Sabemos, infelizmente, que há mais hipóteses de que, partindo de uma guerra dita «limitada», se possa chegar a um holocausto nuclear, que eliminará a civilização e talvez até a vida na Terra.
sexta-feira, 6 de outubro de 2017
PROFECIAS AUTO-REALIZADAS?
Sabemos, infelizmente, que há mais hipóteses de que, partindo de uma guerra dita «limitada», se possa chegar a um holocausto nuclear, que eliminará a civilização e talvez até a vida na Terra.
terça-feira, 16 de maio de 2017
OS DERIVADOS... OU WARREN BUFFETT SABE O QUE FAZ, COM CERTEZA.
quinta-feira, 12 de outubro de 2017
ALGORITMO PARA A COMPLEXIDADE
quarta-feira, 19 de janeiro de 2022
CRISE DO IMOBILIÁRIO NA CHINA DESENCADEIA TSUNAMI MUNDIAL, ECONÓMICO E FINANCEIRO
Sim, estou convencido que estamos perante um tsunami económico e financeiro. Ele vem da China, com repercussão em todos os mercados de crédito.
Com efeito, a crise do imobiliário chinês (cerca de 30% do PIB da China) não se ficou por «Evergrande», com a sua vertiginosa descida em bolsa, os episódios pondo em dúvida o atempado pagamento de juros e de reembolso dos seus «bonds».
Assiste-se a uma queda dos dominós, uns a seguir aos outros, e não há nada que o governo de Pequim possa fazer, além de facilitar ao máximo o crédito das empresas e facilitar os procedimentos de cobrança dos montantes de vendas já concluídas.
A crise estende-se agora à empresa «Country Garden», a nº1 do imobiliário, que tinha, até agora, classificação positiva pelas agências de «rating» internacionais. Isso fazia com que seus instrumentos de dívida (notas de crédito, obrigações) fossem comprados nos mercados internacionais.
A crise não pode ficar confinada à China, porque existem demasiados investimentos ocidentais nos diversos setores (não só no imobiliário) que apostaram nas empresas chinesas, como investimentos «seguros», com alta taxa de rentabilidade.
O Ocidente vive, há algum tempo, num contexto de crise de produção decorrente da limitação na obtenção de uma série de produtos (semicondutores e componentes eletrónicos diversos). A China está com dificuldade em produzir estes componentes, não só para exportação; mesmo em abastecer o seu mercado próprio. As grandes marcas de automóveis e de eletrodomésticos, na América do Norte e na Europa, encontram-se em paralisia técnica.
O desencadear desta crise logística, tem relação com as políticas estritas na China, que decidiu aplicar as medidas mais severas, na esperança de diminuir ao máximo a possibilidade dos jogos olímpicos de Inverno de Pequim ficarem manchados por um alastramento incontrolado do coronavírus.
É irónico que este conjunto de circunstâncias ocorra num momento em que os governos ocidentais se apercebem que foram longe demais nas políticas de restrição relativas à pandemia de COVID. Estão, à pressa, a tentar minorar a situação de carência aguda de mão-de-obra. Nalguns casos, recrutando mesmo trabalhadores com sintomas de COVID, já não se importando afinal com a segurança sanitária.
De qualquer maneira, os loucos anos de subidas sem limite das bolsas (sobretudo ocidentais) terminaram: Jerome Powell e a FED bem podem esboçar um «apertar do cinto» (QT= Quantitative Tightening). Isso não terá qualquer efeito real. É uma tentativa somente de maquilhar a responsabilidade da FED e de todos os outros bancos centrais ocidentais, na génese desta crise. Powell vai «apenas» presidir ao colapso da finança e economia mundiais.
Aí vamos! Para o maior colapso das nossas vidas; a caminho duma década de depressão. Quando os mais lúcidos observadores da economia, desde Jim Rickards a Ray Dalio, passando por Egon Von Greyerz, tinham avisado o mundo da finança, há imenso tempo... em vão!
------------------------------
ARTIGOS DESTE BLOG RELACIONADOS ao tema:
ECONOMIA: TRÊS DEMOLIÇÕES EM CURSO
sexta-feira, 17 de maio de 2019
QUAL É A VERDADEIRA GUERRA?
-
quinta-feira, 14 de outubro de 2021
MÚLTIPLAS CAUSAS PARA UM EFEITO
NOTA PRÉVIA: Não sou adepto de indústria e transportes baseados em combustíveis fósseis. Estes combustíveis são responsáveis por imensos danos ambientais, a começar pelos locais de onde são extraídos e a acabar nos pulmões dos citadinos, que povoam as cidades, fortemente dependentes destes combustíveis e cujo ar é de fraca qualidade.
