sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

YUJA WANG INTERPRETA SCHERZO DE RACHMANINOV


                                      

Neste Scherzo, Rachmaninov transcreve para o piano a abertura (para orquestra) do «Sonho de uma Noite de Verão» de Mendelssohn 


A beleza da interpretação de Yuja Wang  é máxima, a meu ver. Os trechos interpretados por ela são como uma revelação. 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

AS OVELHAS E O LOBO

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Evidentemente, a foto acima é uma montagem. Pela simples razão de que nenhum lobo conseguiria passar despercebido no meio das ovelhas ou ser confundido com o cão-pastor do rebanho.
Mas, se isto é assim no mundo animal, por que razão os humanos - tão mais inteligentes que ovelhas e carneiros -  deixam que «lobos» (alcateias inteiras deles!) se infiltrem no meio de pessoas inocentes, trabalhadoras, ordeiras e pacíficas? 
- Esses «lobos», conseguem facilmente semear a discórdia entre irmãos e irmãs, 
- apropriam-se do fruto do trabalho, a tão preciosa lã, a troco de um pouco de palha, ou mesmo de nada! 
-Não contentes em tosquiá-los, acabam por enviá-los ao matadouro!
Vem esta introdução em jeito de fábula ou de parábola, para comentar a enorme estranheza que causa verificar que um número considerável de cidadãos se deixam iludir (comprar?) pelas sereias do poder fascista totalitário globalista que domina as instituições internacionais (ONU, OMC, FMI, etc.) e cujo o verdadeiro esteio do poder está nas corporações capitalistas multinacionais: 
- os bancos ditos «sistémicos» (uns cinco dos EUA, um pequeno número no espaço europeu...), 
- as grandes firmas de tecnologia (Apple, Facebook, Google, Amazon...), 
- os produtores de hardware e software
- os construtores de máquinas de guerra, os Raytheon, Lockhead Martin, Bombardier, etc. 
Existem outras empresas, com um valor de negócio comparativamente mais baixo que as acima, que desempenham porém um papel crítico no empurrar dos governos para a guerra ou para subversão do poder de governos estrangeiros. Estou a pensar nas empresas de mercenários, por exemplo, a «Academi» que antes se chamava «Blackwater» e muitas outras, que conseguem obter contratos para fazer aquilo que politicamente é inconveniente fazer por exércitos de Estados, sujeitos estes a códigos de conduta e sob observação da cidadania e da media.

Assim, para mim, é perfeitamente claro que existem «lobos» no meio dos cordeiros, existem pessoas e organizações que têm vantagens materiais e de carreira em desencadear e alimentar conflitos armados, guerras entre Estados, ou guerras civis, alimentadas por guerrilhas, que se vão abastecer de armas nos mesmos fornecedores...


O meu espanto não reside na constatação acima, porém: fico espantado pela mistura de ignorância e de auto-sugestão, de uma boa parte dos meus concidadãos, irmãos e irmãs, que têm tudo a ganhar em abrir os olhos, quanto mais não seja para não caírem no logro em que estes lobbies militares e afins costumam  encerrar a população. 

Muitos são aqueles que se consideram «sábios» por ignorar as grandes questões do nosso tempo, a ameaça que pesa sobre todos e cada um. Deixámos , durante demasiado tempo, que os instrumentos de poder ficassem nas mãos de criminosos, de sociopatas e de psicopatas.
Face a isto, há pessoas que, conscientemente, se coloquem numa postura de boicote de toda a «civilização» destrutiva, que está a levar o Planeta e o Homem ao nível de extinção. 
Mas, esses são muito raros e não podemos dá-los como exemplo a seguir: nem toda a gente tem estrutura para isso ou considera aceitável, em nome da sua «pureza», abandonar outros (familiares idosos, ou crianças) à sua sorte. 

O que preconizo como atitude geral, tenho eu próprio que o assumir, sob pena de estar a ser hipócrita. Desde que me conheço tenho adoptado uma atitude crítica em relação aos poderes, que se exercem sobre as pessoas e os povos. 

