quinta-feira, 11 de agosto de 2022

I'LL BUILD A STAIRWAY TO PARADISE (SARAH VAUGHAN CANTA GERSHWIN -1957)

Retirei esta linda canção do álbum «Sarah Vaughan Sings George Gershwin»

Não conheço melhor música clássica do jazz que as composições de George Gershwin. 
G. Gershwin nasceu em Nova Iorque (Brooklyn), este judeu de origem russa (nome de nascimento: Jacob Gershowitz), cujos pais emigraram para os EUA. 
A sua criatividade, seu enorme talento e versatilidade, brilham em todos os géneros, tanto de música erudita, como popular. 
Toda a gente conhece a sua obra-prima «Porgy and Bess», mas poucos exploraram a fundo a riqueza da obra deste homem, o compositor Norte-Americano mais celebrado e cujas composições são mais frequentemente utilizadas, quer por formações de orquestra «clássicas», quer por bandas de jazz ou pop.
Quanto à arte de Sarah Vaughan, pode apreciá-la na «playlist» que criei há algum tempo: 
Creio que o reportório de George Gershwin não pode encontrar melhor interprete, embora conheça e aprecie as maravilhosas versões de Gershwin de grandes vozes do jazz, como Billie Holiday ou Ella Fitzgerald. Mesmo assim, prefiro as interpretações de Sarah Vaughan. 


 All you preachers

Who delight in panning the dancing teachers Let me tell you there are a lot of features Of the dance that carry you through The gates of Heaven It's madness To be always sitting around in sadness When you could be learning the steps of gladness You'll be happy when you can do Just six or seven Begin today You'll find it nice The quickest way to Paradise When you practice Here's the thing to know Simply say as you go I'll build a stairway to Paradise With a new step every day I'm gonna get there at any price Stand aside; I'm on my way I've got the blues And up above it's so fair Shoes, go on and carry me there I'll build a stairway to Paradise With a new step every day




terça-feira, 9 de agosto de 2022

NÃO É «CONSPIRAÇÃO»; É UMA QUESTÃO DE PERSPECTIVA

 Agora, a ilusão dada pela forte ascensão dos ativos financeiros, nas economias ocidentais finaneirizadas é capaz de causar muito estrago. Esta ilusão traduz-se numa euforia de compra de ativos financeiros, uma procura frenética pelo «lucro», que os anglo-saxónicos designam por «panic-buying». Exatamente o que os pequenos investidores e os fundos especulativos têm de fazer para «desencravar» as grandes fortunas, os grandes bancos, os grandes fundos de investimento, como Blackrock ou outros. 

A descida aos infernos da espiral descendente da inflação ainda agora começou, no Ocidente. Digo descendente porque o valor das divisas-papel sendo destruído, as pessoas conseguem  comprar cada vez menos com o seu ordenado, a sua pensão, o seu rendimento.

Neste contexto, vemos que as crises são exacerbadas pela oligarquia que domina os mercados e que dita o comportamento dos governos. É uma questão de perspetiva; eu estive muito tempo convencido que os governos e as forças que os apoiam, as corporações com seus lobbies, estavam efetivamente enganadas, cometendo erros estratégicos...

- Ao promoverem os «lockdown» (confinamento) nos seus países, face à pandemia de COVID. Pensei que estivessem a ser mal aconselhados, por ambiciosos que se colocavam numa postura de inquestionáveis autoridades «científicas», para melhor firmarem a sua posição junto dos grandes empórios farmacêuticos, etc. Depois, tive de constatar que a má vontade, a desonestidade, a fraude e mesmo o comportamento criminoso, tinham sido a norma, pois só assim se explica que tenham empurrado entusiasticamente a população a fazer (obrigatoriamente em muitas profissões) injeções de substâncias não suficientemente testadas, experimentais, cujos resultados são patentes agora, com uma população de contaminados pelos vários variantes do COVID, numa proporção pelo menos tão grande, como a das pessoas não-injetadas. 

- Ao se recusarem a negociar com o governo russo, em conversações globais de segurança e garantias para todos. Esta era a proposta russa, abrangendo os países da NATO e os outros, com a Rússia. Essa recusa, juntamente com uma insistente distorção da posição russa, junto das opiniões públicas ocidentais, dava a impressão de que os governos e ministérios dos negócios estrangeiros estavam obnubilados por quaisquer preconceitos, que não conseguiam compreender que tais propostas eram uma última tentativa de resolução pacífica do conflito larvar entre NATO/Rússia.

