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quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Chanson: Années d'Or

CHANSON: ANNÉES D'OR


 Uma nova playlist, com o melhor do melhor da canção francesa. Não posso agradar a todos os gostos, evidentemente, por isso usei o critério de agradar a mim próprio. 

Há quem pense que «as pessoas são aquilo que comem»... Porém, eu sou aquilo que amo. As canções que eu amo, com os interpretes que eu considero os melhores*.   

JULIETTE GRÉCO, ÉDITH PIAF, BORIS VIAN, LÉO FÉRRÉ, JACQUES BREL, ADAMO, FRANÇOISE HARDY, MIREILLE MATHIEU, CHARLES AZNAVOUR, YVES MONTAND, CHARLES TRENET, GEORGES MOUSTAKI.

                                    
https://www.youtube.com/playlist?list=PLUv1WgIwP9IMdXxSPVNeizYVJkXaA4COD

* Outros grandes nomes - Georges Brassens, Serge Gainsbourg e Jacques Dutronc - já tinham sido incluídos em playlists exclusivas.  Na presente playlist, eu decidi limitar-me a incluir somente doze interpretes com 2 canções, cada (24 canções no total). 


terça-feira, 1 de março de 2022

«LE DÉSERTEUR» DE BORIS VIAN // QUANDO A MÚSICA DÓI



Aqui, uma das músicas que nos encheram o espírito e o coração, nos idos anos sessenta do século passado. Ou foi há vinte séculos???
Elas estão mais esquecidas porque raramente são evocadas ou retomadas, ao contrário das produções do showbiz, a máquina do espetáculo. Não é por acaso que existe - vemos à nossa volta, agora mesmo - uma sociedade sem memória coletiva, sem conhecimento da história, descerebrada. 
Infelizmente, eu terei de ser um desertor, se isto continua a ir de mal para pior. Demasiados sinais vão nesse sentido.
Não compreendo bem como as pessoas se deixam tomar pela paixão a favor da guerra, mas penso que esteja relacionado com a manipulação dos instintos profundos de sobrevivência, do medo da morte e de serem ostracizadas. Poucos são os homens e mulheres que têm a coragem (sim, hoje em dia é precisa) de pensarem por si próprios/as e, igualmente, de serem coerentes consigo próprios/as. 
Apesar do meu ceticismo, apelo ao bom-senso, à humanidade, ao sentido de responsabilidade de todos/as que me leem:
Não vamos, intencionalmente ou não, assoprar os ventos da guerra. Agora, do lado dos poderes, há um desencadear de furacões e tornados. 
Se queres a paz, trabalha pela paz!
Uma paz dentro de ti, com os outros, com aqueles/as com quem te sentes em dissonância, especialmente. 
Este Mundo é para ser partilhado por todo o género humano, por todas as culturas e países. 
A guerra, seja a que nível for, é sempre uma má solução; ou melhor, não é realmente uma solução. 
Tudo o que deixa, é desespero, destruição, amargor e desejo de vingança, nos que a sofrem. Em geral, sofrem muito também os que não têm um mínimo de participação na loucura coletiva. 

O meu coração não pode ter sentimentos antagónicos contra os povos, sejam eles quais forem... Os povos ucraniano, russo, da União Europeia, britânico, dos EUA... Não tenho nada contra eles (e os restantes)! 
Mas, tenho contra os dirigentes, os líderes que, ao longo de décadas, nos têm coletivamente levado para o abismo, passo ante passo, falhando redondamente na promessa (explícita ou implícita) de criar condições de segurança coletiva, para as nossas sociedades, para o Mundo.

O que parece extremo, de minha parte, não o é, afinal. Sempre foi a mensagem do humanismo, da filosofia, da espiritualidade. Se procurarem, verão que temos exemplos claros disso, no presente e nas tradições dos diversos países, que estão agora tão apartados. 
Neste contexto, é preciso evitar o mal que consiste em diabolizar o outro, em colocá-lo (explícita ou implicitamente) num plano de «não humano». 

