segunda-feira, 20 de maio de 2019

AS ELEIÇÕES PARA O PARLAMENTO EUROPEU E A ESQUERDA EUROPEIA

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Este texto de reflexão dirige-se - em particular - às esquerdas que, de uma forma ou de outra, acabaram por ficar «apanhadas» pelo jogo eleitoral, tendo sempre adoptado o ponto de vista de que «é necessário fazer oposição por dentro», aos desígnios das burguesias nacionais e transnacionais, dos grandes grupos económicos, que são os verdadeiros patrões desta União Europeia.
 Acontece que esta União Europeia é irreformável, não há maneira de a transformar em algo minimamente democrático, segundo os padrões de democracia representativa comummente aceites. Não irei aqui recapitular os argumentos que dei anteriormente, num artigo deste blog. 
Basta-me, desde já, referir que as formas de actuação acima evocadas podem, no melhor dos casos, ser protagonizadas com sucesso ao nível duma nação, ou seja, duma entidade política cujo povo partilha fortes vínculos (históricos, culturais, económicos, linguísticos, etc). 

Acredito ser possível que, ao nível do parlamento de um país, estejam representados os diversos interesses, corporizados por partidos e coligações dos mesmos, que exprimam - de forma não directa, porém, aproximativa- a vontade dos seus eleitorados respectivos. 
Nestas condições, um parlamento poderá corresponder às expectativas do povo. 
Os processos que se observam nas democracias parlamentares típicas - da preparação das listas de candidatos dos partidos e coligações concorrentes, à campanha eleitoral, à votação, até à formação dum governo - têm a sua validação própria. A legitimação profunda de todo o processo,  para além da  sua conformidade com trâmites formais e constitucionais, assenta na possibilidade do povo controlar o comportamento das forças políticas, verificar se estão a fazer o que se propuseram fazer, se estão a agir de acordo com as promessas... 
Não sou ingénuo, pois sei que não chega estar instaurado este tipo de regime, para que tudo role sobre rodas. 
Porém, os que formam o grosso dos candidatos às eleições «não vêm outra alternativa» a este tipo de democracia. Hoje em dia, pode-se englobar nesta categoria praticamente todos: mesmo os que se reclamam de uma tradição revolucionária, submetem-se, como os restantes, a este jogo de «cadeiras musicais», chamado «democracia parlamentar». 

Ora, um parlamento como o europeu, tem um pressuposto e funcionamento substancialmente diversos dos parlamentos nacionais. Tem as aparências da democracia representativa, e com isso engana muita gente:
- Todos sabem que as campanhas ocorrem com listas nacionais e que o número de deputados a eleger, por país, reflecte mais ou menos a população do mesmo. Porém, os grupos que se formam, após eleições, são formados com base em famílias políticas, agrupando deputados europeus de várias nacionalidades. 

- Os parlamentos nacionais debatem e votam o orçamento das respectivas nações. Porém, o orçamento europeu é apenas ratificado pelo parlamento europeu. Se, por hipótese, uma proposta de orçamento da Comissão europeia fosse chumbada, o parlamento europeu, ou um grupo dentro deste, não poderia propor outro orçamento alternativo.
- O mesmo se passa com as leis: os parlamentos nacionais são os locais onde se propõem, discutem e votam leis.
No parlamento europeu, aprovam-se, ou não, propostas de leis da iniciativa da Comissão Europeia, órgão não eleito, ou do Conselho Europeu, formado pelos chefes dos executivos dos países da UE. 
Nenhum grupo parlamentar europeu pode avançar com uma proposta legislativa própria e submetê-la à discussão e votação no parlamento. 

- Num parlamento nacional, apesar de possível existência de partidos regionalistas, o sistema é vocacionado para dar voz às correntes com expressão nacional; a política faz-se sobretudo com organizações políticas de âmbito nacional, onde coexistem pessoas oriundas das várias regiões do país. 
No parlamento europeu, as forças políticas nacionais tendem a alinhar pelos interesses do seu próprio país (ou daquilo que julgam ser esse interesse), mesmo que estejam em total contradição com os de outras nações da UE. 

