quarta-feira, 25 de maio de 2022

TRANSIÇÃO TOTALITÁRIA E JOGO DOS PODEROSOS

Os Estados, ditos de «democracia liberal», que se gabam de superioridade moral perante todos os outros, são objeto, AGORA MESMO, duma transição acelerada para uma distopia totalitária.

Como é que este processo se desenvolve?

As "garantias e liberdades" vão continuar nas constituições e nas leis desses países, mas serão letra morta. Isto define a transição para um Estado totalitário, agora a um nível global e não apenas dentro das fronteiras de um, ou de alguns países.
Hannah Arendt já tinha avisado sobre tal mecanismo, tendo analisado como se processa. Por exemplo, no caso do regime hitleriano, quando os nazis tiveram o Estado parcialmente sob controlo, fabricaram um atentado de falsa bandeira, o incêndio do Reichtag (parlamento), atribuindo-o «aos comunistas», para porem fora de lei definitivamente, não apenas o partido comunista, como todos os partidos e correntes que se opusessem ativamente ao nazismo. Mas, não aboliram a constituição democrática liberal de Weimar, formalmente. Limitaram-se a ignorá-la. A partir desse momento, a lei eram eles: Só eles, os nazis e o seu Führer, é que a faziam.
O processo também existiu, de forma algo semelhante, na URSS de Estaline, com a constituição herdada do princípio do regime soviético. A constituição soviética de 1918 reconhecia, no papel, garantias e direitos aos cidadãos.
No Portugal de Salazar, a constituição de 1933 também consagrava direitos e liberdades, porém, por efeito do estado de exceção permanente e leis de «segurança interna» do Estado, na prática, eram anuladas aquelas disposições da constituição. Mas, o regime declarava-se «cumpridor das leis e da constituição».
Devido à ignorância abismal de muitas pessoas, não identificam os evidentes paralelos do que se passa agora, com situações passadas de transição para o totalitarismo, tanto mais que o novo totalitarismo é suficientemente perverso para se mascarar no seu contrário.
O totalitarismo de hoje mascara-se com declarações de liberdade, pluralismo, antifascismo, etc. Tudo o que for preciso, ao nível verbal. O objetivo é fazer um écran de fumo, com um efeito neutralizador nas pessoas comuns.
Estas estão iludidas, pois só conhecem a «casca» dos fenómenos políticos. Quase ninguém estuda, e muito poucos conhecem em profundidade, a natureza política e económica do fascismo.
O fascismo, uma forma de Estado totalitário, está descrito pelo seu mentor – Mussolini - como «a fusão do poder do Estado e das corporações». 



Literalmente, é o que acontece, hoje em dia, sobretudo nos países que proclamam ser (mas já não são) democracias liberais:
- Há um regime fascista quando o Estado e as corporações se fundem, se conjugam para levar a cabo obra comum. Quando o Estado, ao fim e ao cabo, se torna realmente instrumento direto das corporações.
Erroneamente, a expressão «fascismo» evoca em muitas pessoas, perseguições a opositores e polícia política, somente. É aqui que começa o erro, porque se toma a superfície («a casca»), pelo fundamental («o cerne»).
Nos regimes totalitários houve diferentes graus de violência política: repressão violenta e implacável sobre a oposição, em certos períodos, enquanto noutros períodos, parecia que toleravam um mínimo de dissidência. Estas diferenças no grau da repressão, ocorreram na Alemanha nazi, na Itália fascista, no Portugal salazarista ou na Espanha franquista. O mesmo também se passou no regime soviético, nas «democracias populares» e na China maoista.
O erro primordial é considerar que, se não houver ações policiais de repressão, não se estará perante um fascismo. Além de poder haver momentos em que estas situações existem e outras em que não, na história dum mesmo regime, é notório que esta repressão se exerce sempre de forma seletiva, sobre uma categoria de pessoas, uma classe, ou setor da população, o que faz com que muitas pessoas permaneçam alheias, para elas, «não há» esses crimes, esse espezinhar dos direitos humanos.
Além disso, em determinados contextos, os fascismos contam com uma massa alienada e iludida, que os apoia entusiasticamente, havendo um efeito de grupo, que é repressor por si mesmo. Este anula a possibilidade de expressão significativa de qualquer dissidência.
Quando as coisas começam a correr mal para esses regimes, os bodes expiatórios são acusados de todas as desgraças do povo e da Nação:
No episódio recente da pandemia de COVID eram os não-vacinados, acusados publicamente de serem disseminadores, egoístas, incapazes de «solidariedade», etc.
Este discurso esmoreceu quando veio uma variante (Omicron) infetar, com igual facilidade, os «vacinados» e os não-vacinados, além de que os «vacinados», se fossem infetados, transmitiam efetivamente o SARS-Cov-2. Mas, o efeito de designar uma parte da população como «culpada» permanece, não desaparece. Funciona como um «ruído de fundo» na psique coletiva. Esta persistência do irracional mantém-se, porque as pessoas são movidas por instintos primários, como o medo da morte.
A concentração de poder nunca foi tão grande como hoje em dia. Nenhum ditador do passado tinha ao seu dispor os instrumentos de controlo que existem agora. Estes são constantemente usados para controlar. Na ignorância da maior parte do público, servem-se dos meios informáticos, incluindo «Inteligência Artificial», para analisar as tendências do «rebanho» e detetar as ovelhas negras.

