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quarta-feira, 24 de novembro de 2021

COLAPSO DA LIRA TURCA: LIÇÃO SOBRE (HIPER) INFLAÇÃO


 A forçada manutenção da taxa de juros muito baixa, por ordem direta de Erdogan, foi desencadear uma aceleração da inflação. Há, neste momento, uma inflação de 18-19%. É um ponto de fuga para a perda total de controlo da divisa e, portanto, o crescer da espiral da hiperinflação. 
Temos um povo ansioso por vender as suas liras e comprar moedas «fortes» (dólar, euro, etc.). Há uma fuga maciça de capitais. 
A ausência de «tampão monetário» como, por exemplo, abundantes reservas em divisas estrangeiras no banco central turco, conjugada com uma dívida externa importante, podem levar a uma falta de pagamento (os sovereign bonds deixam de pagar juros, ou o principal).
A possibilidade de reversão desta situação dramática implica que o banco central decrete uma subida muito acentuada dos juros (da ordem dos 20%), para tornar rentável o investimento nos «bonds» turcos e para estancar a hemorragia de capitais. 
Esta hipótese seria viável, dado que nos últimos anos a Turquia comprou (o seu banco central, sobretudo) muito ouro. A venda do ouro no mercado internacional pode fornecer suficientes divisas estrangeiras de que tanto carece. Veremos o que acontece nos próximos dias/semanas.
Mesmo assim, não há garantia de sucesso, pois a situação agora criada acompanha-se da grande quebra de confiança quer do público turco, quer internacional. 
Se não houver uma rápida e significativa descida da inflação, haverá consequências políticas: é matemático.

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PS1: Note-se que a posição de Erdogan, no fim de contas, não é qualitativamente diferente da posição da FED e dos principais bancos centrais ocidentais: Pois, estes estão constantemente a fazer engenharia financeira (Q.E. e outras manobras) para baixar artificialmente os juros. Dizem sempre, para «justificar» as suas políticas inflacionárias, que é para «estimular a economia». 
Portanto, se é absurdo para o caso da Turquia, por que razão não o é também para os bancos centrais dos principais países ocidentais? 
- Penso que há apenas uma variável que difere, nas 2 situações: É o fator mais instável e caprichoso, a confiança do público nas divisas, nos seus governos e bancos centrais. O volume de divisas em circulação não pode ser um justificativo. Onde é mais provável que haja uma avalancha de neve: Quando o montão acumulado for gigantesco, ou quando for moderado?

PS2: O caminho para a hiperinflação está bem encetado, com as pessoas a comprar o que podem, não o que precisam, com muita pressa em verem-se livres das liras, antes que estas desvalorizem ainda mais. Se o fenómeno da inflação é sempre, em última análise, um fenómeno monetário, também é verdade que é intensificado pela psicologia das massas.

PS3 (17-12-21): Erdogan não está a revelar o real propósito da sua política económica e financeira (e cambial). As «justificações» de que as taxas de juro altas é que «causam a inflação» ou os argumentos religiosos, são «camuflagens» da sua verdadeira política.  A real motivação seria outra: embaratecer o custo do trabalho na Turquia. Assim, os produtos turcos podem vencer os competidores, embaratecendo seu custo de produção. Ele aceita, em troca, que a lira se desvalorize muito... Esta é tese defendida pelo blog «MoA». 
Em todo o caso, Erdogan não poderá facilmente recuperar os capitais perdidos na sangria, por ele provocada, neste último ano. Estou cético em relação à explicação dada por MoA. O meu palpite é que, independentemente das intenções, esta política vai penalizar demasiado o povo turco e vai causar redemoinhos políticos.

PS4: Erdogan, numa manobra desesperada, faz  a promessa de que os depositantes em liras nos bancos receberão uma compensação igual à perda de juros causada pela desvalorização. Assim, provocou a corrida para compra de lira, que teve uma espetacular subida.
No entanto, a bolsa, cujas ações tinham compensado, pela sua subida, a perda de valor resultante da desvalorização da lira, começou por subir e, logo de seguida, sofreu um «crach» de 7.1% na mesma sessão. 
Penso que a Turquia está a seguir o mesmo percurso que a Venezuela, para a hiperinflação.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

ECONOMIA: TRÊS DEMOLIÇÕES EM CURSO

 1-  EVERGRANDE E CRISE DO IMOBILIÁRIO NA CHINA

Na China, as poupanças das famílias têm estado investidas a 75% no imobiliário. Nos EUA e na Europa, o imobiliário representa cerca de 25% dos ativos das famílias.

Nas condições do boom inicial da economia chinesa, dos anos 90 até há bem pouco tempo, investir no imobiliário era a maneira «segura» de se obter mais-valias, visto que havia um crescimento enérgico da economia. Por outro lado, mantinha-se a tradicional tendência dos chineses em aforrar. Quanto a investimentos em ativos financeiros, as bolsas não inspiravam confiança a muitas pessoas, o capitalismo na China é algo recente.

Perante a enorme dívida de «Evergrande» , gigante do imobiliário chinês, Xi Jin Pin deu a entender que não haveria um resgate pelo Estado, quer de Evergrande, quer doutros, que partilhavam o colossal mercado. Isto significa que muitas pessoas de posses modestas terão suas poupanças fortemente diminuídas. Muitas venderam ao desbarato apartamentos, outras ficaram a dever ao banco somas bem superiores ao valor do imóvel que tinham comprado, com dinheiro emprestado. Muitos bancos, sobretudo ao nível regional, estão em maus lençóis e vão precisar de um resgate estatal. 

O resultado das falências atuais e em perspetiva, é que muita capacidade instalada nas empresas de imobiliário vai ter de ser reorientada. Muitas destas empresas acabarão por ser adquiridas por empresas estatais, ou por parcerias públicas-privadas. Vai haver uma realocação dos meios de produção, num sector que estava há muito tempo a desperdiçar matérias-primas, capitais e mão-de-obra. 

Portanto, aquilo que me parece mais provável é que esta crise irá doer a muitos, mas - por outro lado - haverá uma aceleração do programa do PCCh de dinamizar o mercado interno, de modo que a produção industrial chinesa não esteja tão virada para as exportações, mas também para o consumo interno.  

2-  A DESTRUIÇÃO DA LIRA TURCA

Na Turquia, Erdogan sonha ser o «guia» do Islão político, quer fazer renascer o esplendor do império otomano. A sua demagogia levou-o a provocar uma crise monetária, económica e financeira, ao teimar que os juros altos é que causam a inflação. Os economistas, no mundo inteiro, estão de acordo em que é exatamente o contrário: Os juros altos vão estimular a poupança e logo, fazer diminuir a massa monetária em circulação. Haverá menos dinheiro para comprar os bens na economia. O efeito, quando os juros aumentam, é de diminuição da inflação. 

A destruição do valor da lira, por muitos discursos e truques que Erdogan faça, está garantida. Parece óbvio que esta política vai exacerbar a inflação, cronicamente alta na Turquia. A inflação acelerou bastante, desde Setembro passado. No presente, o valor oficial da inflação ronda os 20%, mas será maior, na realidade. 

