Half a love, never appealed to me If your heart, never could yield to me Then I'd rather have nothing at all
All or nothing at all If it's love, there ain't no in between Why begin then cry for something that might have been? No, I'd rather, rather have nothing at all
Please don't bring your lips so close to my cheek Don't you smile or I'll be lost beyond recall The kiss in your eyes, the touch of your hand makes me weak And my heart, it may grow dizzy and fall
And if I fell under the spell of your call I would be, I'd be caught in the undertow So you see, I have got to say no, no All or nothing at all
All or nothing at all Nothing at all There ain't nothing at all Nothing at all
Muita gente conhece a canção de Serge Gainsbourg e Jane Birkin «Je t'aime, moi non plus». Tornou-se um enorme êxito comercial e propagou para uma fama ainda maior este par já bastante famoso. Porém, eu não considero que esta canção seja grande coisa, nem do ponto de vista musical, nem do ponto de vista da letra «erótica». O facto de uma letra falar explicitamente de sexo, de ato sexual, não a torna automaticamente merecedora de entrar na categoria de erotismo.
Compare-se com o bolero de Consuelo Velasquez «Besame»(1): Não há dúvida que é uma canção de amor com forte componente erótica (ela explicita somente beijos e abraços)...
Com efeito, os surrealistas consideravam que era ingrediente fundamental da poesia erótica(2), esse erotismo estar recoberto dum véu, de haver ambiguidade, incerteza, duplicidade de sentido, que tornam o poema, ou peça musical, muito mais interessantes.
O auditor é confrontado com uma sensação análoga à que tem, quando os traços dum rosto são sugeridos, por detrás de um véu.
O contrário ocorre hoje, em particular nas praias, com o rosto e com o corpo todo, não deixando qualquer espaço para a imaginação.
Para os surrealistas, a Arte erótica era sugestão, provocação encoberta, o «dizer sem dizer»(3). Note-se que esta definição não era inspirada por uma moral puritana, antes pelo contrário. Eles, surrealistas, faziam na sua vida uma experimentação permanente, o desregramento sexual era "regra", não havia para eles tabus de qualquer espécie.
Porém, hoje em dia, se dissermos "erótico", provavelmente as pessoas irão pensar em sexo explícito, em obscenidades, em pornografia. Mas, estas características estão afinal nos antípodas do verdadeiro erotismo.
(2) André Breton: « La beauté convulsive sera érotique-voilée, explosante-fixe, magique-circonstancielle ou ne sera pas »
(3) Aliás, é notável o número de artistas plásticas femininas surrealistas; estas mulheres-artistas desenvolveram sua própria abordagem do erotismo.
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A canção seguinte, «In the mood for love(4)», sugere que ela está nesse estado quando está na presença do seu amado. Mas, quererá isso dizer que «está pronta para fazer amor»? Note-se que não é o que ela diz, realmente. O efeito sugestivo advém da música, lânguida e sensual, que reforça o caráter erótico da canção.
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(4) traduziria por «estou numa onda de amor» ou algo deste género.
No poema «Pensionnaires», de Verlaine magistralmente posto em música por Léo Ferré, a situação é explícita e tem um pormenor tal, que se compreende quais as atividades a que se entregavam as duas irmãs. Se há um aspeto explícito de atos sexuais, por outro lado, há o contraste (musicalmente sublinhado) da criança no berço, muito contente e entretida, enquanto as duas amigas se entregam a rituais fogosos.
Escolhi-o, porque é, a meu ver, uma obra-prima poética e porque na arte não existem fronteiras estanques, nem regras absolutas: Apesar do aspeto explícito, parece-me algo só ligeiramente transgressivo. A arte do poeta e do músico, conseguem fazer-nos aceitar a letra como sendo erótica, não como pornografia.
Poema de Paul VERLAINE /Música e Canto de Léo Férré:
Este poema foi composto na prisão, juntamente com outros poemas eróticos. Veja abaixo a ilustração feita por Jean Berque, que também ilustrou outros poemas do livro «Amies», publicado em vida do autor sob pseudónimo:
Françoise Hardy, que faleceu recentemente aos 80 anos, deixou-nos algumas das canções mais belas em língua francesa. Ela tinha um modo de cantar extremamente sensual. Além disso, era excelente compositora e letrista. Ninguém fica indiferente à sua beleza e à sua voz. Oiçam (letra em baixo):
A canção «Moi vouloir Toi» (letra e música de Françoise Hardy/ Louis Chedid), celebra o amor físico entre um homem e uma mulher, enquanto o melhor antídoto para descolar das chatices do mundo. Mas como não é explícita, cai dentro da minha definição de erotismo.
