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segunda-feira, 26 de junho de 2023

CRISE DE SUPERPRODUÇÃO DO VINHO

 https://www.zerohedge.com/commodities/europe-drowns-wine-eu-adopts-crisis-measures-rescue-producers



Em vários países europeus, o vinho estava mais ligado ao mercado externo do que ao consumo interno. O agravamento da crise reflete-se nos diversos países, no chamado consumo de luxo. Mesmo o vinho de média qualidade é considerado como luxo em países não tradicionalmente produtores, por exemplo os da Europa do Norte, da América do Norte e muitos países Africanos e Asiáticos. O mercado está saturado porque este produto tem tido uma expansão contínua desde há décadas, ora, apesar de novos países se abrirem ao consumo do vinho, uma expansão do mercado não pode durar sempre. Tem de vir um momento de contração.

No caso do vinho, essa contração coincide com a provocada pela inflação mundial, assim como as piores previsões económicas, relativas a países afluentes e que eram tradicionalmente consumidores de vinho dos países do Sul da União Europeia, como a Alemanha ou o Reino Unido.

Ao nível nacional, os portugueses têm diminuído o consumo de vinho, o que tem causas múltiplas, entre elas o acentuar da inflação (que toca mais os produtos não-essenciais), a diminuição do poder de compra das classes menos favorecidas e da classe média, a evolução do consumo das camadas mais jovens que se têm desviado para o consumo das cervejas (nomeadamente, as «artesanais») e para os álcoois fortes, ingredientes de cocktails ou «shots», muito em voga. 

 Dá-se a situação de retração simultânea nos mercados interno e internacional, em especial, para os países menos afortunados da UE, mas também em países beneficiando (ainda) de confortável nível de vida. 

As marcas de vinho deveriam ter visto esta crise chegar, mas - pelo menos em Portugal - insistiram em subir constantemente o preço dos vinhos nos supermercados, ao ponto de que, vinhos correntes passaram a ser algo que muitos agora consomem apenas em ocasiões especiais.  O setor vinícola, além de fundamental economicamente em várias zonas agrícolas do país, era também enorme fonte de divisas, não apenas na exportação, como no consumo dos turistas dentro de Portugal. 

As zonas do Sul da Europa já são as principais vítimas económicas do cerco contra a Rússia, mesmo antes do inicio da guerra imposta pelos belicistas da OTAN, assim como pelos globalistas:  

- Estes, não se importam com a sobrevivência económica dos mais fracos, preferindo até que haja muito desemprego, para manter as populações debaixo do jugo da necessidade. 

Estas populações serão «beneficiárias» do «Rendimento Mínimo Universal», em conjugação com a introdução das «Divisas Digitais dos Bancos Centrais». 

Tudo corre às mil maravilhas para os globalistas: Podem fazer «à saúde», erguendo os copos, cheios dos vinhos mais caros do mercado!

quinta-feira, 8 de junho de 2023

O PROBLEMA DA CENSURA E PERSEGUIÇÃO DAS VOZES DISSIDENTES

 Muitas pessoas estarão de acordo em considerar a liberdade de opinião como pilar essencial das nossas sociedades ocidentais. Neste momento, desenvolve-se uma cruel e seletiva caça à dissidência, que tem como vítimas jornalistas, escritores e outras figuras públicas conhecidas, respeitadas e apreciadas. Perante isto, nota-se uma indiferença da cidadania e um olhar para o lado de pessoas metidas na luta política (leia-se política = meios de alcançar o poder). Não só são passivos perante esses crimes, como perante os  crimes que justamente foram denunciados pelos dadores de alerta (Assange, Snowden, etc, etc). Dessa forma, estão a dar cobertura aos senhores do poder, que irão «tratar-lhes da saúde», assim que tiverem a situação inteiramente sob controlo.

 Parece que muitos dos intelectuais dos países ocidentais ignoram os escritos de Hannah Arendt, e de muitos outros autores importantes, sobre a ascensão dos totalitarismos. Para mim, não é surpresa que os neoliberais os ignorem, quer no sentido de nunca os terem lido, ou de terem esquecido por conveniência (oportunismo) esses escritos fundamentais de reflexão em filosofia política. Mas, choca-me ainda mais que pessoas com elevadas credenciais académicas e culturais se comportem «como se» ignorassem tudo sobre a natureza dos sistemas totalitários, as suas manhas para subverter por dentro as democracias, etc. Será possível que esqueçam os contributos de Hanna Arendt, de Bertolt Brecht ou de Soljenitsin e de muitos outros, que seria demasiado longo citar?

O problema não é ter-se mais ou menos conhecimento: é muito mais central e premente. Tem relação com a dignidade e a coragem do ser humano; dizer-se «não colaboro, a minha consciência não mo permite»; ou «já não posso continuar sem fazer nada, como se nada houvesse, ou como se isso nada tivesse que ver comigo e com a sociedade em que vivo».

Eu compreendo melhor, agora, o desespero de Stefan Zweig, que o levou ao suicídio quando pensou que os nazis iriam vencer a II Guerra Mundial. Ele não queria viver num mundo assim. Também o existencialismo de Albert Camus, que teve a coragem de contribuir ativamente para a Resistência francesa durante a IIª Guerra Mundial.  Não cito aqui muitos outros, que merecem a nossa homenagem e são exemplos de dignidade humana e de elevado valor moral. 

A minha postura pode ser considerada estranha, face ao tempo em que vivemos. Pois eu sou testemunha, mas não participo nesta cultura hedónica, materialista (no sentido de procura dos bens materiais), de adoração do poder, do dinheiro, do «estrelato»... que é hoje o substrato cultural da maioria das pessoas.

 Mas, isto não acontece por acaso. Note-se que - por enquanto - o ensino nos países ocidentais não veicula estas ideologias - pelo menos, de um modo explícito. As religiões correntes nestas paragens (a cristã, mas também as outras), não encorajam, até condenam explicitamente, esta adoração do vitelo de ouro. 

Penso que a influência da comunicação social de massas é avassaladora e impregna, ao nível subconsciente, quase todas as pessoas: isto inclui, obviamente, pessoas inteligentes e de elevado nível cultural. Por isso, os verdadeiros donos deste mundo querem ter o controlo da media, sobretudo das redes sociais, como temos visto nos casos de Elon Musk, Marc Zuckerberg, etc.

A cultura das pessoas em Portugal tornou-se quase uniformemente ocidentalizada, assimilando a cultura anglófona, em particular a dos EUA, sob todos os aspetos; desde a música pop-rock, às modas de linguagem - a utilização do inglês no comércio e publicidade - aos valores ideológicos e aos modelos comportamentais das «stars». 