Tenho observado que os que são escolhidos (por meios ditos democráticos, ou por outros) para chefiar os outros são - muitas vezes - pessoas muito pouco apropriadas, pelo perfil psicológico: pessoas que têm ânsia do poder, que se consideram uns iluminados, personalidades narcisistas... 
Assim, não admira que o seu modo de «resolver» os problemas não seja do meu agrado. 
Não digo que umas escolhas, feitas com base em deliberações horizontais, estejam automaticamente isentas de erro. Mas, as que efectivamente são erros, são susceptíveis de ser corrigidas mais depressa e melhor, do que as que foram tomadas por algum «chefe». O próprio princípio do poder hierárquico implica que um indivíduo possa tomar decisões de modo discricionário, sem dar contas a ninguém: assim, apenas e tão somente, o apontar dum erro já será considerado «crime de lesa majestade». 

Algumas pessoas, assumem que a organização hierárquica é inevitável. Dizem que a  sociedade contemporânea é de uma imensa complexidade. Porém, a sociedade de há um século atrás, não era «muito mais simples». A minha resposta, é que o ser humano tem uma capacidade de se organizar de modo maleável, tendo em conta as circunstâncias em que está vivendo.

Iludidos pelas tecnologias de comunicação, fazemos «de conta» sobre as coisas que realmente contam. Estas, são coisas demasiado profundas, não podem ser descartadas como se fossem «velharias». 
Nem têm que ver com o suporte informacional onde assenta a mensagem: a mentira é uma mentira, quer seja propalada oralmente, por um texto manuscrito num papiro,  por telemóvel, ou ...etc.

A atitude inteligente e adulta tem de ser crítica, prudente, racional, pedagógica em relação aos nossos semelhantes, ou seja, a grande maioria das pessoas. 

Não é difícil os «lobos» meterem «a cunha» entre pessoas, até mesmo amigas, até mesmo com grande afinidade de ideais: o facto é que a nossa civilização decadente tem hipertrofiado o indivíduo, endeusado o ego, o que tem sido muito eficaz para controlar as «massas», reduzidas a entidades nucleares, isoladas, totalmente alienadas e ignorantes de que o são... 
Trabalhar no sentido oposto é privilegiar a troca directa, a entre-ajuda, a não competição, a audição permanente do outro, a construção de algo em comum, a vários níveis.
Ao fim e ao cabo, necessitamos de estar conscientes da «regra de ouro» veiculada, desde tempos imemoriais pelas religiões e pela sabedoria dos povos:  «Trata os outros como gostarias de ser tratado/a» ou, na sua formulação negativa: «Não faças aos outros aquilo que não gostarias que te fizessem a ti».
Porque, se formos até ao fim da nossa reflexão e quisermos mesmo cumprir a regra, teremos de ser conscientes, amáveis, abertos, solidários, responsáveis, confiáveis... 
Todas as pessoas no nosso entorno acabarão por sentir a transformação. Podemos ter a certeza que - a partir desse momento - haverá correspondência, não em todas as pessoas, mas nalgumas, com certeza.


terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O CAMINHO PARA A PAZ PELO COMÉRCIO