O sistema é pesado, burocrático, dispendioso e -além disso - fora do escrutínio do eleitor, ao contrário do que se passa nos parlamentos nacionais. 
É contraditório com o princípio da soberania popular, pois esta só se pode exercer no quadro duma nação, transformando assim os parlamentos nacionais, de centros da democracia parlamentar, em meras caixas de ressonância dos poderes europeus. 
Com efeito, a legislação europeia, as directivas são redigidas, ou pela Comissão Europeia, ou pelo Conselho de Europeu, sendo o papel do parlamento europeu o duma espécie de «câmara de registo». 
Uma vez que uma directiva, ou lei europeia, esteja aprovada, ela tem de ser transposta para a legislação nacional em cada país-membro. Caso não o seja dentro de determinado prazo, esse país terá de pagar multas. 
Assim, as legislações dos diversos países estão «invadidas» por legislação europeia, produzida fora do âmbito nacional, duma forma anti-democrática, sob todos os prismas. Trata-se da forma disfarçada de ditadura imperial imposta pelos órgãos executivos da UE. 
Dentro destes órgãos executivos, o peso dos grandes países, mais poderosos, acaba por prevalecer sempre. De facto, o parlamento europeu surge apenas como um órgão que dá o aval e «verniz democrático» às políticas europeias.
Não se vê como estes processos possam ser transformados «por dentro», como defende uma certa esquerda, que apenas deseja convencer-se a si própria (ou seus adeptos), pois os seus dirigentes sabem que os tratados, que regulam todo o funcionamento da UE, tornam quase impossível uma reforma. As  estruturas e regras de base do seu funcionamento são irrevogáveis na prática, pela obrigatoriedade de unanimidade ou de maioria qualificada. Foi intencionalmente que construíram assim os textos dos tratados; para haver impossibilidade prática de reforma. 
Muitas pessoas de esquerda, de várias sensibilidades, em vários países da UE, percebem que a soberania popular é apenas possível se esta for exercida a nível nacional. 
Ora, se é do povo que emana toda a legitimidade, a construção europeia enferma dum «pequeno problema»... o de arredar os povos dos processos de decisão. 

Portanto, o modelo da UE não é confederal ou federal, mas antes um modelo especialmente desenhado para servir os «grandes poderes», os grandes grupos transnacionais, financeiros e industriais.  Os próprios dirigentes políticos dos países mais fortes estão no poder graças a eles e fazem a política que a esses grupos convém.  
Assim, os grandes poderes detêm um controlo total sobre os aspectos mais relevantes das políticas europeias, desde a política económica, passando pelas políticas de imigração e controlo de fronteiras, até à construção duma força militar europeia. 

sábado, 18 de maio de 2019

AQUECIMENTO GLOBAL ENQUANTO LOGRO


David Icke é um dos divulgadores mais dinâmicos que existem hoje no Reino Unido. Foi muito perseguido pela sua forma incomum e corajosa de apresentar aquilo que ele tem observado ao longo de décadas. A verdade é que existe uma supressão sistemática pelo mainstream (BBC, CNN, etc, etc) que impede todas as vozes discordantes de serem ouvidas, dos seus argumentos serem avaliados serenamente. 

A realidade irá encarregar-se de desmascarar a enorme campanha de «psi-op» que o mundo está sofrendo, desde os anos 90, sobre este assunto. 

Mas, no entretanto, biliões terão sido investidos nas coisas erradas, para solucionar falsos problemas. 
É uma perda para a humanidade, porque uma parte significativa do esforço de investigação e de investimento industrial está a ser desviada. Estas entidades, que se aproveitam do status quo, têm interesse em que a opinião pública esteja constantemente a ser reforçada nos seus preconceitos, como explica Icke. 


O maior e melhor meio de controlo é o medo. O desejo, o entusiasmo por algo - material ou espiritual - apenas dura instantes. A humanidade é tal, que aquilo que a faz mover-se é a necessidade e o medo de se encontrar numa situação de necessidade. 

