Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.
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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

SE QUERES A PAZ, PREPARA A PAZ!

 ... EM VEZ DE GUERRA. PERGUNTA COMO SEREMOS MAIS «SAPIENS» E MENOS «BESTAS» 

Sim, eu sei que a guerra acompanha as sociedades humanas desde o princípio, ou pelo menos, desde os mais antigos registos arqueológicos de Estados, civilizações...

Mas, a propensão para a guerra não é a mesma que uma situação pontual de agressividade entre dois seres humanos. Posso compreender que duas pessoas se «peguem à porrada» (luta corpo a corpo), embora não seja um processo de resolver contendas individuais, sejam elas quais forem. Mas, a guerra não é isso, nem é sequer a extensão ou potenciação do fenómeno individual da luta corpo a corpo. Não! A guerra é uma coisa totalmente diferente. Qualitativamente.

Note-se que é um ato NÃO- espontâneo, quer a agressão seja iniciada por uma das partes, quer haja uma subida da agressividade mútua e as duas partes entrem em conflito, em simultâneo. Há sempre uma preparação para a guerra. 

O célebre ditado (julgo que vem dos romanos) «se queres a paz, prepara a guerra» é o mais falacioso que se pode imaginar: Se queres a paz, prepara a paz, pois é com instrumentos completamente diferentes (e com um estado de espírito também diferente) que se constrói a paz ou se prepara ou executa a guerra.

Além disso, na guerra, ocorrem sempre crimes. Além dos soldados, dos militares, que uma e outra parte consideram «legítimo» e até «honroso» matar, existem inúmeros casos de civis assassinados, feridos, violentados, expulsos e afamados.

 Um general dos EUA disse e escreveu um grande manifesto pacifista: «A guerra é uma chantagem!» (War is a racket).



Sim e além disso, é um crime cometido a sangue frio contra pessoas (e incluo a maioria dos soldados, nesse número) totalmente inocentes,  que são meras vítimas dos poderosos. Todos os que iniciam uma guerra, deveriam ser presos e julgados em tribunal penal internacional, mas também os seus acólitos, os que cobardemente insuflaram o ódio, de um e outro lado. 

As indústrias de armamento, essas, ficam felizes quando se inicia, e enquanto dura, a carnificina: elas não são entidades «humanitárias», que eu saiba. Não se destinam a espalhar o «bem», mas sim dividendos (e chorudos!) aos seus acionistas. 

A guerra não é um «mal inevitável». A guerra é a expressão de barbárie, seja qual for a sua génese. Porque, mesmo quando pensamos que uma parte «tem razão» e a outra não, estamos a fazer de conta que o mal está TODO e apenas de um lado. Mas, imagine-se não só o «nosso lado», o dos «nossos» ; do lado oposto, passa-se o processo exatamente  simétrico. 

Portanto, não pode haver solução, nesta como em qualquer outra guerra, senão com um forte repúdio da situação de guerra, em si mesma. Por razões éticas: porque não existe guerra «limpa», não existe guerra sem «danos colaterais» e  porque uma guerra - ganha ou perdida - é sempre «semente» de outra guerra futura, porque sempre ficam rancores, feridas, injustiças.

Em geral, os nacionalismos alimentam-se destas situações, aproveitam-nas, tiram partido das mesmas. É assim que ascendem ao poder grande parte dos psicopatas e sociopatas: eles prometem aos seus eleitores «vingar» as afrontas sofridas.

Por todos estes motivos, a única atitude aconselhável e ética é depor as armas, fugir, desertar, no que respeita aos soldados. Humanamente, estou com os desertores de todos os bordos e convicções: Estes, merecem a minha compaixão, não os generais e os políticos, que fazem «profissão» de mandar outros matar e matarem-se, em nome deles!

Mais; eu sou cristão e como tal falo, mas o que eu digo pode ser compreendido e assumido por qualquer, desde que a sua humanidade não tenha sido anulada, desfigurada, por condicionamento. 

O condicionamento (o chamado treino militar) para se matar, sem compaixão, implica a violação permanente do que existe de mais profundo num ser humano. 

Para agravar ainda mais a desumanização e ter maior controlo preferem fazer a guerra à distância, com drones e robots: as máquinas não têm alma e podem fazer as coisas mais terríveis, sem problemas de consciência. 

Vendo, concretamente, os abismos de brutalidade e de perversão deste nosso século, desde o seu começo, estou convencido que é preciso um choque moral para  permitir o acordar de muitas pessoas.  

Ninguém se pode pôr de lado e dizer que «isto não é comigo»: Porque todas as pessoas têm obrigação moral de impedir ou de minorar o mal, quando estão perante esse mal. Todos nós podemos fazer alguma coisa. A impotência é também uma ilusão.

Se estás de acordo com o essencial do que defendo, escreve-me (manuelbap2@gmail.com). Não tenho uma ideia definida do que fazer, mas uma coisa eu sei: as pessoas têm que se juntar em torno de objetivos muito concretos e válidos. 

A Paz  A-G-O-R-A  !