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No passado remoto, as rotas comerciais eram abertas a golpes de espada ou tiros de canhoneira.
Basta pensarmos na maneira como Vasco da Gama e seus sucessores no Índico impuseram um monopólio comercial português e expulsaram os comerciantes árabes, aí instalados desde há vários séculos.
Ou ainda, como o Reino Unido, no tempo da Rainha Vitória, impôs o comércio de ópio à China, através de duas guerras cruéis, das quais resultaram tratados humilhantes para os chineses.
Com efeito, a «liberdade de comércio» que foi imposta pelos marinheiros e soldados dos impérios ocidentais não tem grande coisa que ver com as teorias de livre comércio dos liberais. Em vez de livre comércio trataram de impor o seu domínio imperial, a todo o mundo não europeu. Muitas das desgraças de hoje têm as suas raízes diretas nessa época, de expansão agressiva e bélica dos colonialismos.
Porém, por outro lado, constata-se que a realização de tratados comerciais ou a aceitação de regras comuns às trocas comerciais é um primeiro passo para a normalização de relações diplomáticas ou que estas têm como corolário imediato, o desenvolvimento das relações comerciais.
A abertura da China, ainda no período de Mao nos anos 70,  foi devida de facto, ao seu desejo de fazer comércio e esse desejo foi correspondido por poderosos interesses privados ocidentais.
A negação de comércio, como sejam as guerras de tarifas ou ainda pior, as sanções, os embargos, os bloqueios, são armas muito cruéis e absolutamente ineficazes, no mundo de hoje. Tal tem sido a atitude dos EUA e seus vassalos «aliados» da OTAN e UE …
A guerra comercial ou económica começou com a Rússia depois do golpe na Ucrânia, que depôs um governo legítimo, mas que tinha optado por união económica com o espaço Russo e não com a União Europeia. Essa guerra económica só trouxe dificuldades aos comerciantes, agricultores e industriais dos países ocidentais.
No campo russo, trouxe uma reação de defesa nacionalista, de se autonomizar do «Ocidente»; sobretudo, de produzirem eles próprios, tendo – portanto - um efeito estimulante na indústria e na agricultura.

Já no caso da Venezuela, o bloqueio e guerra económica por parte dos EUA, já duram há cerca de um decénio, mas a severidade foi aumentando neste último ano, ao ponto de um relator especial das Nações Unidas, considerar que as políticas de sanções dos EUA podiam configurar um crime contra a humanidade, nos termos da definição da ONU.
A guerra económica dos EUA contra Cuba vem desde o triunfo da revolução que depôs o ditador favorável aos EUA. Ela perdura desde há 60 ou mais anos e não trouxe mais do que sofrimento e privações para a população da ilha, sem nenhum efeito de fragilização do regime castrista. Claro que, para eles, este objectivo de subversão de um regime adverso é perfeitamente válido e «moral»: para eles, imperialistas, não contam as populações que serão sempre as primeiras vítimas de tais bloqueios.
A noção de que estes países, que se designam a si próprios por «democracias ocidentais», não são mais do que países governados por mafiosos, que querem impor, por meios de chantagem e pela força, a sua lei a outras nações, pode parecer exagero às pessoas imbuídas de cultura «ocidental», porém nos países que agrupam três quartos da população mundial, esta noção é absolutamente trivial.
A existência de uma fina capa ideológica de «liberalismo», não resiste a dois segundos de análise, quando nos debruçamos sobre políticas concretas. Se «liberalismo», significa sobretudo liberdade de comércio, representada pela tradição liberal de Locke, Adam Smith, etc., então a China e Rússia de hoje, assim como vários dos seus parceiros são porta-estandartes e verdadeiros obreiros desse liberalismo.
A liberdade de comércio é vital para aquela enorme parte de humanidade (no mínimo, 6 mil milhões), pois ela tem como meio de subsistência essencial a produção de bens agrícolas, de matérias primas minerais, ou de bens manufacturados.
A evolução dos países «ocidentais» [América do Norte, Europa ocidental, Austrália, Nova Zelândia e Japão] no último quarto de século, foi no sentido da «terciarização» da economia, da desindustrialização ou seja, do abandono da economia produtiva para a economia especulativa.
Nestes países, cuja riqueza assentou sobre séculos de pilhagem das colónias e escravidão, a estratégia de «terceirização» foi saudada pelos mais míopes e corruptos, visto que é realmente preciso fazer um esforço para acreditar que uma economia se pode sustentar com «serviços» e onde o lema tem sido «consumir, consumir, nem que seja a crédito».
As transformações na estrutura produtiva na China, mas também na India, Paquistão e outros, foram muito rápidas e conseguiram produzir a maior transformação de que há memória, de populações secularmente carenciadas, com padrões de nível vida muito baixos; uma saída da pobreza para grande parte da população. O enorme crescimento da classe média, nestes países, tem permitido um crescimento exponencial, pois os produtos manufacturados já não terão como escoadouro exclusivo a exportação, mas também vai crescendo o mercado interno para estes produtos, incluindo os de gama alta, o que permite não estarem tão dependentes dos caprichos das ex-potências coloniais e imperialistas.
As «Novas Rotas da Seda» são realmente a concretização imparável deste extraordinário florescimento económico, o qual terá repercussões benéficas também noutros países, que tinham mantido um grau incipiente de desenvolvimento.
Para todos os intervenientes nas redes comerciais, a questão central vai ser a estabilidade das condições de trocas. Daí que haja um interesse material pela paz, o que é sempre muito mais poderoso do que qualquer ideologia.
Mas, se ideólogos no Ocidente quiserem defender o liberalismo na sua pureza, pois aí terão oportunidade de se colocarem do lado dos que querem manter abertas as rotas comerciais, querem estabelecer e manter trocas benéficas para todas partes… deverão repudiar os militaristas, os loucos que querem o mundo inteiro sob sua hegemonia e relações baseadas na força e no medo.
A evolução das relações internacionais pode sofrer muitos episódios, nem todos beneficiando a liberdade de comércio. Mas, no longo prazo, a humanidade que produz irá decidir como e em que termos se farão as trocas, aplicando as boas práticas de reciprocidade, de não ingerência, de relações mutuamente vantajosas, de resolução pacífica dos diferendos…
… será um renovo da civilização.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