A manipulação é grave; eu posso testemunhar, pois fui intrujado pelo logro durante muitos anos e ensinei noções erradas aos meus alunos. Espero que eles me perdoem, pois eu também estava a ser enganado! 

Felizmente, eu nunca deixei de aprofundar os assuntos; sempre inquiri sobre as coisas que despertavam a minha curiosidade. Como biólogo e como cidadão, a minha  pesquisa exaustiva do assunto tem muitos anos, informei-me sobre variados aspectos de climatologia. Ninguém, no mundo de hoje, pode considerar que a sua formação científica está terminada... só a actualização permanente nos permite acompanhar e reflectir com propriedade sobre um assunto científico.

Aquilo que tenho visto é que - na media e nos diversos sites da Internet, destinados a explicar o «aquecimento global» - são sistematicamente omitidas informações que são muito justamente referidas por David Icke. 

Quem realmente quer saber mais sobre o assunto, que siga as pistas que ele dá e estude os ciclos climáticos ao longo de centenas e milhares de anos; estude o efeito reconhecido e decisivo do Sol; de muitos fenómenos análogos aos que hoje se verificam. Verificará que ocorreram em épocas remotas, onde não havia indústrias ou actividades humanas causadoras de uma grande libertação de CO2, como a que existe hoje, etc.

Mas, tenho a impressão de estar a falar ou escrever para pessoas «anestesiadas», «zombificadas», pessoas em estado de denegação. 

O que é muito triste é que isto não é um mero debate académico, que esteja sendo debatido entre cientistas; isto é algo que tem a ver com a narrativa de como funcionam as coisas, de como funciona o mundo de hoje. 

Quem controla a narrativa, controla as mentes: é isso, com o poder inerente que decorre daí, que faz com que a narrativa do «aquecimento global» tenha sido objecto de condicionamento na opinião pública, com imensa gente fazendo sua carreira à custa disso. 

O objectivo (que nunca lhe dirão) é o controlo que a grande banca e as mega-corporações têm sobre a gestão dos recursos e sobre os fluxos de mercadorias, de capital, de informação, de pessoas...

É necessário compreender o fenómeno do condicionamento de massas e de «terror de Estado» que está associado a este assunto. 
Remeto, a esse propósito, para o estudo do caso Lysenko. Este nome é muito importante, pois foi um pseudo-cientista na era soviética que reinou sobre a Academia das Ciências. Ele defendia uma visão lamarckiana e «progressista» da genética, condenando, e não apenas em termos teóricos, os que defendiam as teorias (correctas!) de Mendel e de Morgan... tidos como suportes da «ciência burguesa» e capitalista!

Nos anos de chumbo do regime soviético, a ditadura de Estaline tornou-se  um reino de terror totalitário. Vários cientistas eminentes, que estudaram a genética seriamente, foram vítimas das purgas organizadas por Lysenko e pelos lysenkistas, tendo obviamente a aprovação de Estaline. 

Não que as coisas se repitam, mas há um certo tom de intolerância, um ignorar ostensivo duma parte da comunidade científica, um silenciar dos argumentos contrários, usando argumentos de autoridade, de exclusão, etc. processos esses que não são honestos, nem deviam existir num debate científico.

Assim como na questão da «genética» lisenkista, o cerne não era um debate científico, mas sim a utilização do tema para fazer uma purga, uma campanha de terror, também hoje a media mainstream amplifica enormemente os argumentos pró-alterações climáticas e silencia ou difama tudo o que vem dos cépticos, em relação ao fenómeno e às causas do mesmo.

Eu vejo isto como um enredo em que a ciência ficou refém dos grandes interesses globalistas e será muito difícil ela se libertar, pois a sua submissão é feita com «cadeias de ouro», não «douradas» meramente, mas de «ouro maciço». Quer isto dizer que qualquer cientista tem de ter muita coragem para fazer valer um ponto de vista contrário ou crítico do «consenso» (falso, traficado, aliás) pois isso significa ficar cortado de uma série de coisas: oportunidades de carreira, convites para projectos, subsídios para investigações, etc. etc...

