domingo, 3 de setembro de 2023
TUDO O QUE O GOVERNO DIZ É PARA DISTRAÍ-LO DA AMEAÇA ÀS NOSSAS LIBERDADES
domingo, 25 de setembro de 2022
SE A CHINA IMPLODIR...
15 Set. - Protesto em Shenzen, de investidores em Evergrande
Tenho acompanhado atentamente nestes últimos anos a situação económica interna da China, embora eu esteja longe deste imenso país, o mais populoso e a segunda maior economia, ao nível mundial. Este país realizou muitos «milagres» passando de país pobre, para um dos mais desenvolvidos e onde muitos milhões foram arrancados à pobreza. Porém, este desenvolvimento também exacerbou desequilíbrios, como o fosso entre ricos e pobres, que não cessa de se alargar (é um dos maiores a nível mundial), o enorme volume de construção para alojar milhões, vindos das zonas rurais do interior para as grandes cidades costeiras e muitas outras questões, que fragilizam a economia do gigante da Ásia.
Talvez o maior problema económico atual da China seja a existência de um setor imobiliário que durante anos cresceu à custa da psicologia dos chineses: Com efeito, os chineses são dos povos mais poupadores do mundo. As famílias têm esse comportamento, interiorizado por séculos de cultura. Ora, perante a ausência de segurança nos produtos financeiros, visto que na China ainda são mais voláteis e perigosos que nos países ocidentais, os chineses viram no imobiliário um investimento seguro e «sólido» e usaram-no como meio de guardar as suas poupanças, mas também de crescer, nomeadamente pedindo emprestado a bancos locais.
Por sua vez, estes bancos locais são propriedade ou estão associados aos governos regionais e estes têm interesse em que o imobiliário continue a desenvolver-se: Vai trazer muitos outros negócios, vai implantar novas indústrias, vai fixar as pessoas a essas províncias, etc.
Mas, os negócios das grandes imobiliárias consistem em «esquemas de Ponzi» (ver o vídeo abaixo) e muitas pessoas ficaram com apartamentos inacabados nas mãos (invendáveis, portanto). Como elas tinham pedido empréstimos a essa banca local, é evidente que estes empréstimos ficarão por pagar.
Não sei até que ponto e durante quanto tempo, o Banco central da China (por ordem do Partido Comunista) poderá continuar a colmatar as enormes perdas dos referidos bancos. Se eles não fossem recapitalizados, mais de metade já estaria em falência total.
Os blocos de apartamentos inacabados, ou sem condições de habitabilidade, nas chamadas cidades-fantasma, são um monumental desperdício de matéria, energia, de trabalho e capital. Estes grandes blocos de apartamentos têm sido implodidos.
O ruir destas aventuras especulativas das grandes imobiliárias, de que «Evergrande» é somente o exemplo mais conhecido no Ocidente, tem muitas implicações, quer ao nível da banca local, quer da confiança dos cidadãos chineses nas instituições e vai fazer com que os grandes investidores dos países ocidentais saiam da China, onde estavam investidos em setores de ponta, de alta tecnologia.
Não será exagero pensar que a economia capitalista dinâmica da China, nestes últimos decénios, em que tudo era facilitado para que houvesse um máximo de investimento (sobretudo estrangeiro) na economia, arrisca transformar-se numa economia em marasmo, onde a confiança de investidores chineses e estrangeiros desapareceu e onde o Estado central acaba por sabotar - ele próprio - o Yuan, multiplicando a impressão (eletrónica) monetária, no afã de «resolver» os problemas graves e estruturais da economia, inundando-a com dinheiro frescamente impresso. Estratégia aliás adotada pelos países ocidentais, com os resultados desastrosos que já são visíveis, mesmo pelas pessoas mais míopes!
Neste vídeo, a apresentadora explica em resumo toda a amplitude da bolha imobiliária chinesa e por que razão se trata realmente dum Esquema de Ponzi.