Alguns observadores colocam a hipótese de ser um ataque deliberado ao poder de compra da população, para embaratecer o custo do trabalho e propulsionar assim as exportações turcas. Mas eu penso que esta destruição do valor da lira atingiu uma proporção tal, que não pode ser benéfica. Veremos o que acontece no próximo ano.

Não seria impossível que, perante a situação catastrófica, Erdogan decida criar uma nova unidade monetária. Talvez com indexação ao ouro, visto que o banco central da Turquia tem comprado ouro em grande quantidade nos últimos anos?
- Neste caso, a «nova lira turca» e as obrigações de dívida soberana, terão muita procura se possuírem a garantia de serem cambiáveis em ouro.
A destruição do valor da lira terá um desfecho: Não poderá manter-se tal situação por muito tempo. Ela implica um sofrimento enorme para as classes mais pobres, um descontentamento popular e o risco da desestabilização política associada.

3- O «QUANTATIVE EASING» VAI CONTINUAR 

As manobras de J. Powell e da «FED» pretendem manter uma espectativa sobre a capacidade de controlo da inflação nos EUA, o que na realidade não possuem. Os investidores americanos, ou estrangeiros, com ativos denominados em dólares gostariam que assim fosse. 

Porém, o euro- dólar não é controlável por ninguém, por nenhum banco central. Os «euro -dólares» são, muitos deles, emitidos fora da jurisdição dos EUA: São triliões de dólares, em mãos estrangeiras (não apenas na Europa, mas em todo o mundo), presentes em todos os mercados, dos mercados de divisas, aos de matérias primas. As possibilidades de controlar os movimentos dos euro- dólares, pela FED ou por qualquer outra entidade dos EUA, são zero. A acumulação de triliões em divisa americana, fora dos EUA, deu-se ao longo de decénios: desde Bretton Woods (1944), o dólar foi moeda de reserva mundial e principal divisa comercial internacional.

A política externa de Biden, teleguiada pelos «neoliberais- neoconservadores», entrincheirados no aparelho de Estado americano, tem sido no sentido de hostilizar a Rússia e a China. A Rússia despejou, há algum tempo, o excesso de dólares que detinha no banco central, comprando muito ouro. As suas vendas de gás e petróleo à China e a outros parceiros, representam uma parte importante das suas exportações: os pagamentos não estão a ser efetuados em dólares, mas nas respetivas moedas dos países, ou em ouro. Os chineses tinham acumulado mais de 1,2 triliões de dólares, em «bonds» do Tesouro americano, devido ao seu excedente comercial crónico com os EUA. Estes bonds têm sido escoados: primeiro convertidos em dólares e depois gastos para investimento nas Novas Rotas da Seda. 

O congelamento ou a diminuição do comércio sino-americano afeta os chineses, mas é mais prejudicial para os EUA, que não têm a infraestrutura industrial (exportaram-na para a China!) para substituir as importações vindas do gigante asiático. 

O resultado disto é a continuação da produção (digital) de dólares, sem contrapartida, em bens ou serviços: É a destruição lenta do valor do dólar, em relação ao que valia  no início do século XX. 

Aquando da criação da FED (1913), o dólar tinha um determinado valor em relação ao ouro, correspondente a uma determinada capacidade aquisitiva. Desde então, calcula-se que terá perdido ~97% do seu valor. Ao ponto de um dólar de hoje, comprar aquilo que podia ser adquirido apenas por 2 cents em 1971, quando Nixon unilateralmente desindexou o dólar do ouro.

Sabemos que está aberta, há algum tempo, a corrida para a desvalorização das divisas - o euro, o yen, a libra, etc. etc. A destruição de valor irá «justificar» a introdução - em simultâneo, ou num curto intervalo de tempo - de divisas digitais dos bancos centrais.
Estão - os bancos centrais e os governos - a contar com isso para iludir as pessoas. Mas, as dívidas não se vão embora. O que vai acontecer é que os sistemas de pensões de reforma e de segurança social, o Wellfare State, vão ser sacrificados. Será um «default» encapotado. Ou seja, a promessa feita às pessoas já reformadas e aos futuros reformados, não será cumprida. A mesma coisa, em relação aos subsídios de desemprego e aos apoios na doença e na invalidez.
Portanto, as perdas de uns (do lado mais fraco) serão camufladas, mas não se irão embora, como é evidente: Serão dívidas que os Estados e os sistemas públicos ou privados de Pensões e Segurança Social, esperam fiquem «extintas» pelo falecimento dos seus beneficiários.

terça-feira, 18 de agosto de 2020

EXPANSÃO DA DÍVIDA* ATÉ AO INFINITO ?

              


A imagem da jovem a queimar marcos alemães no forno, para aquecimento, aconteceu em 1923. Todas as pessoas na Alemanha (mas poucas noutros pontos do globo) sabem o inferno que foi a crise de hiper-inflação, que destruiu a economia e as vidas dos alemães. O início da subida do partido Nazi data dessa época. 

Hoje em dia, infelizmente, somos guiados - ou melhor, empurrados - por uma clique de doutores em economia, que apenas têm como horizonte a teoria neo-keyseniana e a Teoria Monetária Moderna (Modern Monetary Theory), ambas causadoras dos maiores equívocos sobre o fenómeno da inflação e da sua natureza monetária. 

A ideia mesma de que a impressão monetária («quantitative easing») é instrumento eficaz de estímulo da economia em crise, tem origem nestas teorias, em voga no seio dos referidos economistas. 

Aliás, a impressão monetária - conjuntamente com a descida das taxas de juro de referência para valores virtualmente de zero - foi a receita para a crise de 2008, dos bancos centrais do mundo ocidental... em simultâneo: a FED dos EUA, o ECB da União Europeia, o Bank of England, etc...

Infelizmente, é uma ideia peregrina sem qualquer sombra de justificação teórica e, muito menos, comprovação prática. Porém, as visões ridículas de tais académicos continuam a pontificar. 

Se eles tivessem razão, não só a Alemanha da República de Weimar como, hoje, a Venezuela ou o Zimbabwe (com milhares por cento de hiper-inflação), teriam os maiores sucessos económicos mundiais !

Porém, os que estão em posição de poder nos governos, nos bancos centrais ou nas universidades, não vão deixar que sua reputação seja arrastada na lama. Preferem defender - com unhas e dentes - as suas teorias absurdas, a terem de dar «o braço a torcer»! 

Tanto assim é, que estão a repetir alegremente a receita de 2008, reforçando-a, o que vai - inevitavelmente -conduzir ao abismo duma hiper-inflação, a nível mundial. 

Neste caso, a crise hiper-inflacionária já não ficará localizada num só país, ou zona económica: será planetária. Isto, porque o dólar, ainda a divisa de reserva mundial, é emitido pela FED ou Reserva Federal dos EUA. Ora, a FED tem feito mais do que qualquer outra instituição, para destruir o valor da divisa que emite!

A hipótese de um verdadeiro reset monetário está posta de parte, no horizonte imediato pois, com esta gente ao leme é de esperar, não só «um naufragar do navio», como das próprias «balsas salva-vidas».

Um acordo mundial sobre os mercados monetários e as suas regras apropriadas, só poderá surgir após um episódio de hiper-inflação, algo bastante destruidor e doloroso. 

Provavelmente vai ocorrer, antes disso, um «pseudo-reset» da responsabilidade dos que detêm o poder económico, financeiro e político, actualmente. Este irá fracassar. 

