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quinta-feira, 7 de setembro de 2023

O FACTO [Obra de Maximiano Gonçalves]


Eu falo aqui do Facto.

O Facto fala por si mesmo,

Nenhum artifício de palavra o desmente,

Nenhuma autoridade o esconde ou ofende.

Vem da Natureza,

E eu, ser vivo consciente,

De um local que ouço chamar Terra,

Fico feliz de o perceber,

O Facto integrador da Realidade que me rodeia

E do movente Cosmos que o Homem pensa

E lentamente vai encontrando,

Percebendo que dele veio.

Também sei do Facto que é acto inicial

Do homem que inventa do tronco o pau,

O instrumento que o prolonga

E por ele vai matar e construir.


O Facto, já se escreveu,

Fala por si mesmo e é teimoso.

O Facto sempre me pergunta

Se sei da sua origem

E das suas razões de ser.

Por existir, não pergunta se é necessário.

Mas, depois de aparecido,

Interpela-me se sei da sua razão


E quer que dele se saiba.

Do Facto se ergue a Ciência

E se imagina a Arte.

O Facto não esteve à espera,

Simplesmente apareceu

Na devida altura de aparecer,

O Facto quer que o pensem

E por ele avancemos.

Não é por o desconheceres

Que se cala ou desvanece.

Olha bem o Facto,

Ele indica o que aí vem.

O Facto traz consigo as suas razões

E se te parece que as guarda

É por te querer interrogador,

Trabalhador da verdade, buscador.

Pergunta-lhe por elas,

O Facto pede a tua inquietude

Até chegares ao acontecimento

E lhe entenderes a virtude.

O Facto é indestrutível,

Complexo mas compreensível,

O Facto explica a Vida,

A da Terra que ainda aprendemos

E dos Mundos que começamos a ver

E, sem os ver, calculamos,

No Espaço cujo fim nem sabemos.


Disseram de ti, Facto

(e do Número, que é Facto, também)

Que és teimoso.

Sei porquê e todos

- e são tantos - os mais sábios que eu:

Mas, sendo literariamente interessante

Dizer que és teimoso o certo é dizer

Que queres encontrar a Verdade

E, assim, és invencível e determinante.


O Facto desfaz a falsidade.

E ao encontrar-te, Facto,

Ensina-me as tuas razões

Para chegar à Paz.


Maximiano Gonçalves

sábado, 3 de junho de 2023

Charlot, por todo o tempo que o Homem for capaz de contar [poema por Maximiano Gonçalves]

 

Charlot,

por todo o tempo

que o Homem for capaz de contar

 

“ Não queremos odiar,

Não queremos o desprezo de uns pelos outros”.

O teu discurso ouvi-o até me entranhar.

Ficou meu.

E se não sei dizê-lo como tu,

Posso ouvi-lo por ti gravado

E lê-lo, está em papel publicado.

É meu, é de todos os que o percebem,

E também dos que o desentendem,

Todos o precisam,

Os que vivem e hão-de viver,

Enquanto houver Mundos

Capazes de nos acolher.   

 

Meu Charlot de calças lassas,

Artista maior do século que viveste,

Para ficares por todo o tempo

Que o Homem for capaz de contar !

Crente absoluto no Homem !

 

“ Vamos lutar por um mundo de razão,

Um mundo onde a ciência e o progresso

Dêem a todos a felicidade”,

Disseste-nos em “O Grande Ditador”,

Quando o Nazi-Fascismo

Começava brutal guerra total,

A pregar ódio novo e vária dor.

Assim soubeste, assim denunciaste,

E ninguém, capaz de ouvir e ver “O Grande Ditador”,

Ia esquecer o teu modo de o fazer.

Se o pensámos morto ou dominado,

Aí está ele, a falar de novo, o Nazi-Fascismo,

Por vozes diferentes das anteriores, tonitruantes.  

Agora, as disponíveis são de outros timbres,

Conforme o local, os ouvintes e demais farsantes,

De doutrina não autoras (pois já está escrita).

De novo,

“Em nome da democracia, unamo-nos todos”.

Como pediste, meu Charlot eterno,

O rosto explícito,

A palavra dita ou sugerida,

Os gestos justos, as calças lassas,

O chapéu a saudar todos e cada um,

Por o Mundo ser de todos e de cada um.


(MaximianoGonçalves)

 

 

 

 

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Maximiano Gonçalves: «A histórica visita do Costa à Ucrânia»

Meu querido amigo e cidadão de corpo inteiro, Maximiano Gonçalves, concedeu-me a honra de transcrever estas suas palavras, neste blog. Graças ao seu talento, os oportunistas e nojentos saracoteios da classe política portuguesa vassala do Império, são devidamente postos a nu. 

Obrigado Max!

