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sábado, 9 de fevereiro de 2019

ESCÂNDALO CGD - OU COMO O ERÁRIO PÚBLICO É TOSQUIADO

A relevância de toda a informação que pode ler na notícia do «Observador» abaixo, sobre a Caixa Geral de Depósitos (CGD), não pode ser minimizada:

Não irei reproduzir partes da peça jornalística, aliás de grande qualidade, de autoria de Nuno Vinha e Ana Suspiro, mas irei tecer comentários sobre o significado disto tudo.

Peço ao leitor para ler - se ainda não fez - a notícia acima mencionada.

- Joe Berardo tomou uma posição de controlo do BCP, graças aos empréstimos da CGD. O banco BCP, criado por Jardim Gonçalves tem uma longa história de proteccionismo e favoritismo do Estado culminando com a intervenção «salvadora» do mesmo (Millenium-BCP) para bem dos accionistas e clientes do referido banco, mas para prejuízo dos contribuintes. 

- O esquema que transparece das operações desastrosas da CGD, onde não faltaram avisos para maior cuidado das próprias estruturas internas do banco público, é o de uma intervenção politicamente motivada, ou seja, os investimentos e os empréstimos tinham, como pano de fundo, a pressão das entidades governativas sectoriais, para favorecerem e verem ganhar determinado grupo ou entidade, os tais favores.

- As operações no estrangeiro, nomeadamente em Espanha, só se compreendem como parte de estratégia (de tentativa) de tomada de controlo (falhada) de parte do sector financeiro do país vizinho. Esta estratégia é - a todos os títulos - inapropriada para um banco público português e mostra a ambição de «grande grupo internacional» dos gestores da CGD, em «roda livre», face a um poder político pusilânime, que lhes deixa a rédea mais ou menos solta, desde que eles vão fazendo os favores aos industriais e homens de negócios, que interessam (e financiam) aos partidos do poder.

- Toda esta trama, além de revelar uma gestão desastrosa do erário público tem indícios seguros de actividade criminosa. 
Com efeito, os membros do governo, os membros de empresas públicas, entre elas, os gestores da CGD, não têm a latitude de agir como se de uma empresa privada se tratasse.
 Alguém que seja sócio maioritário de uma empresa privada, pode, dentro de certos limites, fazer uma aposta arrojada, da qual a sua empresa poderá sofrer prejuízos. 
Mas, no Estado e sector público, um comportamento assim não é admissível. 
Trata-se de bens públicos, património do Estado, de todos os portugueses, incluindo os que virão no futuro! 

- A análise deste caso permite levantar a ponta do véu sobre como é que - praticamente desde o início da «era democrática» - o Estado tem sido sucessivamente utilizado para os maiores «cambalachos» e apropriações indevidas de verbas públicas.

- Veja-se ainda o caso do Novo Banco: Hoje, depois de uma venda, com perdas, a um grupo americano, está já de mão estendida (!) exigindo um empréstimo de mil milhões!

- Quanto mais o Estado português sustenta a parasitagem dos bancos, mais eles se sentem à vontade para continuar a extorquir (pois, o que é um empréstimo que eles e o próprio governo sabem nunca será pago?). 

- O povo português tem sido espoliado por uma casta de capitalistas, que tem no bolso os políticos, a todos os níveis: é fácil, dão uns trocos a uns políticos em ascensão dentro de um partido do «arco do poder» e ... já está!

Se as pessoas realmente compreendessem todo o mal que lhes tem sido feito, poderia haver uma revolução - a sério - no dia de amanhã...