Têm de ser criadas condições para que seja aceite um novo paradigma: este, terá de ser anti-inflacionário, retirando aos governos a possibilidade de se endividarem sem conta e medida e impedindo os bancos centrais de imprimir divisas, sem ter em atenção as realidades da economia. 

Ao fim e ao cabo, só um sistema com base no ouro (ou, bi-metálico com ouro e prata), poderá garantir a estabilidade monetária. Este mesmo sistema foi eficaz durante boa parte da História da Humanidade. Em particular, na fase de ascensão do capitalismo industrial, um dos períodos mais dinâmicos, este beneficiou da estabilidade monetária e consequente ausência de inflação: desde a 2ª década do século XIX, até 1914, com o início da Iª Guerra Mundial. Foi justamente esta guerra, o pretexto dos governos para imprimirem dinheiro, sem contrapartida em bens tangíveis, e assim financiarem os desequilíbrios orçamentais, decorrentes do conflito prolongado. 

Mas as baboseiras proferidas por académicos e políticos negam a própria evidência histórica. Eles segregam uma narrativa fictícia, como forma de auto-justificação e álibi.

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* Hoje, a criação monetária equivale a emissão de dívida; dinheiro é dívida, neste sistema.

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PS1: A confiança numa divisa fiat por parte do público, é o que sustenta essa mesma divisa. Pode-se observar «em directo» os efeitos de tal perda de confiança, durante o colapso económico e monetário que está acontecendo em dois países do Mediterrâneo: na Turquia, agora e no Líbano, desde o último trimestre de 2019.

PS2: Robert Kiyosaki explica como as pessoas têm caído nas falsidades de Wall Street (e City of London) e como os fundos de pensões estão falidos: https://youtu.be/BbtRSu_RXTg

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

INFLAÇÃO - quando a maioria acordar, já será tarde demais

« OH BABY, BABY, IT'S A WILD WORLD...»

(Cat Stevens)



A inflação é vista como algo que «cai dos céus», uma espécie de fatalidade ou um fenómeno que tem a ver com a ganância dos comerciantes ou as reivindicações excessivas dos trabalhadores. Estas pseudo- explicações são - muitas vezes - propagadas e reforçadas por demagogos, estejam eles nos governos, ou nas redações de órgãos de informação corporativos. 

Mas, na verdade, a inflação é sempre um fenómeno monetário, em última instância. E quem decide sobre a massa monetária total e em circulação, são os bancos centrais. Estes, por sua vez, são serventuários dos muito ricos multimilionários ou bilionários que controlam a economia, as instituições e que se têm enriquecido, como nunca, nesta crise dita «do COVID». 

Mas, no lado oposto da escala, vendo o que se passa com os biliões de pessoas que vivem do seu trabalho e que têm apenas conseguido subsistir, a inflação é uma rápida e inexorável descida para a pobreza. Com efeito, os salários e outros rendimentos (pensões de reforma, por exemplo) são mantidos tal e qual no seu valor nominal, quanto muito, são ajustados tardiamente e nunca de forma a compensar o poder aquisitivo perdido.   

Muitas pessoas - hoje em dia - recorrem ao crédito: Para comprar casa, para comprar carro, para ir de férias, para estudar na universidade, etc. Os juros dos diversos créditos têm-se mantido abaixo da média histórica, mercê da política de supressão dos bancos centrais.

Mas este processo depende da capacidade dos bancos centrais convencerem os mercados a comprar as obrigações soberanas, cujos juros são praticamente nulos, ou mesmo negativos, se tivermos em conta a taxa de inflação. Chega um ponto em que a confiança dos atores desaparece. Em vez de  comprarem obrigações do tesouro, querem desfazer-se delas rapidamente. Os juros sobem, para encontrar compradores para essas obrigações. Foi assim que os juros da dívida portuguesa, em 2010, ultrapassaram os 10%. Ou seja, para que houvesse compradores, o Estado português tinha que oferecer um juro muito alto. O mesmo se passou com outros Estados. Para o Euro não rebentar, o Mário Draghi, então presidindo o Banco Central Europeu (BCE), disse a célebre frase... de que «faremos tudo aquilo que seja necessário, para preservar o Euro...» 

Mas, hoje em dia, a inflação de ativos financeiros, em todo o mundo (sobretudo nos EUA, mas também nos restantes países «Ocidentais»), atingiu um extremo completamente inédito. Se a valorização das ações em bolsa tivesse um significado real, isso significaria que as empresas cotadas, teriam ficado, de repente, com uma rentabilidade 20, ou 30 vezes maior. Isto, obviamente, não acontece, mesmo com empresas muito lucrativas. 

O efeito desta inflação dos ativos financeiros, obtida com o auxílio do banco central dos EUA, a FED, imitado por outros grandes bancos centrais (ECB, Bank of Japan, Bank of England, ...), ainda não se manifestou plenamente na economia quotidiana, na produção e no consumo de bens e serviços. Quando isso acontecer, será uma horrível catástrofe para as pessoas comuns.

Imagine-se uma espiral inflacionista, fora de controlo: Os preços sobem com uma progressão geométrica, como já se verificou, aliás, em «n» situações na História. A sobrevivência das pessoas é posta em causa, brutalmente. 

As empresas deixam de funcionar, vão à falência. O número de desempregados aumenta rapidamente para duplos dígitos em percentagem. Os sistemas de segurança social, mesmo dos países ricos, são impotentes para suprir o essencial, a toda essa massa de desempregados.

Dá-se, não só a rutura dos sistemas de segurança social, como também de muitos outros serviços essenciais do Estado, desde a prestação de serviços à comunidade (centros de saúde, hospitais, escolas, etc.), até ao próprio «coração» do Estado: As forças policiais, elas mesmo, deixam de ser capazes de manter um mínimo de ordem. Os roubos, assassinatos, violências de toda a espécie, multiplicam-se. 

Os governos vão apelar aos militares para «restabelecer a ordem», quando não forem os próprios militares a  instaurar a ditadura. Como sempre, esta será declarada situação «excecional» e «transitória», mas terá toda a probabilidade de se perpetuar durante decénios.

É este o cenário em perspetiva, que ninguém, ou quase, lhe diz: O que tem estado a acontecer diante dos nossos olhos, é o reforço das estruturas repressivas, a erosão do Estado de Direito, sob o pretexto do COVID. Esta manobra será, mais cedo ou mais tarde, desmascarada pela própria evolução dos acontecimentos. Nessa altura, uma grande maioria das pessoas compreenderá que foi sujeita a alucinação coletivaMas, será demasiado tarde: Com o pretexto de nos preservar «do vírus mortífero», a ditadura dita «sanitária» JÁ ESTARÁ PLENAMENTE INSTALADA. 

Quando a oligarquia globalista vir que o seu poder está suficientemente consolidado, irá deitar abaixo a «economia Potemkine» ou a arquitetura financeira «castelo de cartas». Para a oligarquia, os pouquíssimos bilionários, não há prejuízo: Eles já compraram imenso capital que não é fictício, mas que é sólido, que dá sempre um rendimento, como as grandes quantidades de imobiliário (vejam-se as aquisições da «Blackrock*», por exemplo) ou de terras agrícolas (Bill Gates tornou-se no maior proprietário de terrenos agrícolas nos EUA, num instante...). Além disso, têm ilhas privativas com bunkers, muito bem equipados, capazes de albergar confortavelmente seus donos durante meses. Para o resto da população, é melhor nem falar...

O governo mundial ou «Nova Ordem Mundial», no seguimento do «Great Reset» estará instalado (veja a agenda 2030 da ONU, por exemplo), será muito mais sólido do que os regimes capitalistas «clássicos». 

Estes precisavam dum mercado dito «livre», portanto, com alguma liberdade. Pelo menos, numa sociedade de «livre mercado», tem de haver alguma liberdade de palavra e de opinião, porque o funcionamento da economia implica concorrência, implica conflito, implica classes, que têm interesses contraditórios. As sociedades de «democracia liberal» são basicamente assim....ou melhor, eram... Pois, se os oligarcas levarem a melhor, as pessoas «não possuirão nada». 

Quanto a «... serem felizes», como afirmam Klaus Schwab e outros: São frases ocas, como as promessas que nos faz a publicidade. No fundo, trata-se duma ironia cínica e cruel: «considera-te feliz, por sobreviveres e nos servires». 

Os leitores podem consultar diversos artigos neste blog desde 2016, onde tentei, com a máxima precisão e fornecendo informação significativa, fazer um apanhado da evolução da economia «de casino», das manigâncias dos poderosos e dos perigos que as pessoas comuns enfrentam.

Se eu acertei, antes das coisas se tornarem evidentes para todos, não é por ter uma capacidade excecional, ou por possuir uma rede formidável de informadores!! Não!! 

O que escrevo, é algo que a oligarquia bem sabe; é ela, a autora da estratégia. Também o sabem os seus lacaios e vassalos, que se agitam na política e na média. Eles sabem, mas calam a verdade: Especializaram-se em desinformar as suas vítimas, as atuais e as futuras. 

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(*)Para informação sobre o universo Blackrock, veja AQUI






segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

NOTAS SOBRE «QUANTITATIVE EASING» DO BCE

                                            

Acima, uma nota de cem biliões de dólares do Zimbabué. 
Na realidade, embora esteja lá escrito «one hundred trillion», nas línguas latinas, os nomes que se dá aos números são diferentes das anglossaxónicas. 
A partir dos nove zeros, os anglo falantes usam o «billion» (por influência norte-americana, os brasileiros adotaram também esta convenção), enquanto os europeus continentais dizem «um milhar de milhões». 
Quanto ao poder aquisitivo desta nota: parece que, nos mercados deste país, ainda se pode comprar um par de ovos com ela!
                                           
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Principais riscos e consequências do «Quantitative Easing» 
do Banco Central Europeu são:

. A distorção dos mercados de dívida
Não é somente a dívida soberana (obrigações do tesouro, etc.) dos diversos países que está cotada de maneira artificial, é todo o mercado. Há uma distorção de toda a estrutura dos juros, do preço do dinheiro. No capitalismo, esta distorção tem efeitos gravosos, porque leva a investimentos mal direccionados, a estimativas de rentabilidade de negócios fora da realidade, etc…

. A impossibilidade dos PIIGS se livrarem da dívida.
Se a taxa de juro para pedir novos empréstimos for muito baixa, não haverá governo que resista a continuar a gastar mais do que o seu respectivo país produz, pela simples razão de que, se fizesse o contrário (ou seja, uma verdadeira contenção orçamental), perderia o poder, nas próximas eleições (ou mais cedo!). Continuará a haver endividamento destes países, com reestruturações das respectivas dívidas, mais cedo ou mais tarde.

. A hiperinflação

                       

A moeda única significa que o sistema é tão forte, quanto o seu elo mais fraco. Se um país do Euro entrar em espiral inflacionária, os restantes sofrerão logo o contágio; não haverá possibilidade de evitar que a desconfiança se repercuta sobre todo o espaço do Euro, em conjunto. 
O BCE aponta uma meta de 2% de inflação, na zona Euro. Esta meta é irrealizável, a não ser através de manipulações das estatísticas. Há uma inflação escondida, muito mais elevada, que se exprime nos aumentos do imobiliário, da bolsa e noutros mercados (arte, metais preciosos, etc.). 
Nenhum governo jamais conseguiu manter a inflação a um nível determinado. Simplesmente, é um fenómeno que escapa aos mecanismos de moderação que governos e bancos centrais possuam. A inflação vai acelerando, até se tornar hiper-inflação. Os políticos optam, mesmo assim, por inflacionar, porque o público não compreende o fenómeno e não os identificará como sendo os seus causadores. 

. O marasmo económico
O BCE está na origem das bolhas especulativas no imobiliário e nas bolsas. Criou um clima de euforia artificial, em que os investidores são atraídos a fazer investimentos com risco, porque «têm as costas quentes», com as compras sistemáticas do BCE. Com efeito, estas compras, baixando artificialmente o custo do crédito, são responsáveis pela subida das bolsas e de todos os ativos financeiros. Por contraste, nos diversos países, a economia real (de bens e serviços) não recuperou sequer os níveis anteriores à crise de 2007/2008. 
Ao tornar tão apetitoso - para os especuladores - jogar nos mercados de ações, de obrigações e de produtos derivados, o BCE está a provocar uma enorme drenagem de capitais financeiros, desviados do investimento na economia real, para a economia de casino. O marasmo económico actual, com o seu cortejo de sofrimento social, elevado desemprego, emigração, etc. deriva, em grande parte, dessa drenagem de capitais.

. O Banco Central Europeu fica afogado em papel
Ao comprar ativos financeiros num mercado totalmente artificial, o BCE (ECB) sabe que não tem hipótese de se ver livre, algum dia, destes mesmos ativos. No mercado, logo que acabe o programa de compra de 60 biliões mensais de activos pelo BCE,  estes mesmos ativos passarão a valer quase nada, ou uma pequena fracção do valor de sua compra aos bancos. 
Afogado em papel invendável e sem valor, o ECB não poderá esperar que o Euro seja fortalecido, internacionalmente.

. A desvalorização face a metais preciosos, dólar e criptomoedas
Tal como em 2010/2011 - quando estalou a crise das dívidas soberanas da Irlanda, Grécia, Portugal e Itália -  na próxima crise, os capitais irão refugiar-se nos metais preciosos, no dólar (nas obrigações do tesouro americano) e agora também nas cripto-moedas. Mas a dívida actual acumulada na Eurolândia é ainda maior do que em 2011. Os juros das obrigações soberanas denominadas em Euros irão subir e o valor do Euro, face às outras divisas, irá descer acentuadamente.

.A ampliação dos efeitos de uma crise económica 
Ao nível internacional, a sobrevalorização das cotações bolsistas, das obrigações e de toda a espécie de activos financeiros, atingiu uma dimensão assustadora. 
Muitos especialistas consideram que uma crise de grandes dimensões virá, certamente. Nem o BCE, nem os estados-membros, estão preparados para tal crise: erradamente, estimam que poderão «diluir» seus efeitos. 
Mas esta diluição chama-se, na realidade, «criação monetária»: 
- A criação monetária tem um limite, o da perda de confiança total numa divisa, e que se traduz pelo disparar incontrolável da inflação! 

