A IIIª Guerra Mundial tem sido, desde o início, guerra híbrida e assimétrica, com componentes económicas, de subversão, desestabilização e lavagens ao cérebro, além das operações propriamente militares. Este cenário era bem visível, desde a guerra na Síria para derrubar Assad, ou mesmo, antes disso.
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quarta-feira, 8 de agosto de 2018

A POLÍTICA DE SANÇÕES, UM SINTOMA CLARO DA PERDA DE INFLUÊNCIA

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Quando é preciso exercer pressão, ameaçar, fazer guerra económica, isso significa que a liderança de um país não tem mais capacidade de provocar a adesão dos aliados e o respeito dos adversários.
As sanções unilaterais que Washington tem promovido como forma de impor a sua vontade, embora as apresente com o pretexto falacioso de que o faz para «punir» actos supostamente contra os direitos humanos das populações, são a maior evidência da decadência dos EUA e da complexa rede de dependências económicas, políticas, institucionais e militares que se tem auto-designado por «Ocidente». 
Os impérios são mortais, como a História o tem mostrado repetidamente. 

Está-se num ponto de transição em relação a todo um conjunto de parâmetros...

- Moeda de reserva: O dólar foi - desde Bretton Woods em 1944 - erigido em moeda de reserva, tendo mantido a sua paridade ao ouro (35 dólares por uma onça de ouro) até Nixon despegar o dólar desse compromisso, em 1971. A partir deste momento, todo o sistema monetário internacional entrou numa espiral de inflação e instabilidade. A conservação artificial dos diversos países no sistema dólar foi obtida graças ao acordo com a Arábia Saudita, conseguido por Kissinger em 1973, segundo o qual os EUA iriam sempre defender o regime saudita, enquanto este exigisse que seu petróleo fosse pago em dólares. Sendo a Arábia Saudita, nessa data (1973), o mais importante país exportador de petróleo da OPEP, todos os outros fizeram o mesmo; só aceitaram dólares em pagamento do seu petróleo.
O petrodólar está a perder a proeminência, pois vários países exportadores estão explicitamente a estabelecer contratos em que o petróleo (ou o gás) já não é pago em dólares: caso da Rússia, especialmente, com seus gigantescos contratos com a China. Mas também é o caso do Irão, da Venezuela, de Angola e mesmo do Catar. 
Não tarda muito que a própria Arábia Saudita aceite os yuan em pagamento de petróleo. A China é o maior comprador do petróleo saudita e instituiu recentemente um sistema «petro-yuan», em que as notas de crédito emitidas em yuan podem ser convertidas em ouro, no mercado de Xangai. A Rússia e o Irão, utilizando o referido petro-yuan, têm aumentado suas compras de ouro ou de produtos chineses. 

- Armamento: A superioridade dos sistemas de mísseis russos é tal que, a Turquia e a Arábia Saudita, aliados tradicionais dos EUA, preferiram adquirir SS-300, aos equivalentes americanos.
 Por outro lado, a Rússia com um orçamento militar muito menor que o dos EUA, consegue modernizar e tornar operacionais todos os ramos das suas forças armadas, depois destes terem sofrido, durante a década de 90. 
A colaboração entre a China e a Rússia vai potenciar os sistemas de defesa de ambos. Por exemplo, a detecção precoce e resposta adequada a um ataque surpresa, na China, beneficia dum melhor desempenho, em relação a quaisquer outras potências,  devido à sua rede instalada de supercomputadores.
Além disso, os armamentos russos mostraram sua eficácia recentemente, na guerra na Síria. A superioridade de tais armas impressionou de tal maneira generais dos EUA e da NATO, que estes aconselharam maior prudência ao presidente.

-A perda de aliados: Em pouco tempo, vários países «emergentes» começaram a descolar da vassalagem em relação aos EUA e a fazerem acordos de cooperação militar (as Filipinas com a China, por exemplo), de investimento em infraestruturas, etc. É o caso dos mais de  60 países envolvidos na «Belt and Road Iniciative». É ainda o caso de numerosos países africanos, que têm feito acordos mutuamente  vantajosos, podendo ficar com portos, caminhos de ferro, etc. a troco de suas matérias-primas...
Mas o mais grave ainda, é a discordância que pode chegar a uma completa desautorização pelos parceiros da NATO. Nomeadamente, apesar da admoestação e ameaças de Trump, os alemães prosseguem com o projecto «Nord Stream 2», em parceria com a Rússia, negando-se a aceitar quaisquer sanções. Além deles, muitas outras vozes europeias vêm clamando pelo fim das sanções contra este país.

- Recuo da globalização: Embora explicitamente desejada pelo actual ocupante da Casa Branca, a retirada de vários acordos  em instâncias da globalização, traduz-se por perda de influência. São os casos da retirada, ou desistência, dos acordos TPP e TTIP, assim como as exigências de renegociação do NAFTA, a  possibilidade de saída da OMC ou de organismos especializados da ONU... tudo isto contraria o poderio dum Império que se vê na liderança do Mundo globalizado. 