Mas sou um optimista, apesar de tudo: acredito que «a verdade acaba sempre por vir ao de cima». 
Porém, durante este tempo em que esteve comprimida, abafada, suprimida, ela não pode ajudar a que soluções reais para os problemas reais surjam. 

Entretanto, espero que meus leitores não se deixem embalar, nem durante um segundo, na ilusão de que globalistas multibilionários, como Gates ou Soros ou outros, têm realmente «bom coração» e querem «salvar a humanidade»! 


(Assista a debate ao vivo no speakers corner... Londres )



PSICO-FÁRMACOS E SEUS EFEITOS: ESTE SABER É SUPRIMIDO



O VÍDEO ACIMA É PARTE DE UMA ENTREVISTA DE KELLY BROGAN, POR JOE ROGAN


«Hoje em dia, da maneira como os anti-depressivos são receitados, quase uma em quatro pessoas nos EUA, irá satisfazer os critérios para ser diagnosticada com depressão num momento ou noutro da sua vida e será submetida a um tratamento com medicamentos que interferem com o modo de funcionamento dos seus cérebros.»

[Extraído de Prescription For Violence: The Corresponding Rise Of Antidepressants, SSRIs & Mass Shootings ]

sexta-feira, 17 de maio de 2019

QUAL É A VERDADEIRA GUERRA?

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O título do presente artigo levanta a questão seguinte: qual o sentido do actual posicionamento dos actores globais, nomeadamente dos EUA, China e Rússia, qual a sua lógica intrínseca.
Muitos crêem, sinceramente, que existe um antagonismo inultrapassável entre os EUA e a China, entre os EUA e a Rússia. 
Com efeito, as declarações e atitudes hostis multiplicam-se, nos últimos tempos. Assiste-se a uma «orgia» de sanções de Washington contra a Rússia e a China, enquanto estes replicam com medidas concretas, destinadas a acabar com o papel do dólar como moeda de reserva mundial.
Porém, o confronto entre super-grandes é desejado pela elite globalista como forma de fazer «passar» a globalização total da economia mundial. Esta globalização (e ambição propriamente totalitária), implica:

- Um governo mundial, ou seja, uma instância de regulação dos interesses da elite, que se ocupe em manter o controlo da «turba», de criar portanto as condições para instalação de um neo-feudalismo planetário. 
Tal existe em embrião, no conselho de segurança da ONU, mas também nas instâncias como o G7, o G20. Também existem instâncias não oficiais, mas que possuem um papel muito importante como ponto de encontro e influência recíproca de líderes da oligarquia financeira e industrial com líderes de governos, como são as reuniões do grupo de Bilderberg ou o Fórum Económico Mundial de Davos.  

- umas forças armadas mundiais, a policiarem o planeta, como já o fazem as  múltiplas missões de «manutenção de paz»  da NATO e da ONU.

- uma moeda única mundial, a qual pode ser destinada às grandes transacções internacionais e cujo controlo seria atribuído ao FMI e/ou ao BIS. 
Os bancos centrais nacionais passariam a ter um papel mais modesto na regulação dos fluxos monetários, provavelmente apenas com mandato para gerir ao nível de cada país, que conservaria a sua moeda para as trocas «do dia-a-dia». Com o tempo, as moedas nacionais iriam desaparecer e ficaria uma única moeda, global, completamente digitalizada, com sua versão em criptomoeda. O FMI prepara-se, segundo Rickards, para lançar uma criptomoeda própria, em SDRs (special drawing rights = direitos de saque especiais), a «moeda» do FMI.

Para que este plano possa chegar a um ponto tal que a elite globalista exerça todo o controlo, tem de manufacturar uma gigantesca crise na qual as pessoas, os povos, vão sofrer imenso e irão desejar ardentemente que venha a tal «solução» do governo mundial.

A elite globalista usa a metodologia das três fases, ou seja, «problema - reacção - solução»:

- O problema pode ser a rivalidade entre potências, a guerra comercial entre a China e os EUA, por exemplo, ou a rivalidade em torno de esferas de influência, com guerras locais ditas «por procuração». Vimos exemplos recentes disso, na Síria e no Iémene, e estão em incubação outros cenários bélicos, como a Venezuela ou o Irão.