Manuel Banet


 A visita do Ministro Português, e Primeiro, à Ucrânia é um momento da recente política portuguesa - embora, lamentavelmente, pouco salientado pelos meios internacionais de comunicação (mainstream ou não) - que a cronologia da notável intervenção portuguesa no Mundo vai registar.  

Não sou suficientemente importante na Sociedade Portuguesa para que António Costa, autor daquela patética frase "Já posso ir ao Banco?" dirigida à coitada governanta de serviço da conhecida instituição chamada União Europeia, se sinta ofendido por eu lhe chamar, como agora chamo, servente sem dignidade de uma política mentirosa, ridículo (e desnecessário) entregador de recados. Aliás, ofender, isto é, "ir contra", pode e deve ser entendido assim: Se a ofensa, é, afinal, verdade, não é ofensa, é verdade. Não estou a ofender, estou a dizer uma triste verdade acerca do filho do digno Cidadão Orlando da Costa. 
A verdade sobre a Ucrânia escondida de muitas populações há de ser divulgada, provavelmente depois dos Johnson e Costas já não pisarem os palcos como protagonistas...(o Boris tem mais graça, mas é da terra do Grande Teatro).
Entretanto, a população portuguesa é massacrada por um conjunto de "jornalistas" e comentadores da mais notável indignidade. Que a sua venalidade lhes traga, ao menos, dinheiro para gastos.
O armamento entregue por Portugal ? Se o ridículo matasse, quem cairia fulminado ? E o nosso restante apoio? 
Que vergonha, o tempo e o modo. 




domingo, 15 de maio de 2022

HOMENAGEM A UM HOMEM, POETA DE CORPO INTEIRO

 


O livro de Poesia de Maximiano Gonçalves, intitulado «Ouvir a Palavra», motivou-me a escrever o texto seguinte. Não atribuo nenhuma responsabilidade ao Autor pelo que eu escrevi. Somente, desejo indicar que este livro é dos poucos (seja de poesia, ou de outro género) que me tem estimulado a pensar. Tentei verter por escrito todo um emaranhado de sentimentos e pensamentos, que me assomam lendo os versos inspirados do seu Autor.      



Como eu amo a música! Como eu amo a poesia! 

Poesia é música, disso não tenho dúvida. Estar à escuta da palavra é somente a primeira e maior virtude do poeta. Estar dentro da palavra significa estar para lá do que explicitamente ela nos transmite: a palavra segundo a «definição do dicionário» é uma coisa, mas a palavra enquanto Verbo é outra. Esta segue até ao infinito, até aos confins que o criador do discurso (poético ou outro) se abalança encontrar-lhe. Por tal motivo, «em busca da palavra perdida», se desfiam horas e dias inteiros. Mas essa vã procura, essa obsessão esquisita, também tem um lado prático. É que a palavra é como o barro; pode ser esculpida com maior ou menor esmero, arte e técnica. Um indivíduo pode esculpir a palavra, como um escultor pode moldar no barro uma obra, que - eventualmente - será transposta para o bronze. Mas, também, encontramos, quase em bruto, pequenas esculturas que são «arte popular», que nos transmitem a vibração genuína duma emoção; aquela que passa misteriosamente das mãos do seu criador, ao indivíduo que dá com tal obra-prima de «arte popular».

É assim que eu vejo a arte em geral, como representação do universo interno do criador, mas em diálogo com a realidade do mundo. Esta noção da realidade, que nos concita a atenção e, mais do que isso, a consciência do que vai pelo mundo, pode ser perdida temporariamente ou permanentemente, mesmo pelos mais talentosos espíritos científicos, artísticos, literários ou filosóficos. Porém, é para mim uma questão muito central da minha produção literária, tanto em poesia, como noutros textos (filosóficos, de análise política, social, etc.). A questão que me parece importante é de estar conectado com o real, com a vida tal como ela é, tal como se pode vislumbrar na aparência, ou apreendê-la nas profundidades. Confundir realismo com materialismo, é um erro crasso; pode-se ser muito realista e ter um fundo de espiritualidade, pode-se ser materialista e estar completamente fora do real!

De tudo podemos discorrer, mas somente ficam as palavras que se vêm inserir na nossa vivência profunda. Só consigo decorar poemas, não apenas que esteticamente me satisfazem como, sobretudo, que me dizem muito, que se adequam aos sentimentos, aos acontecimentos, às vivências da minha vida. 

O poema «É bom inventar rios…». É curto, tem a forma dum epigrama; é daqueles que eu gosto de decorar, de tal maneira exprime na forma sintética da poesia, um humanismo que não necessita de extensas explicações intelectuais, porque é genuíno.


É bom inventar rios

E barcos que os atravessam

Lentos e esguios…


E pontes que levem gente

E não apenas fios

Tecidos por desafios

De material que não sente.