1- Porém, a escassez de combustíveis fósseis desde o carvão, com particular incidência na China*, até ao petróleo e a gasolina utilizados para aquecimento, transportes individuais e, sobretudo, para transportes de mercadorias, passando pelo gás natural, cuja escassez já afeta gravemente a rentabilidade de muitas empresas, especialmente na Alemanha, está correlacionada com os lockdowns longos, que causaram interrupções na extração dos referidos combustíveis e uma paragem nos esforços de prospeção. Pontualmente, houve o absurdo preço negativo dos contratos de futuros de barris de petróleo, consequência de um excesso momentâneo da oferta de petróleo no mercado mundial, na primavera do ano passado. Mas, aquando do retomar das atividades económicas diversas, o consumo de energia, em particular da energia elétrica, disparou. Os preços também dispararam, pois a produção tinha ficado parcialmente emperrada ou, pelo menos, incapaz de fazer face a tais oscilações do consumo, nada normais ou habituais.
2- A frenética campanha do «tudo elétrico» (carros movidos a baterias elétricas que, por sinal, têm uma pegada ecológica superior aos carros movidos a gasolina), pode enriquecer Elon Musk e dar uma certa euforia aos acionistas da Tesla mas, no cômputo geral, a caminhada para uma energia «renovável», capaz de se bastar a si própria e proporcionar uma satisfação das necessidades de consumo dos cidadãos e das indústrias, está longe de ter chegado ao momento, não de fruição, mas somente de se ver, por fim, a luz ao fundo do túnel.
Com efeito, os planos absolutamente voluntaristas dos dirigentes mundiais e suas promessas de eliminação de emissões de CO2, oriundas dos combustíveis fósseis, são apenas promessas, feitas para mostrar empenho aos verdes eleitores ("verdes", no sentido de imaturos). Na realidade, precisamos de todas as formas de obtenção de energia, conquanto as possamos gradualmente sujeitar à substituição faseada e não brusca, conquanto tenhamos em conta que também a energia nuclear, por mais riscos potenciais que se lhe possam atribuir, tem que fazer parte da equação, se quisermos manter os confortos a que nos habituámos, no Ocidente.
Com efeito, os ecologistas políticos, com um coração grande (talvez), mas com pouco discernimento, têm feito um grande barulho em torno do «efeito de estufa», supostamente causado pelas emissões humanas**. Têm pressionado os governos para tomar medidas drásticas. Estes, por sua vez, ficam encantados pela oportunidade para mais regulações e impostos, com aceitação, ou mesmo, aprovação dos eleitores.
3- Obviamente, a escassez leva ao encarecimento dos produtos, sejam matérias-primas industriais, cuja extração supõe consumo importante de energia, seja de bens alimentares, também fortemente dependentes de energia, sobretudo nos países exportadores e nas estufas (vejam o caso paradigmático das estufas holandesas). Um aumento nos preços finais teria de se verificar.
Deu-se a conjugação seguinte para uma «tempestade perfeita»: a) Desorganização no ponto de origem - fabrico, extração ou cultivo. b) Desorganização do transporte (ex: transportes marítimos num caos nos portos da China, transportes rodoviários com sérias deficiências, em Inglaterra) e, finalmente, c) A renovada apetência de consumo dos cidadãos, depois de prolongadas e artificiais paragens, causadas pelos «lockdowns».
4- Agora, querem fazer-nos crer que a subida da inflação é transitória. Pois bem; o que eu vejo, é que existem várias causas envolvidas nesta subida dos preços. Muitas pessoas pensam em termos lineares, mas a realidade não é assim; a realidade é formada de causas e efeitos imbrincados, de grande complexidade e com variação no tempo. O mundo é caótico, pela sua própria natureza; o Homem apenas o torna um pouco mais, apenas fabrica situações suplementares, ou acentua as existentes.
5- Por que motivos os preços continuarão a subir?
- A energia subiu e não vai descer, de modo significativo: O mundo ainda depende, numa enormíssima percentagem, das energias fósseis; estas estão a atingir, ou já atingiram, o famoso «pico de Hubbert». Os preços não podem descer; escasseia a oferta e a procura também não desce, pelo menos, ao nível global.
