Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.
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quarta-feira, 1 de novembro de 2023

ENTRAMOS NA FASE DE DESTRUIÇÃO CÍCLICA [CRÓNICA(Nº21) DA IIIª GUERRA MUNDIAL]

 

Entrámos em pleno na fase de destruição do sistema capitalista mundial. Nada é linear, mas a acumulação de violência, sobretudo de violência de Estados, apesar e contra as suas próprias declarações de princípios, junto com o condicionamento das massas, com doses de medo e de ódio, cada vez maiores, mostram que a máquina está já em movimento. 
Num passado histórico recente, nos anos anteriores às duas Guerras Mundiais, ocorreram guerras ditas regionais, que foram ensaios ou «laboratórios», para as destruições massivas das Guerras Mundiais que se seguiram. 
É sempre o mesmo fenómeno, se nos quisermos abstrair das circunstâncias particulares do presente que é o nosso. 
Temos a destruição massiva de capital acumulado e de vidas, porque o sistema capitalista atingiu o seu limite em termos de exploração, tanto em extensão geográfica, como em rentabilidade. Isto não isenta de responsabilidade criminal os que promovem as guerras, os massacres, as destruições de vidas. 
Paul VALÉRY escrevia em «La Crise de l’esprit»(1919): « Nós, civilizações, sabemos agora que somos mortais». A civilização é um ténue verniz, que estala logo, com a selvajaria do capitalismo globalizado. Nada o pode domar; ele devora os próprios fiéis, os discípulos mais dedicados, na sua louca corrida à destruição. 

Quando o capitalismo era jovem, a destruição não conseguia ser universal. A humanidade e as sociedades reconstituiram-se graças à sua energia intrínseca, à sua vontade de viver. Mas, agora, as guerras são incessantes; a sua acumulação faz com que o «clímax», ou seja, a destruição global, apareça como mais e mais provável.

Nenhum dos que presenciaram, em 1939, a invasão alemã da Polónia, podia imaginar que a futura IIª Guerra Mundial acabaria com uma completa destruição de cidades e com crimes em massa contra populações civis indefesas. 

Todo o mal foi atribuído aos nazis na Alemanha e aos regimes fascistas, seus aliados. Porém, o mal não foi tão unilateral como a propaganda dos vencedores (a «História») nos quer fazer crer. Os crimes dos vencedores são perdoados, esquecidos, relativizados, mas eles permanecem. São sementes de ódio; tal como os outros sofrimentos, infligidos às populações vítimas do nazismo e do fascismo. 

Recordemos que a «banal» violação duma fronteira (da Polónia em 1939), acabou por dar, no final, uma hecatombe nuclear (e um crime contra a humanidade) com muitas centenas de milhares de vítimas civis, em Hiroxima e Nagasaki. Hoje, o arsenal nuclear das diversas potências é um múltiplo, incrivelmente elevado, das bombas nucleares detonadas nas duas cidades japonesas. Não se pode, hoje, ignorar a ameaça duma guerra global, provocando a destruição total da civilização humana. A ONU é impotente, os governos com vontade de obrar pela paz são ignorados pelos governos apostados na guerra. 


As imagens terríficas do quadro de Brueghel o Velho, «O Triunfo da Morte», estão  muito  apropriadas. Quem se debruce sobre as várias partes do quadro e suas diversas cenas, concluirá que Brueghel não quis mostrar «um ato de Deus», mas sim a loucura dos humanos. 

Esta obra genial permanece atual, pois vem nos recordar que a morte triunfa, enquanto produto da guerra; que a guerra é o produto dos exércitos e dos poderes; que esta guerra nada tem de transcendente, de vontade divina; mas, que resulta da vontade de poder, de mais e mais poder, dos poderosos.




segunda-feira, 23 de maio de 2022

MITOLOGIAS (V) : COSMOGONIAS, OS MITOS DAS ORIGENS


 
Praticamente todas as culturas presentes ou passadas possuem suas narrativas da Génese, da Origem do Universo, da Origem da Humanidade.