Por contraste, vai aumentando a ignorância do que seja português, ibérico, e de tudo o resto que não seja anglo-saxónico, mas europeu ou extraeuropeu. Isso faz com que tenham «uma vaga ideia», no melhor dos casos, das produções e personalidades que marcaram as outras culturas. 

 Não sou parcial, não tenho qualquer ódio e raiva aos americanos e ingleses, nem à maioria dos intelectuais, homens e mulheres com elevado padrão moral, além de talento. Eu aprecio a coragem de alguns jornalistas, ensaístas e políticos, dos EUA, como Chris Hedges ou como Paul Craig Roberts (e muitos outros). 

Criticar o imperialismo e a repressão aos «de baixo», não me afasta (ideológica e eticamente) deles; pelo contrário, isso aproxima-nos. O que há de bom na cultura anglo-saxónica, é por mim reconhecido, tanto em relação ao passado, como ao presente. De facto, o combate pela liberdade atravessa fronteiras geográficas ou físicas, mas também de cultura e ideológicas. 

A censura não é um «problema de intelectuais», porque o próprio âmago da liberdade está aqui em causa, a liberdade de todos; sejam de esquerda, ou direita; radicais ou conservadores; crentes ou ateus, etc...

     O autor, dramaturgo esquerdista, é acusado por tribunal de Berlim de «propaganda nazi»!

Se alguns são amordaçados por causa das suas ideias, daquilo que pensam e escrevem, então, qualquer um de nós pode também ser, de um momento para o outro. Estamos todos ameaçados. Estou convicto disso: a realidade tem trazido, ultimamente, imensas provas em apoio desta convicção.

sábado, 1 de abril de 2023

Inflação: o imposto oculto

 Não existe ainda uma consciência na generalidade das pessoas, sobre o modo como o Estado obtém o financiamento para as despesas que faz. Teoricamente, ele funcionaria com o dinheiro dos impostos. Mas, é fácil constatar que ele gasta muito mais do que recebe e, ainda por cima, tem despesa que não está inscrita no Orçamento de Estado.

Como é que os Estados se mantêm, muitas vezes com défices orçamentais que se avolumam de ano para ano?

Existem vários mecanismos que levam a um aumento da receita de imposto, sem que isso se torne muito óbvio para a generalidade das pessoas. Assim, se houver um aumento geral dos preços, todos os produtos que têm o imposto de valor acrescentado (IVA) aumentam na mesma proporção. Dirão: mas o valor maior cobrado vai cobrir as maiores despesas do Estado, portanto em termos líquidos, não é propriamente um aumento.

- Certo, só que as despesas do Estado são, numa grande fatia, despesas fixas ou que pouco aumentam: Estou  a referir-me a despesa com ordenados dos funcionários e agentes do Estado, assim como as pensões de reforma e invalidez. Estas despesas deveriam aumentar na devida proporção do aumento do custo de vida, mas tal não acontece nunca. Um funcionário público, ou um pensionista do Estado, terão mais alguns euros no seu ordenado ou pensão, mas de forma nenhuma tais aumentos atingem o valor que corresponderia à inflação.

Além do mais, o índice de inflação não é objetivamente avaliado. Desta forma, o Estado não tem de desembolsar tanto como seria o caso, se a inflação fosse avaliada corretamente. Se o verdadeiro índice de inflação for de 12 % ao ano, o «cozinhado» que fazem com as estatísticas poderá dar um índice (falso) de 8%. Nestas circunstâncias, não apenas o Estado desembolsa menos 4% com ordenados e pensões, como vai buscar mais na receita do IVA. 

Em geral, o Estado, sobretudo quando estiver em défice, cobre as despesas emitindo obrigações do Tesouro,  títulos de dívida que vencem a prazos de 2, 5 ou 10 anos, por exemplo. Nesse intervalo, o Estado vai dar um juro fixo. Se nesse intervalo de tempo houver uma inflação maior do que a taxa de juro fixo, o Estado vai pagar menos (em valor real) pelo empréstimo feito: nominalmente é a mesma coisa mas, tanto o principal da obrigação, como o juro a ela associado, terão menor valor real (menos capacidade aquisitiva). 

Os Estados do Euro, têm sido «premiados» com a compra automática das obrigações que colocam no mercado e que não encontraram comprador,  pois o BCE (Banco Central Europeu) comprometeu-se a comprar todos os títulos do Tesouro dos Estados aderentes ao Euro. Então, os juros foram baixando para estas obrigações, até ao ponto em que Estados muito débeis, em termos financeiros, como Portugal, tinham um juro associado a sua dívida semelhante, ou mesmo inferior, a Estados com melhor situação económica e financeira. Assim, Portugal estava obrigado a pagar juros da dívida no valor (por hipótese) de 3% em média durante um longo período, mas semelhante juro era o de obrigações estatais de países com muito melhor situação global. Era como se os compradores da dívida portuguesa aceitassem adquiri-la, embora o valor real das obrigações fosse muito menor. 

Com efeito, o valor de uma obrigação é tanto maior quanto mais baixo for o seu juro. Isto reflete o cálculo do mercado sobre os riscos que correm os compradores de - ao fim do tempo definido - não receberem pagamento do principal (situação de bancarrota do Estado), ou de haver interrupção temporária no pagamento dos juros, ou outro tipo de incumprimento. Nestas circunstâncias, o apoio sistemático do BCE através da compra de obrigações dos Estados mais débeis, reflete-se a vários níveis: Estes empréstimos têm comprador garantido, com juro mais baixo e com menor despesa nos orçamentos públicos desses Estados (Os juros da dívida pública são obrigatoriamente inscritos no orçamento de Estado).  

Os ordenados e pensões são sistematicamente depreciados: o seu «ajuste» é feito tardiamente, num intervalo que pode ser dum ano; é baseado num índice oficial de inflação fictício; nalguns casos, provoca o aumento no imposto (IRS), por mudança  de escalão, o que anula o pequeno aumento recebido. 

Os grandes capitalistas também aproveitam a inflação em seu favor. Não apenas nos ordenados que têm de pagar; mesmo aumentando-os, estes terão menos valor, em termos relativos. Eles «antecipam» as subidas de preços, colocando a mesma mercadoria, cuja compra foi ao «preço antigo», com preço inflacionado ou aumentando a margem de lucro porque decidem vender a um preço muito maior que a inflação, que eles próprios sofreram no processo de fabrico.  

Em Portugal, o Estado não tem verdadeiros motivos para se preocupar muito com a subida dos preços, até certo ponto. O ponto crítico é a capacidade da população em suportar uma forte descida do seu nível de vida. Esta descida pode significar a caída na pobreza extrema, para alguns, e o empobrecimento relativo para a imensa maioria. Penso que a generalidade das pessoas estaria de acordo que, em Portugal, o bem-estar económico tem diminuído para a grande maioria, desde há alguns anos, sobretudo desde há cerca de ano e meio, com o agravamento da inflação.

