DMITRI ORLOV:
The New Cuban Missile Crisis That Isn’t
DMITRI ORLOV:
Quem disse que a Evolução Humana é algo SÓ para especialistas? Que sua investigação é um trabalho rotineiro de análise de ossos fossilizados e pedras talhadas?
Não é pequena ironia haver uma revolução da maior importância e esta ser IGNORADA - LARGAMENTE - NA MEDIA. Porém, não restam dúvidas de que, desde os finais do século passado até ao presente, deu-se uma profunda transformação nas Ciências do Homem e na Biologia Evolutiva. Esta transformação tem implicações* em muitos domínios, do Estudo do Comportamento, à Genética, à Bioquímica e à Ecologia...Uma autêntica revolução, da qual não se fala!!!
Porém, eu acho que, não apenas é um domínio do conhecimento muito dinâmico, como tem repercussões em todos os outros domínios: Antes de mais pela modificação profunda que temos da compreensão da nossa própria espécie, da maneira como esta veio a surgir e evoluir. É a Revolução Antropognósica, assim como a Revolução Coperniciana foi em relação à Astronomia e Cosmologia!
Mas, além disso, esta busca das origens da humanidade mostra o absurdo de todos os racismos, sua estupidez e ausência total de cientificidade. Se as escolas do mundo inteiro ensinassem, às crianças e adolescentes, a saga da Evolução Humana, haveria muito menos bases para racismos e, pelo contrário, maior respeito e aceitação da diversidade anatómica, cultural, comportamental e das sociedades.
O conferencista - John Hawks - é um excelente professor e divulgador. Ele continua ativo no terreno e no laboratório. Participou na aventura da descoberta e extração de Homo naledi na gruta de «Rising Star», na África do Sul. A conferência vale a pena, porque ele tem o talento de comunicar de modo a cativar, tanto uma audiência de estudantes em antropologia, que já sabem alguns dos factos apresentados, como um público geral, que apenas tem uma vaga ideia sobre o assunto, mas que pode - graças a ele - ficar com a curiosidade aguçada.
Bom visionamento!
Outros escritos e factos sobre Evolução:
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/06/evolucao-humana-arborescente.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2022/09/dialogos-sobre-o-fenomeno-humano.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2018/09/somos-todos-hibridos-falsidade-do.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2018/11/nos-os-pequenos-deuses-n4.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2021/10/o-adn-lixo-que-afinal-nao-era.html
https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2020/01/h-erectus-durou-mais-que-todas-as.html
Apresento nova playlist, com algumas composições e interpretações do «Rei da Música Soul»:
Otis Redding (9 de Setembro 1941 – 10 de Dezembro 1967) foi um autor, compositor e cantor americano, considerado dos maiores ídolos da música popular e artista de primeiro plano da música soul e rhythm and blues.
Ele influenciou muitos artistas que, não só interpretaram suas composições, como também se inspiraram do seu estilo vocal, gutural, rude e apaixonado.
Esta playlist inclui atuações em palco de Otis Redding, que mostram como ele criava uma atmosfera de exaltação, de conivência com o público e de entrega total.
[Citação da Newsletter de Glenn Greenwald:
Tem havido alguma notícia - por mim e por outros — sobre a nova e francamente fraudulenta indústria de «desinformação». Esta auto- proclamada peritagem, baseada em pouco mais do que uma ideologia política simplista, reivindica o direito de ser oficialmente quem decreta o que é «verdadeiro» e «falso», para, entre outras coisas, justificar a censura feita pelo Estado e as corporações, exercida pelos «peritos» que são quem decreta aquilo que é «desinformação». Estes grupos são financiados por um consórcio de um pequeno grupo de bilionários neoliberais (George Soros e Pierre Omidyar) junto com as agências de serviços secretos dos EUA, Reino Unido e U.E. Tais grupos, financiados pelos bilionários e governos, estão quase sempre disfarçados sob nomes com conotações inócuas, tais como:
The Institute for Strategic Dialogue, The Atlantic Council's Digital Forensics Research Lab, Bellingcat, the Organized Crime and Corruption Reporting Project.