PS.1: Este cartoon chama a atenção para o fanatismo induzido:



terça-feira, 11 de janeiro de 2022

CIMEIRA DE GENEBRA E DEFESA DA AUTONOMIA DOS EUROPEUS


1-Os EUA são uma república; não são uma democracia.
Expandem-se pelo mundo fora, através da disseminação duma ideologia em que, supostamente, têm o condão de decidir quais são as forças e países democráticos ou antidemocráticos.
Invariavelmente, as forças tidas como «democráticas» são as que se ajoelham diante do poderio do Império, que prestam vassalagem ao poder hegemónico. Não importa qual a coloração política dos governos. Se forem pró-imperialistas, serão sempre bem-vindos. Temos o exemplo da Ucrânia, governada por uma coligação (ou cartel?) de forças, unidas para sacar o máximo deste país empobrecido, causar o máximo de desestabilização (1) em relação à Rússia e para desempenhar o papel que os EUA querem que eles representem.


2- Os EUA assumem-se como «suseranos» da Europa e ninguém os mandatou para tal
Os EUA fazem correr um risco enorme à Europa, se falharem agora uma ronda negocial onde ainda é possível encontrar uma saída que satisfaça todas as partes a partir do imbróglio causado pelos países da NATO e dos EUA. Lembremos que eles, coletivamente, traíram as promessas feitas a Gorbatchov e, depois a Yeltsin, de que os países que fizessem fronteira com a Rússia (todos eles ex-membros da URSS ou do Pacto de Varsóvia), não iriam jamais ser englobados na NATO. Pois fizeram exatamente o contrário, sem que houvesse justificação, até contrariando a própria Carta do Atlântico, na medida em que esta aliança, teoricamente, se apresentava como «defensiva».


3- Os europeus podem e devem encontrar um «modus vivendi» com a Rússia
Ora, não havendo mais Pacto de Varsóvia e não havendo vontade expansionista da Rússia, como se pode considerar a expansão da NATO, até às fronteiras da Rússia, com exercícios de tropas da NATO, no Báltico ou na Roménia, e mesmo, desde há algum tempo, sob forma encapotada, treinos de tropas de «elite» e colocação de mísseis, no território da Ucrânia? Eu considero que é um cerco e um provocar constante (2), não é uma atitude responsável, que possa conduzir a uma paz no teatro europeu.
Isto, independentemente das simpatias que se tenha ou não em relação à figura de Putin. Só sei que ele não é o «ditador», o «Stalin», que a propaganda descarada dos media ocidentais está sempre disposta a fazer. Muitos jornalistas ou são ingénuos, ou são comprados: Estão sempre a fazer «análises» sobre as intenções da Rússia, que convêm aos senhores da guerra. Refiro os «neocons», a indústria de armamento, o Estado Profundo, que inclui, nos EUA, o aparato de espionagem (17 agências) e a burocracia militar do Pentágono.


4- A paz no continente europeu implica acordo(s), tratado(s)
A única hipótese de haver paz no continente europeu é de um acordo entre as potências europeias. Isto não só não precisa, como até nem deveria incluir os EUA. Os EUA não têm nada que estar a «proteger-nos», com bases militares, nos vários territórios e países da NATO. Na verdade, apenas transformam esses países em alvos preferenciais em caso de guerra, são ocupações militares, que pesam muito no orçamento de cada país. Além disso, implicam que todo o sistema e equipamento militar desse país seja complementar das máquinas de guerra, de norma americana. Parte muito substancial do equipamento, desde os aviões a jato (de medíocre qualidade, dizem os especialistas) até às munições das espingardas automáticas, é patenteado por empresas dos EUA e fabricado nos EUA. Os políticos dos países do Ocidente sabem muito bem que não existe verdadeira independência em relação ao Tio Sam. Sabem que existe uma situação de semicolónia; só os povos desses países não o percebem claramente ainda. Os povos de outras regiões do mundo compreendem; também pessoas com espírito íntegro e independente, como Paul Craig Roberts, sabem-no e não se coíbem de afirmá-lo.


5- Condições para uma Europa Livre
Uma Europa Livre, significa uma Europa em Paz e uma Paz real significa a desnuclearização e troca de informações permanente, respeitante aos contingentes militares, com tratados que garantam a segurança das fronteiras, a não-ingerência nos assuntos internos, também garantindo a liberdade de circulação dos cidadãos e a proibição de formas de agressão não declaradas como a «guerra híbrida» que inclui a guerra económica (as sanções, os embargos, as barreiras comerciais e ao investimento).
Parece que isto deveria ser a aspiração comum de todos. Mas, pelo contrário (3), as forças que impedem que isto aconteça, estão vinculadas ao «altantismo», à NATO, à dependência da Europa em relação aos EUA. Neste momento, os perigos vêm de «think tanks» imbuídos de mentalidade de guerra-fria (4). Querem ver na Rússia de hoje, um prolongamento do «Império Soviético», o que não é factual nem realista. Mas, perigosamente, tal insistência ideológica acaba por fortalecer as tendências nacionalistas na Rússia.
Para uma Europa livre, do Atlântico aos Urais, deveria haver uma conferência intereuropeia, sem ingerência de outros países. As forças que, em cada país, lutarem por este objetivo, estão a maximizar a autonomia e independência do mesmo
Mais cedo ou mais tarde, essa reconfiguração vai ocorrer.
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PS1: Vendo os recentes desenvolvimentos no âmbito das conversações (falhadas) entre Rússia e EUA/NATO, apercebo-me que do lado ocidental há apenas má vontade. Começaram por reduzir as questões à entrada da Ucrânia na NATO, quando se trata afinal da garantia para a Rússia que não será ameaçada por bases, rampas de lançamento de mísseis, constantes manobras às suas fronteiras. Parece-me que, agora, os ocidentais estão a fazer «bluff» com sanções, não tomam uma atitude responsável. E, claro que estão a fazer isso com pleno acordo dos responsáveis máximos.