Há perdas acentuadas nos pequenos comércios e nos serviços, que são as empresas mais criticamente dependentes da retração brusca da clientela. Muitos têm de abrir falência, outros têm de reduzir pessoal para fazer face ao novo contexto. Esta concentração favorece os grandes grupos, por exemplo os hipermercados, ao eliminar a concorrência do pequeno comércio de bairro.  

Por fim, a injustiça desta taxa, ou imposto oculto, ressalta se verificarmos que as pessoas pobres, ou com rendimentos médios-baixos, têm como principal despesa a alimentação (e outras necessidades quotidianas): A inflação é sempre mais acentuada neste item. Ora, os ricos têm, proporcionalmente às despesas, muito menos impacto, com o aumento dos preços da alimentação:  A alimentação pode representar uns 60% do rendimento, numa família pobre e somente 20% numa família rica. 


Alimentos subiram 20% na UE, num ano.


sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

ENFERMEIRAS/OS CONTRA A DESTRUIÇÃO DOS SISTEMAS DE SAÚDE



Quando enfermeiros/as em todo o Reino Unido fizeram greve, os/as camaradas portugueses publicaram uma carta aberta em solidariedade com os/as seus/suas camaradas britânicos/as, lembrando aos leitores e pacientes que o seu próprio sistema de saúde encontra-se perante muitos dos problemas que perturbam o Serviço Nacional de Saúde britânico.
Mário André Macedo, um enfermeiro especializado, um dos primeiros subscritores da carta aberta, disse ao «People’s Health Dispatch» que a sua iniciativa tinha sido inspirada por solidariedade e por urgente necessidade de denunciar os estrangulamentos que poderiam colocar de joelhos o Serviço Nacional de Saúde português. De facto, o serviço português tem muitas semelhanças com o seu equivalente britânico, visto que se inspirou no modelo que Beveridge introduziu no Reino Unido.


Embora ainda conserve a associação positiva com o financiamento público e com o acesso universal, as coisas têm piorado para o sistema de saúde pública português ao longo dos anos. Se virmos a situação de enfermeiros/as no sistema, os seus problemas são tão prementes como os dos trabalhadores de saúde no Reino Unido. Os profissionais que assinaram a carta aberta estimam que na década passada, em Portugal os/as enfermeiras/os tiveram uma perda salarial de 20 por cento - o dobro do que os sindicatos de enfermeiros/as do R. U. indicaram.
Durante o mesmo período, milhares de enfermeiros/as emigraram de Portugal para outros países, sendo o Reino Unido um dos países preferidos. Muitas/os enfermeiras/os emigradas/os estão agora também em greve, salienta Macedo, porque estão conscientes das suas responsabilidades em lutar por serviços de saúde de boa qualidade e acessíveis a todos.
Os/as enfermeiros/as que emigraram de Portugal para o Reino Unido estão muito familiarizados com os processos que são pano de fundo da sabotagem dos serviços de saúde pública, colocando os direitos das pessoas à saúde em perigo.


Divisão e Lucros


O sistema de saúde em Portugal, tal como o NHS britânico, tem sido um objeto de interesse para o setor privado desde há bastante tempo. Em ambos os casos, o objetivo dos fornecedores privados é de quebrar os sistemas, privatizar as partes rentáveis e deixar o que resta para um orçamento público reduzido.
Os principais perdedores neste cenário são, obviamente, os pobres e a classe trabalhadora, que não têm alternativa senão procurar cuidados no setor público, qualquer que seja o seu estado.
Mas seria errado pensar que os trabalhadores de saúde não ficam afetados por este processo. Pois, a insistência na austeridade e nos cortes orçamentais que acompanham as tentativas de mercantilizar os sistemas de saúde, faz com que os direitos dos trabalhadores de saúde sejam cerceados, deixando muitos com uma sobrecarga de trabalho e com «burn out».
Em Portugal, a incapacidade do governo atender adequadamente as reivindicações sobre salários e progressões na carreira, levaram à primeira greve nacional nesta profissão, desde o princípio da pandemia de Covid-19.
«Os sindicatos não forçaram a uma ação grevista no cume da pandemia, mas as propostas do governo para a regulação dos nossos salários e de progressão nas carreiras, conduziram a uma grande onda de apoio para este tipo de ação: pelo menos 75% dos/das enfermeiros/as foi favorável a que se fizesse greve» referiu Macedo.


Custo de Vida



Protesto contra a austeridade em Lisboa, Portugal, 
Fevereiro de 2010 (E10ddie, CC 3.0, Wikimedia Commons)


A progressão na carreira pode parecer um motivo abstrato para se entrar em greve. Na prática, a ausência dum sistema adequado, traz consequências sérias. “Suponha que é uma enfermeira que vai reformar-se amanhã. No caso de não haver uma mudança no sistema atual, a sua pensão seria cerca de 600 euros mais elevada do que a de uma enfermeira que está a trabalhar há pouco tempo e que irá acumular a mesma experiência e horas de trabalho, que você tem agora.” afirmou Macedo.
Ele reconhece que a seguir à greve, o governo concordou em introduzir certas medidas para valorizar a progressão na carreira. Mas decidiram implementar estas decisões a partir de Janeiro de 2023, sem fazer pagamentos retroativos - o que significa a perda de milhares de euros.
A questão dos aumentos salariais nos/nas enfermeiros/as de acordo com a progressão na carreira, tornou-se mais difícil de ignorar por causa da crescente inflação e do aumento do custo de vida. Por não haver um aumento salarial, em paralelo com a experiência acumulada, cerca de 80 % dos enfermeiros em hospitais e centros de cuidados primários de saúde, têm um salário bruto de cerca de 1500 euros. Após impostos, o seu rendimento fica em cerca de 1000 euros.
Na mesma altura, o arrendamento dum andar com um único quarto de dormir, em Lisboa e em regiões turísticas, como o Algarve, tem um preço mínimo de 700-800 euros. Não é surpreendente que estas regiões sofram duma carência de enfermeiros. É impossível um/a enfermeiro/a viver com este salário.
Alguns dos sindicatos permanecem timidamente satisfeitos com o conteúdo das promessas do governo, esperando que sejam suficientes para recuperar o que foi perdido, em anos anteriores. Outros - nomeadamente o Sindicato de enfermeiros/as (SEP) que liderou a greve de Novembro - já anunciaram que irão continuar a lutar por um acordo mais justo.
Ao fazerem isto, também estão a lutar por um sistema de saúde melhor. Segundo Macedo, “Enquanto trabalhadores da saúde, deveríamos proteger o caráter universal do nosso sistema de saúde. Visto que as/os enfermeiras/os são o grupo mais numeroso dentro do sistema, temos a oportunidade de ter um impacto especial».
Os objetivos dos/das enfermeiros/as é de conseguir uma mudança ao nível local, mas também construir relações mais sólidas com os trabalhadores equivalentes doutros países.
“Só podemos ganhar se tivermos solidariedade recíproca e aprendermos uns com os outros. Nalguns países, a situação dos/as enfermeiras/os é melhor porque o país investe mais no sistema de saúde. Mas, na maioria dos países, são as lutas laborais que realmente fazem a diferença e só nos podemos fortalecer conectando-nos entre nós.” conclui Macedo.


