....PREPARAM A PRÓXIMA GUERRA, DESTA VEZ CONTRA O IRÃO.
(Esclarecimentos nos 2 vídeos abaixo)
....PREPARAM A PRÓXIMA GUERRA, DESTA VEZ CONTRA O IRÃO.
(Esclarecimentos nos 2 vídeos abaixo)
Se fosse tão fácil medir a concentração de sabedoria, como a concentração de riqueza num país, veríamos que certos países, desprezados como «atrasados», estão muito melhor equipados nesta qualidade - a sabedoria - que outros.
Infelizmente, a dissociação entre sabedoria e saber, entre sabedoria e poder, tem vindo a aumentar.
As zonas europeias, cujo desenvolvimento científico e técnico se adiantou ao resto do Mundo, a partir do Século XVI, formando o núcleo da modernidade, com suas descobertas, invenções e aplicações técnicas, produziram a 1ª Revolução Industrial (desde cerca de 1700, até ao presente).
Igualmente, produziram armamento mortífero em quantidade e qualidade superiores às doutros povos, incluíndo civilizações florescentes e requintadas, como a China ou a Índia.
A partir daqui e até agora, a dominação económica, política e militar foi mantida pelo chamado «Ocidente». Este, passou a incluir países que - embora na órbita geopolítica anglo-americana (como a Austrália, a Coreia do Sul, o Japão) - não são ocidentais do ponto de vista da Geografia.
Porém, em termos de civilização, os países ocidentais possuem uma enorme fragilidade. Apesar de traços muito negativos, como a colonização, o tráfico de escravos e sua exploração, manifestavam-se outros traços, como a abertura, modernidade, tolerância relativa, os avanços científicos e tecnológicos, que foram e são ainda o motivo principal para outros povos - mesmo não aceitando o seu domínio - reconhecerem e admirarem vários dos seus frutos. Igualmente, verificou-se que elites governantes em nações não-ocidentais, foram educadas com valores semelhantes ou idênticos aos das elites do Ocidente.
A incapacidade de muitas pessoas comuns - e mesmo dos intelectuais - nos países ocidentais, se elevarem acima de uma visão do mundo centrada nas suas próprias raízes, tradições e valores, deve-se a uma arreigada visão racista do que seja a cultura, o valor do intelecto, da espiritualidade, etc. É frequente pensarem em termos semelhantes aos de seus antepassados, quando estes colonizavam povos e nações noutros continentes (África, Ásia, América Latina), sendo a extensão desses impérios coloniais múltiplas vezes a da área geográfica da própria metrópole colonial. Depois destes países terem perdido as suas colónias, alguns ficaram com uma espécie de «orgulho ferido», por terem «sido roubados» esses territórios coloniais à sua nação. No caso de Portugal, a incapacidade em compreender a inevitabilidade da independência das colónias africanas (Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angol, Moçambique) e asiáticas (Macau, Timor-Leste), constatei-a em contactos tidos com várias pessoas.
É surpreendente que Portugal, um país tão atrasado, tão cheio de analfabetos, tivesse tanto orgulho em «possuir» estes territórios, que supostamente lhe pertenciam porque os «conquistou»... Na verdade, o espírito do colonialismo mais atrasado, mais retrógado, que sacrificou o próprio desenvolvimento da metrópole para manter essas colónias durante a longa guerra colonial, sem qualquer esperança de ser ganha pelo exército colonial, não desapareceu inteiramente de certos indivíduos, incluindo de membros de gerações que não conheceram o tempo da guerra colonial.
A perpetuação desta visão, completamente distorcida da realidade, tem permitido que uma extrema-direita autóctone, com óbvios laivos racistas, se pavoneie nas ruas (e agora também no parlamento), na indiferença dos «democratas» arrumados, endinheirados, que hoje e amanhã são capazes de fazer coligações com esta extrema-direita. Isto, porque existe muita incultura, mesmo nas pessoas com diplomas universitários: Existe um vazio enorme - um quase silêncio - sobre o que foram, verdadeiramente, para os povos colonizados, os séculos em que Portugal foi a potência colonial. Há mesmo (falsos) intelectuais que se dedicam a branquear a imagem do colonialismo português, supostamente «mais brando» que o dos outros potentados europeus.