- Ao fazerem a guerra por procuração na Ucrânia, usando um regime ultra- direitista, dominado por nazis, apresentando-o como bastião da democracia, contra os «autocráticos»,  pensei que estivessem enredados nos seus próprios compromissos e a corrigirem erros, com mais erros, nos oito anos desde o golpe de Maidan, em que se comprometeram e seus países respetivos, apoiar e abrir as portas da NATO e da UE ao Estado europeu mais falido, mais endividado, mais corrupto e mais anti- democrático.  

- Ainda iludido, encarei o banimento dos fertilizantes à base de azoto, como motivado pelas «alterações climáticas» e não obstante a enorme carência alimentar resultante da guerra russo-ucraniana, principalmente em cereais, muito indispensáveis para os países do «Terceiro Mundo», como um efeito de fanatismo da agenda «verde», da paranoia do aumento do CO2 atmosférico, da influência em certos governos, de correntes ecologistas radicais.

Por fim, tive de me render à evidência: Estes passos não são «erros» estratégicos, não são más políticas, no sentido de fazerem o contrário daquilo que proclamam. Não, estas são políticas coerentes, se virmos a «grande imagem» (the big picture):

A grande imagem é de uma investida sobre o que resta de autonomia e, portanto, de possibilidade de democracia verdadeira nos povos, sujeitos à ditadura do grande capital. Que ela se disfarce das cores da «democracia», do «progressismo» e até do «socialismo», não é novo. Aquilo que é novo, é a existência de enorme desequilíbrio de forças, no sentido político mas também social (Sindicatos e movimentos cidadãos de base). 

Temos de nos reportar à época imediatamente anterior à viragem neoliberal, o Reaganismo e o Teachterismo, para compreendermos. Na situação de competição entre dois grandes blocos, o bloco «Ocidental» era confrontado com demasiados desafios, não apenas do «Bloco de Leste», como do seu próprio interior, visto que os trabalhadores compreendiam que podiam tirar partido deste confronto, para obter um contrato social cada vez mais favorável aos explorados. Como consequência, tinha a classe capitalista que arcar com a diminuição dos lucros, que eles designavam eufemisticamente como «socialismo» dos governos ocidentais, mas que era - na realidade - uma política social-democrática. A rutura brutal do «contrato social», que ocorreu no pós- Guerra Fria, implicava a desindustrialização, a transferência para países do «Terceiro Mundo» da produção industrial dos países mais afluentes. 

Por exemplo, transferiram as indústrias automóveis dos EUA para lá das fronteiras, para as «maquiladoras» mexicanas, onde as condições de exploração dos trabalhadores e a ausência de normas ambientais, atraíram as grandes empresas do setor. Aí, fabricam todas as peças e apenas a montagem final é reservada aos centros tradicionais nos EUA. 

Depois, foram os acordos da OMC, que tiravam qualquer competitividade aos países ocidentais como Portugal, impedidos de protegerem suas indústrias, das confeções, do calçado, etc. perante a concorrência de produtos mais baratos, fabricados em condições de quase escravatura, como no Bangladesh, em Marrocos, ou nas Filipinas.  

O país do Terceiro Mundo que soube aproveitar melhor as oportunidades foi -sem dúvida-  a China Popular, que viu nesta transferência de tecnologia o caminho para criar sua própria base industrial, para posteriormente produzir e comercializar, por sua conta própria, produtos destinados aos mercados mundiais. 

Estava em marcha uma contradição típica do capitalismo: Algo vantajoso para os próprios capitalistas envolvidos, mas um prejuízo para as nações e sociedades às quais pertenciam. Os que deslocalizavam as suas empresas conseguiam lucros chorudos, mas causando a fragilização dos seus países respetivos. Estes, ficavam transformados em desertos industriais. Restavam somente atividades classificadas de «serviços», mas que não são de todo produtivas, pois são apenas jogos de especulação financeira, de reorientar /desviar lucros gerados na economia produtiva, para os casinos das bolsas.  Os governos levaram a cabo políticas de estímulo do consumo, quando descobriram que podiam imprimir (eletronicamente) a quantidade de divisas que quisessem, ou seja, o aumento  dos défices não lhes trariam quaisquer custos políticos ou outros, desde que tivessem a preocupação em dar umas migalhas às classes trabalhadoras. Estas migalhas eram tão pequenas, que as pessoas tiveram de se endividar, quer para suprir necessidades, quer para satisfazer os desejos de consumo, de acordo com a imagem publicitária de consumismo. Num dado ponto, as economias «ocidentais» já não eram mais sustentáveis, pois os países do Terceiro Mundo souberam organizar-se para não sofrerem a sobre-exploração, sobretudo porque, com a ascensão da China no comércio internacional, esta tornou-se investidora internacional em todo o tipo de infraestruturas e, de certo modo, «cortou a relva debaixo dos pés» dalgumas grandes corporações ocidentais.  