Onde se enganam os globalistas-eugenistas triunfantes de hoje?

- Eles tomam o discurso como substituindo a realidade. Ora a história mostra que, ao fim e ao cabo, a realidade é mais forte que qualquer ficção, por mais elaborada ou perfeita que esta seja.
Um regime político, tido como «perfeito», não é compatível com pobreza, marginalidade, violência nas ruas, etc. Como conciliar então o seu elogio permanente, com a realidade que vem negar esse mesmo discurso?
Daí a necessidade de censura, de fabricar a realidade, através dum tecido de mentiras e de propaganda. Nada disto é inédito, nós verificamos isso agora, mas os historiadores descrevem a mesma manipulação da informação, a propaganda, o encobrimento e a mentira que desempenharam, nos séculos passados, exatamente o mesmo papel.
A maneira de manter as pessoas na ilusão, passa também por as distrair constantemente com algo de novo. O que mais chama a atenção, são coisas que fazem medo, que assustam. Os média sabem fazê-lo.
Por isso, as pessoas estão constantemente a ser bombardeadas por notícias alarmistas, quer tenham um fundo de verdade, ou não. Muitas vezes, um pequeno incidente é ampliado até se parecer com uma grande catástrofe. Faz parte das técnicas de manipulação. Assim como fazer variar a atenção das pessoas; ora focalizando a sua atenção num objeto, numa pessoa, num assunto, ora noutro: O efeito é de confusão mental, de incapacidade de apreensão do real.
Nas notícias, o contexto é quase sempre omitido, ou meramente aflorado. A forma como as notícias são apresentadas vem intencionalmente reforçar os preconceitos das pessoas. É espantoso o número de adultos que «acreditam» numa informação, apenas porque esta foi veiculada por jornalista ou político da sua simpatia. 
Dada a propensão para pertencer e para acreditar, na generalidade das pessoas, é fácil os manipuladores terem um ascendente sobre elas, parecendo que tudo se passa na mais genuína «democracia».


[Dmitry Orlov] O PLANO AMERICANO PARA «FARGA» (FAzer Rússia Grande como Antes)




       http://thesaker.is/the-secret-american-plan-to-make-russia-great-again/

Tradução do artigo de Dmitry Orlov, para o blogue Saker: «The Secret American Plan to Make Russia Great Again»

Ostensivamente, o plano seria para destruir a Rússia:  Porém, a seguir ao colapso da URSS, verificou-se que a Rússia estava a enfraquecer-se e destruir-se a si própria muito bem, sem necessitar de intervenção externa. Além disso, cada esforço dos EUA para enfraquecer e destruir a Rússia fê-la mais forte; se tivesse existido o mais rudimentar elemento de feedback, uma  discrepância tão óbvia entre os objetivos das políticas e os seus efeitos, teria sido detetada e teriam sido efetuados os ajustamentos apropriados. Superficialmente, isto poderia ser explicado pela natureza da falsa democracia na América, onde cada administração costuma atirar as culpas das suas falhas e erros para o dorso da anterior administração.  Mas, o Estado Profundo permanece no poder, qualquer que seja a administração; teria simplesmente que admitir o fiasco dos seus planos para enfraquecer e destruir a Rússia, após alguns turnos. O facto de não ter detetado este problema , traz-nos de volta à suspeição inicial de que há agentes de Putin, incansavelmente labutando, por dentro do Estado Profundo.

