(*Santa Irene)
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sábado, 20 de julho de 2024
domingo, 30 de outubro de 2022
Açores - Descoberta de Civilização Atlântica (Idade do Bronze / 2000 A.C.)
Documentário da BBC
NB: Depois de eu ter publicado este vídeo, recebi uma curta nota de um amigo meu, arqueólogo português de reputação internacional, que dizia em substância que estas «provas» não tinham qualquer consistência e credibilidade.
Fiz um pequena pesquisa e encontrei relatos na imprensa regional açoriana, de 2012 salvo erro, em que uma comissão de peritos arqueólogos, nomeada pelo governo regional, chegava à conclusão que as estruturas referidas por certos arqueólogos amadores, não tinham a idade que lhes era atribuída e que os «artefactos da suposta civilização perdida» não o eram, mas somente estruturas naturais.
Parece-me improvável que um grupo numeroso de colonizadores, no passado distante, tenha chegado ao arquipélago dos Açores, dada a enorme distância deste, em relação aos dois continentes (Europa e América) e mesmo em relação a ilhas que foram povoadas, caso do arquipélago das Canárias. Mas, se devemos exercer o nosso espírito crítico, também devemos ficar abertos a todas as hipóteses, nomeadamente porque no Pacífico, as culturas das ilhas da Polinésia, da Ilha de Páscoa, do Havai, resultam de colonizações a partir de vários pontos de dois continentes (América do Sul; Indonésia, Filipinas e a Ilha Formosa na China). Dada a tecnologia de construção das embarcações e do saber náutico desses povos, nessas épocas, é qualquer coisa que nos espanta hoje, saber que empreenderam tais viagens. Mas, neste caso, temos a prova disso pelas sequências dos ADN dos respetivos povos da Polinésia, da Ilha de Páscoa e do Havai: Possuem traços comuns com os ADN de populações atuais, do Sul-Este da Ásia, ou da América do Sul.
Em termos práticos, é necessário um número de famílias mínimo, para que uma colonização deste género tenha sucesso, da ordem da centena de famílias, para não haver endogamia excessiva. Isso significa várias e sucessivas expedições. Teria de haver um incentivo para que houvesse tal povoamento, a partir de conhecimento prévio por exploradores, que tivessem abordado essas ilhas. Veja-se o caso da Groenlândia e de zonas da América do Norte, povoadas por Inuítes. A sua colonização por povos escandinavos, em várias épocas, foi proporcionada pelo clima mais ameno, em determinadas épocas da Idade Média, permitindo pastorícia e agricultura e fundação de aldeias e vilas, assim como o comércio de vários produtos marinhos altamente cotados, tais como os «chifres de unicórnio», na realidade, defesas da baleia do ártico, o narval.
Admito que o arqueólogo amador que dá as explicações ao repórter da BBC seja um entusiasta, mais preocupado em fazer valer a sua tese, do que em aceitar os pareceres críticos dos arqueólogos profissionais. Mas, na minha ótica, a capacidade, o potencial de alcançar os Açores, por exploradores pertencentes a civilizações hoje desaparecidas não é de todo fantasista. Os vikings, os povos das ilhas do Pacífico, e outros, possuíam tecnologias de construção de embarcações e, sobretudo, técnicas de navegação que nos espantam, hoje, mas temos as provas inegáveis disso.
Porém, no caso dos Açores, não existem factos incontroversos. E uma hipótese não é um facto. Espero que pessoas com a competência que eu não possuo, venham nos esclarecer.
quarta-feira, 15 de setembro de 2021
SEGREDOS DA CIVILIZAÇÃO MINOICA - CRETA
Os minoicos foram a primeira civilização europeia. Uma excelente lição de arqueologia do mundo mediterrâneo e da rica cultura, desaparecida há 3000 anos.
Este documentário talvez surpreenda por tudo aquilo que não sabemos sobre tão importante civilização.
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PICASSO E O MINOTAURO
A civilização de Creta, através dos mitos, vive e inspira as artes e mesmo a filosofia.
Picasso serviu-se - em muitos desenhos - da figura simbólica do Minotauro, como expressão do desejo sexual. Os seus desenhos põem em cena minotauros, com um corpo de homem e uma cabeça de bovino. Muitos, estão numa relação direta com figuras femininas.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2019
GOMA DE BÉTULA COM 5700 ANOS E O QUE REVELA
Num sítio arqueológico da Dinamarca com 5700 anos, uma «pastilha elástica» descartada encerrava muita informação sobre quem a mascou:
Foi sequenciado o genoma completo da mastigadora de goma de bétula. Esse ADN corresponde a uma mulher ou uma criança do sexo feminino, com traços fisionómicos mais próximos dos caçadores-recoletores da Europa do Oeste, do que dos agricultores que se tinham instalado recentemente (nessa época) na região.
