terça-feira, 9 de agosto de 2022

NÃO É «CONSPIRAÇÃO»; É UMA QUESTÃO DE PERSPECTIVA

 Agora, a ilusão dada pela forte ascensão dos ativos financeiros, nas economias ocidentais finaneirizadas é capaz de causar muito estrago. Esta ilusão traduz-se numa euforia de compra de ativos financeiros, uma procura frenética pelo «lucro», que os anglo-saxónicos designam por «panic-buying». Exatamente o que os pequenos investidores e os fundos especulativos têm de fazer para «desencravar» as grandes fortunas, os grandes bancos, os grandes fundos de investimento, como Blackrock ou outros. 

A descida aos infernos da espiral descendente da inflação ainda agora começou, no Ocidente. Digo descendente porque o valor das divisas-papel sendo destruído, as pessoas conseguem  comprar cada vez menos com o seu ordenado, a sua pensão, o seu rendimento.

Neste contexto, vemos que as crises são exacerbadas pela oligarquia que domina os mercados e que dita o comportamento dos governos. É uma questão de perspetiva; eu estive muito tempo convencido que os governos e as forças que os apoiam, as corporações com seus lobbies, estavam efetivamente enganadas, cometendo erros estratégicos...

- Ao promoverem os «lockdown» (confinamento) nos seus países, face à pandemia de COVID. Pensei que estivessem a ser mal aconselhados, por ambiciosos que se colocavam numa postura de inquestionáveis autoridades «científicas», para melhor firmarem a sua posição junto dos grandes empórios farmacêuticos, etc. Depois, tive de constatar que a má vontade, a desonestidade, a fraude e mesmo o comportamento criminoso, tinham sido a norma, pois só assim se explica que tenham empurrado entusiasticamente a população a fazer (obrigatoriamente em muitas profissões) injeções de substâncias não suficientemente testadas, experimentais, cujos resultados são patentes agora, com uma população de contaminados pelos vários variantes do COVID, numa proporção pelo menos tão grande, como a das pessoas não-injetadas. 

- Ao se recusarem a negociar com o governo russo, em conversações globais de segurança e garantias para todos. Esta era a proposta russa, abrangendo os países da NATO e os outros, com a Rússia. Essa recusa, juntamente com uma insistente distorção da posição russa, junto das opiniões públicas ocidentais, dava a impressão de que os governos e ministérios dos negócios estrangeiros estavam obnubilados por quaisquer preconceitos, que não conseguiam compreender que tais propostas eram uma última tentativa de resolução pacífica do conflito larvar entre NATO/Rússia.

- Ao fazerem a guerra por procuração na Ucrânia, usando um regime ultra- direitista, dominado por nazis, apresentando-o como bastião da democracia, contra os «autocráticos»,  pensei que estivessem enredados nos seus próprios compromissos e a corrigirem erros, com mais erros, nos oito anos desde o golpe de Maidan, em que se comprometeram e seus países respetivos, apoiar e abrir as portas da NATO e da UE ao Estado europeu mais falido, mais endividado, mais corrupto e mais anti- democrático.  

- Ainda iludido, encarei o banimento dos fertilizantes à base de azoto, como motivado pelas «alterações climáticas» e não obstante a enorme carência alimentar resultante da guerra russo-ucraniana, principalmente em cereais, muito indispensáveis para os países do «Terceiro Mundo», como um efeito de fanatismo da agenda «verde», da paranoia do aumento do CO2 atmosférico, da influência em certos governos, de correntes ecologistas radicais.

Por fim, tive de me render à evidência: Estes passos não são «erros» estratégicos, não são más políticas, no sentido de fazerem o contrário daquilo que proclamam. Não, estas são políticas coerentes, se virmos a «grande imagem» (the big picture):

A grande imagem é de uma investida sobre o que resta de autonomia e, portanto, de possibilidade de democracia verdadeira nos povos, sujeitos à ditadura do grande capital. Que ela se disfarce das cores da «democracia», do «progressismo» e até do «socialismo», não é novo. Aquilo que é novo, é a existência de enorme desequilíbrio de forças, no sentido político mas também social (Sindicatos e movimentos cidadãos de base). 

Temos de nos reportar à época imediatamente anterior à viragem neoliberal, o Reaganismo e o Teachterismo, para compreendermos. Na situação de competição entre dois grandes blocos, o bloco «Ocidental» era confrontado com demasiados desafios, não apenas do «Bloco de Leste», como do seu próprio interior, visto que os trabalhadores compreendiam que podiam tirar partido deste confronto, para obter um contrato social cada vez mais favorável aos explorados. Como consequência, tinha a classe capitalista que arcar com a diminuição dos lucros, que eles designavam eufemisticamente como «socialismo» dos governos ocidentais, mas que era - na realidade - uma política social-democrática. A rutura brutal do «contrato social», que ocorreu no pós- Guerra Fria, implicava a desindustrialização, a transferência para países do «Terceiro Mundo» da produção industrial dos países mais afluentes. 