PS2: o fosso entre EUA e Rússia, tornou-se muito grande. Por isso, seria bom que instâncias terceiras que fossem aceites pelas duas partes pudessem intervir, para reatar o diálogo e evitar que descarrile de novo.

PS3: Quem irá pagar o preço de um crescendo nesta «guerra de sanções» entre a UE/EUA (NATO) e Rússia? Os europeus, pois dependem, num terço das suas necessidades, do gás russo e não terão possibilidade imediata de o substituir. Os americanos poderão assim capturar o mercado do gás natural europeu.


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(1) https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/01/guerra-com-russia-percecao-do-perigo.html


(2) https://www.globalresearch.ca/blinken-stoltenberg-unleash-unprecedented-diktat-ultimatum-russia-following-nato-fm-meeting/5766645


(3) https://www.unz.com/pgiraldi/where-are-the-realists/


(4) http://thesaker.is/the-south-needs-a-sane-foreign-policy/

sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

[Sonya Yoncheva] BELLINI: «CASTA DIVA»


Strazza: busto em mármore de virgem com véu (1850)



 Esta ária de «Norma» de Vincenzo Bellini, é muito famosa e foi interpretada por todas as «divas» da ópera. 

 Sonya Yoncheva possui uma enorme capacidade expressiva. Tem colocado o seu talento ao serviço do reportório barroco, embora tenha notáveis intervenções em muitas obras líricas de épocas posteriores.

O enredo de «Norma» desenvolve-se durante a conquista da Gália por Júlio César. 
Norma é a filha dum druida, uma sacerdotisa. Nesta ária, ela pede à Deusa Lua para infundir Paz no coração dos homens. 

LETRA  [Tradução de Manuel Banet]

Casta Deusa, que banhas de prata
Estas sagradas e antigas árvores
Mostra-nos o teu belo rosto
Sem nuvens e sem véu

Tempera, ó Deusa
Tempera aqueles corações ardentes
Tempera aquele zelo audacioso
Espalha pela Terra aquela paz
Que fazes reinar no Céu
Que fazes no Céu


                     

                              Lua cheia sobre o lago de uma barragem, Alentejo 
                      (fotos de Manuel Banet)




sexta-feira, 27 de março de 2020

OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA (PARTE VI)

   Robots humanoides, nanobots dentales y la odontología del siglo ...
Tinha prometido a mim próprio que faria - com uma periodicidade trimestral - um balanço do que se tem passado de mais relevante no mundo, do meu ponto de vista, como não podia deixar de ser. Daí o nome da série: Olhando o Mundo da Minha Janela (ver partes IIIIIIIV  e V).

Porém, apesar de ter deixado um aviso muito sério de perigo de colapso (em Dezembro de 2019), confesso que não esperava que as coisas acontecessem tão depressa e - sobretudo - da maneira como ocorreram. Mas, no essencial, mantenho tudo o que afirmei; conservo o mesmo ponto de vista dos vários escritos. Se estes pecam, é por defeito, não por excesso.

Hoje irei tentar fazer um balanço provisório daquilo que se passou desde fins de Dezembro de 2019, sem querer fazer uma crónica dos factos. Primeiro, seria uma tarefa acima das minhas fracas capacidades, especialmente nestes tempos conturbados. Segundo, estou convencido de que tal exercício é mesmo impossível, agora. É trabalho futuro para os historiadores, que poderão extrair, de um manancial de dados, factos significativos e terão um recuo suficiente para analisar o que realmente se passou.

«Do mal, o menos» dizem, «não houve uma guerra mundial, por enquanto»...
- Bem, eu discordo desta maneira de ver o problema pois, contrariamente ao que o comum das pessoas pensa, uma guerra não declarada existe desde há cerca de trinta anos, quando uma das super-potências - a URSS e os acólitos que formavam o Pacto de Varsóvia se desmoronou. Ficaram então, o gigante americano e seus acólitos da NATO e das outras alianças regionais tuteladas pelos EUA, com as mãos livres para fazerem o que muito bem lhes apetecia.
Mas, sobretudo após o 11 de Setembro de 2001, a pretexto da «Guerra contra o Terrorismo», tem sido feita uma guerra sem quartel contra os povos, especialmente, os que não se enquadram dentro da Nova Ordem Mundial globalista. 

Agora foram mais longe: aproveitam uma catástrofe (a pandemia do coronavírus) para deitar abaixo o que resta do modo de vida ocidental, com as suas garantias e liberdades e uma certa autonomia no plano económico. É certo que a pandemia não é coisa inócua «de per se», mas o efeito das medidas tomadas pelos governos vai no sentido de exacerbar o prejuízo da pandemia, nas sociedades e  nas economias. 
Uma pessoa que esteja alerta e não afogada no mar de propaganda dos media, deverá imediatamente perguntar... porquê?