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022

SEM MERCADOS FUNCIONAIS NÃO HÁ CAPITALISMO // O OURO COMO VALOR-REFÚGIO

As economias capitalistas são também designadas pela expressão «economias de mercado». Ora, para que tal tipo de economia funcione de acordo com os pressupostos do capitalismo, é necessário que os mercados estejam a preencher a função centralíssima que lhes é atribuída. A função em causa, é a descoberta do preço das mercadorias ou serviços, pelos próprios mecanismos do mercado. Ou seja, quando existe muita procura de qualquer coisa, vai haver uma subida do preço visto que haverá mais compradores dessa coisa (mercadoria, ativo financeiro, matéria prima, etc.) e esse maior número não poderá ser instantaneamente compensado pelo aumento de produção desse bem, haverá uma escassez relativa no mercado em relação às necessidades. O inverso se passa quando existe um excesso de oferta dessa mercadoria ou ativo financeiro em relação aos compradores. 
Neste sistema, todo ele virado para o lucro, também a taxa de juro - ou seja - o rendimento de um bem ou ativo, é crítico para entusiasmar ou - pelo contrário - desencorajar, os potenciais compradores. Para o cômputo da rentabilidade, é decisiva a taxa de juro real - ou seja - descontando a taxa de inflação. Se a taxa de inflação for de 6%, o ativo que dê um juro de 4% tem, na realidade, rendimento negativo de 2%.
No caso das obrigações, veículos de investimento financeiro com enorme peso global (maior que o peso global das ações), tem-se assistido - nos últimos 40 anos - a grande descida, indo mesmo, nos tempos mais recentes, para território negativo. Ora, em boa lógica, tal não deveria ocorrer: é insólito investidores estarem dispostos a perder dinheiro, quando investem numa obrigação. Mais; eles sabem que esta irá dar-lhes uma «remuneração» consistentemente abaixo do valor da inflação. Isto, mesmo fazendo o cálculo com a taxa de inflação das estatísticas governamentais, que têm estado muito manipuladas, no sentido de subestimar a inflação real.
Se virmos este fenómeno, que ocorre nas obrigações soberanas de várias maturidades, em países ocidentais muito diversos, chegamos a uma conclusão paradoxal: Ou os investidores deixaram de procurar obter lucro (hipótese absurda), ou estamos perante uma forte distorção dos mercados. Mas, sendo este último caso, não podemos dizer que a economia funciona numa modalidade «de mercado». É fatal constatar que não existe um verdadeiro mercado. Por outras palavras, atores muito poderosos falseiam o jogo, mantendo os juros artificialmente baixos.
Nós sabemos que esses atores existem e que são realmente poderosos: São os bancos centrais das principais economias capitalistas, que aliás arrastam consigo bancos centrais de outros países, menos ricos. Eles obrigam o mercado a aceitar valores de juros da ordem de 1% para as obrigações soberanas, o que significa que quaisquer compradores irão certamente perder muito do investimento, em termos de valor real. Podem ser perdas da ordem de 10% .
Mas como é que os bancos centrais conseguem isso?
- Simples; os bancos comerciais, as instituições de segurança social, as companhias de seguros, etc... têm exigências estatutárias em manter uma certa percentagem das suas carteiras de títulos em ativos financeiros considerados «seguros». Por definição, as obrigações e papéis emitidos pelos Tesouros dos Estados, são considerados mais seguros que quaisquer outros ativos financeiros, mesmo que isso não seja verdade. Qualquer banco comercial, companhia de seguros, etc., terá que se conformar com as regras para poder operar.
O montante dos juros está na proporção inversa do preço da obrigação: Isto significa que as obrigações de juro mais baixo são as melhores. De facto, uma entidade emissora (um Estado, ou uma empresa) pode ter compradores para as suas obrigações, apesar delas terem um juro mais baixo, quanto mais segurança e maiores garantias lhes fornecer. São estas as obrigações mais desejáveis, porque envolvem menos riscos. As obrigações com comprador mais incerto, terão de oferecer maior juro, para superar a hesitação de eventuais compradores.
A intervenção dos bancos centrais nos mercados, com a compra massiva de obrigações e de hipotecas colateralizadas, institucionalizou-se a partir de 2009. Agora, também se verifica em relação às ações e derivados. Isto faz com que não haja qualquer realismo na atribuição do preço destes ativos financeiros, ou dos juros associados. Esta distorção tem repercussão óbvia nos mercados financeiros em geral, desde as taxas dos depósitos a prazo, até às taxas de juro para empréstimos diversos (investimento das empresas, habitação, automóvel, consumos, etc.). Isto vai afetar as pessoas, a sua economia concreta, do dia-a-dia.
É o custo do dinheiro que está a ser manipulado, quando intencionalmente se distorcem os juros destes ativos financeiros. Ora, isto subverte completamente a economia dita de «mercado livre», visto que os mercados de capitais e de crédito são os mais importantes.
A economia capitalista típica fica «emperrada», perde a sua eficácia e agilidade: Por exemplo, há enorme dificuldade em fazer estimativas para um investimento, que não seja a muito curto prazo. As alocações de capital aventureiras, ou mesmo «estúpidas», multiplicam-se neste ambiente, de juros historicamente baixos. Isto quer dizer que há - nestas condições - uma maior tendência a aplicar mal, ou menos bem, o capital pelas empresas. É previsível que, perante tanto capital mal investido e perante uma crise, uma quantidade grande de empresas e de negócios se vão tornar não rentáveis, vão à falência.
Está-se, agora, a passar duma fase de juros obrigacionistas ultra- baixos para uma «normalização», embora muito abaixo - ainda - dos valores médios históricos. Porém, esta inversão já está a afetar os especuladores. Eles pediram empréstimos para investir na compra de ações nas bolsas: Têm de pagar de volta os empréstimos contraídos num prazo curto, mas as ações não estão a subir do modo que eles previam. Nota-se uma descida acentuada, embora ainda não descalabro, dos valores bolsistas para muitas ações cotadas. Claro que a bolsa não será o único setor a sofrer numa grande crise financeira. Vai haver uma destruição massiva de capital, em todos os setores da economia.
Estamos portanto a entrar num período de severa recessão. Face à reversão dos mercados, o colapso é certo; é só esperar. É como o retorno do pêndulo. Em breve, vai entrar-se num mercado em descida, em contração, após mais duma década de mercados altistas. Note-se que, tanto as subidas como as descidas foram impulsionadas - não por mudanças na rentabilidade das empresas e das economias - mas pelas políticas dos bancos centrais. São estes que têm provocado as oscilações, por mais que digam que pretendem «estabilizar» os mercados.