Foi então a viragem para a «guerra ao terror», sendo que estas guerras imperialistas tinham como alvos países fracos, incapazes de se defenderem militarmente, cujas riquezas (principalmente minerais) estavam disponíveis para o saque pelos «guerreiros humanitários». As enormes derrotas que os EUA e aliados tiveram em muitos destes cenários de guerra (Somália, Afeganistão, Iraque, Síria) deveriam dar-lhes um pouco de «juízo». Porém, os dirigentes políticos que estavam constantemente a empurrar para confronto, eram também empurrados pelos fortíssimos grupos das fábricas de armamento. Estas, precisam que surjam sempre novos cenários de conflito, para «justificar» da parte dos governos o aumento de despesas e, portanto, mais encomendas para eles.  

São conhecidas as grandes linhas da geoestratégia e da geopolítica das primeiras décadas do século XXI. Com conhecimento prévio e com boas leituras, sobretudo de autores sérios e fora no consenso dito de Washington (como Michael Hudson, Charles Hugh Smith, e muitos outros), podemos ter ideia do que é a política real dos grandes capitalistas, dos oligarcas, coligados pelos seus interesses de negócios.  

A procura de um controlo sobre os povos e nações é uma constante dos objetivos dessa oligarquia. Esta procura está inscrita na história das dinastias financeiras dos Rothchild, Rockefeller e dos magnates mais recentes, como Bill Gates ou Elon Musk. 

Trata-se - da nossa parte -  de ter uma perspetiva não ingénua, embora não caiamos no «conspiracionismo»: Os atores fazem aquilo que precisam para alcançar os seus objetivos. Não são monstros sanguinários, répteis sem sentimentos, ou loucos obsessivos, etc. Se eles têm grandes fortunas, é porque conseguiram obter a conivência (que não é gratuita) de políticos e outros atores da sociedade, que os serviram e servem. Claro que a condição para estes serem eficazes servidores, é não aparecerem abertamente como tal. Por isso, por vezes aparecem certos atores «contra» os interesses de oligarcas, ou de determinados indivíduos. Isso, em geral, não significa senão procura de votos, satisfazer as expectativas dos eleitores, para manobrar, uma vez no poder. 

Aquilo que será o  «Great Reset» depende muito da correlação de forças sociais, no conjunto dos países sujeitos à ditadura neoliberal. Estes, chamam-se a si próprios «democracias», mas convenhamos que não há muito de democrático em situações de crise. Os poderes consideram o povo como seu inimigo, contra o qual têm de reforçar as polícias e os meios de controlo e repressão. 

O Great Reset, como já aqui disse várias vezes, é vendido como um acréscimo de bem-estar e de autonomia dos indivíduos. Embora seja, sem dúvida, uma mudança tecnológica, ela traduz-se por maior centralização, maior poder sobre os indivíduos. Não há maior repartição da riqueza gerada, sobretudo se esta continua sendo acaparada pelo 1%. Não existe alargamento da democracia, se tivermos um reforço do controlo do Estado, das empresas e mesmo dos outros cidadãos. Vimos como todos eles, a cada momento, impunham a conformidade «sanitária» (obrigatoriedade vacinal em muitas profissões, entre muitas outras barbaridades) e a «simplicidade» (agora, chamam assim a austeridade) dos cidadãos, que devem ser «virtuosos» no combate aos «desafios climáticos». 

Para alguns, já é claro o sentido totalitário a que nos conduzem, no Ocidente. Mas, os poderosos dispõem da media de massas, para manter a «paz social», ou seja, para manterem adormecidos e alienados os cidadãos. Estes, tornam-se assim os «polícias» dos seus colegas, amigos e familiares, tal como no regime nazi ou no regime estalinista, em que os próprios filhos não hesitavam em denunciar comportamentos «errados» dos seus progenitores! 

Os supostos erros destes últimos anos, acima referidos, não são erros, são estratégias para conduzir as populações a aceitarem passivamente a imposição da Nova Ordem Mundial. Este é um projeto de fundo das classes dominantes dos países «Ocidentais». Esta designação vem de antes da Iª Guerra Mundial, do tempo de Cecil Rhodes e da «Industrialists Round Table», descrita em pormenor por James Corbett e outros. 

No nosso tempo, assiste-se à proliferação de «conspirações abertas» ou seja, de conspirações no sentido dum grupo se posicionar contra outros, ou mesmo contra toda a sociedade, mas revelando, explicitamente, muitos dos seus objetivos e até dos meios que tenciona empregar. Algumas pessoas estão em denegação, mas a maioria «nem sabe e nem quer saber»: De qualquer modo, não percebem o que está em jogo e tomam como «loucos» e «mal intencionados» os que querem pôr debaixo dos seus olhos as evidências que desmascaram os poderosos. Estes, para cúmulo, estão protegidos pelas próprias vítimas do seu jogo: a incredulidade de muitos e a indiferença de ainda mais. 

domingo, 7 de agosto de 2022

RECIFES DA GRANDE BARREIRA DE CORAL AUSTRALIANA EM CRESCIMENTO


https://dailysceptic.org/2022/08/04/massive-coral-growth-at-the-great-barrier-reef-continues-to-defy-all-the-fashionable-doomsday-climate-predictions/

 Saturaram o espaço informativo com notícias alarmistas sobre o Clima do Planeta. Um dos tópicos mais comuns era a irremediável morte desses grandes santuários de vida dos oceanos que são os recifes de corais, supostamente por causa do «Efeito de Estufa». 

Apresento aqui, mais um exemplo de falsidade dos discursos da media e seu cúmplice silêncio, quando existem factos que contradizem a narrativa (a «doxa»), factos relatados por entidades científicas sem qualquer espécie de «preconceito»: Simplesmente omitem-nos, ou relegam estes para posições o mais escondidas possível, que é uma maneira hipócrita de se auto- censurarem.

Não sei que media  convencional transmitiu - se é que alguma o fez - o facto importante de que os maciços de corais, na Grande Barreira da Austrália e noutras paragens, estão em crescimento. Tenho a certeza que poucos leitores tiveram oportunidade de o saberem.





Como podem ver, os gráficos que acompanham o artigo CRESCIMENTO MASSIVO DOS CORAIS NA GRANDE BARREIRA, têm a chancela do governo australiano. Trata-se, portanto, de organismos de pesquisa que pertencem ao governo. Não poderia ser algo mais oficial. Porém, as informações relevantes são «ignoradas» pelos falsos ecologistas, cultores da nova «religião» das «Alterações Climáticas»: Tudo o que contrarie a sua narrativa, ou que tenha outra explicação racional, científica, baseada em dados, sobre alterações do clima, é simplesmente ignorado, pois assim não têm o «incómodo» de debater estes factos. É o clássico «varrer para baixo do tapete»: trata-se de ocultar, para não ter que dar explicações, ou dados concretos, que enfraqueçam a narrativa. A narrativa mítica segundo a qual, a exclusiva ou principal causa do aquecimento climático global é devida ao aumento antropogénico do CO2.

Consulte aqui, clicando no título do artigo de 04 de Agosto, de Chris Morrison: 

Massive Coral Growth at the Great Barrier Reef Continues to Defy all the Fashionable Doomsday Climate Predictions

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PS1: Os mares, os oceanos, são importantes reservatórios para armazenar o CO2. Uma parte importante é capturada pelas miríades de seres planctónicos que povoam as águas. O calcário que se deposita nos fundos marinhos é formado, essencialmente, por esqueletos (exo- esqueletos) de seres planctónicos, na maior parte microscópicos. A agressão permanente devido a poluição química, (Plásticos, minerais tóxicos, incluindo Mercúrio, etc.) e orgânica (ex: os derrames de petróleo e os milhões de toneladas de dejetos lançados ao mar, sem tratamento) têm um impacto muito negativo no ecossistema oceânico, em particular, na sua base (o plâncton). Quanto à sobrepesca, ela é responsável pela extinção ou quase extinção de espécies, pelo empobrecimento da cadeia trófica nos mares, resultando em desequilíbrios. De tudo isto, o resultado final é a diminuição do turnover na circulação planetária de elementos, entre eles o carbono. Todos estes fatores são bastante graves. São responsáveis pela significativa diminuição da capacidade em capturar e armazenar o CO2, nos oceanos. 

[Discurso de Daniel Ortega] «PORQUE RAZÃO OS EUA PROVOCAM GUERRAS CONTRA A RÚSSIA E A CHINA»


 No passado dia 2 de Agosto, enquanto Nancy Pelosi estava a fazer a sua visita provocatória a Taiwan, Daniel Ortega, o Presidente Sandinista da Nicarágua analisava num discurso porque razão os EUA levam a cabo uma política de agressão contra a China, a Rússia e todos os os Estados que não se alinhem na ordem mundial unipolar do Imperialismo Yankee. Vídeo produzido e falado por Benjamin Norton.

sábado, 6 de agosto de 2022

J. S. BACH: SONATA Nº2 (DÓ MENOR) EM TRIO, PARA ÓRGÃO


Esta sonata é - talvez - a peça para o órgão solo de autoria de Bach, que mais se aproxima da alegria de viver italiana. Foi a música italiana que Bach muito estudou e bem emulou nos seus anos de juventude, enquanto mestre de capela em Weimar e, depois, em Köthen. Neste posto, não podia exercitar música de órgão no «ordinário do culto (missa)», porque o Príncipe era de confissão calvinista, muito estrito quanto à música permitida nos serviços religiosos. Pelo contrário, os calvinistas não tinham objeções ou limitações de qualquer espécie quanto à música fora do culto. Por isso, Bach pôde dar largas à sua maestria e criatividade em música profana para orquestra, para pequenos conjuntos de solistas e também, em peças de órgão sem papel litúrgico. Datam dessa época, as 6 Sonatas em Trio, sucedendo às transcrições para órgão de variados concertos de Vivaldi e doutros músicos do Barroco Italiano, efetuadas na época imediatamente antecedente (anos de Weimar). A síntese dos estilos e tradições da época, a Escola do Norte da Europa, a Escola francesa, a Escola italiana e a Escola da Alemanha do Sul, sobressaem em várias produções para órgão de Bach. Porém, ele tem uma abordagem criativa e pessoal: Assimila os estilos, para os colocar ao serviço dum modo de compor muito próprio. O tratamento da melodia e do contraponto, nestas sonatas em trio para órgão, são exemplo disso. Há poucos compositores, como Bach, cuja assinatura indelével perpassa nas obras para os mais diversos instrumentos e estilos.

Katja Sager é uma organista com um vasto reportório: suas interpretações são notáveis pelo rigor técnico e estilístico. Põem em relevo as belezas de peças para órgão dos compositores desde o renascimento, até ao século XX e contemporâneos.

 
 

sexta-feira, 5 de agosto de 2022

UM SONHO



Sonhei que falava com uma águia.

Essa águia tinha vindo para estas terras, não se  sabe muito bem como. O facto é que se libertou dentro do instituto de zoologia, onde um técnico resignado me explicou que ela não queria, de modo nenhum, regressar ao poiso, esvoaçando rente ao teto, nos corredores do instituto. De repente, vi a sua cauda e uma parte do seu corpo, por cima da porta do gabinete onde nos encontrávamos. Não sei o que se passou exatamente, nem por quê, mas o facto é que a águia, decidiu entrar no gabinete e pousar calmamente no rebordo da mesa de observação, ao meu lado. 

Encetou-se então um diálogo entre ela e eu próprio, do qual não me recordo das palavras exatas, supondo que estas fossem pronunciadas. Tenho porém uma ideia clara sobre o que me explicou. 

Ela era proveniente do Sul do Chile, da região Mapuche. Mas, ela não foi capturada; transportou-se por vários meios, creio que numa dimensão de universos paralelos, para o local presente. 

Disse-me, em tom muito simples, que era uma mulher-xamã. Para ela, as propriedades de transformação em águia, o animal totémico, eram muito naturais, não precisava de ingerir nenhuma substância, apenas bastava invocar a Divindade Universal num ritual secreto, invisível, que a propagava a velocidade maior que a luz para qualquer ponto e na forma em que o Espírito Cósmico decidisse. 

Fora Ele que a transportou para junto de mim. Claramente, Ele desejava que eu tomasse conhecimento de algo. Ela, então, transformou-se instantaneamente em mulher indígena, aparentando cinquenta anos, vestida com roupa muito simples, tez de bronze e olho de azeviche, brilhando de simpatia e inteligência.

Não recordo muito bem as palavras exatas do nosso diálogo. Mas posso garantir que foi de grande ternura e compreensão recíproca, como entre irmão e irmã. 

Ela explicou-me que todo o povo Mapuche estava em risco de extinção, mas que não atribuía especial papel à sobrevivência da sua etnia e cultura ancestrais, senão na medida em que nós todos, povos ancestrais, das tribos e religiões do Mundo, estávamos a sofrer o mesmo perigo: O perigo de sermos escravizados e destruídos por entidades diabólicas, que tinham concentrado enorme poder tecnológico, financeiro, político e militar. 