- A resposta, tenho tentado dá-la nas páginas do meu blog. Também a tenho discutido com quem me acompanha, com quem lê os meus artigos e  com todas as pessoas que vierem por bem. Porque o assunto é de suprema importância para todos nós, não é algo que aconteça «lá longe», entra portas  adentro das nossas vidas. Compreender, é o primeiro passo para agir com cabeça.

O coronavírus, como tenho dito, é um  pretexto para efectuar o «reset» ou reestruturação de todos os mercados e do sistema monetário mundial. 
Os países que não estão alinhados com o «Ocidente» (os EUA e seus vassalos), nomeadamente, a Rússia e a China (e outros), compreenderam muito bem, desde há lustres e, por isso, têm vindo a acumular muito ouro nas suas reservas dos bancos centrais. 
Os que possuem trunfos, como o ouro e matérias-primas estratégicas, estarão em melhor posição para defender os seus interesses, perante a reestruturação financeira mundial. Esta, se for deixada ao critério dos super ricos (donos dos bancos sistémicos e das grandes multinacionais), irá escravizar-nos ainda mais do que já estamos, hoje.

A dificuldade maior é os povos fazerem com que sejam respeitados os seus interesses fundamentais, o seu modo de vida, os seus valores, a sua cultura, pelas castas políticas que têm o comando dos Estados. Estas incluem não só governos, como o conjunto dos agentes políticos e administrativos duma nação.
Porque, se o problema fosse apenas a substituição do modo de pagamento com moeda-papel, por moeda electrónica, tal problema quase não se punha, visto que as pessoas já estão muito familiarizadas com pagamentos sob forma digital: cartões de débito ou crédito, porta-moedas electrónicos, etc., fazem parte do quotidiano. 
Mas, o problema não é dessa ordem. Os media ao serviço do poder irão tentar enganar as pessoas, dizendo que a reestruturação financeira em curso será apenas um assunto «técnico». Mas não é.

Então, qual é, afinal, o propósito da oligarquia mundial?

- é, primariamente, uma questão de poder, de controle, de extrair cada vez maior rendimento de uma população de súbditos, não de cidadãos.

- os meios usados, para manutenção desse poder, desse controle, têm sido muitos, desde a guerra «híbrida» contra os países que não se submetem, até à constante «guerra interna» feita de «psi-op», o condicionamento maciço das suas próprias populações pelo medo. 

E quais as resistências a esta oligarquia?

- Em paralelo com o avanço do neo-liberalismo e do pensamento único, observa-se a desagregação das resistências, enfraquecidas pelo fraccionamento identitário, que segrega grupos de oprimidos, põe uns contra os outros, hipertrofiando diferenças, exacerbando os interesses particulares, e inviabilizando assim uma frente unida contra os poderosos das oligarquias, nacionais e internacionais.

- Se houvesse consciência disso, ancorada no seio dos povos, os líderes políticos das oposições não poderiam senão estar em consonância com tal consciência e agir da melhor maneira possível em defesa dos povos. 
Mas isto é uma impossibilidade pois, justamente, o sistema de domínio mundial baseia-se largamente na dominação mental, muito mais até do que na força bruta, embora não hesitem em recorrer à repressão e ao banho de sangue, se necessário. 

- Neste contexto, a ascensão dum líder carismático ou dum partido dito «revolucionário» ao poder, será uma forma de enganar, não de defender as pessoas. 
Aliás, assim aconteceu na ascensão de Mussolini e de Hitler ao poder: muitas pessoas, que inicialmente os viram com simpatia, estavam convencidas de que os partidos fascista e nazi eram revolucionários, no sentido emancipatório do termo!   

- A questão que se coloca para nós, seres humanos de 2020, é saber se queremos ser ovelhas e ir para o matadouro, de olhos vendados (pela propaganda dos governos e dos media) ou se nos auto-organizamos fora da esfera do poder, de forma livre e autónoma, no respeito das pessoas e dos seus direitos naturais. 

Resta saber se estamos suficientemente lúcidos para escolher o que é fundamental: se é o aspecto humano, se é a ganância do poder com o seu cortejo de violências.
Depende de nós, em cada momento, seguirmos a consciência própria, baseada nas nossas convicções profundas, nos princípios da nossa religião ou, caso sejamos ateus, da nossa ética. 
... Ou então, se nos deixamos dominar pelo medo, que traz o ódio contra um suposto «inimigo» e fazemos o jogo dos muito poderosos. Estes  tentam, agora mesmo e por todos os meios, conservar o controlo.