Por exemplo, transferiram as indústrias automóveis dos EUA para lá das fronteiras, para as «maquiladoras» mexicanas, onde as condições de exploração dos trabalhadores e a ausência de normas ambientais, atraíram as grandes empresas do setor. Aí, fabricam todas as peças e apenas a montagem final é reservada aos centros tradicionais nos EUA. 

Depois, foram os acordos da OMC, que tiravam qualquer competitividade aos países ocidentais como Portugal, impedidos de protegerem suas indústrias, das confeções, do calçado, etc. perante a concorrência de produtos mais baratos, fabricados em condições de quase escravatura, como no Bangladesh, em Marrocos, ou nas Filipinas.  

O país do Terceiro Mundo que soube aproveitar melhor as oportunidades foi -sem dúvida-  a China Popular, que viu nesta transferência de tecnologia o caminho para criar sua própria base industrial, para posteriormente produzir e comercializar, por sua conta própria, produtos destinados aos mercados mundiais. 

Estava em marcha uma contradição típica do capitalismo: Algo vantajoso para os próprios capitalistas envolvidos, mas um prejuízo para as nações e sociedades às quais pertenciam. Os que deslocalizavam as suas empresas conseguiam lucros chorudos, mas causando a fragilização dos seus países respetivos. Estes, ficavam transformados em desertos industriais. Restavam somente atividades classificadas de «serviços», mas que não são de todo produtivas, pois são apenas jogos de especulação financeira, de reorientar /desviar lucros gerados na economia produtiva, para os casinos das bolsas.  Os governos levaram a cabo políticas de estímulo do consumo, quando descobriram que podiam imprimir (eletronicamente) a quantidade de divisas que quisessem, ou seja, o aumento  dos défices não lhes trariam quaisquer custos políticos ou outros, desde que tivessem a preocupação em dar umas migalhas às classes trabalhadoras. Estas migalhas eram tão pequenas, que as pessoas tiveram de se endividar, quer para suprir necessidades, quer para satisfazer os desejos de consumo, de acordo com a imagem publicitária de consumismo. Num dado ponto, as economias «ocidentais» já não eram mais sustentáveis, pois os países do Terceiro Mundo souberam organizar-se para não sofrerem a sobre-exploração, sobretudo porque, com a ascensão da China no comércio internacional, esta tornou-se investidora internacional em todo o tipo de infraestruturas e, de certo modo, «cortou a relva debaixo dos pés» dalgumas grandes corporações ocidentais.  

Foi então a viragem para a «guerra ao terror», sendo que estas guerras imperialistas tinham como alvos países fracos, incapazes de se defenderem militarmente, cujas riquezas (principalmente minerais) estavam disponíveis para o saque pelos «guerreiros humanitários». As enormes derrotas que os EUA e aliados tiveram em muitos destes cenários de guerra (Somália, Afeganistão, Iraque, Síria) deveriam dar-lhes um pouco de «juízo». Porém, os dirigentes políticos que estavam constantemente a empurrar para confronto, eram também empurrados pelos fortíssimos grupos das fábricas de armamento. Estas, precisam que surjam sempre novos cenários de conflito, para «justificar» da parte dos governos o aumento de despesas e, portanto, mais encomendas para eles.  

São conhecidas as grandes linhas da geoestratégia e da geopolítica das primeiras décadas do século XXI. Com conhecimento prévio e com boas leituras, sobretudo de autores sérios e fora no consenso dito de Washington (como Michael Hudson, Charles Hugh Smith, e muitos outros), podemos ter ideia do que é a política real dos grandes capitalistas, dos oligarcas, coligados pelos seus interesses de negócios.  

A procura de um controlo sobre os povos e nações é uma constante dos objetivos dessa oligarquia. Esta procura está inscrita na história das dinastias financeiras dos Rothchild, Rockefeller e dos magnates mais recentes, como Bill Gates ou Elon Musk. 

Trata-se - da nossa parte -  de ter uma perspetiva não ingénua, embora não caiamos no «conspiracionismo»: Os atores fazem aquilo que precisam para alcançar os seus objetivos. Não são monstros sanguinários, répteis sem sentimentos, ou loucos obsessivos, etc. Se eles têm grandes fortunas, é porque conseguiram obter a conivência (que não é gratuita) de políticos e outros atores da sociedade, que os serviram e servem. Claro que a condição para estes serem eficazes servidores, é não aparecerem abertamente como tal. Por isso, por vezes aparecem certos atores «contra» os interesses de oligarcas, ou de determinados indivíduos. Isso, em geral, não significa senão procura de votos, satisfazer as expectativas dos eleitores, para manobrar, uma vez no poder. 

Aquilo que será o  «Great Reset» depende muito da correlação de forças sociais, no conjunto dos países sujeitos à ditadura neoliberal. Estes, chamam-se a si próprios «democracias», mas convenhamos que não há muito de democrático em situações de crise. Os poderes consideram o povo como seu inimigo, contra o qual têm de reforçar as polícias e os meios de controlo e repressão. 

