Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

SE QUERES A PAZ, PREPARA A PAZ!

 ... EM VEZ DE GUERRA. PERGUNTA COMO SEREMOS MAIS «SAPIENS» E MENOS «BESTAS» 

Sim, eu sei que a guerra acompanha as sociedades humanas desde o princípio, ou pelo menos, desde os mais antigos registos arqueológicos de Estados, civilizações...

Mas, a propensão para a guerra não é a mesma que uma situação pontual de agressividade entre dois seres humanos. Posso compreender que duas pessoas se «peguem à porrada» (luta corpo a corpo), embora não seja um processo de resolver contendas individuais, sejam elas quais forem. Mas, a guerra não é isso, nem é sequer a extensão ou potenciação do fenómeno individual da luta corpo a corpo. Não! A guerra é uma coisa totalmente diferente. Qualitativamente.

Note-se que é um ato NÃO- espontâneo, quer a agressão seja iniciada por uma das partes, quer haja uma subida da agressividade mútua e as duas partes entrem em conflito, em simultâneo. Há sempre uma preparação para a guerra. 

O célebre ditado (julgo que vem dos romanos) «se queres a paz, prepara a guerra» é o mais falacioso que se pode imaginar: Se queres a paz, prepara a paz, pois é com instrumentos completamente diferentes (e com um estado de espírito também diferente) que se constrói a paz ou se prepara ou executa a guerra.

Além disso, na guerra, ocorrem sempre crimes. Além dos soldados, dos militares, que uma e outra parte consideram «legítimo» e até «honroso» matar, existem inúmeros casos de civis assassinados, feridos, violentados, expulsos e afamados.

 Um general dos EUA disse e escreveu um grande manifesto pacifista: «A guerra é uma chantagem!» (War is a racket).



Sim e além disso, é um crime cometido a sangue frio contra pessoas (e incluo a maioria dos soldados, nesse número) totalmente inocentes,  que são meras vítimas dos poderosos. Todos os que iniciam uma guerra, deveriam ser presos e julgados em tribunal penal internacional, mas também os seus acólitos, os que cobardemente insuflaram o ódio, de um e outro lado. 

As indústrias de armamento, essas, ficam felizes quando se inicia, e enquanto dura, a carnificina: elas não são entidades «humanitárias», que eu saiba. Não se destinam a espalhar o «bem», mas sim dividendos (e chorudos!) aos seus acionistas. 

A guerra não é um «mal inevitável». A guerra é a expressão de barbárie, seja qual for a sua génese. Porque, mesmo quando pensamos que uma parte «tem razão» e a outra não, estamos a fazer de conta que o mal está TODO e apenas de um lado. Mas, imagine-se não só o «nosso lado», o dos «nossos» ; do lado oposto, passa-se o processo exatamente  simétrico. 

Portanto, não pode haver solução, nesta como em qualquer outra guerra, senão com um forte repúdio da situação de guerra, em si mesma. Por razões éticas: porque não existe guerra «limpa», não existe guerra sem «danos colaterais» e  porque uma guerra - ganha ou perdida - é sempre «semente» de outra guerra futura, porque sempre ficam rancores, feridas, injustiças.

Em geral, os nacionalismos alimentam-se destas situações, aproveitam-nas, tiram partido das mesmas. É assim que ascendem ao poder grande parte dos psicopatas e sociopatas: eles prometem aos seus eleitores «vingar» as afrontas sofridas.

Por todos estes motivos, a única atitude aconselhável e ética é depor as armas, fugir, desertar, no que respeita aos soldados. Humanamente, estou com os desertores de todos os bordos e convicções: Estes, merecem a minha compaixão, não os generais e os políticos, que fazem «profissão» de mandar outros matar e matarem-se, em nome deles!

Mais; eu sou cristão e como tal falo, mas o que eu digo pode ser compreendido e assumido por qualquer, desde que a sua humanidade não tenha sido anulada, desfigurada, por condicionamento. 

O condicionamento (o chamado treino militar) para se matar, sem compaixão, implica a violação permanente do que existe de mais profundo num ser humano. 