- A reacção, será algo que é suscitado por oposição à situação desencadeada: por exemplo, a invasão do Afeganistão e depois do Iraque suscitaram uma activação, uma potenciação das tendências islâmicas radicais em todo o mundo. Ou ainda, a existência de perturbações climáticas, atribuídas ao excedente de CO2 na atmosfera, causou um grande sobressalto das pessoas, na opinião pública mundial.

- A solução, consiste em apresentar algo, que era o resulto final que a elite pretendia, mas que seria completamente impossível de fazer passar «a frio», porque a opinião pública não o aceitaria. 
Por exemplo, nos Estados Unidos, o pacote de leis chamado «Patriot act», já estava redigido antes do 11 de Setembro 2001 mas, depois deste, foi passado nas duas câmaras dos EUA, sem qualquer oposição significativa, sendo ele um conjunto de leis que anulam, restringem, distorcem completamente o quadro constitucional, em particular, os direitos civis, as garantias do Direito. 
Outro exemplo: as «soluções» do capitalismo verde e das taxas carbono, para combater o aquecimento climático. Claro que isto não é sério. Se o fosse, todos os voos comerciais, militares, disparos de mísseis, actividades bélicas...todas estas actividades, que enviam imensos gases com efeito de estufa para atmosfera, teriam de ser severamente restringidas. Só assim, seria credível o compromisso dos que se querem mostrar «amigos do ambiente» nas conferências climáticas mundiais.

A verdadeira guerra, aquela que conduzem incansavelmente os Rockfellers, os Rothchilds, os Gates, os super-ricos na Rússia, na China, nos países árabes, etc., em todo o mundo, é a que tem como objectivo talhar o mundo, de forma a que esteja sob o controlo das elites
A ideologia afixada dos diversos líderes mundiais é aparentemente muito diversa, mas todos estão de acordo em repartir esferas de influência, de modo a exercerem o máximo controlo nas suas  diversas  regiões. 
Não se trata de «governança» partilhada, mas antes, do reconhecimento recíproco da esfera de influência de cada poder. 
Isto pode passar por «multilateralismo», mas - na verdade -  estamos a assistir ao advento dum neo-feudalismo à escala planetária, coordenado por instâncias como a ONU, OMC, FMI, etc, etc...

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quinta-feira, 16 de maio de 2019

TULSI GABBARD - UMA ENTREVISTA INTELIGENTE E ESCLARECEDORA


Comentário de Caitlin Johnstone: http://www.informationclearinghouse.info/51608.htm

DE ESCÂNDALO EM ESCÂNDALO SE VAI ESTE PAÍS



A propósito do escândalo das dívidas de Joe Berardo à CGD /Caixa Geral de Depósitos) ao BES (Banco Espírito Santo) e ao BCP (Banco Comercial Português), verifico que os interesses do Estado - portanto dos contribuintes, portanto do povo - foram e continuam a ser postos entre parêntesis ou mesmo arredados.
Alguma vez as pessoas acreditam que é possível - sem uma protecção especial do poder político e uma influência sobre a máquina judiciária - ficar a dever cerca de um milhar de milhões a bancos sem que estes executem as garantias que existem  como contrapartida destes empréstimos? A trapaça de mudar os estatutos da Fundação Berardo à revelia dos credores é - com certeza - uma manobra hábil, mas não há tribunal que não saiba reconhecer a ilegitimidade da mesma. É uma manobra grosseira para por a salvo património, que pode ser revertida/anulada num processo judicial devidamente instruído!

Há uma data de pessoas que ficaram «de tanga» porque se endividaram para comprar acções, que depois se desvalorizaram muitíssimo. O Sr. Berardo não é excepção; as acções do BCP que ele comprou graças aos empréstimos da CGD desvalorizaram-se imenso... pois bem, este era um risco que qualquer investidor tinha que assumir. Porque não o sr. Berardo? 