- Os impostos sobre o consumo, apresentados como «taxas carbono», significam que os cidadãos terão maior carga de impostos. Significa também, que terão menos dinheiro disponível, a rentabilidade das empresas será menor. Tudo isto é antieconómico, irá traduzir-se em escassez, artificialmente causada pela mão pesada do Estado. Isto resume-se à gula dos políticos; sabendo eles que a «moda é o verde», pensaram que isso os beneficiaria eleitoralmente. Também vão carregando a nota das regulamentações, causadoras de maiores custos, repercutidos pelas empresas nos preços ao consumidor.
- A escassez de mão-de-obra, em certos sectores-chave, só será suprida se houver acréscimo substancial dos salários. Parece-me pouco provável isso acontecer, no curto prazo. O que vai haver é uma estagnação-inflação, que os anglo-saxónicos chamam «stagflation». Será muito dura: os trabalhadores terão falta de trabalho, quando há aumento do custo de vida, quando têm menos entradas de dinheiro para o seu sustento.
- Finalmente, a contínua impressão monetária, sem fim à vista, apesar de anúncios de «abrandamento», pelos dirigentes da FED. Com efeito, a subida dos juros da dívida pública, sabendo nós que a dívida pública anda em torno de 140 % do PIB, para muitos países do chamado «1º Mundo», vai tornar absolutamente impossível a paragem da impressão monetária, do «quantative easing». No momento em que houvesse tal paragem, a subida brusca dos juros das obrigações estatais levaria os Estados diretamente à falência, por falta de capacidade de pagamento de juros de obrigações, por eles emitidas. Sendo este o cenário que todos querem evitar, a espiral inflacionária vai continuar e acentuar-se, com o risco de se transformar em hiperinflação.
É muito simples, se há triliões que são impressos, em face duma produção de bens materiais constante - no melhor dos casos - haverá maior número de unidades monetárias, para um mesmo número de produtos. O preço destes tem de aumentar, pela própria «lei da oferta e da procura».
----------------
* A situação tornou-se tão dramática, que a China teve de reverter seu embargo de importação de carvão australiano, apesar de estar de candeias às avessas com a Austrália, por esta ter sugerido uma comissão de inquérito internacional às atividades do Instituto de virologia de Wuhan. Esta atitude desencadeou a retaliação por parte da China, banindo a importação, desde a lagosta até ao carvão australianos.
** Uma realidade não tão nítida, para mim, que me tenho debruçado seriamente sobre o assunto (desde os anos noventa do século passado!)
-----------------
PS1 (15-10-2021): Se não tens grande confiança na minha palavra, compreendo, sou apenas um «Zé Ninguém»! Mas - ao menos - tem em consideração o artigo que Jim Rickards acaba de publicar: «The Revenge Of The Fossil Fuels», que vai totalmente ao encontro daquilo que escrevi acima.
PS2 (17-10-2021) - Um artigo que explica as causas da crise de escassez global (com tendência a agravar-se), tanto nas matérias-primas como nos produtos acabados: https://www.rt.com/op-ed/537664-supply-chains-shortage-crisis/
quinta-feira, 5 de julho de 2018
O FAMOSO «RESET» JÁ ESTARÁ OCORRENDO?

quarta-feira, 3 de agosto de 2022
FIM DA HISTÓRIA OU FIM DO GLOBALISMO ?
Fazer cócegas na cauda do dragão, poderia ser o mote da viagem taiwanesa de Nancy Pelosi. Porém, o que está em causa, é muitíssimo mais que causar irritação no dragão chinês, ou estimular um sentimento independentista no povo e na casta governante de Taiwan. O que está em causa, é o completar da rutura entre o mundo «Atlântico» e o mundo «Euroasiático».
Exercícios de bloqueio e de preparação para invasão de Taiwan, pelo PLA (People's Liberation Army) da China Popular, segundo o «Global Times» de 03 de Agosto 2022.
Durante os anos da Guerra-Fria, que durou de 1946 até 1991, houve episódios de guerra muito quente, como a Coreia e o Vietname. Além destas e outras guerras «por procuração», houve a crise dos misseis de Cuba. Ela poderia ter desencadeado o holocausto nuclear, caso as direções soviética e americana não tivessem tido o bom senso de recuar. Com efeito, os americanos tinham colocado secretamente mísseis com cargas nucleares na Turquia (membro da NATO), às fronteiras da URSS e Nikita Khrushchov utilizou a ilha de Cuba com o governo pró-soviético de Fidel Castro para responder da mesma moeda.
Apesar da total incompatibilidade ideológica, quer Nixon, quer Reagan, fizeram avanços na coexistência pacífica com a União Soviética, certos de que não haveria vencedor numa confrontação nuclear entre os dois superpoderes. Neste pressuposto, as políticas relativas à potência nuclear opositora, foram sempre medidas e avaliadas ao milímetro pelos estrategas e políticos em ambas as superpotências.