O caso do ouro, enquanto investimento é interessante, pois se pode considerar o contrapeso dos investimentos financeiros. Ações, obrigações, derivados... o ouro move-se - quase sempre - em direção oposta àqueles ativos financeiros. Quanto mais os investidores temerem pelos investimentos feitos, mais frequentemente irão adquirir ouro, de forma a contrabalançar eventuais perdas. Funciona o ouro, não como um investimento para «ganhar dinheiro», mas antes como seguro, como forma de preservação de valor fundamental.
Embora as pessoas tenham tendência a pensar em termos de dinheiro, se este dinheiro se desvaloriza muito, um aparente lucro pode ser - afinal - uma perda. Dizem alguns que preferem não investir em ouro, porque ele não dá rendimento, mas origina despesas. No entanto, quando comparamos a rentabilidade efetiva das obrigações do tesouro dos EUA, ou outro investimento obrigacionista considerado como muito seguro, verificamos que o ouro bate estes ativos financeiros. Se obrigações a dez anos derem um juro de 1,5% mas havendo inflação no mesmo período de 5,5%, então a rentabilidade das obrigações é claramente negativa (é de menos 4%).
Mesmo que o ouro não dê rendimento, a sua valorização será, no mínimo, igual ou superior à taxa média de inflação. No exemplo acima, basta o ouro ter uma valorização muito modesta, mas positiva de 5-6% em dez anos, já está em clara vantagem (~ 0% em termos reais), em relação às obrigações, com - 4% em termos reais. Na realidade, vemos que o ouro, em períodos longos, tem melhor rentabilidade que quaisquer investimentos financeiros, incluindo nos «hedge funds» mais rentáveis.
O gráfico abaixo, mostra dois períodos em que o valor do ouro tem uma subida considerável, não apenas mantendo o poder de compra do capital investido, como dando um lucro significativo. Em geral, porém, não se deve ver o ouro como um meio de se ganhar muito dinheiro, mas antes como uma forma de se preservar o capital. Princípio válido em condições de grande perturbação, como é o caso no presente e no próximo futuro!

Valor da onça de ouro em dólares. Grandes subidas de 1971-80 e de 2001- até agora

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PS (28/01/2022): Vale a pena consultar a entrevista de Michael Hudson publicada na «Unz review», AQUI.

terça-feira, 17 de maio de 2022

DINHEIRO DIGITAL, INFLAÇÃO E OS MITOS ECONÓMICOS DO PRESENTE





Segundo Alasdair Mcleod, não existe nada mais difícil de explicar em economia, do que a subida dos preços. Vale a pena ler o seu artigo. Não irei repeti-lo ou resumi-lo, neste apontamento.

Apenas quero manifestar o meu estranhamento pela forma despreocupada como muitos cidadãos estão olhando para a presente vaga de inflação. 
Todos deveriam saber (mas não sabem) que a inflação é - em última análise - um fenómeno monetário. Ou seja, está correlacionada com a quantidade «excessiva» de moeda (papel/digital) em circulação dentro de um país e no mercado internacional. Essa massa monetária «anda à procura» de se investir em bens de consumo ou em ativos financeiros. A parte entesourada pode aumentar também (o dinheiro líquido, ou «cash») mas, este efeito não acontece em grande escala, no contexto atual. 
As pessoas são fortemente empurradas para investirem suas poupanças, quer em ações ou obrigações, quer em índices ETFs, como se estes ativos financeiros tivessem a propriedade «mágica» de superar crises e de serem capazes de conservar o seu valor, quando tudo estiver a ruir à sua volta. Não conseguem. 
O que acontece, é retornarem ao seu valor intrínseco, ou próximo dele: o valor do papel-moeda, nesta situação é zero, ou próximo de zero. Assim é com todos os ativos avaliados em termos de moedas «fiat».

 A única possibilidade de escapar ao efeito triturador da inflação sobre os ativos, é convertê-los em bens cuja existência seja independente dos acasos da finança especulativa: os terrenos, o imobiliário, os metais preciosos, os objetos de arte e coleção. 
Todos os outros estão sujeitos a que seu valor se reduza a zero. De que serve ser-se «trilionário» em dólares do Zimbabwé, se isto significa ter a capacidade aquisitiva para comprar três ovos de galinha?

A mudança em curso é desejada pelos bancos centrais. Não pensem que eles estão a fazer as coisas pelo melhor, mas que são «desastrados» ou «estúpidos» e sai-lhes tudo ao contrário! 
- Não, quem pensa assim é que está a ser estúpido! 
- Se analisarmos informação pública vinda do BIS (Banco Central dos Bancos Centrais), dos Bancos centrais principais (FED, BCE, Bank of England, PBC, etc.) e de governos, vemos claramente que estão numa corrida para DESTRUIR O VALOR DAS SUAS RESPECTIVAS DIVISAS. Isto parece absurdo, à primeira vista. Mas o contexto é tudo; é que se acumulou dívida, toda a espécie de dívida - pública, privada, corporativa, soberana, etc.
Estão desesperados por encontrar uma saída para esta dívida monstruosa, que já começa seriamente a afetar os seus negócios e portanto a sua taxa de acumulação. Encontraram a digitalização do dinheiro a 100 %, como fórmula mágica, que irá fazer «desaparecer» o problema. Na teoria, essa dívida nunca desaparece; mas na prática sim, porque quem não tiver capacidade para pressionar o sistema judicial e político, para reaver o que lhe devem, ficará espoliado, na prática. 

Por isso, fazem tudo para tornarem inadiável, impossível de evitar, a tal introdução das DIVISAS DIGITAIS EMITIDAS PELOS BANCOS CENTRAIS. Esta é a razão pela qual a oligarquia está freneticamente comprando terrenos, casas, bens diversos e ouro, muito ouro; porque ela sabe perfeitamente o risco de manter o grosso da sua fortuna em papéis sujeitos a especulação. 
Sabe perfeitamente que apenas se deve atribuir pequena fração dos ativos a investimentos muito arriscados. Nestes, também se inclui o bitcoin e todas as criptomoedas emitidas fora do controlo dos Estados. 
Isto porque, no momento que os governos e bancos centrais decidirem (de repente), esse instrumento deixará de possuir qualquer valor: basta que seja interdito ser transacionado por «moeda digital estatal», entretanto instaurada pelos Estados e Bancos Centrais. 
Neste momento, o detentor de criptomoedas «livres» pode usar essas, apenas e somente, como quando usa «notas de banco do Monopoly» só possuindo valor dentro desse jogo.

Neste momento,  já alguns compreenderam o jogo, fazem tudo para empurrar as pessoas da classe média empobrecida para o precipício das bolsas, dos índices, os hedge funds, das criptomoedas
Eles sabem que estão a arrastar as pessoas honestas e crédulas para algo muito mau, mas eles não fazem isso por maldade pura e gratuita. 
Fazem-no porque é a maneira deles próprios se «desencravarem», de vender tais ativos, que estão na «estratosfera» agora e ainda irão mais alto, isto é, até desaparecerem como fumo. 
Perguntem sempre a vocês próprios se alguém tem, ou não, interesse próprio («skin in the game» Nassim Taleb) ao fazer uma determinada projeção, ao sugerir esta ou aquela estratégia.



O meu interesse é simplesmente avisar os meus concidadãos. Sei que a crise será profunda, duradoura e destruidora. Talvez algumas pessoas amigas, conhecidas ou desconhecidas, me leiam e compreendam que eu não tenho motivação de lucro pessoal, para dizer o que estou a dizer. Tão pouco tenho motivação ideológica deste tipo. 
Apenas sei que quanto mais miséria, violência, destruição houver no mundo e - também - à minha roda, mais miserável vai ser a minha vida e a vida dos que eu amo.