Mas, isto é puro conspiracionismo e não queremos ir, nem um pouco, por aí. Bastará dizer, por agora, que não existe explicação adequada sobre o que tem acontecido. Após o colapso do regime soviético, seria suficiente muito pouco para se desencadear e acelerar o colapso da própria Rússia. Mas, nenhum dos passos foi tomado e tudo o que foi feito (com o fim explícito de enfraquecer e destruir a Rússia) fez exatamente o oposto. Porquê? Abaixo, indico dez das iniciativas mais bem sucedidas duma campanha de «FARGA » (FAzer Rússia Grande como Antes) do Estado Profundo dos EUA.  Se tiver uma explicação alternativa, gostaria de a conhecer.

1. Se a Rússia tivesse sido imediatamente aceite na Organização Mundial do Comércio (que a ela queria aderir) ela teria sido inundada por importações de bens baratos, destruindo toda a indústria e agricultura russas. A Rússia iria simplesmente vender seu petróleo, gás, madeira, diamantes e outros recursos e comprar tudo o que precisasse. Em vez disso, os EUA e os outros membros da OMC gastaram 18 anos a negociar a entrada da Rússia na organização. Na altura em que entrou, em 2006, pouco tempo restava antes do colapso financeiro de 2008 e, após isso, a OMC não tem sido um fator muito relevante.

2. Se tivesse havido imediatamente a possibilidade dos russos viajarem sem visa pelo Ocidente (como eles desejavam) a maioria dos russos em idade de trabalhar iria dispersar-se rapidamente para fora da Rússia, para o Oeste, deixando uma população de órfãos e de idosos, de forma semelhante ao que aconteceu na Ucrânia.  Depois de ter perdido grande parte da sua população ativa, a Rússia não teria sido qualquer ameaça, económica ou militar. Em vez disso, os russos nunca beneficiaram de possibilidade de viagens sem visa, pelo contrário, enfrentaram restrições que apenas têm crescido ao longo do tempo. Ao fim e ao cabo, os russos assumiram que eles simplesmente não são desejados no Ocidente e que deveriam procurar fazer sua vida de regresso a casa. 

3. Após o colapso da União Soviética, a própria Rússia entrou em colapso num mosaico fluido de centros regionais. Muitos alimentaram veleidades de secessão (Tatarstão, Repúblicas dos Urais, Tchetchénia). Deixada a si própria, a Rússia teria resultado numa vaga confederação, sem capacidade para determinar uma política externa conjunta. Em vez disso, investiram-se recursos e mercenários na Tchetchénia, transformando-a numa ameaça existencial à autoridade de Moscovo e obrigando o poder central a responder militarmente. O facto de que há -agora - voluntários tchetchenos a combater no lado russo na Ucrânia, sublinha como foi um fracasso a política americana em relação à Tchetchénia.

4. Se, após o colapso da União Soviética, a NATO tivesse reconhecido que a ameaça que estava destinada a contrariar já não existia e ou se dissolvia ou simplesmente ficava quiescente, a Rússia nunca teria pensado ser necessário se rearmar. De facto a Rússia estava alegremente cortando os seus navios e mísseis para recuperar os metais no ferro-velho. Em vez disso, a NATO achou adequado bombardear a Jugoslávia (por razões humanitárias fabricadas) e depois, expandir-se sem descanso em direção a Leste. Estas ações deram o sinal da forma mais adequada de que não era a URSS e o Comunismo a que o Ocidente se opunham, mas à própria Rússia.  Embora, por volta dos anos 1990 não houvesse muitos russos dispostos a lutar e morrer pela glória do comunismo, a defesa da Pátria é uma história totalmente diferente. 

5. Se as vizinhanças externas da Rússia tivessem simplesmente sido deixadas em paz, a Rússia nunca se teria aventurado fora do seu vasto e pouco povoado território. Mas, depois veio a provocação: agindo com a aprovação dos EUA, as forças da Geórgia atacaram as forças de paz russas na Ossétia do Sul durante as Olimpíadas de 2008, obrigando a Rússia a reagir. O facto da Rússia ter podido neutralizar a Geórgia em poucos dias deu uma injeção de confiança e pôs a nu que a NATO e as forças treinadas pela NATO são pouco combativas e fracas, não constituem um grande problema. O território russo expandiu-se para incluir a Ossétia do Sul, com a Abcásia como um bónus extra, preparando o terreno para outras expansões territoriais (Crimeia, Bacia do Don, Kherson… Nikolaev, Odessa…).

6. Se os EUA tivessem deixado em paz a Síria, um próximo aliado da Rússia há perto de um século, a Rússia não se teria expandido na região do Mediterrâneo. Porém, o governo sírio convidou a Rússia a ajudá-la a fazer mudar a maré na guerra contra a ISIS, apoiada pelos EUA. A Rússia utilizou um pequeno contingente de forças aéreas e apenas numa base. A ação na Síria foi a demonstração da qualidade dos armamentos russos; a Rússia foi inundada por encomendas que vão durar 20 anos a ser satisfeitas. Ainda por cima, a Rússia demonstrou aos seus aliados em todo o mundo, que se tropas US/NATO ou os seus mercenários os atacarem, o que têm que fazer é apenas acenar e os russos virão a correr com suas bombas de precisão e serão feitas pilhas de corpos dos invasores. 

7. Após o golpe de Kiev de 2014 e o regresso da Crimeia à Rússia, as sanções dos EUA/Ocidente foram imensamente úteis para desencadear um programa em larga escala de substituição de importações, que rejuvenesceu tanto a indústria como a agricultura. A Rússia é agora largamente autosuficiente em bens alimentares e um exportador principal de alimentos. A sua posição como principal produtor de trigo mundial será reforçada pela adição de regiões de muito fértil «terra negra» do Leste e Sul da Ucrânia.  As sanções fizeram-se acompanhar por ataques especulativos contra o Rublo que passou de 30 por dólar para 60 (cotação em que se encontra agora) o que torna os produtos russos muito mais competitivos internacionalmente, estimulando o comércio externo.

8. As constantes ameaças de bloquear a Rússia de utilizar o sistema de mensagens interbancárias SWIFT, desencadearam a formação de um sistema de pagamentos próprio, agora integrado com o da China. O confisco dos 300 biliões de dólares do Fundo Soberano Russo, que estavam depositados em vários bancos ocidentais, ao mesmo tempo que o congelamento de contas de oligarcas russos, ensinaram os russos a não confiar nos bancos ocidentais e a evitar guardar o dinheiro no estrangeiro. Tudo o que os atos hostis do domínio financeiro criaram, foi uma resposta mais pausada, que - instantaneamente - se traduziu em valorizar o rublo, fazendo dele a divisa que mais se valorizou e muito estável, em todo o planeta, deixando o dólar e o euro em situação vulnerável à hiperinflação. 

9. A guerra de oito anos levada a cabo pelo exército ucraniano, com aberto apoio da NATO/EUA, contra as populações civis do Donbass produziu uma compreensão clara na população russa: O que o Ocidente quer, é o seu extermínio. Depois, os ucranianos declararam que queriam construir bombas nucleares e depois foi descoberto que o Pentágono tinha laboratórios de armas biológicas na Ucrânia que trabalhavam na produção de patogénicos capazes de especificamente infetar populações russas, por fim tornou-se claro que não eram apenas os ucranianos mas toda a NATO que estava por detrás disso e que a Ucrânia + NATO estavam a preparar um ataque em grande escala. Isto foi o despoletar para a própria operação especial da Rússia. O espetáculo, noite após noite, em Lugansk e Donetsk, de edifícios de apartamentos a serem bombardeados com civis e crianças lá dentro, ignorado pelo Ocidente, fez com que Putin tivesse uma taxa de aprovação de 76%, com uma taxa similar para o governo e mesmo para muitos governos regionais russos.  Agora, apesar dos envios de armas ocidentais, os militares ucranianos estão a ser triturados a um ritmo que os extinguirá dentro de aproximadamente 20 dias (o calculado «dia Z»), a Rússia está prestes a emergir como vencedora da IIIª Guerra Mundial, a qual, tal como a Guerra Fria, foi combatida de forma bastante restrita. Isto irá fazer subir o prestígio do exército russo, acumulando vitória atrás de vitória. 