Quando se deu a implosão da URSS, em 1991, a política de Washington modificou-se, com a forte influência exercida pelos neo- conservadores («neocons»), dirigentes e membros da alta administração, que tinham uma doutrina (doutrina dita Wolfowitz) que postulava que os EUA se destinavam a ser a primeira e única potência mundial, durante o século vindouro (século XXI) e que para isso, não podiam permitir que outra potência chegasse ao ponto de poder disputar a hegemonia dos EUA, quer económica, quer militar. Esta doutrina teve o seu triunfo com a «eleição» de George W. Bush, que integrava o grupo. Ele teve, na sua presidência, como principais conselheiros e membros da administração, muitos «neo-cons».
A guerra nuclear continua, assim, a ser aquela modalidade que nenhum dos lados deveria ser tentado a desencadear, pois as consequências nunca são previsíveis e a possibilidade de riposta - do lado oposto - nunca será de excluir. Além do mais, mesmo uma guerra nuclear que fosse completamente vitoriosa por uns, sem possibilidade de retaliação pelos outros (o que é falso, como vimos), esta «vitória» não deixaria aos sobreviventes uma Terra onde valesse a pena viver. Os efeitos de longo prazo dum inverno nuclear (fome, por ausência prolongada de fotossíntese) e a contaminação radiativa generalizada e prolongada, inviabilizando a agricultura em todo o planeta, a multiplicação de cancros e doenças resultantes da perda de imunidade dos indivíduos, fariam com que fosse mais desejável morrer-se logo, no decorrer da explosão nuclear, do que sobreviver e morrer-se aos poucos, num cenário de inferno total.
Como tenho escrito há vários anos, a potência em decadência acelerada, que é o império USA e os seus vassalos, tem sofrido uma sucessão de lideranças, cada qual mais incompetente que a anterior, com um risco incalculável para o nosso Planeta: O de estarem ao comando duma potência nuclear de primeiro plano e possuindo bases militares espalhadas por todo o lado.
Face a esta situação, a Rússia tem desenvolvido armas estratégicas híper- sónicas, mísseis poderosos mas indetetáveis pelos sistemas de radar americanos. As armas referidas foram testadas em guerras, não apenas em exercícios. Foram usadas tanto na guerra da Síria, como na Ucrânia. Os peritos da NATO puderam constatar que esses mísseis podiam ser disparados a grande distância e teleguiados - com uma precisão inédita - até ao alvo.
- O Afeganistão, chave para o controlo da Ásia Central, logo do continente euro-asiático, a «Ilha do Mundo» segundo Mackinder.
- A Síria, nada do que foi tentado desde a administração Obama, quando Biden era vice-presidente, se pôde consolidar. Em contraste, a influência e prestígio do Irão cresceram na Síria e na região.
- O Iraque, donde os americanos estão basicamente excluídos e incapazes de influir, sendo o Iraque, agora, um bastião do Islão Xiita.
- A Ucrânia, o que pode surpreender, porém, veja-se que nenhuma das manobras tentadas surtiu efeito. A guerra está perdida para o governo ucraniano: Este, só não se senta à mesa para negociar um cessar-fogo, porque está pressionado para não o fazer, pelos Anglo-Americanos. A tragédia das pessoas, da sociedade e até mesmo a perda da independência da Ucrânia, não importam aos imperialistas. Eles quiseram que esta guerra acontecesse com o objetivo de criar um «novo Afeganistão às portas da Rússia», arrastados pela sua húbris, numa visão totalmente irrealista em relação às forças do lado russo. As sanções económicas à Rússia tiveram o efeito oposto ao que o «Ocidente» contava.
Na realidade, não existe um projeto civilizacional autónomo, não existe um conjunto de valores que possam juntar os governos das nações díspares, que se encontram sob a tutela da hegemonia anglo-americana. Trata-se, para eles, de manter o domínio imperial, o mais próximo possível em extensão, do que foi alcançado pelo Império britânico no século XIX, não para benefício dos povos, mas da elite aristocrática.
Como tudo isto carece da mínima coerência, de qualquer moral ou ética, este projeto de «tardo-capitalismo» tem, necessariamente, de ser cada vez mais autoritário, despindo-se rapidamente dos trajes de humanismo, defesa dos direitos humanos, justiça social, etc. Evidentemente, estes permanecerão «pendurados» nas constituições e leis, e nos discursos inflamados dos períodos pré-eleitorais, mas não mais do que isso. De resto, será um estendal de instrumentos de repressão, servindo-se das técnicas de vigilância generalizada e as moedas digitais (obrigatórias), emitidas por governos e bancos centrais. Teremos uma sociedade totalitária idêntica, no essencial, aos regimes recordistas em violações dos direitos humanos.