A conexão com as economias dos países ocidentais continua a ser muito forte, facto que é obscurecido pelas tensões aos níveis político e de geoestratégia.
terça-feira, 17 de maio de 2022
DINHEIRO DIGITAL, INFLAÇÃO E OS MITOS ECONÓMICOS DO PRESENTE
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020
[28-29 /02/2020] A MAIOR CRISE MONETÁRIA/SISTÉMICA DA HISTÓRIA
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
MERCADO DE OBRIGAÇÕES SOBERANAS = ESQUEMA DE PONZI PLANETÁRIO
Para as pessoas não embrenhadas nas subtilezas dos mercados financeiros mundiais, a diminuição constante das taxas de juro das obrigações, nomeadamente as que são emitidas pelos Estados (obrigações «soberanas» ou «do tesouro»), pode parecer misteriosa(*). De facto, a media convencional faz tudo para ocultar a realidade, admitindo que os jornalistas económicos tenham um acesso, pelo menos igual ao meu, à informação sobre estas questões.
A explicação que é dada - normalmente - prende-se com o «relançar da economia». Com efeito, segundo o esquema clássico, um investimento em obrigações (a taxa fixa durante um certo número de anos) terá um retorno inferior ao investimento do capital num mercado mais dinâmico, como o das acções cotadas em bolsa. Em termos de rendibilidade /segurança, os investidores que tiverem um apetite maior para o risco, irão escolher investimentos com maior rendibilidade (as acções), em detrimento dos que ofereçam maior segurança (as obrigações). Se o ambiente económico geral é de optimismo, haverá maior tendência para os investimentos com maior risco, o inverso se passando quando se entra em recessão, ou quando a economia abranda e se perfila uma recessão no horizonte.
Se aceitamos a lógica tradicional, então esta descida constante das taxas de juro das obrigações soberanas, em paralelo com a subida das bolsas, seria sinal de que «tudo vai pelo melhor, no melhor dos mundos possíveis».
Porém, o mercado das obrigações soberanas, como todos os mercados financeiros hoje em dia, sofre distorções, está viciado, é um jogo em que Estados, os bancos centrais e a grande banca exercem uma pressão constante.
Hoje sabemos que os bancos centrais de muitos países (cerca de 30), retomaram o caminho de «quantitive easing», ou seja, de fornecer dinheiro (aos bancos comerciais) em grande quantidade.
O banco central americano - a «FED» - tem estado ultimamente a fornecer 60 a 75 biliões (segundo Jeff Berwick, o montante diário é de $160 biliões) aos bancos comerciais, para que não «seque» o mercado inter-bancário de empréstimos a curto prazo («overnight lending»).
Este afluxo de dinheiro fresco é obtido pela compra de activos financeiros, que os bancos possuem em reserva, nomeadamente obrigações do tesouro desses mesmos países. Os bancos dos EUA terão uma grande quantidade de reservas sob forma de obrigações do tesouro americano, o banco central europeu e os bancos comerciais da zona-euro, têm uma percentagem elevada de obrigações do tesouro dos países membros da zona-euro, etc. Portanto, havendo procura elevada, mantida pela compra constante dos bancos centrais destas obrigações, os respectivos juros vão diminuir. Isto deve-se ao facto dos portadores de obrigações ficarem com uma maior garantia de que conseguirão facilmente vendê-las, havendo sempre compradores, quanto mais não seja, os bancos centrais.
Chega-se a um ponto em que a procura de obrigações soberanas aumenta, por parte de investidores particulares e institucionais, devido às incertezas da economia.
Nesta altura, aquelas obrigações são percebidas como investimento-refúgio, não são adquiridas com o objectivo de obter lucro, mas de garantir o capital. As obrigações começam a ter uma remuneração muito baixa, abaixo da taxa de inflação do país de emissão, para atingir, depois, uma taxa negativa: ou seja, chega-se à situação dos investidores comprarem obrigações, por exemplo, 1000 euros a dez anos, com a certeza de que, após dez anos, irão recuperar 998 euros.
Em artigo anterior, já tinha explicado como é que o mecanismo destas obrigações com juros negativos, se instalou: a incerteza dos actores institucionais, em relação aos mercados, a incerteza quanto à continuidade no longo prazo do Euro, tem levado a que as obrigações soberanas alemãs (e outras) sejam compradas com taxas de juro negativas. Com efeito, o marco alemão, no qual seria pago de volta o capital investido nas obrigações, no caso dum rebentamento da zona euro, seria cotado - segundo várias estimativas - muito acima (cerca de 20% acima, segundo alguns) do valor do euro, nessa altura.
Mas o investidor particular, que faz o cálculo e avaliação acima descritos, não pode ser responsável exclusivo da enorme quantidade de dinheiro aplicado em obrigações com rendimento negativo que existem hoje, ao nível mundial (cerca de 14 triliões de dólares).