Ana Vracar é correspondente para Peoples Dispatch


«People’s Health Dispatch» é um boletim do People’s Health Movement e de «Peoples Dispatch». Para mais artigos e para subscrever o «People’s Health Dispatch», clicar aqui.
Artigo retirado de Peoples Dispatch.




Tradução de Manuel Banet a partir de:

domingo, 27 de novembro de 2022

DÍVIDA PÚBLICA DE PORTUGAL, ALGUNS DADOS ESTATÍSTICOS

 

Dívida Pública Portuguesa
Crescimento em espiral desde há 20 anos 
Valor da dívida pública em 27/11/2022:
                       309 171 508 215 € 


Juros da dívida, por ano 
 9 045 028 729€ 
                        por segundo 287€ 
Dívida pública por cidadão 29 802€ 
Dívida em % percentagem do PIB 154.73%
PIB de Portugal 199 809 976 417€ 
População de Portugal 10 374 289


COMENTÁRIO

A dívida pública portuguesa é monstruosa face às capacidades produtivas do país, isto é, a dívida é essencialmente incobrável. No mesmo plano, na Eurozona, estão a Grécia, a Espanha e a Itália. Não nos equivoquemos: O desenho do euro foi, desde o início, destinado a manter sob domínio alemão os países do Sul da Europa e permitiu 20 anos de superavit da economia alemã, enquanto as economias mais frágeis da Europa ou estavam em  recessão, ou mantinham o seu PIB ligeiramente positivo, devido a manipulações das estatísticas. 
Assim, agora que o Euro está «na agonia», as economias dos países mais fracos do euro vão ter de pagar a fatura, com aquilo que tiverem. Vai ser um fartote de privatização das últimas empresas públicas, isto é, sua venda ao desbarato, como modo de diminuir o enorme défice, que se foi avolumando nestes 20 e poucos anos de existência do Euro. 
Mas, a espiral descendente vai continuar, pois as pessoas vão ficar cada vez mais pobres, pelo que não poderá haver consumo suficiente para arrancar o país da estagnação económica, por mais sacrifícios que a população seja obrigada a fazer.
Os políticos e os barões da finança portuguesa sabem isto muito melhor que nós; têm mantido o rumo catastrófico da economia; são eles os beneficiários desta enorme burla (conjuntamente com seus congéneres da UE).
É para mim inacreditável que o povo continue a votar neles (os políticos em causa) e a confiar-lhes as suas parcas poupanças (os banqueiros ladrões)! 

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

A ILHA FORMOSA (TAIWAN) E PORTUGAL

 

Eu prefiro a designação «Formosa» dada a essa ilha dos mares do Sul da China pelos portugueses, no século XVI, quando tinham alcançado com suas frotas mercantes esses mares e tinham ajudado o Império do Meio a ver-se livre de piratas que enxameavam a costa. Os portugueses eram força ínfima, face à força considerável do Império da China. Este Império, no seu auge de poderio era generoso para com estrangeiros, desde que estes fossem não hostis. Ofereceu à coroa portuguesa o estabelecimento de um entreposto de comércio, num ponto da costa. Assim, Macau (Cidade do Nome de Deus), nunca foi uma colónia portuguesa, mas um porto franco. No contexto político regional de então, a aliança estabelecida entre o Reino de Portugal e o Império da China foi - antes de mais - construída sobre a base pragmática do interesse mútuo. Era a primeira versão marítima das Rotas da Seda. As Rotas da Seda terrestres passavam, como é sabido, pela Ásia Central e Médio Oriente, transportando preciosos bens nos dorsos de dromedários. 

Era a Rota das Especiarias dos portugueses, que se estendia até às ilhas ricas em especiarias que hoje são parte da Indonésia. Este comércio era muito perigoso, devido aos piratas que infestavam os mares. Sabem-no os que leram a «Peregrinação» de Fernão Mendes Pinto - um relato autobiográfico de viagens pelo Oriente tão vívido e rigoroso, que continua a ser um precioso repositório de dados sobre os reinos do extremo-oriente da época e sobre o relacionamento dos portugueses com eles.

Mas, a Ilha Formosa - para darmos um salto até ao século XX - parte integrante da China histórica, foi refúgio do Kuomintang, ou seja, do partido nacionalista que combateu contra o Partido Comunista da China na guerra civil, que se traduziu pela derrota dos nacionalistas e pela proclamação de República Popular da China, em 1949. No decurso dessa longa guerra civil e de libertação contra os invasores japoneses, os do Kuomintang não foram sempre adversários dos exércitos imperialistas japoneses, havendo casos em que o exército comunista teve de combater ao mesmo tempo dois inimigos, os nacionalistas e os japoneses. 

                              Chiang Kai-shek, quando jovem 

O refúgio da ilha Formosa, para Chiang Kai-shek e o seu derrotado exército do Kuomintang, foi tornado possível pela assistência - o salvamento - dos americanos, que eram seus aliados. 

Os americanos - em 1945 - tinham já vencido militarmente o exército imperial japonês e, apesar de tudo, cometeram o maior crime contra a humanidade, em Hiroxima e Nagasaki. Note-se que os japoneses tinham previamente dado múltiplos sinais diplomáticos de que desejavam render-se aos americanos, por medo de serem invadidos e ocupados pelo exército soviético. O apoio americano ao Kuomintang deu-se no contexto da nascente Guerra Fria, perante uma União soviética vitoriosa, que eles temiam se alastrasse pelos territórios do extremo-oriente. 

Aliás, já em finais da IIª Guerra Mundial, a luta entre Partido Comunista e Kuomintang assumiu rapidamente o significado de luta entre a URSS e os EUA, uma das guerras por procuração (proxi wars) que marcaram o pós-II Guerra Mundial. O período de 1945-1991, não foi um período de paz, nem de «Guerra Fria» sequer, mas uma sucessão ininterrupta de guerras regionais, bem «quentes» e mortíferas, com exércitos ou grupos de guerrilha, pertencentes a fações opostas, apoiadas pelas forças da NATO e dos EUA, por um lado;  pela URSS + outros membros do Pacto de Varsóvia e pela China Popular, por outro. 