Para agravar ainda mais a desumanização e ter maior controlo preferem fazer a guerra à distância, com drones e robots: as máquinas não têm alma e podem fazer as coisas mais terríveis, sem problemas de consciência. 

Vendo, concretamente, os abismos de brutalidade e de perversão deste nosso século, desde o seu começo, estou convencido que é preciso um choque moral para  permitir o acordar de muitas pessoas.  

Ninguém se pode pôr de lado e dizer que «isto não é comigo»: Porque todas as pessoas têm obrigação moral de impedir ou de minorar o mal, quando estão perante esse mal. Todos nós podemos fazer alguma coisa. A impotência é também uma ilusão.

Se estás de acordo com o essencial do que defendo, escreve-me (manuelbap2@gmail.com). Não tenho uma ideia definida do que fazer, mas uma coisa eu sei: as pessoas têm que se juntar em torno de objetivos muito concretos e válidos. 

A Paz  A-G-O-R-A  !

PS.1: Este cartoon chama a atenção para o fanatismo induzido:



8 comentários:

Manuel Baptista disse...

Uma concisa avaliação da situação militar no dia 25/02/2022:
https://www.moonofalabama.org/2022/02/disarming-ukraine-day-2.html

Manuel Baptista disse...

Excerto de apelo de Zelensky e explicação por que razão ele aceitaria assinar um tratado de neutralidade da Ucrânia.

“We have been left alone to defend our state. Who is ready to fight alongside us? I don’t see anyone. Who is ready to give Ukraine a guarantee of NATO membership? Everyone is afraid,” he added.

“I asked them – are you with us?” Zelensky said. “They answered that they are with us, but they don’t want to take us into the alliance. I’ve asked 27 leaders of Europe, if Ukraine will be in NATO, I’ve asked them directly – all are afraid and did not respond.”

Zelensky says Russian forces plan to kill him and his family, which is why he may be preparing to sign what’s being described as a “neutrality deal,” or in others words, surrender to Russia.

“We are not not afraid of Russia, we are not afraid to talk with Russia, talk about everything: security guarantees for our country and a neutral status,” he remarked.

As part of Vladimir Putin’s “red line,” the Kremlin has demanded that Ukraine adopt neutral status, which means refusing to host “offensive weapons” inside the country.

Manuel Baptista disse...

É incrível mas é verdade: os propagandistas da NATO, querem-nos fazer crer que a razão do ataque russo contra a Ucrânia, não tinha nada que ver com a possibilidade desta ingressar na NATO!
Veja
https://caitlinjohnstone.substack.com/p/experts-warned-for-years-that-nato?utm_source=url

Manuel Baptista disse...

Pode ser que Zelensky tenha mentido. Mas o importante neste vídeo são outros pontos: A verdade dos factos «omitidos» pela media ocidental, como o flagelar constante da população civil do Donbass, nestes 8 anos, pelas tropas de Kiev!
https://www.youtube.com/watch?v=Fw5oC2-cmGI

Manuel Baptista disse...

Infelizmente, não existe, nas massas, uma educação verdadeira de política, o que implicaria reais conhecimentos de História, de Economia, etc. Portanto, a multidão é movida pelos instintos básicos: o medo, a frustração, o desejo (sexual, de poder...) e outros. Neste contexto, é fácil os Senhores da Guerra imporem sua versão dos acontecimentos.
É verdade «que a primeira baixa numa guerra, é (sempre) uma velha senhora chamada verdade».

Manuel Baptista disse...

https://www.youtube.com/watch?v=X2H0RP547gM

Manuel Baptista disse...

https://www.rt.com/russia/550765-ukraine-agrees-talks-russia/

Manuel Baptista disse...

Uma verdade que Caitlin Johnstone tem o mérito de nos lembrar. Se o «Ocidente» se «borrifa» na legalidade internacional - vejam-se as invasões ilegais do Iraque ou da Síria, o cortejo de sanções ilegais, a que sujeitam metade do Mundo- com que direito clama por essa legalidade, para classificar a invasão russa de ilegal? Eles destruíram sistematicamente essa legalidade desde há muitos anos atrás... Leia: https://caitlinjohnstone.com/2022/03/17/international-law-is-a-meaningless-concept-when-it-only-applies-to-us-enemies/