 Embora estas narrativas sejam completamente diferentes na aparência, se pegarmos em descrições oriundas de povos não industrializados, na África ou América do Sul e Central, por exemplo, verificamos que todas essas descrições se enquadram num conjunto que - explicitamente - se coloca como explicação do que atualmente existe, da existência do homem e da mulher, dos animais, do Sol, da Lua, etc.

 Os mitos de origem na Grécia antiga não são exceção, no fundo. Eles se conformam com uma visão do caos (primordial), a partir do qual nascem os primeiros deuses, claramente personificações de forças naturais, visto que «comandam» essas forças. 

A mitologia greco-romana distingue claramente o tempo das origens do tempo presente. Não existe uma continuidade, mas antes uma série de etapas descontínuas, pelas quais passaram o Universo e o Mundo. Nestas fases, embora o presente seja necessariamente herdeiro delas, não está sujeito às mesmas forças ou a manifestações esbatidas, somente, como que a testemunhar do tal passado remoto. Por exemplo, sendo os titãs responsáveis pela forma como foi moldado Mundo, a geologia, as montanhas, os mares, etc., o seu trabalho está basicamente completado e o que se observa - agora - é o resultado dele.

Note-se que as cosmogonias orientais, como a Hindu, a Budista, a Taoista, etc. são completamente diferentes, visto que partem doutro princípio organizador. Nelas, o tempo não é linear, mas circular. A existência de ciclos, leva a que seja possível observar «n» vezes os mesmos processos naturais, os mesmos fenómenos. Terá sido isso que levou povos e filósofos dessas culturas a postular que o tempo é cíclico. Segundo algumas correntes orientais, o tempo seria ilusão, ou mera aparência; o tempo existiria só na nossa mente.   

Legenda da Figura 1: Representação de Omphalos, a origem do mundo, num templo grego

A mitologia grega - da qual se vão inspirar as tradições europeias - postula uma origem absoluta do Universo, a partir do «ovo primordial». A rutura do equilíbrio teria desencadeado o caos, que se foi transformando em ordem, em resultado do trabalho dos titãs, deuses primordiais e progenitores dos deuses do Olimpo. 

O tempo é unidirecional e aberto, na mitologia grega, a qual foi inspiração de todas as narrativas do Ocidente, em relação à origem do Mundo.

Por contraste, o tempo é cíclico em bom número de cosmogonias asiáticas; tal distinção leva a que sua cosmovisão seja totalmente diferente da ocidental. 


                                 
Legenda da figura 2: A imagem do Ouroboros, ou serpente que morde a sua própria cauda, é um símbolo do tempo cíclico. Foi adotada no Ocidente por influência provável de filosofias orientais.

Talvez seja isso o que distingue mais a filosofia Oriental (Chinesa, Japonesa, Indiana, etc.) da Ocidental (Greco-romana, Judaica, Cristã, Islâmica). 
As consequências não se limitam à filosofia, pois podemos encontrar reflexo disso na economia, na administração pública, na política, na estratégia e nas ciências sociais, desde a História, à Sociologia, à Antropologia. 
Por debaixo da aparente uniformidade de discursos, existe uma estrutura profunda totalmente dissemelhante. Não se deve considerar que uma é a forma «correta» e a outra «errada» de conceber as origens e as transformações. 
A riqueza e diversidade na abordagem dos fenómenos naturais e sociais é um aspeto positivo que possibilita a fecundação recíproca das culturas e civilizações. 

terça-feira, 3 de março de 2020

O ACONTECIMENTO QUE JÁ SE PODE CLASSIFICAR COMO «CISNE NEGRO»

Conferencista: Adam Baratta



PS: como complemento ao vídeo acima deixo este gráfico de Charles Hugh Smith, com as etapas que caracterizam a percepção pública dos fenómenos exponenciais: