Um «derivado» é um activo
com preço dependente ou derivado de um ou mais bens subjacentes. O derivado
propriamente é um contrato entre duas ou mais partes baseado nesse bem ou grupo
de activos. O seu valor é determinado pelas flutuações do activo, que pode ser
acções, obrigações, matérias primas, divisas, taxas de juro ou índices de
mercados. Quem negoceia derivados está essencialmente a efectuar uma espécie de
jogo de apostas legalizado. Muitos
nomes sonantes dos meios financeiros têm dado avisos sobre a possibilidade
potencialmente destrutiva deste tipo de instrumentos, no longo prazo.
Numa carta escrita aos
detentores de participações do fundo Berkshire Hathaway, em 2003, Warren Buffett chegou
a referir os derivados como «instrumentos financeiros de destruição maciça»…
O «génio» saído da
garrafa irá com certeza multiplicar-se e expandir-se até que um acontecimento
torne a sua toxicidade evidente. Não foi encontrado, quer pelos bancos
centrais, quer pelos governos, meio de controlar ou mesmo de monitorizar os
riscos que colocam estes contratos. Penso que os derivados são instrumentos financeiros de destruição maciça, portadores
de perigos que, embora latentes agora, são potencialmente letais.
Warren Buffett tinha
razão – sabia do que estava a falar – e claro que hoje a bolha dos derivados é
muito maior do que na altura em que lançou o aviso.
Com efeito,
considera-se que exista um total superior a 500 triliões de dólares envolvidos
em derivados, neste momento.
Os efeitos em cadeia de
um não pagamento (um «default») num sector qualquer, mesmo algo muito pequeno
em comparação com a economia global, serão potenciados por esta incrível
alavancagem.
Por isso, faz todo o
sentido que grandes investidores, como Buffett, se posicionem em função da
inevitabilidade do grande «crash».
De acordo com o perito
financeiro Jim Rickards, a companhia de Buffett, Berkshire Hathaway, acumulou
uma pilha de 86 biliões de dólares em «cash» (dinheiro liquido) porque prevê
uma acentuada diminuição do mercado de acções.
Este facto, a
acumulação de cash por Buffett, é o contrário duma indicação de alta dos
mercados: este comportamento só tem explicação como preparação para um crash
dos mercados financeiros. Quando o crash tiver ocorrido, Buffett poderá
deambular pelos destroços e comprar as companhias por um preço muito inferior ao seu
valor real.
Warren Buffett não se
tornou um dos homens mais ricos do mundo… sendo estúpido. Ele sabe como os
valores das acções estão ridiculamente sobrevalorizados neste momento e está
preparado para agir quando o pêndulo se deslocar para o outro extremo.
Os mercados financeiros
continuam a flutuar num mundo irreal, completamente desconectado da economia
real que - pesem embora as estatísticas falseadas e os cantos de sereia da
media ao serviço dos grandes interesses - dá sinais inequívocos. Desde os EUA à
China, passando pela Europa e mesmo nas economias emergentes, não se pode dizer que
houve verdadeira recuperação da crise de 2008, em termos de economia real.
Mesmo um Warren Buffett
está claramente preparado para enfrentar a crise vindoura.
É bastante trágico que
o comum dos mortais, que vão sofrer na pele o pior dessa crise, não estejam conscientes dela e não se preparem, como se fossem um povo de cegos e surdos…