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quarta-feira, 13 de março de 2019

SAÍDA DE PESSOAL DIPLOMÁTICO DOS EUA, DA VENEZUELA, É UM MAU SINAL



                         

Ontem, Michael Pompeo, o Secretário do Governo Trump, decretou a retirada de todo o pessoal diplomático da Venezuela. Não creio que isso inclua os operacionais da CIA e das outras agências que estão apoiando as forças de oposição ao governo Maduro. Este é um sinal muito mau, em termos de perspectiva de uma actuação militar, em grande escala e com possibilidade de muitos mortos, como um bombardeio de Caracas, por exemplo. Numa circunstância dessas, o governo dos EUA não iria ter a possibilidade efectiva de garantir a segurança dos seus funcionários.
A agressão sob todas as formas, contra o governo legítimo de Maduro, atingiu o patamar mais elevado, com a sabotagem da rede eléctrica, cujo significado é muito claro; pretendem assim tornar a vida impossível aos milhões de cidadãos, pretendem propiciar o saque a supermercados e comércios, por forma a que a vida de todos os dias seja impossível, dado os comerciantes se irem embora; pretendem sobretudo, mostrar que têm capacidade em sabotar do interior as estruturas vitais de um país, mensagem sobretudo endereçada a um todo-poderoso exército, que se tem mantido do lado da legalidade, mas poderá (como no Chile!) bascular para o lado dos golpistas.
    
                  Blackout shuts down Venezuela’s oil exports
                  Acima: Uma artéria de Caracas durante o «apagão» 

A estratégia do imperialismo em relação à Venezuela tem sido clara:

  • Criar uma série de obstáculos através de sanções económicas e outras, sem porém cortar relações diplomáticas (fase do processo que tem já mais de uma dezena de anos).
  • Estrangular economicamente a Venezuela através de embargos de todo o género de mercadorias, desde material com uso militar até artigos de medicina e alimentos.
  • Fomentar o mercado negro desses produtos, que somente poderão ser adquiridos a troco de dólares. Assim, colocam em ruptura o abastecimento normal do país, infelizmente demasiado dependente de compras ao exterior, para toda a espécie de bens e mesmo de alimentos. Por outro lado, o desenvolvimento do mercado negro provoca a descida acelerada do Bolivar – a divisa do país – e inicia-se a fase de híper inflação.
  • A oposição, constantemente apoiada e financiada, exige eleições; estas têm lugar, mas a mesma oposição boicota-as, alegando que não são «democráticas». Isto passou-se assim, apesar dos observadores declararem que as eleições tinham sido regulares e de – aliás – ter havido uma candidatura de oposição, que se apresentou a escrutínio.
  • Uma campanha internacional insistente para deslegitimar o governo do presidente Maduro, em paralelo com o fomentar de manifestações de rua, cada vez mais violentas.
  • A declaração, em perfeita coordenação com Michael Pence, vice-presidente dos EUA, de que Guaidó – que fortuitamente, era presidente do parlamento- seria, daqui por diante, o Presidente-interino da Venezuela. Esta manobra tinha como objectivo criar um movimento de deslegitimação de Maduro, pelos acólitos dos EUA (dignamente, a Itália recusou).
  • A política de sanções e de guerra económica atinge o cúmulo, com o roubo de mais de 20 biliões de dólares, pertencentes ao Estado Venezuelano, assim como a recusa pelo Banco de Inglaterra em autorizar o repatriamento de ouro venezuelano, do qual tem a custódia. Estes actos são tipicamente pirataria económica, são actos totalmente ilegais face à lei internacional.
  • A recente sabotagem da rede eléctrica pública da Venezuela, mostra como os imperialistas dispõem de meios de sabotagem, que poderão ser ainda mais gravosos e instaurarem o caos. O que fizeram agora tem a seguinte mensagem explícita: «Ou derrubam Maduro, ou nós fazemos ainda mais e pior, tornando a Venezuela um inferno ingovernável». Esta mensagem dirige-se sobretudo à casta militar.
  • A ordem de saída de todo o pessoal diplomático da Venezuela, por Pompeo, surge como preparação para uma invasão ou um ataque militar aéreo ou algo semelhante, em preparação e na eminência de ser executado. Retiram o seu pessoal diplomático – também- para evitar que este possa servir como refém, se a guerra com tiros e bombas rebentar.