NB1: Ler artigo seguinte de  John Whitehead 
«Suspending the Constitution: Police State Uses Crises to Expand Its Lockdown Powers»

NB2: Ler artigo seguinte de Caitlin Johnstone
The US Is Using Germ Warfare On Sanctioned Nations

NB3: Absolutamente indispensável ver a entrevista de Lynette Zang a Gerald Celente


NB4: UMA CURTA ENTREVISTA DE NICOLAS TALEB 


sexta-feira, 22 de março de 2019

SAIR DO SISTEMA DA NATO; SAIR DO SISTEMA DA GUERRA


[Retirado de  https://ogmfp.wordpress.com/ ]

Ver o conteúdo deste vídeo de convite para a conferência de 7 de Abril, em Florença (Itália). Vozes conhecidas irão falar, explicando qual a verdadeira história da NATO. 
A cidadania italiana e de muitos outros países estarão lá para exigir paz aos dirigentes, exigir o fim da NATO, das suas guerras, da corrida aos armamentos, especialmente nucleares.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O CAMINHO PARA A PAZ PELO COMÉRCIO

                        Image result for trade new silk road

No passado remoto, as rotas comerciais eram abertas a golpes de espada ou tiros de canhoneira.
Basta pensarmos na maneira como Vasco da Gama e seus sucessores no Índico impuseram um monopólio comercial português e expulsaram os comerciantes árabes, aí instalados desde há vários séculos.
Ou ainda, como o Reino Unido, no tempo da Rainha Vitória, impôs o comércio de ópio à China, através de duas guerras cruéis, das quais resultaram tratados humilhantes para os chineses.
Com efeito, a «liberdade de comércio» que foi imposta pelos marinheiros e soldados dos impérios ocidentais não tem grande coisa que ver com as teorias de livre comércio dos liberais. Em vez de livre comércio trataram de impor o seu domínio imperial, a todo o mundo não europeu. Muitas das desgraças de hoje têm as suas raízes diretas nessa época, de expansão agressiva e bélica dos colonialismos.
Porém, por outro lado, constata-se que a realização de tratados comerciais ou a aceitação de regras comuns às trocas comerciais é um primeiro passo para a normalização de relações diplomáticas ou que estas têm como corolário imediato, o desenvolvimento das relações comerciais.
A abertura da China, ainda no período de Mao nos anos 70,  foi devida de facto, ao seu desejo de fazer comércio e esse desejo foi correspondido por poderosos interesses privados ocidentais.
A negação de comércio, como sejam as guerras de tarifas ou ainda pior, as sanções, os embargos, os bloqueios, são armas muito cruéis e absolutamente ineficazes, no mundo de hoje. Tal tem sido a atitude dos EUA e seus vassalos «aliados» da OTAN e UE …
A guerra comercial ou económica começou com a Rússia depois do golpe na Ucrânia, que depôs um governo legítimo, mas que tinha optado por união económica com o espaço Russo e não com a União Europeia. Essa guerra económica só trouxe dificuldades aos comerciantes, agricultores e industriais dos países ocidentais.
No campo russo, trouxe uma reação de defesa nacionalista, de se autonomizar do «Ocidente»; sobretudo, de produzirem eles próprios, tendo – portanto - um efeito estimulante na indústria e na agricultura.

Já no caso da Venezuela, o bloqueio e guerra económica por parte dos EUA, já duram há cerca de um decénio, mas a severidade foi aumentando neste último ano, ao ponto de um relator especial das Nações Unidas, considerar que as políticas de sanções dos EUA podiam configurar um crime contra a humanidade, nos termos da definição da ONU.
A guerra económica dos EUA contra Cuba vem desde o triunfo da revolução que depôs o ditador favorável aos EUA. Ela perdura desde há 60 ou mais anos e não trouxe mais do que sofrimento e privações para a população da ilha, sem nenhum efeito de fragilização do regime castrista. Claro que, para eles, este objectivo de subversão de um regime adverso é perfeitamente válido e «moral»: para eles, imperialistas, não contam as populações que serão sempre as primeiras vítimas de tais bloqueios.
A noção de que estes países, que se designam a si próprios por «democracias ocidentais», não são mais do que países governados por mafiosos, que querem impor, por meios de chantagem e pela força, a sua lei a outras nações, pode parecer exagero às pessoas imbuídas de cultura «ocidental», porém nos países que agrupam três quartos da população mundial, esta noção é absolutamente trivial.
A existência de uma fina capa ideológica de «liberalismo», não resiste a dois segundos de análise, quando nos debruçamos sobre políticas concretas. Se «liberalismo», significa sobretudo liberdade de comércio, representada pela tradição liberal de Locke, Adam Smith, etc., então a China e Rússia de hoje, assim como vários dos seus parceiros são porta-estandartes e verdadeiros obreiros desse liberalismo.
A liberdade de comércio é vital para aquela enorme parte de humanidade (no mínimo, 6 mil milhões), pois ela tem como meio de subsistência essencial a produção de bens agrícolas, de matérias primas minerais, ou de bens manufacturados.
A evolução dos países «ocidentais» [América do Norte, Europa ocidental, Austrália, Nova Zelândia e Japão] no último quarto de século, foi no sentido da «terciarização» da economia, da desindustrialização ou seja, do abandono da economia produtiva para a economia especulativa.
Nestes países, cuja riqueza assentou sobre séculos de pilhagem das colónias e escravidão, a estratégia de «terceirização» foi saudada pelos mais míopes e corruptos, visto que é realmente preciso fazer um esforço para acreditar que uma economia se pode sustentar com «serviços» e onde o lema tem sido «consumir, consumir, nem que seja a crédito».
As transformações na estrutura produtiva na China, mas também na India, Paquistão e outros, foram muito rápidas e conseguiram produzir a maior transformação de que há memória, de populações secularmente carenciadas, com padrões de nível vida muito baixos; uma saída da pobreza para grande parte da população. O enorme crescimento da classe média, nestes países, tem permitido um crescimento exponencial, pois os produtos manufacturados já não terão como escoadouro exclusivo a exportação, mas também vai crescendo o mercado interno para estes produtos, incluindo os de gama alta, o que permite não estarem tão dependentes dos caprichos das ex-potências coloniais e imperialistas.
As «Novas Rotas da Seda» são realmente a concretização imparável deste extraordinário florescimento económico, o qual terá repercussões benéficas também noutros países, que tinham mantido um grau incipiente de desenvolvimento.
Para todos os intervenientes nas redes comerciais, a questão central vai ser a estabilidade das condições de trocas. Daí que haja um interesse material pela paz, o que é sempre muito mais poderoso do que qualquer ideologia.
Mas, se ideólogos no Ocidente quiserem defender o liberalismo na sua pureza, pois aí terão oportunidade de se colocarem do lado dos que querem manter abertas as rotas comerciais, querem estabelecer e manter trocas benéficas para todas partes… deverão repudiar os militaristas, os loucos que querem o mundo inteiro sob sua hegemonia e relações baseadas na força e no medo.
A evolução das relações internacionais pode sofrer muitos episódios, nem todos beneficiando a liberdade de comércio. Mas, no longo prazo, a humanidade que produz irá decidir como e em que termos se farão as trocas, aplicando as boas práticas de reciprocidade, de não ingerência, de relações mutuamente vantajosas, de resolução pacífica dos diferendos…
… será um renovo da civilização.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

