operação (iniciada em 11 de Março 2020) teve um tal êxito, para os globalistas, que eles rapidamente adotaram a estratégia de «terror covidiano», com a imposição de ditadura vacinal

Relativamente ao passe vacinal, já expliquei noutros artigos que o objetivo não é sanitário. Trata-se de conseguir o rastreio permanente e ubíquo, a possibilidade de controlo de tudo o que se faça, e mesmo de «empurrar» as pessoas a consumir, na quantidade que eles acharem: isto está previsto, com o dinheiro 100% digital. Estes são objetivos reais. Estão anunciados claramente, pelo Fórum Económico de Davos e pelo BIS (Bank of International Settlements). É este o verdadeiro objetivo do pânico fabricado e da imposição de vacinação. 

Mas, embora isto seja importante para a oligarquia, a sua ofensiva não irá parar aqui: Eles sabem que são criminosos. Sabem que seus crimes são tipificados - pelos Códigos de Nuremberga e pela jurisprudência do Tribunal Penal Internacional, sobre genocídios e crimes em massa, cometidos em vários países. Têm de obter a impunidade permanente, de ficar «acima das leis».

Como se verifica já ao nível dos Estados, ditos democráticos, a capacidade de fazer respeitar a Lei que emana diretamente das constituições, foi subvertida. Os governos tornaram-se ditatoriais, subvertendo as constituições respetivas, sem que houvesse séria oposição da magistratura. Esta, em grande parte e salvo honrosas exceções, curvou-se: Fingiu que aquilo que os governos faziam estava de acordo com a ordem constitucional, quando eles sabiam que não era assim.

Estamos portanto numa etapa pré-totalitária, como caracterizou Hannah Arendt, onde a legalidade anterior -embora se mantenha formalmente em vigor -  é letra morta. Quem é o produtor de leis, o juiz exclusivo interpretando essas leis e o controlador de que estão a ser bem aplicadas? É o executivo, o governo, apoiado por uma fação política. A mesma situação ocorreu no século XX, em várias ditaduras. Só que estas ditaduras, para se instalarem, tiveram de enfrentar uma grande resistência, por isso houve uma repressão mais brutal.

As pessoas que julgam invalidar o argumento acima, apontando a existência de eleições, que se desenganem: Estudem a história contemporânea e verão que eleições não são incompatíveis com ditadura. Pelo contrário; esta ilusão permite que as pessoas acreditem que «existe democracia, pois há eleições». 

Umas eleições, mesmo que formalmente respeitem os preceitos, são feitas no contexto duma media controlada pelos que detêm o poder económico e, portanto, também político. São eles que decidem qual a largura da «janela de Overton»: Decidem quais opiniões são aceitáveis e quais as pessoas e correntes de opinião, que devem ser censuradas, excluídas, pois estão «fora do consenso» (Nota: consenso fabricado por eles!). 

Nestas condições, embora não se saiba exatamente qual a composição do governo seguinte, isso não importa, pois os que são realmente candidatos ao poder (e não a assentos em bancadas da oposição) sabem quais os limites do que podem, ou não, fazer. Têm de o saber, enquanto lacaios dos muito poderosos. Com efeito, estes, são os principais doadores, que lhes subsidiam as campanhas eleitorais e lhes alimentam as contas em off-shores. Isto é bem conhecido de todos, inclusive das autoridades judiciais: Mas, não são inquietados. 

Isto, não é apenas típico de países periféricos, como Portugal. Existem provas de corrupção, ao mais alto nível, nos EUA, na França, na Alemanha, etc. A conclusão é que, aquilo que chamam «democracia», tornou-se numa farsa. 

Quanto à questão da subida constante da extrema-direita, que rejeita qualquer modelo democrático, embora se sirva das eleições para o acesso ao poder, já não pode ser vista como «sendo culpa exclusiva da extrema-direita». O que se tem vindo a constatar, é que os regimes do «Ocidente», ditos democráticos, há decénios que estão numa deriva: cada vez mais autoritários e corruptos, cada vez mais parecidos com ditaduras, pelo que as suas posturas, face à real ameaça da extrema-direita, são também cada vez mais fracas. 