Estes, estão desenhados para darem uma aparência de serem grupos de estudiosos apolíticos. No entanto, sua finalidade real é a de fornecer o enquadramento justificativo de campanhas para estigmatizar, reprimir e censurar quaisquer pensamentos, opiniões e ideias, em dissidência com a ortodoxia neoliberal dos poderes. Eles existem, por outras palavras, para dar a impressão de que a censura e outras formas de repressão, têm fundamento científico, em vez de ideológico.
Leia a continuação (em inglês) no link seguinte:
Eu não sou «competente» para falar deste assunto, segundo os especialistas que se arrogam o exclusivo de perorar sobre economia. Porém, tendo eu vivido e estudado, estou em condições - como qualquer um - de observar a realidade do «livre mercado» ou sua ausência.
Adam Smith designava-se a si próprio como «filósofo moral»
Podemos retomar as obras de Adam Smith, David Ricardo, e outros, para nos certificarmos que o seu liberalismo significava outra coisa, completamente diferente daquilo que as correntes neoliberais contemporâneas postulam em relação a este assunto.
As correntes neoliberais atuais, defensoras do «livre mercado», pretendem que este seja uma espécie de «Deus ex Machina», que acaba por tudo regular, por satisfazer os compradores e os vendedores, com o seu jogo de valores, pelas intervenções de uns e de outros.
Mas, logo aqui, os modelos dos neoliberais sobre o comportamento dos intervenientes nos mercados são totalmente abstratos: Com efeito, o interveniente no mercado é representado como uma entidade abstrata com conhecimento instantâneo de todos os preços praticados nos mercados! Um átomo que tudo vê, tudo sabe, como se fosse Deus!? Esse agente-mitificado seria capaz de fazer, para cada operação de compra e venda, um lance otimizado. Além disso, o seu raciocínio e comportamento seriam inteiramente racionais, não sofreria do viés de quaisquer preconceitos. Mas, afinal, este «agente-robot-do-mercado» não teria nada do que há de humano no comportamento.
Mesmo que se queira atribuir à «mão invisível»(1), essa propriedade misteriosa que faz com que os preços finais acabam por ajustar-se aos desejos, tanto dos vendedores como dos compradores, tal está muito longe da realidade sentida, da realidade económica do dia-a-dia.
Atrevo-me a dizer que é observável por todo o lado a distância entre o modelo de mercado livre, segundo os neoliberais e a realidade, quer se trate da transação de couves (uns poucos euros), quer de apartamentos (dezenas ou centenas de milhares de euros). Na realidade, o que eu e muitas pessoas verificamos, é que a capacidade aquisitiva por parte do comprador e a perceção do vendedor, de que tem muitos ou poucos clientes para seu produto, são os fatores decisivos para o ajuste dos preços.
Não existe ciência económica no mesmo plano que as ciências naturais. Esta ciência económica «matematizada», que nos querem fazer engolir do ensino secundário até à faculdade e mais além, como se fosse uma ciência rigorosa, é simplesmente uma fraude.
Os clássicos acima referidos consideravam a economia, como fazendo parte das ciências «morais»: Queriam com isso dizer que estavam sujeitas a muitas das paixões humanas, o que - não tenho dúvida - continua a ser atual. Se não tivermos em conta o jogo psicológico, do nível dos indivíduos ao das relações internacionais, não podemos compreender nada do que se passa.
Os pânicos das bolsas, as manias e outros ventos de loucura, que estão sempre a surgir, em tal ou tal ponto do globo e em tal ou tal circunstância, seriam - a meu ver - a prova cabal de que a economia é uma ciência humana, que está correlacionada com as paixões, as políticas, as ambições de poder, de status, de proteção, etc. Sentimentos muito humanos, quer lhes demos uma conotação positiva ou não; o facto é que as matematizações desses comportamentos são apenas construções arbitrárias, não descrevendo de forma adequada, nem os fenómenos aparentes dos mercados, nem a psique. Os modelos não têm em conta a enorme diversidade e maleabilidade do comportamento humano, devido à diversidade e riqueza da psique.
A economia contemporânea, na sua versão dominante, está conscientemente a fazer inferências abusivas, no que respeita aos indivíduos e ao seu comportamento nos mercados. Não espanta que os modelos construídos com base em tais falácias, sejam apenas «bonitas construções» para fazer correr um programa de software e ... nada mais.