Este grupo de oligarcas  concentrava mais poder, do que os Estados mais poderosos do planeta.  Presidentes e chefes de governo vinham prestar vassalagem e receber instruções dos emissários destes oligarcas. 

Para eles, a Terra e todos os seres  nela vivendo, tinham de ser submetidos ao seu poder. Estavam cientes de que podiam decidir sobre todos os assuntos relevantes, usando uma coorte de submissos cientistas, de ambiciosos economistas e de políticos, que se dedicavam a transformar o Mundo em território onde a «elite» conservasse o poder para sempre, onde não houvesse sequer uma hipótese de rebelião, tendo os povos sido disciplinados e homogeneizados, para desempenhar as tarefas que lhes eram atribuídas por eles. 

Tinham esse projeto e assumiam-no, tão confiantes estavam nele, que o enunciavam de modo muito claro em documentos e pela lógica dos seus atos.  Graças a psicólogos e sociólogos seus lacaios e utilizando o seu controlo dos meios de comunicação de massa, tinham convencido vários povos a lutarem, não pelos seus reais interesses, pela melhoria das suas condições, pelo seu bem-estar e da sua descendência, mas pelos objetivos de destruição, conquista e domínio sobre todos os que estivessem em contradição com os projetos megalomaníacos dos senhores do mundo.  

Porém, os poderosos deste mundo, não tinham o Espírito Universal do seu lado. Este, estava nos corações de membros de cada nação, de cada etnia. A semente de divindade estendia-se também a todo o mundo natural: Animais, Plantas, Elementos minerais. 

Pois o Universo estava bem acima da vaidade e desejo de domínio de alguns homens, por muito ricos e poderosos que fossem. Era o Universo, através dos seus filhos e filhas, em cada povo e cada tribo, que estava a atuar. Por isso mesmo, os planos da elite, com seu culto satânico, acabavam sempre por ser desfeitos, por mais recursos, dinheiro, homens, meios técnicos que investissem para os realizar. 

Era então nosso dever, de mulheres e homens que conservavam a verdadeira Religião Universal, fosse qual fosse sua manifestação concreta, a se juntarem, difundindo a verdade aos que estavam confusos, enganados. 

Mesmo que esta tarefa parecesse sobre-humana, o facto de que mais e mais pessoas saíam do estado de hipnose e congelamento da inteligência e sensibilidade, devia-se afinal, à constante difusão da força espiritual, que não se manifesta com canhões, mísseis ou contas bancárias, mas com Energia Divina, banhando os corações humanos. 

Não havia nenhuma fatalidade da Terra e seus povos caírem na escravidão, derrotados por este grupo reduzido de poderosos oligarcas. Mas, a lição do passado histórico ensinava-nos que, embora de maneira transitória, grande violência e opressão podiam abater-se sobre a humanidade, se esta transigisse consigo própria e não cumprisse o seu papel. 

Foi esta a essência do que contou a águia mapuche ao velho professor que escreve estas crónicas. Ele apenas tentou descrever, com seus meios limitados, o colóquio impressionante e os ensinamentos que recebeu durante o sonho. 

Oxalá que todos os leitores recebam esta mensagem e pensem como se devem comportar para contribuir para a libertação do género humano.

 

quarta-feira, 3 de agosto de 2022

FIM DA HISTÓRIA OU FIM DO GLOBALISMO ?

 Fazer cócegas na cauda do dragão,  poderia ser o mote da viagem taiwanesa de Nancy PelosiPorém, o que está em causa, é muitíssimo mais que causar irritação no dragão chinês, ou estimular um sentimento independentista no povo e na casta governante de Taiwan. O que está em causa, é o completar da rutura entre o mundo «Atlântico» e o mundo «Euroasiático». 

Exercícios de bloqueio e de preparação para invasão de Taiwan, pelo PLA (People's Liberation Army) da China Popular, segundo o «Global Times» de 03 de Agosto 2022.

Durante os anos da Guerra-Fria, que durou de 1946 até 1991,  houve episódios de guerra muito quente, como a Coreia e o Vietname.  Além destas e outras guerras «por procuração», houve a crise dos misseis de Cuba. Ela poderia ter desencadeado o holocausto nuclear, caso as direções soviética e americana não tivessem tido o bom senso de recuar. Com efeito, os americanos tinham colocado secretamente mísseis com cargas nucleares na Turquia (membro da NATO), às fronteiras da URSS e Nikita Khrushchov utilizou a ilha de Cuba com o governo pró-soviético de Fidel Castro para responder da mesma moeda. 