CRIADO «OBSERVATÓRIO DA GUERRA E DO MILITARISMO»



Um grupo de pessoas reunidas durante o evento sobre o anti-militarismo que aconteceu no passado sábado dia 26 na Fábrica de Alternativas tomou a iniciativa de criação de um Observatório das guerras e do Militarismo com o objectivo da promoção da Paz.


                        Observatório da Guerra e do Militarismo


Somos um grupo de cidadãos/ãs, que tem vindo a trabalhar na construção de um autêntico movimento pela paz. 

Não nos consideramos a nós próprios/as, nem a ninguém,  com um direito especial para falar da paz, ou do pacifismo, ou da militância contra a guerra e o militarismo. 

Sabemos que existem, na sociedade, diversos conceitos e formas de estar em relação a estes assuntos. Trata-se de construir forças e não de separar. 

O objectivo imediato do Observatório é o de fornecer – de maneira regular – informação fidedigna, verificada pelo colectivo, que permita um fácil acesso à informação sobre estas questões da guerra e da paz. 

É nesta perspectiva que criámos e que estamos sempre melhorando o nosso sítio Internet e todos os instrumentos de comunicação que usamos ou viermos a usar.  

A nossa concepção de um grupo desta natureza é de que as pessoas individuais, membros do nosso colectivo, têm todo o direito a terem as suas opções próprias, nos planos político e ideológico, em particular, desde que compatíveis com uma cultura de paz. 

A base de acordo do nosso colectivo assenta nos pontos seguintes:

– A convicção profunda de que não há boas «soluções» armadas, ou seja, que estas não são solução nenhuma para os conflitos, quer entre Estados, ou dentro de um mesmo Estado (guerra civil)

– A convicção profunda de que um desarmamento das diversas potências mundiais ou regionais e alianças respectivas, é importante e urgente; que merece a mobilização dos povos para pressionar os governos e outros órgãos de soberania nesse sentido.

– Desejamos o diálogo com todas as pessoas; também com aquelas cuja opinião é sensivelmente diferente da nossa, pois a paz constrói-se no respeito de todos. 

– O Observatório tem como vectores principais de actividades:

a) dar informação objectiva sobre as guerras em curso (ou passadas),

b) dar informação sobre questões geo-estratégicas e não somente militares,

c) acolher opiniões de pessoas ou entidades sobre estas temáticas,

d) animar e participar em debates em torno destas questões, quer pelo nosso colectivo, quer por entidades que se proponham fazê-lo.

Os membros deste colectivo podem participar noutras estruturas e organizações. Eles/elas só são obrigados/as a respeitar os acordos estabelecidos e voluntariamente aceites no interior deste colectivo. 

A adesão ao colectivo é inteiramente livre e voluntária. A adesão de novos membros, bem como todas as outras questões da actividade do colectivo são examinadas e as decisões tomadas conjuntamente pelos seus membros, segundo os métodos da democracia directa. 

Quaisquer pontos que se considerem de futuro, serão acrescentados e incorporados a esta base de acordo, pelos membros.


A quem nos desejar visitar estamos aqui: 

ogmfp.wordpress.com 


sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

INSURREIÇÃO É O GRITO DOS OPRIMIDOS

INSURREIÇÃO É O GRITO DOS OPRIMIDOS...

PENSEM NISSO QUANDO VIREM OS COLETES AMARELOS NA TV!