A sabedoria da civilização multimilenar chinesa, explica -em grande parte - que a China continental não tenha nunca invadido Taiwan/Formosa, como não invadiu Hong-Kong, nem Macau. A sabedoria filosófica do Confucionismo, conjugada com o Taoismo de Lao Tseu, deu o saber teórico e prático de como conduzir os assuntos do Estado, sendo a Arte da Guerra  do general Sun Tzu  a obra literária de estratégia -política e militar - mais conhecida, no Ocidente.

Eu acredito que as pessoas com responsabilidades políticas, de um e outro lado do estreito, que separa a Ilha Formosa da China Continental, tenham em conta os interesses respetivos dos povos, que governam. Acredito que resistirão às provocações e manipulações dos imperialistas anglo-americanos, que nunca param de se imiscuir em assuntos internos dos chineses. Se o povo da Ilha Formosa se considera parte da «China eterna», independentemente do que pense sobre o regime que vigora em Pequim, se o regime do Partido Comunista da China Continental respeita a sua própria palavra solene dada perante todo o povo (e internacionalmente), então os respetivos líderes encontrarão uma solução que será pacífica e que pode até ser um modelo de conciliação nacional. 

- Será sonhar demais? 

- Não me parece, pois a civilização chinesa, a mais antiga e sábia civilização que superou tantos momentos críticos da sua história, tem muito caminho para percorrer no futuro. 

Eu sei que Portugal é mantido, politica e militarmente, na contemporânea «prisão dos povos», a Aliança Atlântica, mas a vocação dos portugueses sempre foi universal. Penso que o coração deste pequeno povo está com a China e com seu povo.

sábado, 10 de setembro de 2022

ILUSIONISMOS , POR ANTÓNIO BARATA


https://bandeiravermelhablog1.wordpress.com/2022/09/09/ilusionismos/#more-3176

Por António Barata, 

publicado em «Bandeira Vermelha»

O recente pacote de medidas do governo PS destinado a minorar os efeitos da carestia, agravada primeiro com a pandemia e depois a guerra na Ucrânia, e que está a lançar na pobreza cada vez mais trabalhadores, foi recebido com o aplauso e a simpatia da maioria dos comentadores. Mas não foram precisas muitas horas para que o tom começasse a mudar, à medida que se começaram a fazer contas.

E da esquerda à direita, incluindo sectores do próprio partido do governo, começaram a chover as críticas, em crescendo, partindo da simples observação de que:
1) dar 150 euros a cada trabalhador, a que se podem juntar mais 50 por cada filho, no próximo mês de Outubro, deixa tudo na mesma;
2) os reformados e pensionistas são espoliados e duplamente descriminados – não só não têm direito à esmola dos tais 150 euros (vá-se lá saber porquê), como vão ver as suas reformas reduzidas em cerca de 4%, já a partir do próximo ano, dado que de acordo com a lei estas deveriam ser aumentadas em 8 a 9%, em linha com a inflação, e não os 4% anunciados. E não é por o governo caridosamente “dar” a cada pensionista, já no próximo mês, um “bónus” de mais 50% da sua pensão que desmente o facto de isso corresponder a coisa nenhuma – esses 50% correspondem a metade do valor mensal da pensão que deveriam receber em 2023 se esta fosse aumentada os tais 8 a 9%, e que já não vão receber, permitindo ao governo reduzir o valor das pensões em cerca de mil milhões de euros mensalmente. O meio mês que agora vão receber a mais, vão receber a menos no próximo ano e nos seguintes, até ao fim das suas vidas.

Partido destas constatações, toda a oposição, da direita ao BE e PCP, a que se juntou timidamente parte do PS, faz acompanhar as suas críticas de propostas construtivas sobre o que deveria ter sido feito para que as esmolas às classes trabalhadoras fossem mais generosas.

Sem surpresa, a direita põe a tónica na descida do IRC e do IVA e em dar prioridades as ajudas às empresas enquanto vai regateando a paternidade das partes do pacote do PS que considera boas.

Por seu lado, a “esquerda” ordeira, como já nos habituou, desdobra-se em conselhos construtivos e responsáveis sobre como o governo deveria conduzir a economia e o combate à crise neste momento de aflição: taxar os lucros “inesperados” das grandes distribuidoras de energia, baixar a taxa do IVA e gastar a receita excedente (relativamente aos anos anteriores) dos impostos arrecadados este ano. Tudo isto devidamente embrulhado em apelos moralistas “à responsabilidade e solidariedade social” do patronato e mostrando-se indignada com os “lucros excessivos” da EDP, GALP e demais distribuidoras.

Certamente que muito do que o BE e o PCP criticam é acertado. Mas a questão não é essa. É antes a de saber se essas críticas servem para alimentar a ilusão de que é possível sensibilizar a burguesia para os problemas dos debaixo, tornando-a menos gananciosa ao capitalismo menos rapace, ou se vão no sentido de desfazer essas ilusões mobilizando assim os trabalhadores para a luta radical contra o capital e não só contra o governo de serviço e os políticos “ladrões e corruptos”. Se esses partidos, que se dizem de esquerda e a favor do socialismo, realmente agissem de acordo com o que dizem ser, não se ficariam por estas críticas superficiais e tão óbvias quanto inócuas, que até parte da direita as subscreve. Preocupar-se-iam antes em elevar a consciência das classes trabalhadoras fazendo-os perceber que o problema é o capitalismo e não o capital financeiro, os maus políticos, a incompetência, a troca de favores e a satisfação das expectativas das respectivas clientelas.

Teriam de começar por dizer que no nosso país a pobreza é estrutural. Que a carestia não é só de agora nem só consequência da pandemia e da guerra na Ucrânia. Que a pobreza estrutural é uma constante com mais de 20 anos, vitimando 1 em cada cinco trabalhadores, incidindo principalmente nas mulheres, crianças e idosos; que a crise e a austeridade (que agora dá pelo nome de “contas certas”) iniciada em 2008 não terminou nem houve nenhum “virar de página”. E, acima de tudo, por dizer não ao Pacto de Estabilidade e Crescimento e ao pagamento da dívida; que não é possível melhorara as condições de vida das classes trabalhadoras portuguesas sem rejeitar o “memorando de entendimento” imposto pela troika ao PS, PSD e CDS, e que ainda continua em vigor, o qual obriga os governos a respeitar as metas do deficit, a degradar a segurança social e os salários, a precarizar e flexibilizar as relações laborais, a cortar prestações sociais, a aplicar os empréstimos naquilo que o BCE determina e não no que é necessário ao desenvolvimento económico do país, etc. É este o compromisso subserviente que une toda a burguesia portuguesa, e de que ninguém fala, que explica e dá sentido à prática continuada dos governos de António Costa (com e sem geringonça) de prometer e não cumprir, orçamentar mas não gastar, fazer e desfazer acordos segundo as conveniências sem se preocupar em cumprir o que acordou com os seus parceiros de circunstância, e também às opções do actual Orçamento de Estado e a esta sua proposta.

A crença partilhada pelo PSD, IL, PAN, PS, PCP e BE, de que é possível desenvolver a economia, criar riqueza e, ao mesmo tempo, cumprir o deficit e pagar os juros da dívida é uma falácia posta a nu pelo desinvestimento crónico na economia e nos serviços, e cujos resultados são o crescimento anémico da economia, a degradação acelerada dos transportes, o estado comatoso do SNS e do ensino, a degradação das infraestruturas e do meio ambiente, a crise da habitação, o florescimento do trabalho escravo (em particular na agricultura), a corrupção generalizada, os salários de miséria e a precarização crescente do trabalho. Situação esta que sofreu um forte agravamento com a pandemia e, agora, com a guerra na Ucrânia, e que não será revertida pelos milhões da dita “bazuca” nem pelo prometido PPR. Enquanto não se disser não à tutela europeia do BCE, ECOFIM e Eurogrupo, se recusar o pagamento de dívida, o espartilho das regras comunitárias e o diktat europeu, nada mudará a favor das classes exploradas.

Mas se a aceitação da tutela europeia explica as opções do governo e a unidade nacional em torno da “Europa”, dos “valores europeus”, do euro e da Europa fortaleza, ela não explica nem a desfaçatez nem a arrogância de António Costa e seus ministros, nem a compreensão benevolente do presidente Marcelo face às “habilidades” do governo. O que as explica é o clima social caracterizado pela falta de um modelo de sociedade alternativo àquilo que existe, tanto por parte da burguesia como do operariado, que não vá para além do Estado social.

Portugal não só é o país europeu com o maior fosso entre ricos e pobres, como esse fosso não tem parado de crescer, e ainda mais com crises. Enquanto os salários dos trabalhadores portugueses são em média metade dos dos seus congéneres, os dos gestores públicos e privados são superiores. Se na Alemanha um gestor ganha em média 10 vezes mais que um trabalhador, no nosso país ganha cerca de 40 vezes mais, e a tendência é para alargar essa diferença.

A isto soma-se:
1) o estado de bandalheira a que chegou o regime democrático no nosso país, com a justiça transformada numa anedota, instrumento de disputa político-partidária e de ambições corporativas, a comunicação social a ser instrumentalizada como nunca e submetida ao pensamento único, e a economia transformada em negócio de “padrinhos”.

Situação que, ao contrário do que nos diziam, não se alterou com as receitas “purificadoras” do FMI, do Banco Central Europeu e da troika. E como nada se alterou e as finanças continuam à beira do colapso, a receita aí está, eterna, impondo a redução da despesa do Estado despedindo, baixando salários, cortando nas reformas, nas despesas e regalias sociais;

2) a mediocridade e corrupção da chamada “classe política” e o carácter rentista da burguesia portuguesa, que não está habituada a correr riscos, mas a viver da proteção e dos favores do Estado, das suas obras públicas, dos financiamentos comunitários por ele canalizados e, portanto, avessos a qualquer reforma que ponha em causa este status quo.

Como mais uma vez constatamos, a “esquerda” que temos, toda ela ordeira e sempre preocupada em “apresentar alternativas”, esteja dentro ou fora do parlamento, faz um silêncio absoluto sobre esta questão central da submissão à tutela comunitária, crucial para o crescimento de uma consciência revolucionária anticapitalista e internacionalista entre as massas trabalhadoras e o operariado em particular. Eternamente entretida a dar moral e conselhos à burguesia sobre a melhor condução dos negócios, em sensibilizá-la para os graves problemas sociais e os malefícios decorrentes da ganância e da falta de transparência, da preponderância do económico sobre o político, estamos condenados a pagar os custos das crises e os desmandos do capital. Como uma fatalidade, empurram-nos para uma opção viciada: a de escolher como vamos ser “espremidos”.

Nunca, como agora, foi tão necessária uma outra esquerda.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

Maximiano Gonçalves: «A histórica visita do Costa à Ucrânia»

Meu querido amigo e cidadão de corpo inteiro, Maximiano Gonçalves, concedeu-me a honra de transcrever estas suas palavras, neste blog. Graças ao seu talento, os oportunistas e nojentos saracoteios da classe política portuguesa vassala do Império, são devidamente postos a nu. 

Obrigado Max!

Manuel Banet


 A visita do Ministro Português, e Primeiro, à Ucrânia é um momento da recente política portuguesa - embora, lamentavelmente, pouco salientado pelos meios internacionais de comunicação (mainstream ou não) - que a cronologia da notável intervenção portuguesa no Mundo vai registar.  

Não sou suficientemente importante na Sociedade Portuguesa para que António Costa, autor daquela patética frase "Já posso ir ao Banco?" dirigida à coitada governanta de serviço da conhecida instituição chamada União Europeia, se sinta ofendido por eu lhe chamar, como agora chamo, servente sem dignidade de uma política mentirosa, ridículo (e desnecessário) entregador de recados. Aliás, ofender, isto é, "ir contra", pode e deve ser entendido assim: Se a ofensa, é, afinal, verdade, não é ofensa, é verdade. Não estou a ofender, estou a dizer uma triste verdade acerca do filho do digno Cidadão Orlando da Costa. 
A verdade sobre a Ucrânia escondida de muitas populações há de ser divulgada, provavelmente depois dos Johnson e Costas já não pisarem os palcos como protagonistas...(o Boris tem mais graça, mas é da terra do Grande Teatro).
Entretanto, a população portuguesa é massacrada por um conjunto de "jornalistas" e comentadores da mais notável indignidade. Que a sua venalidade lhes traga, ao menos, dinheiro para gastos.
O armamento entregue por Portugal ? Se o ridículo matasse, quem cairia fulminado ? E o nosso restante apoio? 
Que vergonha, o tempo e o modo. 




quinta-feira, 19 de maio de 2022

PERDIDO POR CEM, PERDIDO POR MIL...


 

Sobretudo quando se trata de dinheiros públicos, ou seja, aquele dinheiro que - cedo ou tarde - todos nós teremos de pagar, porque somos nós a fonte donde o Estado vai buscar o dinheiro.

Isto vem a propósito dos biliões que se vão enterrar (ou melhor, vão entrar... e sair) nesse poço sem fundo: 

- Quando a guerra está perdida, quando os próprios ministros do governo Zelensky declaram que só com muitos biliões a podem aguentar porque o Estado ucraniano está falido. Vem, depressa, Úrsula ajudar! 