Apesar da total incompatibilidade ideológica, quer Nixon, quer Reagan, fizeram avanços na coexistência pacífica com a União Soviética, certos de que não haveria vencedor numa confrontação nuclear entre os dois superpoderes. Neste pressuposto, as políticas relativas à potência nuclear opositora, foram sempre  medidas e avaliadas ao milímetro pelos estrategas e políticos em ambas as superpotências.

Quando se deu a implosão da URSS, em 1991, a política de Washington modificou-se, com a forte influência exercida pelos neo- conservadores («neocons»), dirigentes e membros da alta administração, que tinham uma doutrina (doutrina dita Wolfowitz) que postulava que os EUA se destinavam a ser a primeira e única potência mundial, durante o século vindouro (século XXI) e que para isso, não podiam permitir que outra potência chegasse ao ponto de poder disputar a hegemonia dos EUA, quer económica, quer militar. Esta doutrina teve o seu triunfo com a «eleição» de George W. Bush, que integrava o grupo. Ele teve, na sua presidência, como principais conselheiros e membros da administração, muitos «neo-cons».

Na sequência destas mudanças em Washington e na ascensão (imprevista) de um  poder forte em Moscovo (Vladimir Putin), as doutrinas de defesa nos EUA foram alteradas, sendo admitido que podia haver guerra nuclear limitada, ou um ataque de surpresa num dos lados, desfazendo as possibilidades de contra-ataque da outra potência. Este postulado foi tornado doutrina de defesa oficial do Pentágono, nos primeiros anos do século XXI. No entanto, tal visão era tida como absurda e perigosa, há alguns anos atrás. Com efeito, qualquer dos lados iria guardar suficiente poder destruidor e contra-atacar, mesmo com um ataque de surpresa que destruísse muitas das instalações de ogivas nucleares. Basta pensar na frota de submarinos portadores de mísseis  nucleares, que navegam discretamente e que não são detetáveis pelos sistemas de vigilância satélite de qualquer um dos lados. Bastaria alguns desses submarinos subsistirem, para desencadear um ataque devastador contra os principais centros políticos e militares do inimigo. 

A guerra nuclear continua, assim, a ser aquela modalidade que nenhum dos lados deveria ser tentado a desencadear, pois as consequências nunca são previsíveis e a possibilidade de riposta - do lado oposto - nunca será de excluir. Além do mais, mesmo uma guerra nuclear que fosse completamente vitoriosa por uns, sem possibilidade de retaliação pelos outros (o que é falso, como vimos), esta «vitória» não deixaria aos sobreviventes uma Terra onde valesse a pena viver. Os efeitos de longo prazo dum inverno nuclear (fome, por ausência prolongada de fotossíntese) e a contaminação radiativa generalizada e prolongada, inviabilizando a agricultura em todo o planeta, a multiplicação de cancros e doenças resultantes da perda de imunidade dos indivíduos, fariam com que fosse mais desejável morrer-se logo, no decorrer da explosão nuclear, do que sobreviver e morrer-se aos poucos, num cenário de inferno total.  

Como tenho escrito há vários anos, a potência em decadência acelerada, que é o império USA e os seus vassalos, tem sofrido uma sucessão de lideranças, cada qual mais incompetente que a anterior, com um risco incalculável para o nosso Planeta: O de estarem ao comando duma potência nuclear de primeiro plano e possuindo bases militares espalhadas  por todo o lado. 

Face a esta situação, a Rússia tem desenvolvido armas estratégicas híper- sónicas, mísseis poderosos mas indetetáveis pelos sistemas de radar americanos. As armas referidas foram testadas em guerras, não apenas em exercícios. Foram usadas tanto na guerra da Síria, como na Ucrânia. Os peritos da NATO puderam constatar que esses mísseis podiam ser disparados a grande distância e teleguiados - com uma precisão inédita - até ao alvo. 


Ora, quanto ao incidente Pelosi-Taiwan (que, espero, não vá além duma exibição de força), o importante, em termos de estratégia mundial, é aquilo que vai catalisar: A consolidação da aliança entre Moscovo e Pequim. Não é de pouca importância tornar-se uma aliança formal. Porque isto equivale a dizer que, quem efetuar um ataque contra um deles, contará com a riposta do outro. 
É este o «último feito geoestratégico» da administração Biden, responsável por outros feitos do Império, nestes últimos tempos, nos quais incluo:

- O Afeganistão, chave para o controlo da Ásia Central, logo do continente euro-asiático, a «Ilha do Mundo» segundo Mackinder. 