Voltando ao artigo de A. Mcleod, penso que o título é irónico, pois a dificuldade de compreender a questão da inflação, é nula. A questão é que os interesses colocam todo um jogo de espelhos e de nevoeiro, para tornar incompreensível a questão da inflação ao «não-iniciado». Com efeito, é com a ignorância alheia que os trapaceiros conseguem manter seus «esquemas de Ponzi» a funcionar, é assim que continuam a enriquecer à custa da falência alheia.

terça-feira, 25 de abril de 2023

A economia global entre Caríbidis e Cila

 



Os bancos centrais andaram durante muito tempo a jogar com a quantidade de dinheiro (aqui, entenda-se divisas fiat). Inicialmente, puderam iludir as pessoas, incluindo economistas sofisticados, de que se tratava de suprimir as oscilações periódicas da economia, dando aos mercados a quantidade de dinheiro que eles precisavam para não entrarem em deflação.
 Segundo a ortodoxia dos banqueiros centrais e dos governos ocidentais, a existência de um «pouco» de inflação era benéfica e saudável. Mas, esta inflação acontecia num contexto de atividade industrial muito deprimida, após a grande crise financeira de 2008.
 Depois, baixa ou alta, a inflação é trituradora dos rendimentos das pessoas, principalmente dos assalariados e pensionistas. O aumento do custo das coisas básicas e elementares era muito maior do que de coisas que se podem considerar «não essenciais». 
É o rochedo chamado «Cila», que representa a inflação. Os turbilhões na proximidade do rochedo, iam tornando a economia cada vez mais deprimida, sobretudo no que toca aos investimentos produtivos, por oposição aos especulativos. 
O resultado de se lançar «dinheiro fiat» (sob forma eletrónica, principalmente) para os mercados, acentuava os redemoinhos, perto de Cila. Não resolvia a questão de fundo: estimular a produção de bens e serviços e não as atividades especulativas (o casino das Bolsas).
Na tentativa de manter o «status quo» e de não prejudicar os ricos detentores de grandes empórios financeiros (Banca comercial, fundos de investimento...), vieram com a falaciosa teoria de que aqueles «criavam riqueza». Na verdade, ao apostarem na financeirização, desencaminham a riqueza. Os capitais investidos em especulação financeira não participam realmente em atividades produtivas da economia. 
Mas, depois de 2008, os banqueiros centrais e os governos, fingiam que acreditavam nesta teoria, para verter somas abismais aos banqueiros que tinham sofrido perdas. Estas perdas eram expectáveis, pois eles tinham jogado no «alavancar» dos fundos que geriam. 
O que aconteceu foi aquilo que qualquer pessoa com bom-senso poderia prever: Em vez de investirem, eles próprios, ou de emprestarem o dinheiro recebido para crédito à produção, foram aparcá-lo em contas na FED ou noutros bancos centrais, que forneciam à banca comercial juros muito pequenos, mas sem risco. Outra parte do dinheiro recebido pelos bancos, foi para jogar na bolsa (incluindo a auto-compra das ações).
Como era inevitável, a inflação monetária e o estímulo de atividades especulativas, fizeram aumentar a massa monetária, atingindo extremos tais, que os capitais disponíveis globalmente eram, pelo menos, 20 vezes o PIB mundial. Ao certo, não sabemos, porque uma parte importante desses capitais está investida em derivados,  instrumentos que não são registados nos balanços de instituições de crédito, mas que pesam na solvabilidade destas.
A subida dos juros de referência pela FED (seguido pelos outros bancos centrais ocidentais), implicava o aumento do custo do crédito e a diminuição correlativa do valor das reservas. Os bancos comerciais têm em reserva, principalmente, obrigações do tesouro do seu próprio país ou de outros (uma obrigação vale tanto mais quanto o seu juro for mais baixo). 
Os 4 bancos que faliram recentemente nos EUA, assim como o Crédit Suisse (um banco «sistémico»), não conseguiram corrigir a tempo o desequilíbrio causado pela perda do valor dos seus ativos em reserva. Caríbidis será o nome simbólico da enorme parede de pedra; o «rochedo» das taxas de juro crescentes e as consequências nefastas para as instituições bancárias, obrigadas - por lei - a ter parte das reservas em obrigações (bonds) do Tesouro. 

A expressão proverbial, recorrendo à mitologia grega, diz que alguém (ou instituição) «vai de Caríbidis para Cila», para exprimir que ambas as alternativas vão desembocar no naufrágio, ou no desastre total. É, portanto, fútil e perigoso nos mantermos dentro dos parâmetros dos que querem ir de Caríbidis para Cila, ou vice-versa.

A «solução» dos banqueiros e dos oligarcas é a de causarem o máximo de perturbação na economia, na economia produtiva, para as pessoas - desesperadas -se renderem à «hidra de sete cabeças» ou outros monstros, que são as «moedas digitais emitidas por bancos centrais» (CBDC)
A solução para a gente comum, os não beneficiários do casino da finança globalista, é completamente diferente: Passa por uma reforma do sistema monetário mundial, onde não exista uma moeda de reserva enquanto tal, mas onde as moedas nacionais sejam usadas nas trocas. Os diferenciais, serão saldados em ouro ou noutro metal precioso (Prata, Paládio, Platina). 
Assim sendo, não haverá nação, por mais poderosa que seja, que possa impor-se às outras, como têm feito os EUA. O seu domínio em todas as transações em dólares, deu-lhes a possibilidade de confiscarem importantes somas e imporem sanções TOTALMENTE ILEGAIS. São atos de pirataria financeira, que têm afetado negativamente as relações comerciais entre países. Aliás, esta é uma das principais causas de haver muitos países, aliados dos EUA, a quererem entrar para os «BRICS».

domingo, 13 de maio de 2018

A LOUCURA DE ACUMULAR MAIS DÍVIDA PARA RESOLVER UM PROBLEMA DE DÍVIDA

Os bancos centrais do mundo Ocidental apenas sabem uma coisa: produzir dinheiro, inflacionando a quantidade em circulação das suas respectivas moedas. Não importa que o referido dinheiro não corresponda a uma expansão dos negócios, da riqueza produzida. Apenas querem que as pessoas tenham a ilusão de receber «mais» de salário ou de pensão, por forma a induzir um comportamento gastador e fazendo arrancar uma economia exausta.
Porém, o «remédio» apenas agrava a doença, não cura nada! Os índices de crescimento económico do mundo ocidental indicam que, em termos reais, ou seja, com criação verdadeira de riqueza através de bens e de serviços, esta «recuperação» desde o grande abalo de 2007/2008, apenas se pode caracterizar como um crescimento anémico.
O crescimento vigoroso deu-se apenas em sectores onde impera a especulação: o imobiliário e a bolsa. O que significa que a injecção contínua de somas astronómicas nos sistemas bancários pelos bancos centrais tem apenas perpetuado uma inflação nesses sectores, mas não em sectores chave da economia, os sectores de bens e serviços. Caso a inflação de fizesse sentir nestes últimos, isso seria acompanhado por aumento de salários e pensões, um aumento que não tem existido, antes pelo contrário. 
A economia do mundo Ocidental está em estagnação nos sectores produtivos e  em inflação nos sectores financeiros; a «estagflação» que reúne «o pior dos dois mundos».