MOI VOULOIR TOI
Pour décoller d'la planète
y a des plans plus ou moins nets
comme les piqûres en cachette
l'alcool et les cigarettes
y a des pilules, des tablettes,
des salades sans vinaigrette
moi je suis toujours à la fête
chez toi
pour décoller d'la planète
et s'envoler à perpète
j'ai la meilleure des recettes
moi vouloir toi
moi vouloir toi
de haut en bas
de bas en haut
sans bas ni haut
sans haut ni bas
moi vouloir toi
pour décoller d'la planète
autrement qu'en superjet
qu'en soucoupe ou en navette
en yogi ou en ascète
pour perdre carrément la tête
sans presser sur une gâchette
exclusif, je regrette
moi vouloir toi
moi vouloir toi
de haut en bas
de bas en haut
sans bas ni haut
sans haut ni bas
moi vouloir toi
moi vouloir toi
de haut en bas
de bas en haut
sans bas ni haut
sans haut ni bas
moi vouloir toi
moi vouloir toi
de haut en bas
de bas en haut
sans bas ni haut
sans haut ni bas
moi vouloir toi
Retirei esta linda canção do álbum «Sarah Vaughan Sings George Gershwin»
Não conheço melhor música clássica do jazz que as composições de George Gershwin.
G. Gershwin nasceu em Nova Iorque (Brooklyn), este judeu de origem russa (nome de nascimento: Jacob Gershowitz), cujos pais emigraram para os EUA.
A sua criatividade, seu enorme talento e versatilidade, brilham em todos os géneros, tanto de música erudita, como popular.
Toda a gente conhece a sua obra-prima «Porgy and Bess», mas poucos exploraram a fundo a riqueza da obra deste homem, o compositor Norte-Americano mais celebrado e cujas composições são mais frequentemente utilizadas, quer por formações de orquestra «clássicas», quer por bandas de jazz ou pop.
Quanto à arte de Sarah Vaughan, pode apreciá-la na «playlist» que criei há algum tempo:
Creio que o reportório de George Gershwin não pode encontrar melhor interprete, embora conheça e aprecie as maravilhosas versões de Gershwin de grandes vozes do jazz, como Billie Holiday ou Ella Fitzgerald. Mesmo assim, prefiro as interpretações de Sarah Vaughan.
All you preachers
Who delight in panning the dancing teachers
Let me tell you there are a lot of features
Of the dance that carry you through
The gates of Heaven
It's madness
To be always sitting around in sadness
When you could be learning the steps of gladness
You'll be happy when you can do
Just six or seven
Begin today
You'll find it nice
The quickest way to Paradise
When you practice
Here's the thing to know
Simply say as you go
I'll build a stairway to Paradise
With a new step every day
I'm gonna get there at any price
Stand aside; I'm on my way
I've got the blues
And up above it's so fair
Shoes, go on and carry me there
I'll build a stairway to Paradise
With a new step every day
São dois minutos e 5 segundos, de gravação ao vivo, cheia de swing e bebop!
Sassy Swings The Tivoli
℗ 1963 The Verve Music Group, a Division of UMG Recordings, Inc.
Released on: 1963-10-01
Producer: Quincy Jones
Associated Performer, Bass Guitar: Charles Williams
Associated Performer, Drums: George Hughes
Associated Performer, Piano: Kirk Stuart
Composer Lyricist: Cole Porter
Uma voz tão extensa, uma expressividade sempre tão apropriada, uma presença perene, mesmo que tenha morrido há mais de 30 anos ...
Realmente, adorava que novas vozes de igual talento, despontassem na nossa época. Mas não encontro... se calhar existem, mas eu não conheço!
Entretanto, enquanto não descobrir os talentos contemporâneos, que igualem esta grande dama da música negra americana do século XX, vou ouvindo Sarah Vaughan.
E quero partilhar contigo estas jóias de puro prazer !