O VALOR DO DÓLAR NÃO TEM QUALQUER ESPÉCIE DE GARANTIA



[Resumo do artigo de Egon von Greyerz:]

Von Greyerz recorda que em Agosto de 1971 o Diário do Povo da China declarava que a célebre decisão de Nixon de des-indexar o dólar ao ouro, significava o princípio do fim do sistema monetário do mundo capitalista. 
            

Com efeito, os dirigentes comunistas chineses estavam totalmente certos, como se pode comprovar pelo gráfico acima e pelo facto dos EUA terem estado constantemente em défice nos últimos cinquenta anos, quer em relação ao orçamento, quer em relação à balança comercial. Se tivermos em conta, não apenas as dívidas de empréstimos mas também as obrigações a que os EUA estão legalmente obrigados (segurança social, assistência médica, etc.) e que não têm tido financiamento adequado, a dívida total ascende hoje a triliões de dólares.
Quando Von Greyerz começou a trabalhar num banco em Genebra, o dólar valia cerca de 4,30 Francos Suíços. Hoje, um dólar vale ligeiramente menos do que um franco suíço. Houve um colapso de 77% da divisa de reserva, em 50 anos, mas se compararmos com a cotação do ouro, então a descida é de 97%.
Os chineses previram, na altura, o efeito catastrófico da medida anunciada por Nixon:
Citando o Diário do Povo: 
"Estas medidas impopulares reflectem a gravidade da crise económica dos EUA e a degradação e o declínio do sistema capitalista no seu todo"
e, mais adiante "[estas medidas...] assinalam o colapso do sistema monetário capitalista com o dólar dos Estados Unidos como seu propulsor" e ..." a nova política económica de Nixon não poderá poupar os EUA à crise financeira e económica".
O referido jornal previa que a crise se iria acentuar. 
Os chineses compreenderam isto, logo em 1971, quanto às desastrosas consequências da decisão de Nixon. Estamos hoje com uma situação de inflação galopante (incluindo nos preços dos activos financeiros), divisas em colapso e uma explosão das dívidas. Todas as coisas que Nixon dizia que iria evitar!
As políticas desastrosas destes 48 anos tiveram consequências nefastas em todos os aspectos da economia dos países capitalistas: compressão ou estagnação de salários reais, perda de competitividade,  criação de bolhas especulativas e falências em série quando estas rebentam...
A saída do padrão-ouro, que estava estabelecido no Acordo de Bretton Woods, foi catalizador de toda a decadência dos países ocidentais, enquanto a China subiu para segunda economia ao nível mundial, ou em termos de Paridade de Poder de Compra (PPC), a 1ª economia. O PIB da China era de 100 biliões de dólares US em 1971; hoje em dia é de mais de 12 triliões dólares, e quando avaliada em PPC é de 23 triliões de dólares.
A diminuição acentuada das reservas de ouro dos EUA esteve na base da decisão de Nixon. O facto do Tesouro Americano - há quase quarenta anos - ter parado de noticiar as vendas de ouro (ver gráfico acima) legitima a dúvida sobre a real quantidade de ouro que existirá ainda nos cofres de Fort Knox.
Para ler o artigo completo (em inglês):