Faz algum sentido que o devedor Joe Berardo se mantenha incólume perante a justiça, venha pavonear-se no parlamento e tenha a «lata» de afirmar, à saída, que ele não possui nada?
Quem possui participações de controlo em várias empresas, as quais têm património e actividade comercial, não pode afirmar que não tem nada... A participação em empresas é uma forma de propriedade!

Estranho e preocupante é o facto de não haver uma iniciativa, de abertura de um processo contra este homem, na medida em que as suas participações nas referidas empresas foram dadas como aval para os empréstimos. As empresas não precisam ser desmembradas, postas em hasta pública ou coisa deste género, para que as somas devidas sejam recuperadas, pelo menos em parte. 

Há, com toda a evidência, aqui, uma inibição suspeita da parte da máquina da justiça. Por que razão não foi lançado um processo? Por que razão não foram arrestados os bens desse senhor? Por que razão se consideram intocáveis os patrimónios das empresas de Joe Berardo, se afinal, foram elas as entidades que nominalmente fizeram os empréstimos?

De todo este assunto, a imagem que fica é de que o Estado - sobretudo, através do seu banco público, a CGD - tem sido lesado, tem sido utilizado para troca de favores entre amigos, tem sido usado continuadamente para controlo de lugares-chave da administração e do sector empresarial do Estado.

Não existe nenhuma equidade ou sentido de justiça, quando certas personagens têm «direito» a tratamento especial, «audições parlamentares». Na verdade, são criminosos comuns, pois fazer dívidas, comprar acções conferindo participação na administração dum banco (BCP), graças a esses empréstimos e depois não pagar as dívidas aos bancos, não é um «pequeno pormenor»... Se fosse eu ou o leitor, teríamos os bens arrestados e -eventualmente - iríamos parar à prisão, caso o montante total desses bens não atingisse a soma em dívida! 

Por que razão Joe Berardo tem um tratamento especial? Por que motivo tudo se fica pela aparência? Porquê somente um «inquérito» parlamentar, sem nenhum poder na esfera jurídica?
As respostas a todas estas estas perguntas e mais aquelas que os leitores possam fazer sobre este caso, implicam um conhecimento dos meandros do poder político, financeiro e judicial, em Portugal deste século XXI.

quarta-feira, 15 de maio de 2019

GESTÃO DO SISTEMA FINANCEIRO MUNDIAL & BANCOS CENTRAIS

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O problema central da gestão financeira mundial pode comparar-se à gestão da floresta.  Não vou aqui tentar fazer passar uma teoria esotérica, que ligasse os fogos florestais a aspectos dos mercados financeiros, ou vice-versa. 
Tentarei uma abordagem por analogia, exemplificando através de metáfora, o que ocorre neste momento, no mundo económico e financeiro.