A ajuda da União Europeia consistirá (para já) em  9 biliões frescos. Eles serão devorados até ao último cêntimo, num Estado falido. Estado esse que é o mais corrupto do mundo. O mais certo, é o dinheiro ir parar às contas do Kolomoisky e outros oligarcas e apoiantes do regime, além das contas off-shore do comediante Zelensky, feito presidente. 

Porém, a palhaçada não acaba aqui, pois o congresso dos EUA já decidiu enviar 40 biliões, para «ajuda». Isto é o negócio do século, para muitos cleptocratas, e não apenas da Ucrânia, também dos próprios países «doadores». (Eu coloco «doadores» entre aspas, pois nós não fomos ouvidos nem chamados. )

Nós, «os servos», dum lado e doutro do Atlântico, apenas servimos para fornecer os tais biliões, com mais impostos, medidas de austeridade, etc. Não há distinções. Os chefes dizem que é preciso enviar tantos biliões para a Ucrânia; e que os súbditos não se atrevam a levantar a voz!



Isto faz-me lembrar um pouco de história recente de Portugal:

- Em tempos de crise profunda, Portugal tinha uma espécie de gestores, que se poderia caracterizar como «abutre dos negócios». Estes gestores, bem vestidos e engravatados, tomavam conta de empresas em falência. Mediante falsas garantias e esquemas de corrupção, conseguiam obter, junto de bancos, empréstimos para «salvar as empresas». 

Estas, já estavam falidas, na prática, mas não tinha sido ainda decretada a sua falência. Porém, os trabalhadores não recebiam salário há meses e as mobílias, as matérias-primas, os equipamentos, eram secretamente vendidos ao desbarato.  

Nem a empresa «a salvar», nem os trabalhadores, viam a cor do dinheiro de tais empréstimos. Os «gestores» tinham a arte de fazer desaparecer o dinheiro sem que se pudesse apontar o dedo, pois «eles tinham feito o seu melhor», para salvar a empresa.

Agora, a comédia macabra tem como cenário a Ucrânia. A sua população não terá outra escolha senão emigrar para terras dos seus «benfeitores», ou então, viver no «Zimbabwe europeu».

Não o merecem; são - para todos os efeitos - irmãos e irmãs de infortúnio. Nós devemos acolhê-los, mas - em simultâneo - devemos denunciar os abutres que se acoitam, a todos os níveis do poder e da casta política, nos países da NATO. Povoam ministérios,  ONGs, administrações de empresas de toda a espécie, mas, em especial, as de «segurança» e de armamento. Para eles, isto é «uma party»!  

O dinheiro vai desaparecer e ninguém se espantará que assim seja. O Estado, afinal, é como uma monstruosa empresa. E sabemos bem que o dinheiro despejado em empresas falidas, é dinheiro perdido. Isto aplica-se aos Estados, também! Embora, no caso dos Estados, esse dinheiro não esteja perdido para todos: Há sempre uns mais iguais que os outros. Há os que enchem os bolsos com uns milhões e vão gozá-los em estâncias de férias bem agradáveis. Quanto aos outros, que fossem espertos e aprendessem com os oligarcas.

Mas, o processo de entrada em falência do sistema Euro, já está bastante avançado; ultimamente sofreu uma aceleração. Vejam como o dólar está «forte» e o euro, como está «fraco». Pois, a divisa europeia vai estar ainda mais fraca. Vai ser um sorvedoiro, até ao rebentamento final do sistema monetário europeu. O sorvedoiro de dinheiro da guerra ucraniana, vai acabar por levar à falência total e irrecuperável e ao rebentamento - de um modo ou doutro - do sistema da União Europeia. 

Os magnates dos EUA ficam a olhar todos contentes, pois a economia americana, por mais disfuncional que seja, vai aparecer aos olhos dos capitalistas, como o «último porto de abrigo» («safe haven») e os capitais do mundo vão afluir de novo aos USA ... Penso que este é o cálculo do lado do Tio Sam. Posso estar completamente enganado; até gostava de estar completamente enganado, mas o cenário para os povos da UE é realmente negro. Os dirigentes ocidentais traíram os seus eleitores, só que estes ainda não o sabem e quando o souberem, já será tarde demais. 

Só desejo que os povos da Europa aprendam, duma vez por todas, com a dura lição que está a desabar em cima de suas cabeças. 

sexta-feira, 22 de abril de 2022

LISBOA TEM 48 MIL HABITAÇÕES VAZIAS (TOTALMENTE) E A PERDA DE POPULAÇÃO É ENORME

Os problemas com habitação em Portugal, em particular nos grandes centros urbanos, nunca foram adequadamente abordados e tratados. Prova de que somos efetivamente uma «república das bananas», por muito ofendidas que fiquem certas pessoas ao lerem isto. 

A redução do número de lisboetas pode ser facilmente avaliada pelas estatísticas. Por alturas do 25 de Abril de 74, Lisboa (Lisboa cidade) tinha aproximadamente um milhão de moradores, hoje (dados de 2016) está reduzida a 504 mil, ou seja, a metade.


Agora, o jornal em língua inglesa «The Portugal News», dá-nos conta da situação objetiva, resultante da miopia dos dirigentes, sejam eles governantes de sucessivos governos, sejam autarcas. 

https://www.theportugalnews.com/news/2022-04-20/48000-empty-homes-in-lisbon/66511


A estupidez e ganância é que levam as pessoas a «facilitar» esta (ausência de) gestão do espaço urbano. 

- A estupidez, porque querem dar a ilusão de que «graças a eles (governantes, autarcas) o país avança, enriquece». Porém, é tudo uma ilusão, uma mercantilização e gentrificação da urbe e, portanto, um atentado à vida, à economia e à cultura do país. 

- A ganância, porque as pessoas com algum dinheiro investem no imobiliário para tirarem rendimento, só no curto prazo, não se importando muito com o deserto humano que estão a criar, ao promoverem (indiretamente, mas sabem que o resultado é esse) a expulsão da população de origem, das famílias modestas, dos trabalhadores dos chamados «bairros históricos» para alugar os apartamentos, apenas durante uns dias por mês, a estrangeiros. Estes negócios, aliás, são muito pouco regulados e fiscalizados. Isto significa que são empresas de serviços turísticos sem as devidas garantias (de higiene, de segurança e de infraestruturas de apoio) e que deveriam ter. 

Eu não sou contra a utilização de casas ou apartamentos em regime de tipo "RB&B", ou "turismo de habitação". Porém, a estratégia inteligente deveria ser a de manter nos bairros - em particular, os históricos - a população autóctone, com os serviços do quotidiano, que podem servir a população, etc. Isto implicaria uma visão dos planificadores, tanto dos ministérios, como das autarquias. Implicaria, por exemplo, lançarem um programa de rendas controladas nestes locais, assim como promover outros apoios concretos às famílias, aos comércios. 