Com o andar das coisas, o que vai acontecer inevitavelmente é um «crach», porque os juros tendem a subir: já as obrigações do Tesouro, as «treasuries» a 10 anos dos EUA atingiram um valor de 3% e muitos especialistas calculam que os aumentos da taxa de juro de referência da FED - programados para este ano - vão impulsionar os juros para níveis de 4% ou mais. 
Nesta situação, os que pediram emprestado para comprar acções perderão dinheiro. Vai deixar de existir «combustível» para sustentar a subida das bolsas. As bolsas subiram muito nestes últimos tempos devido aos «buy-backs», efectuados pelas grandes companhias cotadas em bolsa, comprando acções delas próprias, usando empréstimos a juro barato.
O estado da economia real não é famoso, mas o efeito «euforizante» das subidas das bolsas tem mascarado, até agora, o panorama verdadeiro. Quando as bolsas começarem a sofrer grandes quebras, o estado real das economias, em particular nos EUA e Europa, vai tornar-se totalmente patente, mesmo aos olhos das pessoas anestesiadas pela media, ela própria possuída pelos grandes grupos económicos. 

                                 

A possibilidade de uma hiper-inflação aumenta, à medida que o tempo passa; muitos analistas pensam que as elites globalistas estão a tentar provocar uma quebra controlada, para poderem impor a reestruturação do sistema financeiro mundial e de cada economia nacional, de acordo com os seus interesses. 
Penso que esta fase é particularmente perigosa, pois não hesitarão, como no passado, em desencadear (ou reactivar) guerras para distrair a atenção das massas. Poderão culpar o inimigo pelos males da economia, não ficando vistas - elas, as oligarquias - como as verdadeiras causadoras (e aproveitadoras) de toda esta instabilidade económica...
Ao nível individual é necessário as pessoas terem algum dinheiro em notas fora do banco (um mínimo de duas vezes as despesas mensais habituais); reforçar a dispensa com diversos tipos de mantimentos não perecíveis (legumes secos, arroz, conservas diversas) , que permitam aguentar uma fase de grande escassez por desorganização dos mercados; moedas de prata e ouro para preservar a riqueza em períodos de inflação e que permitem efectuar transacções, mesmo quando a confiança na moeda-papel desaparece por completo... 

As pessoas devem entender aquilo que tentam ocultar da sua vista, têm de perceber os jogos dos poderes globalistas. 
Os grandes bancos, grandes corporações e os seus lacaios, quer nos governos, quer em instituições internacionais (na ONU, no FMI, etc.) vão fazer tudo para que as massas fiquem convencidas que o colapso é devido às manigâncias de governos «inimigos» (Rússia, China...) e irão suprimir as mais elementares liberdades e garantias em nome da «segurança», sempre com o argumento de «preservar» o modo de vida ocidental, a democracia, etc.
Cabe às pessoas possuidoras de bom-senso e de coragem desvendar aos outros (familiares, amigos, colegas...) a realidade do que se está passando; creio ser esta a resposta prática mais eficaz; quem fica desmascarado, perde a possibilidade de prosseguir com os seus jogos perversos...eles (os globalistas) têm tido o jogo facilitado pela enorme ignorância do público.

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

«ECONOMIA DE CASINO» TORNOU-SE UMA METÁFORA DEMASIADO TÍMIDA ...

 


A «economia de casino», presidida pelos bancos centrais dos países ocidentais, com a FED (Reserva Federal dos EUA) à cabeça, passou a ser uma economia em roda livre, correndo para o precipício.

Com efeito, a constante criação monetária, engendrando um aumento brutal da folha de activos dos bancos centrais, acoplada com uma permanente repressão monetária, forçando juros próximos de zero e agora mesmo negativos, tem consequências graves e de longo prazo.
Por exemplo, a FED  expandiu a sua folha de activos de 4,2 triliões de dólares em Março deste ano, para 7,2 triliões à data de 10 de Junho. Para alguém não familiarizado com tais números astronómicos, isto pode não parecer demasiado preocupante, mas o caso muda de figura, se essa mesma pessoa souber que os primeiros 3 triliões de dólares, na folha de balanço da FED, demoraram quase um século a acumular-se: desde o início de 1914 até Março de 2013, segundo David Stockman. 
Infelizmente, o mesmo comportamento é observável nos outros grandes bancos centrais ocidentais. Tudo indica que a MMT «moderna teoria monetária», tomou controlo das mentes dos banqueiros centrais, uma teoria que afirma que não importa a quantidade de dinheiro que é despejado numa economia, que a criação monetária pode ser manejada como se se tratasse de um acelerador de um carro: ora aumentando um pouco mais, ora diminuindo a velocidade de criação monetária, consoante o estado da economia. 
Porém, nada disto é verdade. 
Mesmo antes da crise do COVID-19, multiplicavam-se, nas economias ocidentais, as falências, as empresas zombies, a estagnação ou mesmo contracção - em termos reais  - do PIB. 
Isto, apesar de - desde 2008 - ter sido constante a injecção de liquidez nas economias e a repressão das taxas de juro. Levou-se a redução ao absurdo, com taxas negativas em 70% dos empréstimos obrigacionistas nos países ocidentais.  
Não apenas os «remédios» não surtiam efeito, como a economia mostrava sinais de persistente fraqueza.
O objectivo de 2% de inflação é tão absurdo, que apenas uma opinião pública completamente anestesiada não se indigna quando bancos centrais e governos insistem em apontar isso como objectivo económico, «justificando» as medidas que são postas em prática. Pois bem; nem sequer esse famigerado «objectivo dos 2% de inflação» é atingido após 8 anos de persistentes esforços. 
A característica da loucura, já dizia Einstein, é aplicar sempre a mesma medida, a mesma fórmula, ensaio após ensaio, apesar de se verificar que ela não produz o resultado pretendido.
Eu acrescentaria que se trata de comportamento obsessivo-compulsivo, perfeitamente comum em determinado tipo de instituições: as instituições psiquiátricas.
O mundo está a assistir, impávido, ao destroçar final das divisas. O facto de se ouvir falar de que o dólar é mais forte ou mais fraco é apenas conversa fiada, pois TODAS as moedas «fiat» estão descendo até ao seu valor intrínseco, que é zero (*). 
A política de criação «non-stop» de divisas está na base da inflação, em todos os países. O que está em causa é a destruição do valor do dinheiro, ganho por biliões de trabalhadores e empresários, no mundo inteiro. 
A minha previsão, é que vamos assistir a uma espiral de inflação, a qual poderá transformar-se numa hiper-inflação. Ou seja, destroem completamente o valor dos bens monetários e financeiros.
Os bancos centrais e os governos sabem isso perfeitamente e contam com isso para o «Great Reset»: Assim, a classe super-rica (o 0,001%) consegue acumular ou concentrar riquezas (reais, tangíveis), em escala nunca antes vista. Além disso, pode moldar as novas regras do sistema (o «reset» é essencialmente isso), conservando o controlo das alavancas do poder monetário, financeiro e económico.     

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PS1: Veja o gráfico abaixo, produzido pelo BIS, retirado do artigo de Zero Hedge, aqui: a taxa de crescimento da dívida em relação ao PIB, subiu vertiginosamente nos últimos tempos.