Assim como a boa gestão da floresta, implica que se faça o desbaste, se retire a madeira morta e o restolho, que formam um material combustível muito fácil de atear, sobretudo quando a terra está seca, no pino do Verão... assim, uma boa gestão dos efectivos monetários mundiais, deveria apontar idealmente (embora isto seja apenas um número para o qual se tende) para um equilíbrio, para uma constância da massa monetária. Só assim, a economia mundial poderia ser apropriadamente servida pelas políticas financeiras, ou seja, pelas políticas destinadas à gestão do dinheiro. 
Mas, o que tem sido a realidade dos últimos decénios? 
- Desde o abandono, pelos Estados Unidos, do padrão ouro, negando a convertibilidade dos dólares em ouro, em 1971, que a economia mundial tem vivido de crise em crise, cada qual mais grave que a precedente.
Ora, esta sucessão de crises, com a destruição de riqueza que ocorre, tem um grave custo - sobretudo para as economias mais pobres, que não têm excedentes que permitam aguentar os momentos difíceis e retomar o investimento em sectores produtivos, nas épocas de bonança. 
Com efeito, as crises financeiras, ao destruírem imensas quantidades de capital, investido em activos especulativos, sobre-valorizados, são também elas nefastas para a economia «real», a que corresponde - não às bolsas e aos especuladores - mas a obras concretas, a produtos comerciáveis, a serviços necessários à população. 
Durante a fase de acumulação duma bolha especulativa, os capitais disponíveis são canalizados para estes activos inflacionados, quer sejam acções de empresas, propriedades imobiliárias, ou outro tipo de bens... Isto significa que muito investimento produtivo, o que teria capacidade de gerar lucro, mais-valias, vai ficar sub-capitalizado, vai estagnar ou retrair-se, porque não tem o financiamento adequado.
Os bancos centrais e os governos - principalmente do chamado «Ocidente» - são largamente responsáveis, sobretudo desde 2008, mas antes também, do inflacionar de bolhas especulativas, através de vários processos, como irei detalhar abaixo. Note-se que, embora as justificações utilizadas se refiram ritualmente ao «auxílio da economia», há na verdade, um impedimento real da economia funcionar. 
Ao suprimirem-se os mecanismos auto-correctores e portanto optimização do capital e dos esforços investidos, a economia não é auxiliada, mas sim desbaratada. 
Os banqueiros centrais sabem isto perfeitamente, pelo que o discurso deles, tal como o dos políticos, é apenas para manter as aparências e acalmar as pessoas.
- Os bancos centrais criaram um enorme excedente de massa monetária, na sequência da crise de 2008, com o pretexto de salvar o planeta da bancarrota em cascata dos diversos bancos comerciais, incluindo dos países mais centrais no sistema (Estados Unidos e certos países europeus).
Esta massa monetária foi directamente para as reservas dos grandes bancos, não foi para a economia real. Assim, embora os bancos tivessem sido salvos da falência, na economia real observou-se uma recessão brutal, da qual não se terá ainda saído, segundo alguns economistas.
- As constantes compras, pelos bancos centrais, de activos (muitos deles «tóxicos», como os pacotes de crédito hipotecário, recheados de contratos não cobráveis!), vieram fornecer um excesso de liquidez, disponível para a banca e a finança, as quais emprestaram, a juros muito baixos, a grandes corporações - Apple, Microsoft, Facebook, etc, etc. Estas, em vez de se servirem desse capital emprestado para expandir o seu negócio, o diversificar, ou aplicar em investigação e inovação, foram usá-lo para auto-compras das suas acções em bolsa, propulsando assim as cotações a alturas inéditas. As outras empresas cotadas, acabaram também por subir, por arrastamento, independentemente do seu valor real.
Note-se que os especialistas das bolsas e das empresas industriais cotadas, sabem avaliar - com alguma precisão - uma valoração bolsista, em relação à estimativa do valor da empresa (activos próprios, valor que é capaz de gerar no mercado, etc.): Quando existe uma bolha, não apenas as cotações bolsistas chegam a atingir 30 vezes, ou mais, o valor real estimado, há também uma atracção para mais capitais se investirem, o quais serão irremediavelmente perdidos, quando estas bolhas rebentarem. 
É um mito pensar-se que a maior parte dos investidores, pequenos ou grandes, têm a habilidade de se retirar a tempo e salvaguardar o lucro decorrente da subida, vendendo pouco antes do mercado inverter e iniciar uma descida, tanto mais que esta é frequentemente vertiginosa, um «crack».