A propaganda apoderou-se da media, sobretudo a media com meios mais poderosos de difusão. Em simultâneo, são censuradas informações e opiniões, que se afastem da ortodoxia ditada pelos poderes, nesta Guerra Global em que nos encontramos mergulhados. Estes mecanismos acabam por anular qualquer réstia de liberdade. Eles tendem a extravasar para aquelas áreas e assuntos que os poderes decidam que são «tabu». Porque, sem liberdade de informação e de opinião, não se pode manter nenhuma liberdade verdadeira.

Será que a humanidade se vai deixar levar - mais uma vez - ao matadouro? Desta vez, seria a vez definitiva; se houver vida, não haverá nada que valha a pena viver, no seguimento duma guerra nuclear. Note-se que é impossível haver uma guerra nuclear limitada. Nas circunstâncias atuais, há a certeza de que um primeiro golpe nuclear, por um dos adversários, não vai impedir que o outro conserve várias possibilidades de contra-ataque nuclear. 
Mesmo que não houvesse uma tal riposta, o «inverno nuclear», isto é, o arrefecimento brusco do clima e a diminuição duradoira da fotossíntese, devido às partículas de poeira radiativa em suspensão depois das explosões,  causaria o definhar lento, horrível e definitivo da espécie humana. 
Querem isso ... Ou preferem acordar da ilusão e do condicionamento e agir responsavelmente, como humanos? 



Le Déserteur

Le déserteur
Monsieur le Président
Je vous fais une lettre
Que vous lirez peut-être
Si vous avez le temps
Je viens de recevoir
Mes papiers militaires
Pour partir à la guerre
Avant mercredi soir
Monsieur le Président
Je ne veux pas la faire
Je ne suis pas sur terre
Pour tuer des pauvres gens
C'est pas pour vous fâcher
Il faut que je vous dise
Ma décision est prise
Je m'en vais déserter
Depuis que je suis né
J'ai vu mourir mon père
J'ai vu partir mes frères
Et pleurer mes enfants
Ma mère a tant souffert
Qu'elle est dedans sa tombe
Et se moque des bombes
Et se moque des vers
Quand j'étais prisonnier
On m'a volé ma femme
On m'a volé mon âme
Et tout mon cher passé
Demain de bon matin
Je fermerai ma porte
Au nez des années mortes
J'irai sur les chemins
Je mendierai ma vie
Sur les routes de France
De Bretagne en Provence
Et je dirai aux gens
Refusez d'obéir
Refusez de la faire
N'allez pas à la guerre
Refusez de partir
S'il faut donner son sang
Allez donner le vôtre
Vous êtes bon apôtre
Monsieur le Président
Si vous me poursuivez
Prévenez vos gendarmes
Que je n'aurai pas d'armes
Et qu'ils pourront tirer

 

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

SE QUERES A PAZ, PREPARA A PAZ!

 ... EM VEZ DE GUERRA. PERGUNTA COMO SEREMOS MAIS «SAPIENS» E MENOS «BESTAS» 

Sim, eu sei que a guerra acompanha as sociedades humanas desde o princípio, ou pelo menos, desde os mais antigos registos arqueológicos de Estados, civilizações...

Mas, a propensão para a guerra não é a mesma que uma situação pontual de agressividade entre dois seres humanos. Posso compreender que duas pessoas se «peguem à porrada» (luta corpo a corpo), embora não seja um processo de resolver contendas individuais, sejam elas quais forem. Mas, a guerra não é isso, nem é sequer a extensão ou potenciação do fenómeno individual da luta corpo a corpo. Não! A guerra é uma coisa totalmente diferente. Qualitativamente.

Note-se que é um ato NÃO- espontâneo, quer a agressão seja iniciada por uma das partes, quer haja uma subida da agressividade mútua e as duas partes entrem em conflito, em simultâneo. Há sempre uma preparação para a guerra. 

O célebre ditado (julgo que vem dos romanos) «se queres a paz, prepara a guerra» é o mais falacioso que se pode imaginar: Se queres a paz, prepara a paz, pois é com instrumentos completamente diferentes (e com um estado de espírito também diferente) que se constrói a paz ou se prepara ou executa a guerra.

Além disso, na guerra, ocorrem sempre crimes. Além dos soldados, dos militares, que uma e outra parte consideram «legítimo» e até «honroso» matar, existem inúmeros casos de civis assassinados, feridos, violentados, expulsos e afamados.

 Um general dos EUA disse e escreveu um grande manifesto pacifista: «A guerra é uma chantagem!» (War is a racket).