Este complexo colonial tem efeitos graves na mentalidade de muitas pessoas. Estas, não são cultas mesmo que o aparentem: Exibem um complexo de superioridade racial, óbvio ou semi-disfarçado; uma ignorância total das contribuições dos outros povos e das personalidades notáveis destes outros povos para o desenvolvimento espiritual, científico e artístico, da humanidade no seu todo; incapacidade prática em dialogar com pessoas oriundas doutras culturas; o desprezo pela humanidade dos 4/5 da população mundial; uma total contradição com a matriz espiritual do cristianismo, a religião e berço cultural da qual esses indivíduos, quase todos, se reivindicam.
A persistência deste complexo tem relação com a forma deturpada como lhes é ensinada a História do seu país, assim como das regiões colonizadas pelos portugueses. Tem também relação com o dogmatismo característico dos ignorantes; aqueles que menos sabem sobre um assunto, são os que falam mais sobre ele, que dão a ilusão (aos ingénuos) de possuírem uma vasta cultura e de terem estudado aprofundadamente o assunto!
É minha convicção de que será necessário as gerações mais jovens descolarem das narrativas efabuladas e enganadoras sobre o passado do seu país, que aprendam os factos, buscando em boas e diversas fontes. Só assim estes jóvens podem ter um papel construtivo no Mundo de hoje/amanhã.
Os que estiverem bem equipados cientificamente, mas não do ponto de vista da sabedoria, terão menos hipóteses de ser aceites e apreciados, em trabalhos de equipa. Pelo contrário, os que tiverem abertura maior às outras culturas, a outras espiritualidades, todas elas dignas e representativas da riqueza da humanidade, não serão marginalizados, serão bem acolhidos e terão experiências gratificantes, como muitos de nós tivemos.
Segundo Peter Schiff, o dia "da libertação " de Donald Trump vai ser o começo de um período extremamente penoso para os consumidores dos EUA, de aprofundamento da crise de solvência das contas públicas, de aceleração da inflação americana e de escassez de bens e matérias-primas no mercado americano.
Mas não será necessariamente assim para o resto do mundo. Será fácil para as economias que exportavam para os EUA bens de consumo, reorientarem-se para outros mercados, incluindo os dos países emergentes. Haverá também mais capitais disponíveis para investir nestas economias. Se os países emergentes não imitarem os americanos, taxando tudo e todos indiscriminadamente, vão melhorar a sua posição na competição mundial. Seria irónico mas muito justo, que - afinal - este dia (2 de Abril de 2025) da imposição de tarifas alfandegárias pelos EUA, fosse O DIA DA LIBERTAÇÃO DO MUNDO* DA PARASITAGEM DOS ESTADOS UNIDOS SOBRE AS ECONOMIAS DOS PAÍSES EXPORTADORES.
(*Dentro de um ano, a 02 de Abril de 2026, penso que já estaremos em condições de fazer um primeiro balanço do efeito dessas medidas na economia dos EUA e no Mundo)
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PS1: Prof. Warwick Powell considera aas tarifas uma prenda para a China e os BRICS. Veja AQUI
PS2: Um americano com muita experiência vivida na China explica-nos porque as subidas tarifárias não poderão atingir os objetivos pretendidos por Trump:
https://herecomeschina.substack.com/p/america-underestimates-the-difficulty
A ideia de que as tarifas seriam a salvação para a América, possibilitando a sua reindustrialização, é daquelas ideias peregrinas que costumam entusiasmar um público já cativado, um público de crentes nas virtudes de um líder, de uma visão, de uma ideologia.