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

PROBABILIDADE DE INTERVENÇÃO MILITAR DOS EUA NA VENEZUELA AUMENTA

Vejam o vídeo abaixo, em que uma jornalista de RT entrevista um professor de Direitos Humanos de uma Universidade dos EUA. 
Infelizmente, na media e nos círculos do poder dos países da NATO, só pensam em termos de derrubar Maduro e submeter a Venezuela.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

O CAMINHO PARA A PAZ PELO COMÉRCIO

                        Image result for trade new silk road

No passado remoto, as rotas comerciais eram abertas a golpes de espada ou tiros de canhoneira.
Basta pensarmos na maneira como Vasco da Gama e seus sucessores no Índico impuseram um monopólio comercial português e expulsaram os comerciantes árabes, aí instalados desde há vários séculos.
Ou ainda, como o Reino Unido, no tempo da Rainha Vitória, impôs o comércio de ópio à China, através de duas guerras cruéis, das quais resultaram tratados humilhantes para os chineses.
Com efeito, a «liberdade de comércio» que foi imposta pelos marinheiros e soldados dos impérios ocidentais não tem grande coisa que ver com as teorias de livre comércio dos liberais. Em vez de livre comércio trataram de impor o seu domínio imperial, a todo o mundo não europeu. Muitas das desgraças de hoje têm as suas raízes diretas nessa época, de expansão agressiva e bélica dos colonialismos.
Porém, por outro lado, constata-se que a realização de tratados comerciais ou a aceitação de regras comuns às trocas comerciais é um primeiro passo para a normalização de relações diplomáticas ou que estas têm como corolário imediato, o desenvolvimento das relações comerciais.
A abertura da China, ainda no período de Mao nos anos 70,  foi devida de facto, ao seu desejo de fazer comércio e esse desejo foi correspondido por poderosos interesses privados ocidentais.
A negação de comércio, como sejam as guerras de tarifas ou ainda pior, as sanções, os embargos, os bloqueios, são armas muito cruéis e absolutamente ineficazes, no mundo de hoje. Tal tem sido a atitude dos EUA e seus vassalos «aliados» da OTAN e UE …
A guerra comercial ou económica começou com a Rússia depois do golpe na Ucrânia, que depôs um governo legítimo, mas que tinha optado por união económica com o espaço Russo e não com a União Europeia. Essa guerra económica só trouxe dificuldades aos comerciantes, agricultores e industriais dos países ocidentais.
No campo russo, trouxe uma reação de defesa nacionalista, de se autonomizar do «Ocidente»; sobretudo, de produzirem eles próprios, tendo – portanto - um efeito estimulante na indústria e na agricultura.

