Eu falo aqui do Facto.
O Facto fala por si mesmo,
Nenhum artifício de palavra o desmente,
Nenhuma autoridade o esconde ou ofende.
Vem da Natureza,
E eu, ser vivo consciente,
De um local que ouço chamar Terra,
Fico feliz de o perceber,
O Facto integrador da Realidade que me rodeia
E do movente Cosmos que o Homem pensa
E lentamente vai encontrando,
Percebendo que dele veio.
Também sei do Facto que é acto inicial
Do homem que inventa do tronco o pau,
O instrumento que o prolonga
E por ele vai matar e construir.
O Facto, já se escreveu,
Fala por si mesmo e é teimoso.
O Facto sempre me pergunta
Se sei da sua origem
E das suas razões de ser.
Por existir, não pergunta se é necessário.
Mas, depois de aparecido,
Interpela-me se sei da sua razão
E quer que dele se saiba.
Do Facto se ergue a Ciência
E se imagina a Arte.
O Facto não esteve à espera,
Simplesmente apareceu
Na devida altura de aparecer,
O Facto quer que o pensem
E por ele avancemos.
Não é por o desconheceres
Que se cala ou desvanece.
Olha bem o Facto,
Ele indica o que aí vem.
O Facto traz consigo as suas razões
E se te parece que as guarda
É por te querer interrogador,
Trabalhador da verdade, buscador.
Pergunta-lhe por elas,
O Facto pede a tua inquietude
Até chegares ao acontecimento
E lhe entenderes a virtude.
O Facto é indestrutível,
Complexo mas compreensível,
O Facto explica a Vida,
A da Terra que ainda aprendemos
E dos Mundos que começamos a ver
E, sem os ver, calculamos,
No Espaço cujo fim nem sabemos.
Disseram de ti, Facto
(e do Número, que é Facto, também)
Que és teimoso.
Sei porquê e todos
- e são tantos - os mais sábios que eu:
Mas, sendo literariamente interessante
Dizer que és teimoso o certo é dizer
Que queres encontrar a Verdade
E, assim, és invencível e determinante.
O Facto desfaz a falsidade.
E ao encontrar-te, Facto,
Ensina-me as tuas razões
Para chegar à Paz.