sábado, 9 de fevereiro de 2019

ESCÂNDALO CGD - OU COMO O ERÁRIO PÚBLICO É TOSQUIADO

A relevância de toda a informação que pode ler na notícia do «Observador» abaixo, sobre a Caixa Geral de Depósitos (CGD), não pode ser minimizada:

Não irei reproduzir partes da peça jornalística, aliás de grande qualidade, de autoria de Nuno Vinha e Ana Suspiro, mas irei tecer comentários sobre o significado disto tudo.

Peço ao leitor para ler - se ainda não fez - a notícia acima mencionada.

- Joe Berardo tomou uma posição de controlo do BCP, graças aos empréstimos da CGD. O banco BCP, criado por Jardim Gonçalves tem uma longa história de proteccionismo e favoritismo do Estado culminando com a intervenção «salvadora» do mesmo (Millenium-BCP) para bem dos accionistas e clientes do referido banco, mas para prejuízo dos contribuintes. 

- O esquema que transparece das operações desastrosas da CGD, onde não faltaram avisos para maior cuidado das próprias estruturas internas do banco público, é o de uma intervenção politicamente motivada, ou seja, os investimentos e os empréstimos tinham, como pano de fundo, a pressão das entidades governativas sectoriais, para favorecerem e verem ganhar determinado grupo ou entidade, os tais favores.

- As operações no estrangeiro, nomeadamente em Espanha, só se compreendem como parte de estratégia (de tentativa) de tomada de controlo (falhada) de parte do sector financeiro do país vizinho. Esta estratégia é - a todos os títulos - inapropriada para um banco público português e mostra a ambição de «grande grupo internacional» dos gestores da CGD, em «roda livre», face a um poder político pusilânime, que lhes deixa a rédea mais ou menos solta, desde que eles vão fazendo os favores aos industriais e homens de negócios, que interessam (e financiam) aos partidos do poder.

- Toda esta trama, além de revelar uma gestão desastrosa do erário público tem indícios seguros de actividade criminosa. 
Com efeito, os membros do governo, os membros de empresas públicas, entre elas, os gestores da CGD, não têm a latitude de agir como se de uma empresa privada se tratasse.
 Alguém que seja sócio maioritário de uma empresa privada, pode, dentro de certos limites, fazer uma aposta arrojada, da qual a sua empresa poderá sofrer prejuízos. 
Mas, no Estado e sector público, um comportamento assim não é admissível. 
Trata-se de bens públicos, património do Estado, de todos os portugueses, incluindo os que virão no futuro! 

- A análise deste caso permite levantar a ponta do véu sobre como é que - praticamente desde o início da «era democrática» - o Estado tem sido sucessivamente utilizado para os maiores «cambalachos» e apropriações indevidas de verbas públicas.

- Veja-se ainda o caso do Novo Banco: Hoje, depois de uma venda, com perdas, a um grupo americano, está já de mão estendida (!) exigindo um empréstimo de mil milhões!

- Quanto mais o Estado português sustenta a parasitagem dos bancos, mais eles se sentem à vontade para continuar a extorquir (pois, o que é um empréstimo que eles e o próprio governo sabem nunca será pago?). 

- O povo português tem sido espoliado por uma casta de capitalistas, que tem no bolso os políticos, a todos os níveis: é fácil, dão uns trocos a uns políticos em ascensão dentro de um partido do «arco do poder» e ... já está!

Se as pessoas realmente compreendessem todo o mal que lhes tem sido feito, poderia haver uma revolução - a sério - no dia de amanhã... 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

O COLETE DE FORÇAS DA UNIÃO EUROPEIA



Como é que a União Europeia se tornou uma prisão para as Nações e para os Povos?

Muitas pessoas argumentam hoje em dia, em relação ao Euro e à implicação da austeridade sem fim, o seguinte: os países do Sul e - em particular - Portugal, que permanecerem na «Eurolândia» estão fadados a constantemente perder competitividade, sem outro recurso senão o de baixarem as remunerações laborais e as prestações sociais da população mais desfavorecida.
Esta espiral descendente, que faz com que há vinte anos os países do Sul estejam em défice crónico, enquanto a Alemanha e uma mão-cheia de outros Estados (Finlândia, Áustria, Holanda...) tenham um superavit crónico nas suas trocas com os países do Sul, foi sendo «remediada» com crescentes empréstimos pelos Estados do Sul. 
Assim, cada vez maiores quantidades de dívida se foram acumulando. No momento da grande crise do Euro de 2011, estas economias foram quase até ao fundo, à bancarrota. 
Apenas foram «salvas» pela promessa do BCE e de Mario Draghi em fazer tudo o que fosse necessário, para salvar a moeda única. Isto implicou políticas ditas de «quantitative easing» ou seja, de comprar dívida soberana, emitida pelos Estados mais débeis, Itália, Portugal, Grécia, Espanha... por forma a baixar artificialmente o custo da mesma dívida, podendo assim evitar o descarrilar completo das economias da região do Sul.
Como é evidente, este recurso de compra de activos pelo BCE foi uma medida transitória, terminada em janeiro deste ano. Mas, pela sua natureza, também foi uma medida meramente paliativa, visto que não teve qualquer efeito benéfico, em relação às causas do problema.
Com efeito, manteve-se a assimetria, a enorme disparidade, entre as economias do Norte da Europa e as do Sul, com a capacidade agressiva das primeiras em colocar uma série de produtos de elevada incorporação tecnológica nos mercados mundiais, enquanto os países meridionais eram uma espécie de mercado «cativo» para os gigantes do Norte europeu. 
Para que o Sul tivesse hipótese de se desenvolver autonomamente, permanecendo dentro da UE, esta teria de caminhar para um regime verdadeiramente federal, em que as carências/défices de uns eram compensadas pelo superavit de outros. Mas a Alemanha «nem quer ouvir falar» de pagar dívidas dos outros.
 Esta solução implicava que as regiões europeias menos desenvolvidas receberiam um apoio especial e que os seus défices seriam cobertos, na perspectiva de se diminuir progressivamente o fosso entre regiões «ricas» e «pobres». 
Isto seria muito bonito e belo, mas simplesmente, não poderá acontecer porque a Alemanha tem uma visão tacanha, que não lhe permite compreender que superavits crónicos foram obtidos à custa dos défices doutros ou, por outras palavras, se as suas grandes empresas de automóveis, de metalomecânica, de electrónica, etc., conseguiram uma grande fatia do mercado do Sul europeu, isso deve-se ao facto do Sul se ter endividado para comprar esses mesmos bens. 
Por exemplo, a Grécia, durante muito tempo, foi estimulada pelo lóbi alemão de fabricantes de armamentos (e pelos generais da NATO) a sobre-equipar-se com gadgets bélicos caros. Em Portugal, aconteceu uma situação semelhante, com os submarinos encomendados na vigência de um governo de direita.

Como a solução de federalismo equilibrado dentro da UE não é possível, os países mais fracos apercebem-se que a UE se tornou - de facto - um império, um colete de forças que mantém os países sob um jugo. A situação é muito vantajosa para as classes empresariais dos países do Norte. Estas fazem beneficiar com umas migalhas suas populações respectivas, para estas se manterem submissas. 
Quanto aos países do Sul, eles são submetidos ao ciclo infernal da austeridade: a austeridade significa uma restrição grande no consumo da maioria; logicamente, o comércio e indústria -  dependentes do consumo interno para prosperarem - entram em falência; as falências trazem mais desemprego, emigração para os jovens e piores salários e pensões, para os restantes; estas condições agravadas tornam cada vez pior a economia destes países, visto que muitas indústrias e serviços dependem fortemente do mercado interno. 
Por verem este descalabro, é que os italianos elegeram partidos ditos «populistas» (ou seja, que defendem o povo!). Isto traduziu-se numa imediata hostilidade dos «grandes» (França e Alemanha, sobretudo) e da «Comissão Imperial de Bruxelas». 
  