Já no caso da Venezuela, o bloqueio e guerra económica por parte dos EUA, já duram há cerca de um decénio, mas a severidade foi aumentando neste último ano, ao ponto de um relator especial das Nações Unidas, considerar que as políticas de sanções dos EUA podiam configurar um crime contra a humanidade, nos termos da definição da ONU.
A guerra económica dos EUA contra Cuba vem desde o triunfo da revolução que depôs o ditador favorável aos EUA. Ela perdura desde há 60 ou mais anos e não trouxe mais do que sofrimento e privações para a população da ilha, sem nenhum efeito de fragilização do regime castrista. Claro que, para eles, este objectivo de subversão de um regime adverso é perfeitamente válido e «moral»: para eles, imperialistas, não contam as populações que serão sempre as primeiras vítimas de tais bloqueios.
A noção de que estes países, que se designam a si próprios por «democracias ocidentais», não são mais do que países governados por mafiosos, que querem impor, por meios de chantagem e pela força, a sua lei a outras nações, pode parecer exagero às pessoas imbuídas de cultura «ocidental», porém nos países que agrupam três quartos da população mundial, esta noção é absolutamente trivial.
A existência de uma fina capa ideológica de «liberalismo», não resiste a dois segundos de análise, quando nos debruçamos sobre políticas concretas. Se «liberalismo», significa sobretudo liberdade de comércio, representada pela tradição liberal de Locke, Adam Smith, etc., então a China e Rússia de hoje, assim como vários dos seus parceiros são porta-estandartes e verdadeiros obreiros desse liberalismo.
A liberdade de comércio é vital para aquela enorme parte de humanidade (no mínimo, 6 mil milhões), pois ela tem como meio de subsistência essencial a produção de bens agrícolas, de matérias primas minerais, ou de bens manufacturados.
A evolução dos países «ocidentais» [América do Norte, Europa ocidental, Austrália, Nova Zelândia e Japão] no último quarto de século, foi no sentido da «terciarização» da economia, da desindustrialização ou seja, do abandono da economia produtiva para a economia especulativa.
Nestes países, cuja riqueza assentou sobre séculos de pilhagem das colónias e escravidão, a estratégia de «terceirização» foi saudada pelos mais míopes e corruptos, visto que é realmente preciso fazer um esforço para acreditar que uma economia se pode sustentar com «serviços» e onde o lema tem sido «consumir, consumir, nem que seja a crédito».
As transformações na estrutura produtiva na China, mas também na India, Paquistão e outros, foram muito rápidas e conseguiram produzir a maior transformação de que há memória, de populações secularmente carenciadas, com padrões de nível vida muito baixos; uma saída da pobreza para grande parte da população. O enorme crescimento da classe média, nestes países, tem permitido um crescimento exponencial, pois os produtos manufacturados já não terão como escoadouro exclusivo a exportação, mas também vai crescendo o mercado interno para estes produtos, incluindo os de gama alta, o que permite não estarem tão dependentes dos caprichos das ex-potências coloniais e imperialistas.
As «Novas Rotas da Seda» são realmente a concretização imparável deste extraordinário florescimento económico, o qual terá repercussões benéficas também noutros países, que tinham mantido um grau incipiente de desenvolvimento.
Para todos os intervenientes nas redes comerciais, a questão central vai ser a estabilidade das condições de trocas. Daí que haja um interesse material pela paz, o que é sempre muito mais poderoso do que qualquer ideologia.
Mas, se ideólogos no Ocidente quiserem defender o liberalismo na sua pureza, pois aí terão oportunidade de se colocarem do lado dos que querem manter abertas as rotas comerciais, querem estabelecer e manter trocas benéficas para todas partes… deverão repudiar os militaristas, os loucos que querem o mundo inteiro sob sua hegemonia e relações baseadas na força e no medo.
A evolução das relações internacionais pode sofrer muitos episódios, nem todos beneficiando a liberdade de comércio. Mas, no longo prazo, a humanidade que produz irá decidir como e em que termos se farão as trocas, aplicando as boas práticas de reciprocidade, de não ingerência, de relações mutuamente vantajosas, de resolução pacífica dos diferendos…
… será um renovo da civilização.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

VENEZUELA E INGERÊNCIA EM ASSUNTOS INTERNOS DOUTROS ESTADOS


                                 http://www.informationclearinghouse.info/50996.htm


                               