Os diversos investidores institucionais são obrigados, pelas regras em vigor dos seus países, no que respeita à estrutura das suas reservas, a deter significativa percentagem de activos em «valores seguros».
Nestes, estão incluídas as obrigações do tesouro, nomeadamente, dos países onde estas instituições estejam sediadas. Tais imposições legais na estrutura dos activos detidos em reserva, dizem respeito a bancos comerciais, a fundos de pensões, a fundos das seguradoras, etc.
Nos EUA e noutros países, os governos têm estado cronicamente a pedir emprestado mais do que recebem sob forma de impostos. O resultado, é um crescimento da dívida soberana, ao longo dos anos. Com o aumento da dívida, dá-se o aumento dos juros da mesma, que tem de estar incluído nas contas dos orçamentos dos respectivos Estados. Se parte significativa do orçamento é destinada a pagar juros, estas somas não vão ser canalizadas para outros fins, investimentos - directa ou indirectamente - produtivos (e, portanto, não poderão gerar receitas de impostos).
Esta espiral descendente não pode prosseguir de modo indefinido: o dinheiro que é necessário subtrair para pagar os juros da dívida torna-se incomportável para a economia desses países.
Os Estados têm interesse em que baixem os juros da sua dívida soberana, pois assim podem liquidar com dinheiro recém-emprestado, as dívidas antigas, pagando juros mais elevados: por exemplo, se obtiverem um novo empréstimo com juro de 2%, poderão, com esse dinheiro, liquidar dívida que tinha um juro de 4%.
Mas, se este movimento descendente dos juros alivia as contas dos Estados, do ponto de vista da poupança, ele é lesivo. As taxas de juro dos depósitos e dos fundos de poupança estão indexadas à taxa de juro das obrigações soberanas. Se o juro da dívida pública diminui, a remuneração do dinheiro, mantido nas contas a prazo, irá diminuir, mais ou menos na mesma proporção. Os particulares e os investidores institucionais são induzidos a procurar maior rendibilidade do capital, investindo em fundos especulativos, portanto com muito maior risco associado.
Mas, o pior de tudo é o comportamento de risco, induzido nos investidores institucionais: observa-se o aumento do risco, na procura de maior rendimento na Segurança Social pública, ou nos fundos de pensões privados, pois estas instituições têm uma pressão muito grande pelo aumento de pessoas que atingem a idade da reforma, enquanto devido ao desemprego elevado e à baixa natalidade, há cada vez menos pessoas a descontar para estes fundos. Isto significa que a bolsa e os mercados de derivados vão ser áreas financeiras com maior peso destes grandes investidores, como forma de manterem os pagamentos das reformas presentes e futuras, a que estão obrigados.
Devido a isto, quer os fundos de pensões públicos, quer os privados, estão demasiado expostos; corre-se o risco das pensões não serem pagas, por falência. Já ocorreram situações destas em fundos de empresas (privados) e públicos (fundos municipais e outros) nos EUA. Numa eventualidade de crise severa, os sistemas público e privado de pensões irão à falência, nos países de economia de mercado.
A diminuição das taxas de juro da dívida pública, sendo um «alívio» para as finanças públicas, por um lado, por outro é uma catástrofe em perspectiva (cuja dimensão se vai avolumando com o tempo) para as instituições que são garantes das nossas pensões ...
Existe portanto uma contradição insanável entre o interesse da generalidade das pessoas (os pensionistas de hoje e os de amanhã) e o interesse dos que governam os Estados. Estes, são entidades orientadas pela classe política, essencialmente, para ela própria se manter no poder. «Custe o que custar» e «depois de mim, venha o dilúvio» são estes os motes que norteiam a classe política. Evidentemente, ela não diz isso ao seu eleitor!
O esquema de redução da dívida, por redução das taxas de juro das obrigações soberanas, tem sido praticado por todos os Estados europeus sobre-endividados graças ao BCE. São realmente muito poucos, os que não têm precisado de pedir dinheiro emprestado.
Se os empréstimos fossem destinados ao investimento produtivo, o lançamento de dívida pública não seria um problema, desde que a rendibilidade dos investimentos públicos fosse garantida, dentro de um certo prazo. Neste caso, as dívidas contraídas seriam pagas pelo acréscimo de receitas em impostos, em consequência do maior desenvolvimento económico. Porém, não é nada disto que se passa, na generalidade dos casos.