O Great Reset, como já aqui disse várias vezes, é vendido como um acréscimo de bem-estar e de autonomia dos indivíduos. Embora seja, sem dúvida, uma mudança tecnológica, ela traduz-se por maior centralização, maior poder sobre os indivíduos. Não há maior repartição da riqueza gerada, sobretudo se esta continua sendo acaparada pelo 1%. Não existe alargamento da democracia, se tivermos um reforço do controlo do Estado, das empresas e mesmo dos outros cidadãos. Vimos como todos eles, a cada momento, impunham a conformidade «sanitária» (obrigatoriedade vacinal em muitas profissões, entre muitas outras barbaridades) e a «simplicidade» (agora, chamam assim a austeridade) dos cidadãos, que devem ser «virtuosos» no combate aos «desafios climáticos». 

Para alguns, já é claro o sentido totalitário a que nos conduzem, no Ocidente. Mas, os poderosos dispõem da media de massas, para manter a «paz social», ou seja, para manterem adormecidos e alienados os cidadãos. Estes, tornam-se assim os «polícias» dos seus colegas, amigos e familiares, tal como no regime nazi ou no regime estalinista, em que os próprios filhos não hesitavam em denunciar comportamentos «errados» dos seus progenitores! 

Os supostos erros destes últimos anos, acima referidos, não são erros, são estratégias para conduzir as populações a aceitarem passivamente a imposição da Nova Ordem Mundial. Este é um projeto de fundo das classes dominantes dos países «Ocidentais». Esta designação vem de antes da Iª Guerra Mundial, do tempo de Cecil Rhodes e da «Industrialists Round Table», descrita em pormenor por James Corbett e outros. 

No nosso tempo, assiste-se à proliferação de «conspirações abertas» ou seja, de conspirações no sentido dum grupo se posicionar contra outros, ou mesmo contra toda a sociedade, mas revelando, explicitamente, muitos dos seus objetivos e até dos meios que tenciona empregar. Algumas pessoas estão em denegação, mas a maioria «nem sabe e nem quer saber»: De qualquer modo, não percebem o que está em jogo e tomam como «loucos» e «mal intencionados» os que querem pôr debaixo dos seus olhos as evidências que desmascaram os poderosos. Estes, para cúmulo, estão protegidos pelas próprias vítimas do seu jogo: a incredulidade de muitos e a indiferença de ainda mais. 

6 comentários:

Manuel Baptista disse...

Qualquer pessoa não hipnotizada pelos mass media, vê que o prof. Jeffrey Sachs não está a brincar quando faz as afirmações que constam da notícia abaixo. Temos sido enganados, não só quanto ao COVID, como à ameaça Russa/Chinesa, à política económica e financeira, ao aquecimento global como pretexto para o «Great Reset», etc.
https://summit.news/2022/08/08/head-of-the-lancets-covid-19-investigation-is-convinced-it-came-out-of-a-lab/

Manuel Baptista disse...

https://www.paulcraigroberts.org/2022/08/10/the-dark-side-of-the-digital-revolution/
Um exemplo de «conspiração aberta»:
Paul Craig Roberts expõe como os conspiradores dos Bancos Centrais, FMI, Fórum de Davos etc. se preparam para nos retirar qualquer independência e liberdade, sob pretextos falaciosos.

Manuel Baptista disse...

https://www.zerohedge.com/news/2022-08-12/why-market-exploding-higher-and-what-comes-next
Este analista dos mercados americanos concorda comigo em que a subida recente ocorreu num contexto geral de mercado descendente (bear market). É nessas ocasiões que muitas pessoas com pouco dinheiro vêm uma oportunidade de entrada no mercado e perdem o pouco que tinham, porque no seguimento, há uma descida severa e prolongada dos ativos.

Manuel Baptista disse...

https://www.zerohedge.com/markets/big-short-michael-burry-liquidates-entire-portfolio-holds-just-one-stock-end-q2
O «Big Short» Michael Burry, que se tornou célebre porque apostou na queda da bolsa em 2008, recentemente liquidou a sua carteira de ativos de empresas dos EUA. Cada vez mais pessoas que estão por dentro dos mercados tomam estas medidas preventivas, pois estamos em vésperas de uma recessão prolongada, ou seja, de uma depressão.

Manuel Baptista disse...

Se há conspiração em relação ao COVID, é sobretudo a do silêncio da media, que ignora factos incontroversos e não os dá a conhecer à população como era seu dever:
As provas da fraude da pseudo- vacina contra o COIVD 19 estão à vista.
Os países com maior percentagem de vacinados são os que estão mais sujeitos a difusão do vírus. Veja, em particular, no artigo abaixo, o caso de Singapura, com 90% de vacinados.
https://www.globalresearch.ca/trends-in-mortality-and-morbidity-in-the-most-vaccinated-countries-twenty-one-proven-facts/5761773

Manuel Baptista disse...

Para quem duvida que as polícias e outros corpos repressivos do Estado estão a ser armados, equipados e treinados, para uma guerra contra os povos respetivos, veja:
https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=8VOb5s4FRR8