Além do ADN da menina, a goma de bétula também revelou a composição de micro-organismos presentes na cavidade oral: tinha o vírus de Epstein-Barr e deve ter sofrido de mononucleose.
Outra equipa de cientistas tinha descoberto, no ano anterior, também na Escandinávia, goma de bétula mascada, ainda mais antiga.
É muito raro obterem-se em escavações, ossos fossilizados do Mesolítico e do início do Neolítico na Escandinávia. Por isso, a técnica genómica aplicada a goma de bétula permite identificar muitos traços das populações desse período que - de outro modo - seriam difíceis de obter.
É fantástica a quantidade de dados que a genómica aplicada à arqueologia tem revelado, sem dúvida, incluindo novos e surpreendentes aspectos da vida humana.
quinta-feira, 1 de novembro de 2018
DO NEOLÍTICO À IDADE DO BRONZE (PARTE IV *)
Carro da idade do bronze, com c. 4000 anos
Se a sequenciação completa do genoma humano trouxe uma série de surpresas (mas isto seria tema para outro artigo) a descoberta de ADN antigo de várias proveniências e o seu relacionamento com o ADN das pessoas contemporâneas tem um papel igualmente desestabilizador relativamente às «certezas» das origens deste ou daquele povo.
Hoje, iremos ver como é que um povo - os yamnaya - oriundo de uma zona entre as montanhas do Cáucaso e o Mar Negro, chamada o Ponto, se expandiu há cerca de 4500 anos atrás, espalhando os seus genes - como comprovado pelo ADN antigo - mas também a sua língua, o proto-indo-europeu, de onde derivaram quase todos os idiomas actuais da Europa e também do Próximo-Oriente, da Pérsia e do Norte da Índia.
Com efeito, contrariamente ao que se pensava, o modelo de transformação de uma cultura noutra por influências, «continuísta», não é o mais adequado, sendo antes a ruptura decorrente de invasão e conquista, uma modalidade de transformação que se afirma cada vez com maior nitidez, à medida que o ADN antigo vai sendo mais utilizado nos estudos.
Segundo os estudos com ADN antigo, os haplotipos autóctones (presentes no cromossoma Y) são substituídos, há cerca de 4500 anos atrás, seguidos de transformações em muitos aspectos tecnológicos, como as cerâmicas cordiformes, sepulturas de novo tipo, formando pequenas colinas artificiais e rituais diferentes de sepultamento, sepulturas individuais em vez de colectivas. Tudo o que se conhece nesta transição, indicia uma mudança de uma sociedade relativamente igualitária, para uma fortemente hierarquizada.
Esta modificação teria mesmo sido acompanhada pelo desaparecimento completo dos autóctones do sexo masculino na Península Ibérica, como refere David Reich (1).
A domesticação do cavalo (2) e a utilização da roda radiante (ao contrário da roda de madeira sólida) tornando mais leves e ágeis os carros de guerra, terão sido os meios que permitiram a rápida conquista dos Yamnaya.
Eles invadiram em ondas sucessivas, ultrapassando as grandes estepes e planícies a leste do Danúbio e do Elba, até ao Oeste do continente europeu, até o Atlântico. A data da conquista de Península Ibérica terá sido um pouco mais tardia, mas nem por isso foi menos avassaladora, ou mesmo, brutal.
As hostes eram compostas essencialmente por homens; as mulheres não seriam mais do que um décimo da população em migração. Sabemos isso, pelo rasto do ADN antigo de haplotipos de mulheres yamnaya, em populações europeias ocidentais após a invasão.
Houve portanto formação de descendentes híbridos entre homens yamnaya e mulheres autóctones.
Note-se que ocorreu outra substituição de haplotipos típicos de uma população masculina autóctone de caçadores-recolectores, com aparecimento de novos haplotipos, oriundos de populações que já praticavam agricultura, muitos milénios antes (cerca de 10 mil anos antes do presente), aquando da transição do Paleolítico tardio para o Neolítico. Na Península Ibérica, o processo terá ocorrido há cerca de 8000 anos, bastante mais tarde que em relação ao centro da Europa.
As migrações que espalharam as culturas do Neolítico na Europa deixaram rasto nos ADN dos cromossomas Y: verifica-se uma substituição não a 100%, mas da ordem de 80%.
Por contraste, nas invasões do fim da idade do cobre (Calcolítico), início da idade do bronze, observa-se uma substituição total dos haplotipos anteriores (masculinos). Os especialistas em dinâmica populacional (3) da antiguidade colocam portanto a hipótese de que existiu uma guerra de extermínio e escravização dos sobreviventes, com tomada das mulheres dos povos submetidos pelos guerreiros invasores.
https://www.pinterest.pt/pin/174796029266973741/
Não sou a pessoa indicada para escrever em detalhe sobre as mutações (4) que sofreu o continente europeu, ao longo dos milénios do que se convencionou chamar a pré-história.