Basta pensarmos que reindustrializar um país, envolve a sua profunda transformação em relação a muitos domínios, que - à partida - não parecem estar correlacionados:
- A educação: esta terá de obedecer a padrões de qualidade, desde os primeiros anos de escolaridade, até à universidade. A deriva do ensino seguindo critérios ideológicos de uma certa «esquerda wooke», apenas afundou todo o sistema de ensino. Faço notar que os chineses tinham aprendido a lição, ao expurgarem seu sistema de ensino da ideologia do maoismo. Esta foi uma condição para progredirem em todos os domínios, incluindo científicos. Eles concluíram, nos anos 1980 no início da era de Deng, que para haver desenvolvimento industrial, era imperativo - ao nível académico - colocar-se como prioridade a qualidade científica e técnica dos estudantes.
- Num mundo capitalista, são os fluxos de capitais que determinam a prevalência dum setor da economia sobre os outros. Neste caso, estamos a falar da atração exercida pelo lucro fácil no setor financeiro, muito mais atraente pelas suas margens de lucro, em relação ao investimento industrial. Como consequência do processo, muito capital foi para atividades financeiras. O capital industrial viu-se privado de grande parte do financiamento necessário, nos últimos 40 anos. Para se inverter esta tendência, seriam necessárias enérgicas medidas, limitando o investimento em ativos financeiros e forçando o investimento em projetos industriais. Dificilmente consigo imaginar - no curto prazo - tal viragem, num sistema de «capitalismo liberal».
- A existência de tarifas terá sido protetora numa fase bem particular dos EUA. Na sua ascenção a potência industrial de primeira grandeza, o «gilded age», deu-se o crescimento vigoroso da indústria, por volta dos finais do século XIX, princípios do século XX. Mas, neste contexto, tratava-se de impor tarifas alfandegárias em produtos acabados. As matérias-primas, pelo contrário, tinham tarifas baixas. Também os produtos manufaturados de grande relevância para a indústria, como as máquinas industriais, as ferramentas, tudo o que fosse essencial para o desenvolvimento da capacidade industrial dos EUA, beneficiou de regimes de exceção, permitindo a sua importação. Estes equipamentos necessários eram provenientes, em maior parte, do Reino Unido, da Alemanha, da França e doutros países. Pelo contrário, hoje a Administração Trump não estabelece selectividade em relação às tarifas nas classes de produtos a importar. Existe apenas «punição», país a país, pela sua suposta não-conformidade ao domínio dos EUA na cena mundial.
- A criação de ambiente favorável à produção industrial e sua (re)implantação nos EUA, implicaria o esforço direccionado para setores considerados prioritários. Implicaria um claro dirigismo da economia pelo Estado, ao contrário do que se verifica atualmente nos EUA e nos países de capitalismo financeirizado, onde os gigantes tecnológicos, não apenas ditam a política industrial, como a política global. A inversão disto, implicaria que o setor mais forte no capitalismo dos EUA, seria derrotado e colocado sob tutela do poder político. Só a ascenção dum Estado do tipo totalitário poderia realizar esta proeza. Não prevejo -por enquanto - uma mudança desta natureza, na política dos EUA.
- A subida das tarifas, enquanto meio de proteger a produção de bens industriais americanos, não existe. Simplesmente, os EUA estão - desde há decénios - destituídos de capacidade industrial para fabricar a enorme maioria dos bens industriais importados. Ao contrário da política proteccionista num país que já produza esses bens industriais, a imposição de tarifas nos EUA irá somente desencadear o encarecimento geral e brutal dos bens industriais e de consumo.
- Quanto às indústrias que subsistem nos EUA, estas estão dependentes de muitas componentes fabricadas no exterior, de instrumentação, etc., de produtos semi-transformados, como o aço, etc... Esta subida indiscriminada de tarifas vai ser um fator suplementar de estrangulamento para as indústrias que não deixaram os EUA. Considero provável que se acelerem as falências das pequenas e médias empresas, após algum tempo de vigência deste regime tarifário, cego e brutal.
- A estrutura produtiva dos EUA já estava no limiar do descalabro, mesmo antes da entrada em vigor destas tarifas. Agora, mais rápida e mais violenta, virá a hecatombe industrial, e em paralelo com o brusco agravamento da inflação.
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PS1: Prof. Jeffrey Sachs sobre as tarifas: