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terça-feira, 4 de junho de 2024

SISTEMAS DE SAÚDE FALIDOS EMPURRAM PACIENTES PARA MORTE MEDICAMENTE ASSISTIDA

 

https://www.zerohedge.com/political/i-was-offered-assisted-dying-over-cancer-treatment-broken-canadian-healthcare-system

Os sistemas de saúde dos países ocidentais, da U.E. e incluindo do Canadá e Reino Unido, eram uma espécie de orgulho de uma medicina «socializada», em que a possibilidade de tratamento e apoio dos doentes não dependia sobretudo das suas posses. Talvez isto tenha sido assim, ou talvez seja uma imagem demasiado rósea do período social-democrata da política europeia e ocidental, mas o facto é que a fúria neoliberal de privatizações se abateu - desde logo - sobre estes sistemas de saúde públicos e a escola pública (do jardim de infância, á faculdade).

A história relatada no link acima passou-se no Canadá, mas refere casos semelhantes - ou piores - que ocorreram no Reino Unido e na Holanda.

E em Portugal? 

O sistema nacional de saúde português tem sido desmantelado metodicamente, entregando à gula de grandes empórios da medicina empresarial os pedaços de assistência médica que lhes interessavam mais. Aqueles setores em que teriam maior possibilidade de obter lucros chorudos. Por exemplo, a saúde mental, incluindo os doentes crónicos do foro psíquico, foi completamente desleixada. Com efeito, o Estado não tem investido nada que se veja, em comparação com a progressão deste grupo de doenças, nem o setor privado está interessado em tomar conta de doentes crónicos, com afeções que são apenas tratáveis usando psicofármacos e em que as sessões de psicoterapia ou outras  medidas são apenas auxiliares para o bem-estar dos pacientes. Já o setor, não da psiquiatria, mas da psicologia, tem sofrido uma explosão, não só pela multiplicação de casos de  mal-estar, angústia, fobias, etc. que se observa na população, mas porque é um setor fácil de instalar (consultórios com baixo custo de tecnologia associada) e permite obter uma «renda continuada» através de sessões frequentes de psicoterapias. Curiosamente, a esta explosão de oferta de serviços de psicoterapia, não tem correspondido uma diminuição de suicídios, ou de tentativas  de suicídio. Isto prova que - globalmente - o setor apenas responde ao sentimento subjetivo dos pacientes, de serem ouvidos, de alguém «compreender» os seus pontos de vista, seus sentimentos, etc. Corresponde perfeitamente ao acréscimo de isolamento, de atomização dos indivíduos, da enorme pobreza dos relacionamentos sociais, mesmo dos mais íntimos. Tudo isto é consequência de uma sociedade em que o objetivo não é o ser humano, a sua felicidade, o seu tratamento quando doente, mas a inenarrável hipocrisia de ver cada um como sendo - ou não - um elemento «produtivo», que pode ser «útil» na medida em que dele se possa extrair alguma forma de lucro. 

A terminação da vida por vontade explícita do paciente, não pode ser resultante de pressões do entorno social e familiar, até mesmo de subtis formas de chantagem, como são descritas no artigo acima. Para os pobres, ou os não-ricos (incluindo grande parte da classe média), os custos de certos tratamentos ao cancro, estão para além das possibilidades económicas dos pacientes, nos sistemas de saúde totalmente virados para o lucro, como sejam os dos EUA e os da «Europa rica». Os sistemas privatizados, incluindo seguros de doença e de vida, são desenhados para permitir aos utentes a sua contribuição por pagamento dum seguro, de forma suportável pelos seus ordenados ou pensões. Mas, esta possibilidade de acesso implica a exclusão  á partida, de certas áreas de saúde, dos seguros contratados. Além disso, é impossível contrair um seguro de saúde a partir de certa idade, ou tendo doença incurável, pelo que os indivíduos mais necessitados de proteção ficam ao cuidado dos sistemas públicos, que foram transformados, de sistemas universais (e com qualidade média satisfatória), em sistemas supletivos, ou seja, assistindo as pessoas que não têm meios económicos para se tratarem na medicina empresarial. 

Os «liberais», «sociais-democratas» e «socialistas» de hoje, em Portugal, como em todo o Ocidente são frequentemente pessoas que aderiram ao ideal político mal nomeado de «neoliberalismo». Mal nomeado, porque a liberdade é entendida como a liberdade dos muito ricos e das (grandes) empresas, fazerem o que querem e chamam a isso «leis do mercado». Acham que o «mercado» dá conta de tudo, resolve tudo, distribui com justiça os recursos, etc. É uma grosseira falácia, mas funciona porque é constantemente propagandeada como sendo a única forma possível*!

A população é mantida na ignorância, ou envenenada contra tudo o que seja medicina pública, como se o privado tivesse a «qualidade mágica» de dar mais eficiência. Na verdade, os serviços privatizados são muito mais caros, só que a população não se apercebe disso. Certos serviços públicos de saúde são de elevado padrão de qualidade. Se, nesses casos, a qualidade é elevada, porque não noutros? Não será antes por deficiência de gestão, ou crónico défice de investimento ou ainda, devido a condições de remuneração, de carreira e outras, que tornam o serviço público menos atraente para os profissionais de saúde? Tudo isso são males corrigíveis pelos governos, mas eles só o farão se não estiverem preocupados com a «saúde financeira» dos sistemas empresariais de saúde e realmente se dediquem a fornecer os serviços pelos quais todos nós pagámos e que merecemos.

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* O famoso "TINA": There Is No Alternative

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

UMA MISTURA EXPLOSIVA

 


Considere-se este cenário(*) :

1- Penúria de combustíveis;

2- Penúria de géneros alimentícios e outros bens de primeira necessidade;

3- Ativação de doenças infeciosas do foro respiratório no Inverno (hemisfério Norte), confundidas com o vírus do COVID;

4- Acréscimo de casos (mortes e lesões graves, debilitantes) causados pelas vacinas ARNm, propagando a proteína viral mortífera no corpo dos vacinados. Atribuição falsa a «novos variantes» do COVID;

5- Desenvolvimento em espiral da hiperinflação. Os números da inflação «oficial» sem qualquer correlação com o quotidiano das pessoas;

6- Espiral do desemprego devido a constrangimentos nos mercados de matérias primas, ao aumento acentuado do preço, ou diminuição brusca do abastecimento dos combustíveis e, sobretudo, devido à retração do poder de compra dos consumidores;

7- Acréscimo da retórica bélica e de provocações entre Estados, uma tática usada desde sempre para desviar os cidadãos das mazelas domésticas, atribuindo-as ao «inimigo». Aumento acentuado do risco de guerra generalizada;

8- Caos financeiro, com falências de bancos em série. O FMI, ou outra instituição global, serão impotentes para socorrer as estruturas financeiras dos diversos países, que irão sucumbir ao excesso de dívida, à implosão dos contratos, não contabilizados nos balanços das instituições, com somas colossais - mas não quantificáveis - envolvidas no «shadow banking» e em «derivados». Colapso das bolsas.

9- Os Estados não conseguirão honrar suas dívidas (bancarrotas). Os bancos centrais vão inflacionar as divisas, emitindo-as sem restrição, para «salvar» as economias dos respetivos Estados. O que restará de valor das divisas será destruído, causando uma miséria global. Imposição da lei marcial nos países que foram «democracias liberais», no passado. Já se está a ver uma amostra na Ilha-continente da Austrália. 

10- A fome, a violência, o caos, o desespero, podem explodir. Serão explosões não controláveis, nem canalizáveis. Fim daquilo que nos habituámos a ter como adquirido. Será o fim da civilidade; do respeito pela lei e pela ordem; do direito a assistência médica; do respeito pelos direitos dos indivíduos; do respeito pelos contratos firmados - contratos de aluguer de casa, contratos de trabalho e de tudo o mais; fim da presunção de inocência; repressão feroz de manifestantes pelos policiais, etc...

Este, é o cenário que vejo em desenvolvimento para o chamado «Ocidente», pelo menos. Pode não vir a desenrolar-se na íntegra, em certos países. Pode demorar mais a surgir, ou ser mais rápido e brutal do que pensámos. Ninguém pode dizer. O ruir do sistema vai traduzir-se - está a traduzir-se - no agravamento de crises entrecruzadas, nos sectores económico, financeiro, monetário e do comércio. As disfunções de um sector repercutem-se nos outros; trata-se de um «efeito sinergístico», de uma destruição caótica. 

Não será a media de massas a dar o alarme: Quando ela falar abertamente destas catástrofes entrecruzadas, já será demasiado tarde para nos defendermos. Lamento dizer-vos, mas este cenário não é exagero da minha parte. Tenho acompanhado as análises de Lynette Zang, Egon Von Greyerz e de muitos outros**. Recentemente, também Bill Blain e outros gestores de fundos, esclarecem-nos sobre a gravidade da situação. Muitos dos elementos apontados, são descurados pelos economistas habituais, nos media convencionais. 


Post Scriptum: Economistas de várias escolas dirão que, no âmago do sistema capitalista, estão as crises. Estas devem-se à expansão e contração do crédito que, por sua vez, provoca a expansão e contração do consumo e da produção. Mas, o que eles não dizem, é que esta destruição periódica e violenta de capital, é também uma destruição de incontáveis vidas. Não somente no sentido literal de causar mortes (pelas fomes, guerras, epidemias), igualmente no sentido de muitas vidas ficarem destroçadas, sem possibilidade de recuperar a «normalidade do antes».  Porque o capitalismo é um sistema de predação, pela sua natureza. Os capitalistas «bem-sucedidos» aproveitaram as crises para prosperar: são como abutres, nutrindo-se dos despojos.

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(*) Tomem isto como um aviso de tsunami, de catástrofe em preparação e cujos sinais precursores são claramente visíveis, em particular por uma elite mais informada, a qual não tem hesitado em colocar a salvo as suas fortunas. 

(**) Nenhum dos nomes acima citados pode ser designado de anticapitalista. Antes pelo contrário. Quanto aos anticapitalistas declarados, quer me parecer que são particularmente míopes, muitos dos que se designam com tal. Mais raros são aqueles que realmente têm algo de interessante a dizer, como é o caso do economista marxista Michael Hudson ... 


segunda-feira, 30 de março de 2020

EPIDEMIA DE COVID-19: ... E A ESPANHA AQUI TÃO PERTO...

Epidemia de Covid-19 obriga a colocar as clínicas e hospitais privados sob controlo do governo. 


                                  

Em Portugal, não podemos estar pior preparados. Quando a crise atingir o máximo, não vai haver resposta à altura, porque os que controlam o sistema estão muito pouco interessados em agir de maneira a ir ao encontro de todas as pessoas, independentemente da sua capacidade económica. 
Também na saúde, só imitamos os maus exemplos, como as privatizações ou as parcerias público-privadas, não os bons exemplos, como um SNS com financiamento adequado e apoio de toda a ordem, em condições de auxiliar todas as pessoas.