Este polícia reformado de Filadélfia manifesta-se frequentemente, junto com outros manifestantes, enfrentando os seus colegas no activo, para que estes se lembrem de que o seu dever é proteger os cidadãos, não as grandes corporações.
Esta é apenas uma história, entre outras, relatada por Lee Camp, neste artigo . 
É tempo de fazermos campanhas de apoio aos nossos, os do campo da paz e da humanidade: os desertores, os objectores de consciência, os dadores de alerta (whistleblowers)... e todos aqueles que ficaram com a carreira destroçada, porque se ergueram contra o poder, contra as injustiças. 

Devemos prestar-lhes homenagem, divulgar suas biografias, dar a conhecer os seus feitos e palavras. Afinal de contas, são estes rostos que interessa promover e não dos servidores das grandes corporações!

sábado, 22 de setembro de 2018

TULSI GABBARD: UMA VOZ DE PAZ E BOM SENSO NO CONGRESSO DOS EUA

Tulsi Gabbard é uma mulher corajosa. Antes de ser representante pelo Estado do Hawai, foi militar nas forças americanas de ocupação do Iraque. Provavelmente, isso permitiu-lhe ver a realidade em frente. 
Agora, diz aquilo que é preciso dizer sem nenhum «filtro», de forma que os americanos percebam. Também aponta o dedo ao poder, à conivência e incoerência de transformar a Al Quaida de maior inimigo, em aliado dos EUA.  
Tulsi tem apoio numa minoria de pessoas nos EUA, que não é assim tão pequena, simplesmente a completa vassalagem da poderosa media corporativa, impede que suas vozes sejam ouvidas e seus pontos de vista expressos. 
É uma forma encoberta de censura: 
Dum lado (o da guerra) há uma total cobertura nos media, para apoiarem e mesmo reforçarem com argumentos dos mais falaciosos, incluindo campanhas de propaganda enganosa. 
Do lado da paz, apenas alguns meios com circulação restrita dão voz aos que defendem a paz. Os media mainstream, ou omitem completamente declarações e tomadas de posição pacifistas ou noticiam, mas de forma esporádica e sem  darem especial relevo. 
Perante este regime aristocrático, em que muitos cobardes e corruptos estão conscientemente a fazer o jogo sujo dos detentores do poder, é de saudar a coragem e senso de justiça desta congressista. 
Ela consegue congregar vozes dentro e fora do Congresso Americano, no sentido de impedir o lançamento de mais guerras de agressão (sob falsos pretextos humanitários) por parte dos EUA.

Leiam a entrevista no link abaixo, dada a James Carden e publicada em «The Nation»

                           Tulsi Gabbard TPP

https://www.thenation.com/article/tulsi-gabbard-on-the-administrations-push-for-war-in-syria/

terça-feira, 12 de junho de 2018

A VIRAGEM, NO IMBRÓGLIO COREANO

                   





Não foi a cimeira em que, definitivamente, seria assinado o tratado de paz entre a Coreia do Norte e os EUA, mas foi um passo importante para lá se chegar.
A normalização das relações entre ambos, vem tornar possível uma sequência de conversações de alto nível, já anunciadas, cujo fim é a conclusão de um tratado que assegure a desnuclearização da península coreana, por um lado, e por outro, a desmilitarização ou seja, deixar de estar permanentemente estacionado na Coreia do Sul, um nível de tropas (americanas) capaz de levar a cabo uma invasão. 
As perspectivas são muito positivas, para Trump e para Kim. O conteúdo concreto do acordo será tornado público dentro de pouco tempo. Não será um acordo de paz formal, mas será uma extensa carta de intenções, que obrigará as partes e deverá ser a chave para a continuação do caminho diplomático para a resolução do imbróglio coreano.
As pessoas das duas Coreias devem estar muito felizes. Devem experimentar um sabor de alívio, pois eram permanentemente sujeitas ao pavor de uma nova guerra e, nos últimos tempos, com a agravante de envolver armas nucleares.

Será que os apologistas de uma nova «Guerra fria» perderam completamente a jogada? 
Pela sua tenacidade em causar tensão com potências rivais dos EUA (Rússia e China, principalmente), duvido que não estejam agora a preparar algo. Eles (Estado profundo, oligarquia...) precisam da tensão e do medo permanente duma guerra, para manter o seu poderio.  

segunda-feira, 28 de maio de 2018

CIMEIRA KIM - TRUMP: HAVERÁ, NÃO HAVERÁ?

                       US officials in talks with North Korea over Trump-Kim summit – State Department
     [soldado sul coreano, fotografado no local de reuniões na linha de separação norte-sul coreana, em Panmunjom]

Decididamente, Kim Jon Un tem-nos habituado a sensações fortes, a voltefaces inesperados, a jogos diplomáticos subtis... tudo no oposto da pesada máquina da «diplomacia» americana, que apenas sabe jogar com o registo da ameaça da força bruta, militar, para vergar as outras potências, aliadas inclusive.
As afirmações de Pence estão na origem de um incidente diplomático, duma atitude de repúdio muito compreensível, expressa por uma ministra do governo Norte Coreano, portanto, para tomar como um aviso muito sério.  Em substância, o vice-presidente dos EUA, em entrevista televisiva, afirmou que a «solução líbia» (ou seja, o invadir, arrasar e assassinar o presidente) era a opção, caso as conversações de paz não chegassem a bom termo. Isto numa altura em que as diplomacias dos dois países se ocupavam com os pormenores para a cimeira Trump - Kim. 
Não há dúvida que Pence é um instrumento dócil do «Estado profundo» dos EUA, tanto mais que, na abertura dos jogos olímpicos de inverno, na Coreia do Sul há apenas alguns meses, tinha feito declarações muito ofensivas, pouco diplomáticas, até uma total ausência de cortesia para com a Coreia do Sul, ao comentar de forma provocatória os contactos exploratórios e a aproximação «olímpica» entre as duas Coreias.

