sexta-feira, 23 de novembro de 2018

A DESPROPORÇÃO DA DÍVIDA GLOBAL E O SEU SIGNIFICADO

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   Transportando notas durante a hiperinflação, na República de Weimar (Alemanha 1923)

Ao longo de décadas os economistas do mundo inteiro foram «formados» (eu diria deformados ou endoutrinados) nas teorias keynesianas e neo-keynesianas. Segundo estas, a possibilidade de um governo, através do banco central, emitir moeda deveria estar totalmente desvinculada de um padrão-ouro, pois só assim poderia acudir, estimulando a economia, quando esta entrasse numa crise recessiva. A impressão monetária (a inflação) seria um estímulo para o consumo, para o investimento, havendo, no final uma reabsorção da dívida, em virtude da estimulação da actividade económica e consequente maior captação pelos impostos.
Esta tem sido, em resumo, a «doutrina» (eu diria antes a fé) dos keynesianos. Simplesmente, tal não passa de um voto piedoso, de uma ténue máscara, que tem permitido a maior transferência de riqueza dos pobres e remediados em direcção aos ricos, de que há memória. 
Com efeito, as pessoas foram estimuladas a endividar-se para lá de todas as possibilidades de sustentação, a nível de finanças pessoais e familiares. 
Pior ainda, os Estados fizeram o mesmo. Digo pior, porque uma pessoa ainda tem a capacidade de resistir à tentação do «crédito fácil» e de manter um orçamento pessoal equilibrado. Mas o cidadão comum não tem poder em relação ao Estado, o qual foi capturado pelas máfias dos partidos e dos grupos de interesses que gravitam em torno do poder, a começar pelos grandes empórios bancários e grandes empresas, que vão buscar ao Estado benesses principescas.   
O que acontece então é que a dívida pública cresce também inexoravelmente, o que implica um acréscimo de impostos para o futuro, para daqui a 20, 30 ou mais anos, para as futuras gerações ainda não nascidas, mas que estarão logo condenadas a pagar as larguezas dos que comandam os Estados no momento actual. 
Os políticos querem manter-se no poder, portanto tentam, a todo o custo, «mostrar obra», satisfazer o máximo de grupos de interesses, que têm os políticos na mão: as campanhas eleitorais são financiadas essencialmente por eles. 

Quase ninguém sabe qual o aumento anual global da dívida(*): 8 triliões de dólares
Um número astronómico. 
Torna-se difícil a qualquer um compreender o significado disso. Para comparação, atente-se no valor em dólares do ouro e da prata extraídos durante o ano de 2018 ao nível mundial: 151 biliões de dólares. Se meus cálculos estão correctos, este último valor não chega a ser 1,9% do aumento anual da dívida.
Não há dúvida de que a dívida irá rebentar, de uma forma ou de outra. Mas os políticos não querem ficar desmascarados. As consequências disso seriam revoltas populares e não seriam, para eles, propriamente agradáveis! 
Portanto, o mais provável é que seja provocada a inflação. Ela irá cilindrar as poupanças, as pensões e os salários, mas as dívidas serão beneficiadas, pois aquilo que é devido nominalmente, já não tem senão uma fracção do valor inicial. 
É muito difícil fazer com que a inflação se mantenha dentro de valores «razoáveis», muito depressa a dinâmica de desconfiança na moeda atinge um grau tal, que se assiste à subida até à hiperinflação. Nesta etapa, o valor da moeda está completamente destruído.
 É a este perigo a que as «elites» políticas e financeiras do mundo estão sujeitando a humanidade. Eles serão tentados a desencadear a guerra para encobrir o seu monstruoso roubo das massas trabalhadoras dos seus respectivos países. Já têm feito preparativos, usando vários cenários, como sabemos: Síria, Ucrânia, Mar do Sul da China...e outros.

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(*) https://www.zerohedge.com/news/2018-11-22/global-debt-increase-2018-vs-gold-investment-must-see-charts
Citação do artigo:
[...] Thus, the total value of all gold and silver mined in 2018 is a measly $151 billion compared to the increase in global debt 1H 2018 of $8 trillion.  What most investors fail to realize is that the massive $247 trillion of debt is propping up the assets in the market.  So, when the debt implodes, so will the assets.  On the other hand, gold and silver will still hold their value and likely increase significantly during the next market crash.[...]

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