Sim e além disso, é um crime cometido a sangue frio contra pessoas (e incluo a maioria dos soldados, nesse número) totalmente inocentes,  que são meras vítimas dos poderosos. Todos os que iniciam uma guerra, deveriam ser presos e julgados em tribunal penal internacional, mas também os seus acólitos, os que cobardemente insuflaram o ódio, de um e outro lado. 

As indústrias de armamento, essas, ficam felizes quando se inicia, e enquanto dura, a carnificina: elas não são entidades «humanitárias», que eu saiba. Não se destinam a espalhar o «bem», mas sim dividendos (e chorudos!) aos seus acionistas. 

A guerra não é um «mal inevitável». A guerra é a expressão de barbárie, seja qual for a sua génese. Porque, mesmo quando pensamos que uma parte «tem razão» e a outra não, estamos a fazer de conta que o mal está TODO e apenas de um lado. Mas, imagine-se não só o «nosso lado», o dos «nossos» ; do lado oposto, passa-se o processo exatamente  simétrico. 

Portanto, não pode haver solução, nesta como em qualquer outra guerra, senão com um forte repúdio da situação de guerra, em si mesma. Por razões éticas: porque não existe guerra «limpa», não existe guerra sem «danos colaterais» e  porque uma guerra - ganha ou perdida - é sempre «semente» de outra guerra futura, porque sempre ficam rancores, feridas, injustiças.

Em geral, os nacionalismos alimentam-se destas situações, aproveitam-nas, tiram partido das mesmas. É assim que ascendem ao poder grande parte dos psicopatas e sociopatas: eles prometem aos seus eleitores «vingar» as afrontas sofridas.

Por todos estes motivos, a única atitude aconselhável e ética é depor as armas, fugir, desertar, no que respeita aos soldados. Humanamente, estou com os desertores de todos os bordos e convicções: Estes, merecem a minha compaixão, não os generais e os políticos, que fazem «profissão» de mandar outros matar e matarem-se, em nome deles!

Mais; eu sou cristão e como tal falo, mas o que eu digo pode ser compreendido e assumido por qualquer, desde que a sua humanidade não tenha sido anulada, desfigurada, por condicionamento. 

O condicionamento (o chamado treino militar) para se matar, sem compaixão, implica a violação permanente do que existe de mais profundo num ser humano. 

Para agravar ainda mais a desumanização e ter maior controlo preferem fazer a guerra à distância, com drones e robots: as máquinas não têm alma e podem fazer as coisas mais terríveis, sem problemas de consciência. 

Vendo, concretamente, os abismos de brutalidade e de perversão deste nosso século, desde o seu começo, estou convencido que é preciso um choque moral para  permitir o acordar de muitas pessoas.  

Ninguém se pode pôr de lado e dizer que «isto não é comigo»: Porque todas as pessoas têm obrigação moral de impedir ou de minorar o mal, quando estão perante esse mal. Todos nós podemos fazer alguma coisa. A impotência é também uma ilusão.

Se estás de acordo com o essencial do que defendo, escreve-me (manuelbap2@gmail.com). Não tenho uma ideia definida do que fazer, mas uma coisa eu sei: as pessoas têm que se juntar em torno de objetivos muito concretos e válidos. 

A Paz  A-G-O-R-A  !

PS.1: Este cartoon chama a atenção para o fanatismo induzido:



domingo, 9 de maio de 2021

LE PARIS DE JULIETTE GRÉCO, DE BORIS VIAN, ETC


 Je revère une chanson comme celle-ci, «Sur les Quais du Vieux Paris», plutôt que d'autres bien plus célèbres, mais que la trop intense reproduction et les multiples versions, émoussent leur valeur intrinsèque, comme un mets délicat, mais trop souvent présenté à notre table.

Le genre de chanson célebrant Paris et ses icônes en valse musette et accordéons, avait déjà fait l'objet de dérision du grand poète et compositeur Boris Vian, dans sa chanson «Moi, mon Paris», ici interprétée par Renée Lebas.