A perversidade do Tratado de Lisboa faz com que um país não possa facilmente retirar-se do Euro. Para tal, terá de se retirar TAMBÉM da própria UE. 
Nesta saída, vemos a Grã-Bretanha (que nunca pertenceu ao Euro) envolvida. É um processo longo, penoso e causador de grandes perdas... é exactamente o que os burocratas de Bruxelas querem para «tirar as peneiras» aos países que queiram fazer uma saída, negociada ou não, da UE. 
O mecanismo congeminado neste Tratado de Lisboa, absurdo, perverso, contraproducente, está agora a dar os seus «amargos frutos». 
Mas o que estes processos todos revelam é a impossibilidade de genuíno federalismo «top-down». O federalismo genuíno, por essência, tem de ser um processo levado a cabo com muita prudência, para que o povo esteja em condições de não aderir ou de poder retirar-se, a qualquer momento. Uma associação voluntária de pessoas a uma organização, pode ser usada como comparação: se a retirada da organização tem um custo incomportável - económico, jurídico e político - essa tal organização não é muito diferente das «máfias», as associações de criminosos, para as quais as pessoas são recrutadas e depois não têm outra saída possível, senão a morte. 
Neste caso, o das Nações na UE, é um facto que não têm como recuperar a sua autonomia, mesmo que o façam por um processo democrático de autodeterminação. 
Uma eventual decisão de saída, no caso da UE, terá um custo político, social e económico tal, que as pessoas acabam por renunciar, não por convicção, mas por medo e por cansaço.

Não existe «refundação» possível, para uma coisa destas. 
Poderia haver dissolução da UE, seguida de acordos bilaterais, mas numa base completamente diferente: hipoteticamente, tal comportamento permitiria restaurar a confiança. A Europa ficaria unida por uma série de acordos bilaterais, benéficos para ambas as partes, que poderiam ser reformulados, ampliados, restringidos ou até revogados, por acordo entre Estados. 
Ao pretenderem uma «refundação» da União Europeia, os grandes (Alemanha e França) querem apenas mostrar que a sua visão da Europa tem de prevalecer sobre todas as outras. A sua «refundação» é somente uma tentativa de imposição da sua liderança do processo. Penso que é tarde demais.
A União Europeia está no ocaso. Os governos de vários países, dentro e fora da UE, aperceberam-se bem deste fenómeno.  Porém, a opinião pública portuguesa tem sido mantida na ignorância total do que se está a passar. 
A maior parte do «establishment» político de Portugal está visceralmente dependente das benesses vindas da UE. São esses privilégios que custam muito sacrifício para a generalidade dos portugueses, sem qualquer benefício no horizonte. A casta dos políticos do poder são um insulto ao povo, mesmo ao povo que vota neles!

- É assim que a União Europeia se tornou uma prisão para as Nações e para os Povos.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

PARA COMPREENDER O MUNDO DE HOJE...

Para compreender o mundo de hoje... é preciso conhecer o que é afinal o «great reset» e esta entrevista dada por Jim Willie é absolutamente essencial.


A grande mudança vai implicar o retorno do ouro, como padrão de todas as divisas. Caminha-se para um universo dual, onde o dólar terá uma dada zona de influência e o Yuan terá outra.
As previsões em relação ao euro e aos projectos da Europa do Norte de regressar às suas divisas são muito audaciosas, mas devem ser tomadas a sério porque Jim Willie tem uma série de correspondentes, muito bem situados em vários pontos do globo, no mundo financeiro.
[como censuraram o vídeo anterior... vejam este, enquanto não o for!]