- Em muitos casos, trata-se de cobrir despesas do próprio serviço da dívida, os juros e o capital em dívida, com o novo empréstimo contraído, o que significa - ao fim de certo tempo - uma acumulação incomportável de dívida e de juros.
- Muitos governos lançam programas ambiciosos, mas sem sustentabilidade, para agradar aos eleitores. Depois, têm de cobrir os défices do orçamento com mais empréstimos.
- Noutros casos, «têm de» socorrer instituições bancárias ou outras, que entram em incumprimento. Os governos preferem ter perdas severas, a terem de gerir a situação de bancarrota de um banco, causando pânico generalizado. Por exemplo, tal foi o caso em Portugal, com a falência do BES [Banco Espírito Santo] e de vários outros bancos...
Quando as dívidas públicas e privadas se acumulam de forma exponencial, os Estados e respectivos bancos centrais emitem mais moeda, para «pagar» a dívida, arriscando deste modo fazer disparar a espiral da inflação. Desta maneira, estão a diluir o poder de compra da divisa, ou seja, o seu valor real. É assim que ocorre a perda do poder de compra dos salários, das pensões, das poupanças. Em suma: rouba-se os pobres. É este o caminho que os Estados do Ocidente, mesmo os mais poderosos, têm trilhado, após a crise de 2008.
Agora, nos EUA, na UE, na China, foi retomado ou ampliado o «quantitive easing» (ou seja, impressão monetária, use-se este ou outro eufemismo!). Esta impressão monetária destemperada não é uma escolha dos bancos centrais. Estão encurralados a fazer isso, pois a alternativa era deixar o sistema evoluir sem intervenção. Eles temem que, se não houver intervenção, os valores inflacionados desçam bruscamente, desencadeando um crash e uma brutal recessão mundial. Como se vê, estes banqueiros centrais e governos, entalaram-se a si próprios, colocaram-se a si próprios num beco sem saída.
Globalmente, este estado de coisas é insustentável e a próxima recessão não vai ser suave e passageira, mas antes uma longa depressão, em que muito vão sofrer as classes menos abonadas. Mesmo uma fatia significativa das classes médias será duramente afectada.
(*) NOTA: Pode-se pensar que o aumento da dívida vá fazer subir as taxas de juro. Porém, é exactamente o contrário.
Harry Dent, cita o economista Lacy Hunt, que explica o fenómeno:
https://www.silverdoctors.com/headlines/world-news/harvard-trained-economist-what-higher-debts-do-to-bond-rates/
domingo, 28 de julho de 2019
OLHANDO O MUNDO DA MINHA JANELA (PARTE III)
Em todos os casos, estão a «brincar com o fogo», pois as provocações podem, num dado momento, ser confundidas com o desencadear duma ofensiva e, por sua vez, suscitarem contra-ataques, ou pode até haver respostas não desejadas pelos comandos superiores, causadas por subordinados demasiado enervados com estas danças e contra-danças.
A necessidade de se encarar esta organização como o factor de desestabilização nº1, em todo o mundo, não é exagerada da minha parte. Basta ver o que diz sobre o assunto Paul Craig Roberts, um ex-subsecretário de Ronald Reagan, que preparou o terreno para o final da Guerra-Fria, por Reagan e Gorbatchov.
As verdadeiras notícias, no melhor dos casos, são servidas descontextualizadas. Só os especialistas as compreendem realmente e colocam-nas no devido contexto. Outras vezes, são distorcidas e apresentadas de modo falsamente objectivo, são «fake news» produzidas pelas grandes organizações de media (CNN, BBC, NYT, The Guardian, Libération, Le Monde ...). Note-se que muitos títulos com passado glorioso, foram capturados pelo «politicamente correcto» e pela narrativa obsessiva, que coloca sempre os «outros» como «Império do Mal», não importando que seja em resultado de análises completamente distorcidas e dando crédito a «fontes» muito dúbias. Eles estão cumprindo o papel de instrumentos de propaganda, que lhes foi destinado, dentro do grande esquema da 3ª Guerra Mundial.
Por isso, é que temos a realidade que temos.
(*) Esquema de Ponzi: um especulador que inventou uma burla nos anos 1920 para captar incautos; dava juros altos, com os novos capitais que - entretanto- vinham afluindo.