A selva capitalista do imobiliário é potenciada pelo «deixa andar» dos responsáveis, que mais parecem irresponsáveis. De tal forma que o resultado prático disto é a zona histórica da capital estar a ficar esvaziada de população, o mesmo é dizer, estar a morrer.

NB: Em baixo, alguns artigos meus anteriores, que abordam a temática da habitação em Portugal. 

 https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2020/07/um-pais-em-ruina-beira-mar-plantado.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2017/04/a-bolha-imobiliaria-mundial-atingiu-o.html

https://manuelbaneteleproprio.blogspot.com/2017/02/da-gentrificacao.html

sábado, 15 de janeiro de 2022

OCULTAÇÃO PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE DE DADOS SOBRE SUICIDÍOS E MORTALIDADE EM PORTUGAL

NOTA: 
NÃO É COSTUME EU COPIAR INTEGRALMENTE UMA NOTÍCIA DOUTRO SITE. SE O FAÇO, NESTE CASO, É POR DUAS RAZÕES: 1ª A EXTREMA IMPORTÂNCIA DAS REVELAÇÕES. 2ª É BEM POSSÍVEL QUE TENTEM DESTRUIR OU IMPOSSIBILITAR QUE ESTA INFORMAÇÃO SEJA VISÍVEL....

Confira diretamente no site de «Página Um» em causa: 

Revelados pelo PÁGINA UM os relatórios da Task Force de Ciências Comportamentais escondidos pela doutora Graça Freitas



por Pedro Almeida Vieira // janeiro 14, 2022



A Direcção-Geral da Saúde tem, e segue, uma estratégia muito clara: esconder informação.

Esconder significa qualquer uma de duas formas: não revelar informação que possui – ou deve possuir para exercer a sua função de Autoridade de Saúde Nacional – e subtrair informação que se encontrava disponível.

Bem sabemos, porque a própria confessou – aparentemente com orgulho –, que a doutora Graça Freitas não sabe mexer num computador. Nem há conhecimento de a directora-geral da Saúde ter dado uma queda, além daquela da “Casa Feliz” do João Baião, e desligado inadvertidamente um qualquer servidor. Mas uma coisa é certa: alguém anda a fazer “limpeza” nos sites da Direcção-Geral da Saúde (DGS).

A DGS tem mostrado, de facto, e de forma ostensiva, desde o início da pandemia, um comportamento activo de não conceder qualquer informação a jornalistas menos simpáticos. O PÁGINA UM, ainda com tão pouco tempo de vida, apresentou já seis queixas à Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos, três das quais serão decididas na próxima semana. E agora trata mesmo de fazer desaparecer informação de sites do Estado.

Plataforma da Mortalidade em Portugal: um dos sites “abatidos” pela DGS nos últimos dias.

Eis ao que a doutora Graça Freitas se apresta: ser uma “janízara sanitária” que, ao serviço de um Governo – e não de um Estado e dos seus concidadãos – elimina informação e base de dados que poderiam ser comprometedoras. Eis ao que a doutora Graça Freitas se apresta: ser uma funcionária pública que julga ter jurado subserviência aos políticos em vez de jurar servir os seus concidadãos.

Vamos a factos.

No ano passado, a doutora Graça Freitas fez desaparecer do Sistema de Informação dos Certificados de Óbito (SICO) os registos de suicídios diários. Era informação disponibilizada desde 2014. A doutora Graça Freitas resolve assim, administrativamente, o problema dos suicídios provenientes da gestão da pandemia.
Mensagem de “página não encontrada” no endereço onde se encontravam os documentos da Task Force de Ciências Comportamentais.

Mais recentemente a DGS – leia-se, a doutora Graças Freitas – ocultou a Plataforma da Mortalidade, que permitia consultar as causas de óbitos, de forma discriminada e estruturada por idades. Ainda não possuía informação de 2020, o primeiro ano da pandemia. Essa informação existe, mas a doutora Graça Freitas também acha que não a deve libertar porque poderia comprometer o “seu” Governo.

Na última semana, também se eclipsou a informação diária (e histórica) relacionada com a pandemia, designadamente o número e tipo de testes e de casos positivos por idade, além de outra informação relevante. A doutora Graça Freitas pode assim inventar qualquer coisa, tal como o secretário da Saúde Lacerda Sales fez com a percentagem de não-vacinados nos cuidados intensivos.

Por fim, nos últimos dias, também os polémicos trabalhos da Task Force de Ciências Comportamentais se escafederam do site da DGS, por uma simples e evidente razão: os seus autores, reconhecidos académicos, “ensinavam” o Governo a usar o pânico e o medo na gestão da pandemia.

A doutora Graça Freitas quando se apercebeu do estrondo possível, embora confiante de uma imprensa mainstream mansa, não se fez rogada e toca de subtrair os documentos à pressa dos olhos dos mortais.

O PÁGINA UM questionou a DGS sobre estes desaparecimentos. Obviamente, como habitual, a doutora Graça Freitas acha que não deve responder.

Porém – por vezes há um porém –, o PÁGINA UM teve artes para “desenterrar” os ficheiros integrais de 14 policy briefs e outros tantos relatórios. E colocou-os no seu servidor para consulta. Para todo o sempre.

Que a doutora Graça Freitas tenha noção do que anda a fazer.




Policy Brief n.º 1 – Contexto escolar e COVID-19








Policy Brief n.º 8 – Confiança em tempos de pandemia





Policy Brief n.º 13 – Construção de normas sociais


Policy Brief n.º 15 – Boas práticas de políticas de promoção de comportamentos saudáveis a nível comunitário – não disponível


Prioridades de ação baseada na evidência | Relatório n.º 1

Prioridades de ação baseada na evidência | Relatório n.º 2

Prioridades de ação baseada na evidência | Relatório n.º 3

Prioridades de ação baseada na evidência | Relatório n.º 4

Prioridades de ação baseada na evidência | Relatório n.º 5

Prioridades de ação baseada na evidência | Relatório n.º 6

Prioridades de ação baseada na evidência | Relatório n.º 7

Prioridades de ação baseada na evidência | Relatório n.º 8

Prioridades de ação baseada na evidência | Relatório n.º 9

Prioridades de ação baseada na evidência | Relatório n.º 10

Prioridades de ação baseada na evidência | Relatório n.º 11

Prioridades de ação baseada na evidência | Relatório n.º 12

Prioridades de ação baseada na evidência | Relatório n.º 13

Prioridades de ação baseada na evidência | Relatório n.º 14