Hoje em dia, existem duas correntes antagonistas, no que toca aos assuntos internacionais. Uma, que é representada pelo imperialismo, nomeadamente os EUA e seus vassalos europeus. Esta corrente declara como legítimo que se faça guerra económica (as sanções são claramente uma forma de guerra económica), se façam pressões e se dite o que um governo dum país estrangeiro e soberano deve ou não fazer (que é a exigência de eleições no caso venezuelano senão uma descarada interferência nos processos internos desse pais?), chegando ao ponto de decretar a legitimidade de intervenções armadas para «proteger populações sujeitas aos piores abusos» (lembram-se do Kosovo, da Líbia, etc?). Nesta corrente, a Carta da ONU ou os princípios do Direito Internacional contam apenas como algo que se utiliza quando vêem vantagem, para «fundamentar» a retórica intervencionista. Por contraste inventaram o «direito de ingerência humanitária», que não é mais do que uma capa para as piores aventuras bélicas. 
A outra corrente, que é corporizada pela Rússia, China e por múltiplos países não vassalos do império dos EUA,  defende que os países devem respeitar a soberania uns dos outros, devem aceitar o princípio da não-ingerência nos assuntos internos, que as relações entre governos e Estados se devem basear nos princípios do respeito e  das vantagens mútuas. 
A primeira corrente é apoiada politicamente pelos ditos «liberais» ou «neoliberais», que são as forças dominantes e hegemónicas na cena política do chamado «Ocidente» (que inclui o Japão): trata-se de várias famílias políticas, que vão desde os dois partidos do poder - os democratas e os republicanos - nos EUA, até aos diversos grupos que partilham ou se alternam no poder, na Europa ocidental. Algumas forças tidas como «marginais», no Ocidente, estão no entanto em contradição com a narrativa do direito de «ingerência humanitária», a esquerda comunista na Europa e os libertarianos nos EUA (diferente de libertários = anarquistas), que defendem a não-ingerência e o direito à auto-determinação.
O grotesco e grave é que a grande maioria do establishment político do Ocidente está a fazer o jogo dos EUA, numa situação em que não existe absolutamente nenhum direito da sua parte, com o risco de conduzir (é isso que desejam?) a uma nova tragédia como a da Síria. Ignoram os princípios sobre os quais foi edificada a ONU e o Direito Internacional.
Uma «esquerda» falsa, que alinha com ONGs e outras instâncias, subsidiadas por agências, como a fundação Soros, faz um grande chinfrin em torno da violação (real ou fictícia) de direitos humanos mas, em geral, somente nos países que justamente não alinham com o Ocidente, como a China, o Irão, etc... «esquecendo-se» de referir situações bem piores - sob todos os ângulos - como aquilo que fazem a Arábia Saudita, as outras monarquias do Golfo e muitos outros regimes ditatoriais em África, Ásia ou na América Latina... 

Na verdade, as pessoas com sentimentos humanitários verdadeiros deveriam fazer todo o tipo de pressão para que o governo do seu país não se imiscuísse nos assuntos de outros, não causando situações que irão desencadear uma guerra civil, deslocação em massa de populações, etc. Ao fim e ao cabo não deveriam tolerar que uns corruptos dirigentes políticos ao serviço do grande capital, da banca mundializada, venham dar «lições de moral», para mandar tropas fazer «intervenções humanitárias» para repor a ordem que lhes convém. 
Não fazer nada, não manifestar indignação e repúdio é colaborar com estas violações grotescas dos princípios que enformam as relações entre Nações, construídos à custa da experiência de duas guerras mundiais. 
Uma «desculpa» é atribuir males (reais ou imaginários) aos governantes do regime/país que se quer diabolizar: isso é uma técnica de propaganda usada pelos nazis, à qual as pessoas minimamente inteligentes não deveriam sucumbir. 
Não se podem «exportar» a democracia ou o respeito pelos direitos humanos com sanções, ameaças de invasões, apoio a grupos terroristas, etc. Precisamente aquilo que os governos ocidentais, a começar pelos EUA, costumam fazer quando têm na mira uma «mudança de regime». 
O facto de certos partidos ditos de «esquerda» se somarem ao coro não mostra senão a sua corrupção completa.
Estar contra a ingerência maciça na Venezuela não quer dizer «dar o aval» ao regime venezuelano e ao seu líder. Quer dizer apenas que se respeita o povo venezuelano e que este tem o direito absoluto a governar-se do modo que entender, a resolver os seus problemas políticos internos do modo que entender. Se houver uma insurreição genuína num país qualquer do mundo, de certeza que os insurrectos não irão querer que forças externas se vão imiscuir na sua luta. 
O imperialismo não pode tolerar a independência de um país que possui as maiores reservas conhecidas de petróleo, não apenas do continente americano, mas do mundo inteiro. 
John Bolton disse-o, sem vergonha, numa TV dos EUA, «nós iremos lá e tomamos conta do petróleo».

sábado, 26 de janeiro de 2019

VENEZUELA: FABRICAÇÃO DO «INEVITÁVEL» GOLPE...


Começaram por fazer um boicote a todos os meios de subsistência da Venezuela. Lembram-se da «campanha do papel higiénico»? O boicote económico implicava que apenas se conseguiam coisas essenciais à custa de dólares e estes obtidos no mercado negro, a um valor múltiplas vezes superior ao câmbio legal. Foi assim que começaram a desencadear o ciclo infernal da hiperinflação. 
A Venezuela estava bem exposta a esse tipo de sabotagem, na medida em que - devido à bonança do petróleo - as pessoas recebiam ajudas do governo para praticamente tudo, o qual governo se abastecia de dólares no mercado petrolífero, distribuindo esses dólares aos comerciantes que os usavam na importação de bens de consumo. A partir de determinado momento, os comerciantes começaram a guardar os dólares, muitos deles, com certeza, fora do país, em vez de os trocar por mercadorias. Organizou-se a escassez, que levou à inflação e depois à hiperinflação.

A CIA esteve desde sempre associada na Venezuela com todo o tipo de contestação, desde a mais «política», à mais terrorista, à sabotagem económica, que culminou com uma série de sanções cada vez mais abrangentes, do governo dos EUA contra o Estado Venezuelano.
A guerra económica era apenas uma etapa para o golpe, para a substituição de Maduro por um Juan Guaido fiel e submisso aos seus patrões dos EUA: com 35 anos, preside ao parlamento, membro da oposição, não tem direito constitucional de tomar o cargo de presidente, visto que Maduro ganhou as eleições presidenciais, de forma totalmente legal, como foi decretado pelos juízes, que avaliaram (e descartaram) as queixas sobre o referido processo eleitoral.  
A utilização de países da América Latina (e do Canadá) como apoiantes do golpe, mostra claramente quais estão ao serviço do imperialismo, por sinal os que já tinham sido largamente favorecidos pelo «maná» vindo de Washington. 
Logo que se trata de subverter um processo democrático que escapa ao seu controlo, estes fantásticos «democratas» esquecem logo certos factos, relegados a «pormenores sem relevância» como, nomeadamente, de que uma grande maioria do povo venezuelano votou em eleições consideradas livres e legítimas e elegeu Nicolas Maduro.

É lamentável ver a falta de coragem de uma certa esquerda, sendo que as personagens que nos EUA realmente colocam as coisas em termos factuais são Paul Craig Roberts e Ron Paul.



Caitlin Johnstone trouxe ao nosso conhecimento o acto corajoso de Medea Benjamin, que realmente diz as coisas que os presidentes da Organização dos Estados Americanos não gostaram de ouvir, mas totalmente certas:


Fazer um golpe de Estado, não é solução, além de que é criminoso; é o caminho mais certo para desencadear uma guerra civil, uma tragédia. 
Apoiar um golpe de Estado é uma cobardia; quem sofre as consequências é o povo desse país, não os presidentes que nas suas poltronas lançam uns contra os outros e promovem o caos.


segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

2019 - SERÁ «O ANO EM QUE TUDO SE DESMORONOU»?

                         