10. Por fim, a Rússia deveria estar grata pelos fundos abundantes fornecidos ao longo dos anos pelos EUA e Ocidente, para apoiar a liberdade de opinião e de imprensa na Rússia, na verdade, propaganda pró-ocidental. Primeiro, permitiu libertar o espaço de media na Rússia, ao ponto de que agora a Rússia é muito mais aberta à liberdade de expressão do que qualquer dos países europeus ou dos EUA, sem quase nenhum sinal de censura e de «cancel culture» que se têm acentuado no Ocidente. Em segundo lugar, a propaganda ocidental era tão primária e estúpida que os russos, depois de a processarem durante alguns anos, agora fazem dessa propaganda pró-Ocidente, abertamente, motivo de galhofa; as sondagens  indicam que as opiniões pró- políticas do Ocidente são em quantidade vestigial. Tal resultado tem sido favorecido pelos desenvolvimentos no Ocidente: «Cancel culture», MeToo, LGBT, operações de mudança de sexo em crianças, promoção da pedofilia e tudo o resto, que têm produzido uma onda de repúdio. Há uma mudança de 180º,  partindo da avassaladora opinião pró-Ocidente dos inícios de 1990 até ao presente, o que será a jóia na coroa das realizações de três décadas constantes de campanha do Estado Profundo para Fazer Rússia Grande como Antes (FARGA).

Não pretendo argumentar que a existência da FARGA, no seio do Estado Profundo dos EUA tenha uma demonstração, uma prova inegável. Mas, convido-vos a seguir o famoso dito de Arthur Conan Doyle, “Uma vez eliminado o impossível, seja o que for que permaneça, não importa quão improvável, deverá ser a verdade” e digam-me o que acham disto.

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NB: Eu sei que os meus leitores não são nenhuns brutos incapazes de perceber a ironia que se desprende do texto de Dmitry Orlov. Mas, ainda assim, vale a pena dizer que Orlov não é cidadão russo, mas americano, que emigrou da Rússia com os seus pais, quando criança. Tendo raízes profundas na cultura e familiares, está em posição privilegiada para avaliar sem concessões as qualidades e defeitos da sociedade e da política que se faz dos lados da Moskva e da Neva.  Ele acompanhou de muito perto a traumatizante descida aos infernos que foi o período imediato pós-soviético, em que a esperança de vida dos russos desceu significativamente, se multiplicaram as fortunas de gangsters (oligarcas) e uma série de «cavaleiros de indústria» ocidentais enriqueceram à custa da miséria alheia. Orlov não é certamente um incondicional do Presidente Putin, nem do seu tipo de governação, mas é alguém que tem os olhos bem abertos. 

Ele sabe avaliar os podres da sociedade americana (onde vive há mais de um quarto de século). Ele previu - com toda a justeza - que o colapso do colosso dos EUA iria suceder como sucedeu ao colosso soviético, com a agravante de que, enquanto no caso soviético, a população estava habituada a sofrer dificuldades de toda a ordem e tinha os comportamentos de defesa adequados, na sociedade americana e no Ocidente em geral, a massa está completamente obnubilada por um modelo consumista que já não é atual, mas que persiste no seu imaginário. A consequência disto, é que no Ocidente, quando o colapso se concretizar em pleno (ele já está em marcha, como no início de uma avalancha, em câmara lenta) haverá muito mais destruição e sofrimento, a nível individual e social.   

São poucos os indivíduos que são testemunhos de situações de crise em duas ou mais sociedades distintas. São ainda menos os que têm a inteligência de avaliar os paralelos e os contrastes. Orlov tem essas características e, ainda por cima, é um talento literário, com sentido de humor. Então, se ainda não conhecia este autor, é mais que tempo de o conhecer. Consulte seu blog, aqui: https://cluborlov.wordpress.com/

terça-feira, 24 de maio de 2022

Somewhere - (There's A Place For Us) - West Side Story [LUCY THOMAS]


Lucy Thomas interpreta a magnífica canção «Somewhere», da ópera de Leonard Bernstein «West Side Story».

"Somewhere"
There's a place for us
Somewhere a place for us
Peace and quiet and open air
Wait for us somewhere
There's a time for us
Someday a time for us
Time together and time to spare
Time to look, time to care
Someday
Somewhere
We'll find a new way of living
We'll find a way of forgiving
Somewhere
There's a place for us
Somewhere a place for us
Time together with time to spare
Time to look, time to care
Someday
Somewhere
We'll find a new way of living
We'll find a way of forgiving
Somewhere
Hold my hand and I'll take you there
Somehow
Someday
Somewhere
Source: LyricFind
Songwriters: Leonard Bernstein / Stephen Sondheim

segunda-feira, 23 de maio de 2022

MITOLOGIAS (V) : COSMOGONIAS, OS MITOS DAS ORIGENS


 
Praticamente todas as culturas presentes ou passadas possuem suas narrativas da Génese, da Origem do Universo, da Origem da Humanidade.

 Embora estas narrativas sejam completamente diferentes na aparência, se pegarmos em descrições oriundas de povos não industrializados, na África ou América do Sul e Central, por exemplo, verificamos que todas essas descrições se enquadram num conjunto que - explicitamente - se coloca como explicação do que atualmente existe, da existência do homem e da mulher, dos animais, do Sol, da Lua, etc.

 Os mitos de origem na Grécia antiga não são exceção, no fundo. Eles se conformam com uma visão do caos (primordial), a partir do qual nascem os primeiros deuses, claramente personificações de forças naturais, visto que «comandam» essas forças. 

A mitologia greco-romana distingue claramente o tempo das origens do tempo presente. Não existe uma continuidade, mas antes uma série de etapas descontínuas, pelas quais passaram o Universo e o Mundo. Nestas fases, embora o presente seja necessariamente herdeiro delas, não está sujeito às mesmas forças ou a manifestações esbatidas, somente, como que a testemunhar do tal passado remoto. Por exemplo, sendo os titãs responsáveis pela forma como foi moldado Mundo, a geologia, as montanhas, os mares, etc., o seu trabalho está basicamente completado e o que se observa - agora - é o resultado dele.

Note-se que as cosmogonias orientais, como a Hindu, a Budista, a Taoista, etc. são completamente diferentes, visto que partem doutro princípio organizador. Nelas, o tempo não é linear, mas circular. A existência de ciclos, leva a que seja possível observar «n» vezes os mesmos processos naturais, os mesmos fenómenos. Terá sido isso que levou povos e filósofos dessas culturas a postular que o tempo é cíclico. Segundo algumas correntes orientais, o tempo seria ilusão, ou mera aparência; o tempo existiria só na nossa mente.   

Legenda da Figura 1: Representação de Omphalos, a origem do mundo, num templo grego

A mitologia grega - da qual se vão inspirar as tradições europeias - postula uma origem absoluta do Universo, a partir do «ovo primordial». A rutura do equilíbrio teria desencadeado o caos, que se foi transformando em ordem, em resultado do trabalho dos titãs, deuses primordiais e progenitores dos deuses do Olimpo. 

O tempo é unidirecional e aberto, na mitologia grega, a qual foi inspiração de todas as narrativas do Ocidente, em relação à origem do Mundo.

Por contraste, o tempo é cíclico em bom número de cosmogonias asiáticas; tal distinção leva a que sua cosmovisão seja totalmente diferente da ocidental. 


                                 
Legenda da figura 2: A imagem do Ouroboros, ou serpente que morde a sua própria cauda, é um símbolo do tempo cíclico. Foi adotada no Ocidente por influência provável de filosofias orientais.