Estes episódios rocambolescos que antecedem a famosa cimeira não devem dar qualquer ilusão de que é neste cenário que coisas importantes se vão decidir. Quando a cimeira ocorrer, se tiver lugar, tudo já estará tratado. Mesmo  assim, vai ser importante para Trump, como um golpe de publicidade para a sua capacidade na arena internacional e para Kim, como consagração do regresso (se é que jamais lá esteve) aos circuitos «normais» da diplomacia e da abertura da Coreia do Norte a um diálogo  com a República Sul Coreana...

Nos EUA  - e, mesmo, na Coreia do Sul - não são poucas as forças que desejam e apostam no fracasso destas iniciativas de paz. 
A guerra é o seu sustento: Literalmente, no caso dos fabricantes de armas e seu poderoso lobby; mas indirectamente, em relação a todos os que, quer sejam democratas, quer republicanos, têm feito a sua carreira em torno da reactivação da Guerra Fria. 
São estas as pessoas que fazem parte do «Estado profundo» (altos funcionários da CIA, NSA, Pentágono, Departamento da Defesa...), ou que por ele se deixam manipular. 
Pence, embora vice-presidente de Trump, mais parece um vice-presidente do «Estado profundo». É um actor secundário, mas ficámos a saber - pela sua própria boca - como é que seria - ao nível das relações internacionais - a «presidência Pence», caso ocorresse algo ao actual presidente (morte súbita, assassinato, impeachment...). 

Curiosamente, nos EUA, maior potência mundial, as políticas externas são ditadas - numa larga medida - pelas intrigas da política interna. Não existe visão geoestratégica de largo alcance, ao contrário do que seria de esperar, de quem pretende guardar para si a hegemonia mundial. 

segunda-feira, 7 de maio de 2018

UM IMPÉRIO MORIBUNDO

                     
                     Turner: «O declínio do Império Cartaginense»

Um império moribundo é a mais séria ameaça para a Paz que se possa imaginar. Um Império que tem vassalos e não amigos, que pode destruir múltiplas vezes o Planeta com o seu arsenal de armas nucleares (armas de destruição maciça, que são um crime contra a humanidade em si mesmas apenas por existirem). Um Império que arrasta consigo para guerras pelos SEUS interesses, seus vassalos, mantendo um controlo draconiano da política e dos políticos que são simplesmente comprados, mesmo no «velho continente», como, com razão, acusa Paul Craig Roberts.
Um país que está fechado sobre si próprio, onde a generalidade da cidadania não sabe rigorosamente nada sobre a política internacional, já para não falar da cultura, da economia... 
Um país que está nas mãos dos grandes grupos de interesses, que movimentam biliões, que servem os interesses da grande banca de Wall Street, das grandes corporações envolvidas na indústria de armamento, na agro indústria do OGM e na indústria farmacêutica, responsável pela mortífera epidemia dos opioides.  
 Um país hipócrita como não há outro que apoia o terrorismo fundamentalista islâmico num teatro de guerra ao mesmo tempo que diz travar uma guerra contra o terrorismo. 
Penso, contrariamente aos cultores da «vulgata» do marxismo, que as causas morais ou éticas da decadência de uma nação, dum império, são muito mais profundas, do que as causas  meramente económicas, as quais podem ou não sofrer uma reversão, consoante o país se encontre em decadência ou não, do ponto de vista moral.
As pessoas com sentido moral, no Ocidente, quaisquer que sejam os seus pressupostos ideológicos, não podem continuar a ter um comportamento esquizóide, indignando-se com a barbárie quando ela vem de um lado, mas não do outro, com a mentira/fabricação da propaganda quando vinda de regimes tidos como «adversários», mas aceitando o permanente branqueamento dos próprios governos ou dos regimes por estes apoiados. 
Eu considero que será a orgulhosa civilização ocidental - a qual nasceu e floresceu sobretudo nos séculos XV a XIX, antes do continente americano ter a configuração política actual - que está em risco de morte, porque os sinais de decadência moral se acumulam, não havendo no horizonte qualquer perspectiva realista de sobressalto. 
A tal ponto, que temo a vinda duma transformação política, social e cultural, em sentido retrógrado, talvez antecedida por tentativa(s) mal amanhada(s) de revolução socializante. 
O Império está à beira do colapso e temo que arraste consigo tudo o que existe de bom (a herança de uma civilização multissecular) na sua queda.

     Nous autres, civilisations, nous savons maintenant que nous sommes mortelles. Nous se...