Não estou a fazer retórica quando escrevo este título. Com efeito, o Outono/ Inverno de 2018 já anunciava a cor e o tom do ano que aí vem e que ainda está muito jovem.
Os sinais críticos de uma crise bolsista já se fizeram sentir em um sem número de ocasiões entre Setembro do ano anterior e o Ano Novo deste ano. A grande queda de Wall Street e em particular dos títulos que constituíam uma espécie de «montra» do mercado bolsista (os famosos «FANG») mostrou ser muito mais do que uma correcção. Mostrou que se tratava de uma inversão de tendência. Com a maior parte dos títulos cotados muitas vezes acima do valor real das empresas respectivas não admira que seja uma queda longa e dolorosa para seus detentores.
Os bancos não ficaram melhor; veja-se o caso do Deutsche Bank um banco sistémico, o maior banco do espaço europeu, cuja saúde é considerada periclitante, dado o enorme peso dos derivados na sua carteira, assim como a série de processos - da sua intervenção no falseamento dos mercados dos metais preciosos e do LIBOR - cujas multas cumuladas atingem um montante total muito alto. 
As pensões de reforma, sobretudo nos países onde estas são privadas, estão sob perigo eminente de entrar em colapso. Estes fundos de pensões apostaram em títulos especulativos, para fazerem face à enorme e prolongada baixa dos juros, consequência da política de ajuda aos bancos, efectuada por governos e bancos centrais ocidentais, ao longo de todo o período pós-2008.
A «normalização» em curso, com a subida das taxas directoras do banco central americano (a FED) e a não renovação da compra de activos (muitos deles «tóxicos») do BCE aos bancos comerciais da zona euro, já tem consequências visíveis na retracção dos mercados, quer bolsista (e que apenas agora começou...), quer obrigacionista (a queda das obrigações de alto rendimento). 
Também se observa o esvaziamento das bolhas no sector imobiliário, a começar pelos valores mais altos, como Vancouver e Toronto (Canadá), Los Angeles e Nova Iorque (EUA) ou ainda Londres e Paris. 
A situação só é risonha no sector dos mercados de metais preciosos, com espectaculares recuperações dos preços do ouro e da prata, assim como da platina, sobretudo em divisas como a Libra esterlina, o Dólar australiano, embora também em Euros e Dólares. Isto não nos surpreende, pois o ouro é um valor-refúgio, quando todos os activos baseados em dívida (incluindo o «cash») já não inspiram confiança.
Quanto ao cidadão comum, está claro que o «tiro de partida» foi dado pelos «coletes amarelos» em França, mas com o agravamento da crise, haverá muitas mais e talvez piores explosões de descontentamento dos governados face às suas elites. 
Os que sofrem, por vezes, não compreendem como foram espoliados, mas compreendem bem por quem o foram: pela aristocracia que se pavoneia no maior luxo, usando os recursos fornecidos pelo dinheiro público, pelos contribuintes, por todos nós. 

                          The EU bubble is doomed to burst in 2019, financial analyst warns

A situação da economia hoje é reflexo duma década em que o valor do dinheiro foi sistematicamente sabotado, deixando os pobres, os que dependem de pensões para sobreviver, os que têm salários de miséria, numa situação dramática. Com efeito, para esconder a situação e para poderem pagar cada vez menos, aparentando desembolsarem o mesmo, os governos foram maquilhando os números da inflação, ao mesmo tempo que abraçavam o «Quantitative Easing» ou seja, da impressão de quantidades abismais de dinheiro electrónico, no intuito de salvar os bancos. Para os que governam no «Ocidente», a primeira prioridade são eles, os bancos... 
Agora fala-se cada vez mais de «reset», ou seja, de uma reestruturação ao mais alto nível, o que pode muito bem acontecer na próxima década, pois aquilo que se perfila no futuro mais próximo é uma crise mundial caracterizada por hiperinflação, após um breve mas violento episódio deflacionário, de falências em cadeia. Quando ficar claro que o valor do dinheiro em papel foi completamente destruído (por eles, a finança e os governos), irão tentar construir um novo sistema monetário e financeiro. Não me parece que tenham grandes hipóteses de ter muito sucesso. 

A infeliz Venezuela está aí para nos indicar o que acontece a um país que entra pelo caminho da hiperinflação. Não existem receitas milagre para sair da espiral hiperinflacionária, mesmo para um país com as maiores reservas de petróleo conhecidas...
O que será de um país de economia frágil, completamente dependente de tecnologias estrangeiras, importador líquido de bens alimentares (embora pudesse ser um exportador) e que se tem deixado seduzir por uma economia especulativa (imobiliário...) e por um turismo de moda efémera?  Todos sabemos, com certeza, o nome e as coordenadas geográficas do mesmo....





domingo, 15 de julho de 2018

FRONTEIRA BRASIL - VENEZUELA: A VAGA DE REFUGIADOS CRESCE


O colapso total da economia venezuelana não deixa a muitas famílias outra opção, senão fugir do país, muitas vezes a pé, em condições dramáticas.