Espero que estes planos fracassem, que surja uma onda revolucionária, embora esta minha esperança tenha pouco fundamento, por enquanto: O meu fundamento, é constatar que a vontade de liberdade e igualdade, de justiça e fraternidade, têm existido nas mais diversas sociedades e indivíduos, na História. E não acredito que satanistas e malthusianos, por muito ricos e poderosos que sejam, consigam transformar o humano, impondo o seu «transumanismo», que afinal é somente anti-humanismo.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
A NOVA ROTA DA SEDA E A ESTRATÉGIA DO OCIDENTE
A confrontação actual do eixo euro-asiático com o eixo anglo-saxónico não será ideológica, mas será na mesma um confronto total. Desde uma vintena de anos, o «Ocidente» apenas respeita o direito internacional quando lhe convém, apenas denuncia casos de violação dos direitos humanos em regimes que não se alinham por ele, tem como único «instrumento diplomático» a força armada, para esmagar todos os que não se conformam com a sua lei ... No entanto, na sequência do golpe de estado de Kiev, em Fevereiro de 2014, financiado e apoiado pelos EUA, a Rússia acelerou conversações para um acordo global, estratégico e económico com a China, vendo que os governos da Europa ocidental tinham caído numa total vassalagem face aos EUA.
Assim, chega-se ao ponto da evolução em que o eixo de aliança estratégica entre os países que formam a Eurásia está a consolidar-se a olhos vistos.
Este acordo é um formidável desafio ao petro-dollar(*), visto que o maior consumidor de crude e de gás natural terá como principal fornecedor o segundo maior produtor e tudo isto, usando divisas dos respectivos países, Yuan e Rublos, não usando o Dollar.
Num instante, a China obteve a adesão de mais de 60 países, como membros fundadores, nos quais se incluía o Reino Unido. Este, viu que o seu interesse no longo prazo era estar dentro do barco, que era inevitável a China tornar-se a primeira potência económica, sendo já dominante em muitos sectores do comércio internacional.
A este propósito, deve-se compreender que a presente subida do Dollar não é devida a confiança na sua economia e na sua capacidade geo-estratégica, mas antes um corolário da enorme quantidade de Treasuries(**) (Obrigações do Tesouro US) que têm sido vertidas no mercado. Para que estas sejam vendidas, do outro lado tem de haver dispêndio de dollar: logicamente, vai haver uma falta de dolares no mercado. Foram vendidas, no ano transacto, quantidades astronómicas de treasuries, nos mercados. Os principais vendedores foram a China, o Japão, a Arábia Saudita. Esta subida do dollar, para além dos aspectos especulativos, é portanto o «canto do cisne», enquanto moeda de reserva mundial.
A machadada final será dada quando os países petroliferos, Arábia Saudita e os diversos diversos Emiratos, começarem a aceitar outras moedas, além do dollar, pelo seu petróleo.
. Vai reforçar-se a colaboração, a todos os títulos, entre Moscovo e Pequim.
. Haverá um aprofundar de crise do Euro e - portanto - uma perda de influência da Europa nos assuntos económicos mundiais.
. Pelo contrário, a China continuará, com seus numerosos acordos de comércio com países do Terceiro Mundo, a drenar uma parte importante das matérias primas, sustentando as economias desses países.
. Isto permitirá que os países fornecedores de matérias-primas se autonomizem, quer das ex-metropoles dos tempos coloniais, quer dos novos poderes que as substituiram.
. As diversas potências, grandes ou pequenas, no continente Euroasiático, verão como decisivo para a sua segurança e estabilidade globais, a cooperação em matérias de defesa, de luta contra o terrorismo, contra a criminalidade económica.
O eixo anglo-saxónico - essencialmente o Reino Unido, os EUA, o Canadá e a Austrália - irá disputar o terreno palmo a palmo, não hesitando em lançar uma guerra generalizada, na tentativa desesperada de manter a hegemonia.
Porém, outro Mundo é possível (e preferível); um Mundo multipolar, como aliás tem sido, na maior parte da História.
(**) As obrigações do Tesouro dos EUA são a forma habitual dos países manterem dólares em suas reservas financeiras nos bancos centrais. Terem dólares em reserva é uma necessidade, porque tem sido - até aqui - a moeda indispensável para compra, nos mercados mundiais, de combustíveis fósseis.