Apenas gostava de chamar a atenção para o facto de haver muitas culturas esquecidas do grande público, do imaginário colectivo, apenas estudadas pelos eruditos. Mesmo as várias narrativas da antiguidade, que referem povos como os «filisteus» (Bíblia), ou os «troianos» (Ilíada), têm contribuído para uma visão parcial dos mesmos; só agora, com a arqueologia contemporânea, podem ser plenamente reavaliados.
https://reich.hms.harvard.edu/
Com efeito, contrariamente ao que se pensava, o modelo de transformação de uma cultura noutra por influências, «continuísta», não é o mais adequado, sendo antes a ruptura decorrente de invasão e conquista, uma modalidade de transformação que se afirma cada vez com maior nitidez, à medida que o ADN antigo vai sendo mais utilizado nos estudos.
Segundo os estudos com ADN antigo, os haplotipos autóctones (presentes no cromossoma Y) são substituídos, há cerca de 4500 anos atrás, seguidos de transformações em muitos aspectos tecnológicos, como as cerâmicas cordiformes, sepulturas de novo tipo, formando pequenas colinas artificiais e rituais diferentes de sepultamento, sepulturas individuais em vez de colectivas. Tudo o que se conhece nesta transição, indicia uma mudança de uma sociedade relativamente igualitária, para uma fortemente hierarquizada.
Esta modificação teria mesmo sido acompanhada pelo desaparecimento completo dos autóctones do sexo masculino na Península Ibérica, como refere David Reich (1).
A domesticação do cavalo (2) e a utilização da roda radiante (ao contrário da roda de madeira sólida) tornando mais leves e ágeis os carros de guerra, terão sido os meios que permitiram a rápida conquista dos Yamnaya.
Eles invadiram em ondas sucessivas, ultrapassando as grandes estepes e planícies a leste do Danúbio e do Elba, até ao Oeste do continente europeu, até o Atlântico. A data da conquista de Península Ibérica terá sido um pouco mais tardia, mas nem por isso foi menos avassaladora, ou mesmo, brutal.
As hostes eram compostas essencialmente por homens; as mulheres não seriam mais do que um décimo da população em migração. Sabemos isso, pelo rasto do ADN antigo de haplotipos de mulheres yamnaya, em populações europeias ocidentais após a invasão.
Houve portanto formação de descendentes híbridos entre homens yamnaya e mulheres autóctones.
Note-se que ocorreu outra substituição de haplotipos típicos de uma população masculina autóctone de caçadores-recolectores, com aparecimento de novos haplotipos, oriundos de populações que já praticavam agricultura, muitos milénios antes (cerca de 10 mil anos antes do presente), aquando da transição do Paleolítico tardio para o Neolítico. Na Península Ibérica, o processo terá ocorrido há cerca de 8000 anos, bastante mais tarde que em relação ao centro da Europa.
As migrações que espalharam as culturas do Neolítico na Europa deixaram rasto nos ADN dos cromossomas Y: verifica-se uma substituição não a 100%, mas da ordem de 80%.
Por contraste, nas invasões do fim da idade do cobre (Calcolítico), início da idade do bronze, observa-se uma substituição total dos haplotipos anteriores (masculinos). Os especialistas em dinâmica populacional (3) da antiguidade colocam portanto a hipótese de que existiu uma guerra de extermínio e escravização dos sobreviventes, com tomada das mulheres dos povos submetidos pelos guerreiros invasores.
https://www.pinterest.pt/pin/174796029266973741/
Não sou a pessoa indicada para escrever em detalhe sobre as mutações (4) que sofreu o continente europeu, ao longo dos milénios do que se convencionou chamar a pré-história.
Apenas gostava de chamar a atenção para o facto de haver muitas culturas esquecidas do grande público, do imaginário colectivo, apenas estudadas pelos eruditos. Mesmo as várias narrativas da antiguidade, que referem povos como os «filisteus» (Bíblia), ou os «troianos» (Ilíada), têm contribuído para uma visão parcial dos mesmos; só agora, com a arqueologia contemporânea, podem ser plenamente reavaliados.
(1) A genetic analysis has revealed that, about 4500 years ago, part of southern Europe was conquered from the east. In what is now Spain and Portugal, the local male line vanished almost overnight, and males from outside became the only ones to leave descendants.
David Reich of Harvard Medical School in Boston, Massachusetts presented the results on Saturday at New Scientist Live in London, UK.
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(*) PARTES 1, 2 E 3 : VER NESTE BLOGUE, NO MÊS DE OUTUBRO DE 2018
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