Moi, mon Paris

(Boris Vian )

Moi, mon Paris, je me le promène dans ma tête
Le Bois de Boulogne avec les violettes
Les petites impasses où tous les soirs il m'emmène
Où il m'embrasse à perdre haleine
Et sur les bancs reservés aux amants on va s'asseoir quand il fait beau temps
Et quand il fait moins beau on descend dans le métro, les oiseaux n'y sont pas
Mais ça va, on a chaud, on attend que la pluie cèsse
Moi, mon Paris c'est celui-là que je chante
Au fil des rues dans mon vieux quartier

Ça n'est guère la peine de parler de la Seine, tout le monde la connait
Et la Tour Eiffel mais on le sait qu'elle est belle qu'est-ce que ça nous fait
Saint-Germain des Prés c'est du rechauffé c'est hors de saison
Et sur la Butte Montmartre les petites toques de martre ça pousse à foison

.....



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

BORIS VIAN... TOUJOURS!

Boris Vian foi um poeta, compositor, romancista, autor de scripts para filmes, trompetista de jazz... ímpar na sua actividade múltipla, na sua vida curta e plena de sensações fortes. 
Embora tenha morrido em 1959, a sua influência estende-se, na música e na literatura, até aos dias de hoje. 
Das canções de sua autoria, O Desertor (Le Déserteur) será porventura a mais conhecida, muitos são os seus interpretes. 
Escreveu grande número de canções destinadas a cantores e cantoras seus contemporâneos. Além desses, em sucessivas gerações, novos interpretes retomaram suas canções, que reflectem um humor surrealista, anárquico e rebelde. 
Vários dos seus romances, escritos sob pseudónimo, deram escândalo, na época. 
A sua morte, por paragem cardíaca, ocorreu durante a projecção do filme «J'irai Cracher Sur vos Tombes» baseado no seu romance homónimo.
Poderia seleccionar muitas canções da autoria de Boris Vian para ilustrar o seu talento. 
Porém, a meu ver, basta apreciar esta «Complainte du Progrès», cheia de humor e de conteúdo crítico dos costumes, para nos dar vontade de descobrir as outras.
Canção* composta em 1956, no início do período de prosperidade marcado pelo crescimento económico e pelo aparecimento de novos produtos de consumo (carros, telefone, electrodomésticos, frigorífico, máquina de lavar roupa e televisão) que vão revolucionar os modos de vida.

* Embora não tenha pensado nisso antes, agora lembro-me que amanhã é dia de São Valentim: um piscar de olho CÚMPLICE aos namorados!
                                  
Autrefois pour faire sa cour
On parlait d’amour

Pour mieux prouver son ardeur

On offrait son cœur

Maintenant c’est plus pareil

Ça change ça change

Pour séduire le cher ange

On lui glisse à l’oreille
Ah Gudule, viens m’embrasser, et je te donnerai…
Un frigidaire, un joli scooter, un atomixer

Et du Dunlopillo

Une cuisinière, avec un four en verre

Des tas de couverts et des pelles à gâteau !

Une tourniquette pour faire la vinaigrette

Un bel aérateur pour bouffer les odeurs

Des draps qui chauffent

Un pistolet à gaufres

Un avion pour deux

Et nous serons heureux !
Autrefois s’il arrivait
Que l’on se querelle

L’air lugubre on s’en allait

En laissant la vaisselle

Maintenant que voulez-vous

La vie est si chère

On dit : « rentre chez ta mère »

Et on se garde tout
Ah Gudule, excuse-toi, ou je reprends tout ça…
Mon frigidaire, mon armoire à cuillères

Mon évier en fer, et mon poêle à mazout

Mon cire-godasses, mon repasse-limaces

Mon tabouret-à-glace et mon chasse-filous !

La tourniquette à faire la vinaigrette

Le ratatine-ordures et le coupe friture
Et si la belle se montre encore rebelle
On la fiche dehors, pour confier son sort…

Au frigidaire, à l’efface-poussière

A la cuisinière, au lit qu’est toujours fait

Au chauffe-savates, au canon à patates

A l’éventre-tomate, à l’écorche-poulet !
Mais très très vite
On reçoit la visite

D’une tendre petite

Qui vous offre son coeur

Alors on cède

Car il faut qu’on s’entraide

Et l’on vit comme ça jusqu’à la prochaine fois

Et l’on vit comme ça jusqu’à la prochaine fois

Et l’on vit comme ça jusqu’à la prochaine fois !