E depois, chega um momento em que os patrões de uns e de outros - os grandes capitalistas - decidem que o regime de democracia «para-lamentar» já não serve. Nesse momento, este regime entra numa crise aguda e morre de colapso cardíaco. Os novos poderes, a «respeitável» direita nacional-socialista, irão servir muito melhor os objetivos de manter a multidão tranquila, com as necessárias doses de repressão e de demagogia. 

Após um certo intervalo de tempo, que pode ser de decénios, as «elites», que governam por detrás dos cortinados, decidem que o desgaste do regime autoritário começa a ser prejudicial, ou potencialmente catastrófico (perigo de uma revolução vinda «dos de baixo»). Vai substitui-lo, através de uma «revolução», por novo regime, mas sempre sob o controlo dos mesmos. 

As pessoas só podem recorrer a si próprias, aos seus iguais, à entreajuda e solidariedade verdadeiras. As formas de auto-organização em cooperativas, ou outras formas, tornam-se como as «boias de salvação», num naufrágio. Nas circunstâncias criadas, muitas pessoas vão sofrer. É mais provável que sofram mais, caso fiquem passivas ou equivocadas, caso não tenham consciência clara de que não há salvação no Estado, no Partido, na Igreja, ou qualquer outro poder exercido sobre o povo. 

Para sobrevivermos nesta tormenta, teremos de fabricar, nós próprios, nossas «boias» e  «barcas salva-vidas». É indispensável construirmos tais meios ANTES da catástrofe se abater e reforçarmos os já existentes. Também implica aprendermos (ou reaprendermos) a ter um comportamento humano, uns em relação aos outros: «Respeitar e fazer respeitar a igualdade de direitos», é um sempre atual - e frequentemente desprezado - princípio ético. 

Note-se que, hoje, os oligarcas (Clinton, Soros, etc.) manipulam alguns esquerdistas, anarquistas, ecologistas, etc. que se tornam seus agentes. São eles, os oligarcas, que têm acendido os fogos da discórdia, da divisão. Deste modo, conseguem dominar tranquilamente na esfera económica e financeira, pondo o fogo - por vezes literalmente - nas sociedades, fragmentadas pelos fanatismos identitários.

Eu acredito que as pessoas têm um grande potencial, que são inteligentes. Todos percebem que é muito melhor que haja cooperação, do que antagonismos. 

Ingénuo? - Talvez, mas o certo é que não estou interessado na perpetuação duma sociedade da desigualdade extrema, da arrogância, do hedonismo, da opressão e da alienação. 

Acho que psicopatas e sociopatas, apenas, são favorecidos por tal contexto. Mas, o seu poder é ilusório. Irá ruir num instante, quando as pessoas acordarem e compreenderem como têm sido enganadas.

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*O problema principal dos sistemas políticos da UE, é o afunilamento da democracia à existência de eleições. Esta visão estreita já vem de longe, tem sido promovida durante décadas. Ela ajuda a manter a massa inibida, inerte, perante um ataque frontal às suas liberdades individuais (liberdade de palavra, de movimentos, de trabalho, etc.) e às liberdades coletivas (liberdade de associação, de reunião, de manifestação, etc.). Porque as pessoas deveriam perceber a incoerência fundamental em suspender ou restringir ou suprimir as liberdades, com o pretexto de combater uma epidemia viral. Devia ser claro para as pessoas, que isso era um mero pretexto, um expediente para reforçar (como num golpe de Estado, que realmente é) o controlo sobre os cidadãos, por parte do Estado, para além de tudo o que é tradicionalmente considerado aceitável. Proibir a alguém de trabalhar, de subsistir por não querer ser inoculado é de uma crueldade absoluta, idem, em relação a ter as crianças (não inoculadas) na creche ou escola. Concordo com Mesmet em como existe um efeito semelhante à hipnose, pois as pessoas não estão a «ver» aquilo que deveria ser evidente.

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PS1: No gráfico abaixo, relativo aos EUA, mas que será semelhante na Europa, vê-se como a disparidade entre ricos e pobres se alargou, nas últimas duas décadas. Os discursos de que «somos uma grande família», de que «temos todos os mesmos interesses», etc. falham redondamente e não podem convencer as pessoas que vivem cada vez com maiores dificuldades. Elas podem ver muito bem as riquezas que se acumulam, nos muitos ricos. A propaganda não pode suprimir o real.