Talvez seja isso o que distingue mais a filosofia Oriental (Chinesa, Japonesa, Indiana, etc.) da Ocidental (Greco-romana, Judaica, Cristã, Islâmica). 
As consequências não se limitam à filosofia, pois podemos encontrar reflexo disso na economia, na administração pública, na política, na estratégia e nas ciências sociais, desde a História, à Sociologia, à Antropologia. 
Por debaixo da aparente uniformidade de discursos, existe uma estrutura profunda totalmente dissemelhante. Não se deve considerar que uma é a forma «correta» e a outra «errada» de conceber as origens e as transformações. 
A riqueza e diversidade na abordagem dos fenómenos naturais e sociais é um aspeto positivo que possibilita a fecundação recíproca das culturas e civilizações. 

Maximiano Gonçalves: «A histórica visita do Costa à Ucrânia»

Meu querido amigo e cidadão de corpo inteiro, Maximiano Gonçalves, concedeu-me a honra de transcrever estas suas palavras, neste blog. Graças ao seu talento, os oportunistas e nojentos saracoteios da classe política portuguesa vassala do Império, são devidamente postos a nu. 

Obrigado Max!

Manuel Banet


 A visita do Ministro Português, e Primeiro, à Ucrânia é um momento da recente política portuguesa - embora, lamentavelmente, pouco salientado pelos meios internacionais de comunicação (mainstream ou não) - que a cronologia da notável intervenção portuguesa no Mundo vai registar.  

Não sou suficientemente importante na Sociedade Portuguesa para que António Costa, autor daquela patética frase "Já posso ir ao Banco?" dirigida à coitada governanta de serviço da conhecida instituição chamada União Europeia, se sinta ofendido por eu lhe chamar, como agora chamo, servente sem dignidade de uma política mentirosa, ridículo (e desnecessário) entregador de recados. Aliás, ofender, isto é, "ir contra", pode e deve ser entendido assim: Se a ofensa, é, afinal, verdade, não é ofensa, é verdade. Não estou a ofender, estou a dizer uma triste verdade acerca do filho do digno Cidadão Orlando da Costa. 
A verdade sobre a Ucrânia escondida de muitas populações há de ser divulgada, provavelmente depois dos Johnson e Costas já não pisarem os palcos como protagonistas...(o Boris tem mais graça, mas é da terra do Grande Teatro).
Entretanto, a população portuguesa é massacrada por um conjunto de "jornalistas" e comentadores da mais notável indignidade. Que a sua venalidade lhes traga, ao menos, dinheiro para gastos.
O armamento entregue por Portugal ? Se o ridículo matasse, quem cairia fulminado ? E o nosso restante apoio? 
Que vergonha, o tempo e o modo. 




sábado, 21 de maio de 2022

COLAPSO ANUNCIADO DA PRÓXIMA CIMEIRA DAS AMÉRICAS


Cimeira organizada pelo governo americano e prevista para o próximo mês, em Los Angeles.
Anúncio da preparação da Cimeira dos Povos pela Democracia (a realizar nos EUA), que se assume como contra-cimeira, para exigir a terminação da agressão dos EUA à América Latina.

O maior violador das leis e regulamentos internacionais, assim como da ética mais elementar, tem sido os EUA. Este diálogo, no vídeo abaixo, mostra o Império das mentiras em toda a sua perversa extensão. 
O imperialismo americano, desde os finais do século XIX, até hoje, tem perpetrado os seus crimes contra a humanidade, as suas permanentes pressões, golpes, punições coletivas (sanções, embargos), mentindo descaradamente e projetando nos outros, aquilo que eles próprios - governantes dos USA - fazem. 

As nações e governos, mesmo quando favoráveis ao capitalismo, não deixam de sentir a opressão e ameaça permanentes do Império. Muito poucos dirigentes têm coragem de dizer aquilo que pensam.  Por isso, os responsáveis pela política bárbara do imperialismo americano não têm sido suficientemente desmascarados. Há ainda a ilusão, em muitas pessoas, de que o Império espalha a «democracia», a «prosperidade» e que, internamente, os EUA são um modelo invejável de governação.

As correntes progressistas nas Américas e na Europa, irão - por fim - despertar? Ou será que também se vão afundar com o Império americano, capturadas que foram pelo mesmo e mantidas apenas para dar a ilusão de pluralismo?