- A Síria, nada do que foi tentado desde a administração Obama, quando Biden era vice-presidente, se pôde consolidar. Em contraste, a influência e prestígio do Irão cresceram na Síria e na região.

- O Iraque, donde os americanos estão basicamente excluídos e incapazes de influir, sendo o Iraque, agora, um bastião do Islão Xiita.

- A Ucrânia, o que pode surpreender, porém, veja-se que nenhuma das manobras tentadas surtiu efeito. A guerra está perdida para o governo ucraniano: Este, só não se senta à mesa para negociar um cessar-fogo, porque está pressionado para não o fazer, pelos Anglo-Americanos. A tragédia das pessoas, da sociedade e até mesmo a perda da independência da Ucrânia, não importam aos imperialistas. Eles quiseram que esta guerra acontecesse com o objetivo de criar um «novo Afeganistão às portas da Rússia», arrastados pela sua húbris, numa visão totalmente irrealista em relação às forças do lado russo. As sanções económicas à Rússia tiveram o efeito oposto ao que o «Ocidente» contava. 

Nada do que americanos e aliados previram deu certo. Apenas conseguem espalhar o caos. 
É o «Império do Caos». 
                                 [Refugiados sírios regressam a sua cidade, devastada pela guerra] 
Tudo aquilo de que os países «Ocidentais» se orgulhavam, desde o nível de vida dos cidadãos, suas proteções sociais, preocupações ambientais, respeito pelos direitos humanos, etc. tudo isto se desmoronou, tudo isto se revela como ilusão, nem o mais ingénuo observador pode nela cair. O que se desmorona agora, não é apenas um conjunto de governos, forças políticas, correntes ideológicas dominantes. Daqui por diante, a própria consciência das pessoas estará cada vez mais desperta e não será possível readormecê-la tão depressa. Não existe maior despertador do que a fome, quando ela aperta, quando há escassez de todas as coisas que antes eram dadas por adquiridas, pela generalidade da população. 
Nós ainda estamos na fase inicial duma longa depressão, que pode durar décadas. Não se pense que estou a tomar os «meus desejos pela realidade», pois esta visão, de uma longa etapa de depressão, é partilhada por autores pró-capitalistas conhecidos, como Jim Rickards, entre outros.
A minha visão é constante, desde há uns cinco ou mais anos: Os grandes poderes capitalistas, vendo que as ambições globalistas de hegemonia mundial do Império não se podem realizar,  decidiram desfazer a globalização, mas conservando o domínio férreo sobre o mundo dito «Ocidental», criando portanto uma clivagem artificial, uma nova guerra fria, ainda mais profunda que a anterior. Assim, conservariam o seu domínio sobre uma parte do Mundo. Quanto à outra, aquela que escaparia ao seu domínio, seria objeto de fricção constante, de sanções económicas, de guerras de atrito, de aproximação e afastamento, de alianças efémeras e oportunistas, para arrancar os mais frágeis da órbita adversária. 

Na realidade, não existe um projeto civilizacional autónomo, não existe um conjunto de valores que possam juntar os governos das nações díspares, que se encontram sob a tutela da hegemonia anglo-americana. Trata-se, para eles, de manter o domínio imperial, o mais próximo possível em extensão, do que foi alcançado pelo Império britânico no século XIX, não para benefício dos povos, mas da elite aristocrática. 

Como tudo isto carece da mínima coerência, de qualquer moral ou ética, este projeto de «tardo-capitalismo» tem, necessariamente, de ser cada vez mais autoritário, despindo-se rapidamente dos trajes de humanismo, defesa dos direitos humanos, justiça social, etc. Evidentemente, estes permanecerão «pendurados» nas constituições e leis, e nos discursos inflamados dos períodos pré-eleitorais, mas não mais do que isso. De resto, será um estendal de instrumentos de repressão, servindo-se das técnicas de vigilância generalizada e as moedas digitais (obrigatórias), emitidas por governos e bancos centrais.  Teremos uma sociedade totalitária idêntica, no essencial, aos regimes recordistas em violações dos direitos humanos. 

Espero que estes planos fracassem, que surja uma onda revolucionária, embora esta minha esperança tenha pouco fundamento, por enquanto: O meu fundamento, é constatar que a vontade de liberdade e igualdade, de justiça e fraternidade, têm existido nas mais diversas sociedades e indivíduos, na História. E não acredito que satanistas e malthusianos, por muito ricos e poderosos que sejam, consigam transformar o humano, impondo o seu «transumanismo», que afinal é somente anti-humanismo.