- O dinheiro, nas mãos de alguns ricaços, acaba por ir parar a activos «sólidos», em particular, o imobiliário: gera-se então uma bolha «secundária» neste sector, na medida em que ele é propulsionado pelos lucros feitos, inicialmente, no mercado bolsista (acções e obrigações).
As pessoas com rendimentos fracos ou moderados, mesmo em economias que estejam a funcionar razoavelmente, ficam excluídas do acesso à habitação. Em particular, este fenómeno tem ocorrido na América do Norte (Estados Unidos e Canadá), no Extremo Oriente (Japão, Coreia do Sul, Hong-Kong, Singapura...) e na Europa Ocidental (Paris, Londres, Madrid, Zurique, etc...). 
Com a política continuada de taxas de juro próximas de zero ou negativas, as disfunções multiplicam-se, sendo particularmente grave, o desincentivo da poupança: havendo taxas de juro (decretadas pelos bancos centrais) próximas de zero e inferiores aos índices (oficiais) da inflação, as pessoas têm tendência a gastar todo o excedente, vivendo - muitas vezes - em dívida permanente, através do recurso excessivo aos cartões de crédito.
Se é verdade que o consumo é estimulado pelas baixas taxas de juro, o que teoricamente irá estimular a indústria, também é verdade que as pessoas do «Ocidente» se transformaram em consumidoras vorazes de produtos manufacturados no «Oriente» (China, Indonésia, Tailândia, Vietname, etc). Das poucas indústrias transformadoras que se observam no Ocidente, muitas delas têm graves problemas de solvência; não foram estas que os financeiros e os governos escolheram ajudar....

Hoje, é claro que as taxas de juro a praticamente zero, ou negativas, durante longos períodos, são causadoras de distorções nos diversos mercados, promovem a criação de bolhas, estimulam a especulação imobiliária, estimulam um consumo sumptuário, ou não essencial, arrastam as empresas industriais do Ocidente para a falência, acentuando a desertificação industrial deste.

A estimulação de uma «economia de casino», de actividades especulativas, a injecção constante de capital nas bolsas, pelo mecanismo atrás descrito, acentuam os ciclos de «boom-bust» ou de «pára/arranca». Com efeito, embora estes ciclos sejam intrínsecos ao capitalismo, eles são exacerbados pelos movimentos frenéticos dos capitais, de uma zona geográfica para outra e de um sector industrial para outro, literalmente «à velocidade da luz». 

Por fim, os próprios governos, embora sejam apologistas de políticas ditas de «austeridade» para o povo, continuam a pedir emprestado, através de «bonds» do tesouro, a juros ridiculamente baixos e distorcidos, em vez de fazerem cortes naquilo que efectivamente são despesas inúteis, ou mesmo nefastas, como as despesas com armamentos, e outras. 

- Os juros baixos permitem que os governos mantenham «rolando» as dívidas acumuladas. Hoje, um endividamento superior a 100% do PIB, tornou-se algo de muito «banal», quando há apenas dez anos atrás, constituía um «escândalo». 
De facto, o endividamento excessivo permanece um escândalo, pois os juros - que saem dos orçamentos dos Estados - vão para os bancos e para uma oligarquia já muito rica, enquanto estas somas poderiam servir para programas que desenvolvessem o país. Mas, também é um escândalo, porque esse capital em dívida continuará a ser devido pela população do país em causa, ou seja, vai afectar - à partida - as gerações futuras. 
É como se gastássemos à tripa forra e deixássemos dívidas tais que, apenas a geração dos nossos filhos e netos as pudesse pagar. 
Não estou a dizer que somos nós - cidadãos - que geramos AQUELAS DÍVIDAS, que os Estados fazem quando obtêm empréstimos nos mercados financeiros; estou a dizer que - apesar da sua atribuição em nada nos favorecer - somos NÓS, OU NOSSOS FILHOS, OU NETOS, que as teremos de pagar, mais cedo ou mais tarde...
As quantias existentes nos mercados mundiais de dívida, às quais corresponde um valor fictício, são como a madeira morta, as ervas secas, que formam o combustível para um grande incêndio florestal. Se este restolho estiver presente em pequena quantidade, o incêndio é controlável. Se for o contrário, vastas extensões de floresta, ou seja, inúmeras unidades produtivas, serão devoradas pelas chamas. 
As quantias excedentárias, ou de unidades fictícias (ou «fiat»), são como a madeira morta, o combustível, numa crise global. Elas serão causadoras de ruína, de incontáveis sofrimentos aos povos. Sofrerão aqueles que não têm culpa nenhuma do estado em que se encontram a economia e as finanças mundiais. 
Os responsáveis verdadeiros - temo bem - ficarão impunes, nem sequer serão incomodados, pois a ignorância da plebe é o melhor resguardo dos oligarcas que nos governam.