Mas, o modelo «da economia de livre mercado» está tão arreigado na mente dos políticos e economistas, que penso seja um caso de construção obviamente ideológica, que se infiltrou no discurso dominante, ao ponto de convencer muitos da sua validade.
Os mercados existem e não apenas nas economias capitalistas: existiram desde a mais alta antiguidade. Não me insurjo contra a noção de mercado. É uma realidade, desde os alvores das civilizações; mas temos de compreender como é que os nossos antecessores realizavam as trocas, como as encaravam. O capitalismo obnubilou muita coisa. Antes do triunfo do modo de produção capitalista (final do século XVIII ou princípio do século XIX), as relações humanas não se guiavam pela «ditadura da mercadoria». Não existia, em muitos casos, uma economia onde o dinheiro dominasse, mas isto não significa que não existissem uma economia e trocas comerciais.
Hoje mesmo, em que a mercantilização de tudo predomina, existem numerosas instâncias em que as pessoas e organizações não são movidas por critérios económicos, mas por outros (2). Não significa que tais comportamentos sejam resquícios do passado, mas antes que nós somos essencialmente os mesmos (afetivamente e psicologicamente) que os humanos de há dez mil, ou mais anos.
A questão do mercado ser «livre», reduz-se somente à questão de existir - ou não - intervenção estatal no mesmo, se eu bem compreendo os defensores do neoliberalismo na economia.
Ora, o Estado tem regulado os mercados de várias maneiras: Não vejo que a ausência de regulação do mercado possa ser benéfica para os intervenientes. O respeito por regras é fundamental para haver mercados ordenados, logo, para serem «livres», no sentido de exprimirem a concorrência entre os vários intervenientes, de modo não falseado. Tem de existir, nas sociedades capitalistas contemporâneas, uma intervenção do Estado nos mercados. Não acredito que os defensores dos tais «livres mercados» prescindam dessa mesma intervenção.
Parece-me que as pessoas muito preocupadas em preservar a «liberdade dos mercados», estejam sobretudo preocupadas com o mercado do trabalho, quer o afirmem, quer não. Se houver um enquadramento legislativo, que constrange os patrões e os empregados a estabelecer relações contratuais coletivas, a liberdade de recrutar e de despedir está efetivamente restringida.
Não penso que os trabalhadores queiram prescindir da sua liberdade de estabelecer um contrato com os patrões, de mudar de emprego, de rescindir o contrato de trabalho, em caso de incumprimento por parte da entidade patronal, etc.
Portanto, quer-me parecer que se fosse aplicada a liberdade de contratação segundo as regras e leis vigentes nos países onde os direitos laborais são respeitados, não haveria boa parte da conflitualidade entre as classes patronal e trabalhadora. Estes conflitos surgem, muitas vezes, devido à negação dos direitos dos assalariados, em termos de contratação, ou de negociação e perante a obstinação dos patrões em não aceitarem discutir as reivindicações pertinentes dos trabalhadores.
Afinal, os trabalhadores são os reais defensores da liberdade de contratação e de negociação. Muitas vezes os patrões, não apenas se negam a negociar, como vão pedir a intervenção estatal, para reprimir (por vezes violentamente) as reivindicações dos empregados.
A liberdade do mercado de trabalho ganharia se os capitalistas e seus suportes mudassem de postura. Em vez de falarem constantemente de «livres mercados», deveriam antes aplicar os princípios legais em vigor ao mais importante mercado económico e social, que é o do trabalho.
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(1) Expressão usada por Adam Smith na sua obra «A Riqueza das Nações». Usou-a para exprimir, não a confiança cega nos mecanismos do mercado, o sentido que agora lhe é atribuído (falsa interpretação), mas antes, no contexto dum discurso teórico, uma idealização das relações mercantis na sociedade. Trata-se dum processo literário, o da «experiência mental». Este tipo de demonstração, usando situações imaginárias, era frequente nas Luzes. Muitos escritores usaram-na: Diderot, D'Alembert e Jonathan Swift, entre outros.
(2) Um artigo de Karl Polanyi dá-nos uma visão global da evolução das sociedades e dos respetivos valores: https://www.commentary.org/articles/karl-polanyi/our-obsolete-market-mentality/