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- A retirada dos EUA do acordo multi-partido com o Irão trouxe ao de cima uma contradição flagrante entre a vontade do poder dominante e dos seus aliados/vassalos europeus. Estes, além do aprovisionamento em petróleo e gás, estão muito empenhados em estabelecer contratos de todo o tipo, desde obras públicas à aeronáutica, com o Irão.

- A utilização da arma das sanções é apenas eficaz se os países se vergarem, se submeterem. Pois, se não se sentirem intimidados, a ameaça surge apenas como forma brutal de pressão, como injustiça feita em primeiro lugar aos povos, não aos líderes dos países sancionados. 
Quando as sanções são unilaterais, quando são decididas ilegalmente e à revelia da ONU, apenas têm um efeito de intimidação, mas não chegam a ser eficazes, logo à partida. 
De certeza que os EUA sabem isso, visto que experimentaram esta situação com suas sanções contra Cuba, que perduraram cerca de 50 anos! No final, tiveram de as levantar; tinham-se tornado um anacronismo grotesco.

Sendo esta política internacional o equivalente do proverbial «pau», sem a «cenoura» para amenizar,  amigos e inimigos concluem que é melhor reforçar laços com outros, diversificar as parcerias: ficar exclusivamente na órbita de Washington, só traz limitações e não resulta em vantagens de qualquer espécie. 
Longe vão os dias em que os EUA eram vistos - por alguns - como sinónimo de segurança e desenvolvimento!

sábado, 21 de julho de 2018

DMITRI ORLOV: «A 3ª GUERRA MUNDIAL, FINALMENTE ACABOU!»

Dmitri Orlov é um dos meus autores preferidos, pela acuidade das suas análises e pelo seu sentido do humor. Ele nasceu na Rússia soviética  e emigrou para os EUA com os pais, em criança. É um cidadão dos EUA, porém muito crítico do «establishment» do seu país. 
As suas raízes russas permitiram-lhe fazer uma avaliação objectiva do desmoronar do regime soviético, seguida por uma década de saque pelas multinacionais e pelos novos oligarcas e, por fim, o «golpe de rins» protagonizado pela ascensão de Vladimir Putin à presidência e ao retomar do controlo sobre a economia e as riquezas do país. 
A profundidade da análise sociológica e política de Orlov foi aplicada também aos EUA e ao «Ocidente», tendo ele chegado à conclusão de que - perante a catástrofe - os ocidentais estarão muito pior preparados, material e psicologicamente, que os russos da década de 90.

                


Nesta peça humorística, Dmitri Orlov explica o absurdo de uma máquina de guerra, a NATO, que não tem objecto verdadeiro contra o qual se confrontar. Se não existe em face um bloco desejoso e capaz de confrontá-la, a sua «razão de ser» não é mais que se auto-perpetuar e acabará por se auto-destruir, por devorar os recursos escassos das suas economias. 
O argumento parece puxado ao absurdo, mas não é, na verdade. Sabemos que um motivo poderoso da derrocada da URSS foi, na década anterior à sua dissolução, além do Afeganistão, o demasiado grande esforço soviético para tentar acompanhar os progressos tecnológicos da «Guerra das Estrelas» lançada por Reagan. A URSS, em consequência, começou a ter múltiplos problemas, devido ao investimento demasiado escasso noutros sectores da economia. 

Hoje em dia, o contraste com o império soviético em decadência não poderia ser maior, estando a Rússia capaz de enfrentar as sanções, uma forma de guerra económica, com tranquilidade. Mais, estas vêm proporcionando-lhe o impulso benéfico para potenciar sectores até então estagnados, nomeadamente a agricultura e para aumentar a sua independência dos circuitos financeiros ocidentais, diversificando para fora do dólar como moeda de reserva. Ao mesmo tempo, estabeleceu uma superioridade tecnológica no armamento face à NATO, demonstrada na sua intervenção na Síria. 
Muitos países do Médio Oriente tornaram-se clientes do armamento sofisticado russo, por exemplo os mísseis SS-300, encomendados pela Arábia Saudita e pela Turquia...

Acredito que as contradições internas entre aliados da NATO, como sejam os interesses industriais alemães, franceses e outros irão acabar esta absurda «Guerra Fria bis» com a Rússia. Nos EUA, a «sede do Império», a política de Trump tem sido de retirada para dentro de fronteiras, tanto no aspecto militar, retirada dos cenários onde estivaram envolvidos nas duas décadas do presente século, como no aspecto económico, com a denúncia ou afundamento dos tratados globalistas (TPP, TTIP, NAFTA), e uma ameaça de saída da OMC...
É bem possível que a conjugação destas dinâmicas  leve ao fim da NATO. 


terça-feira, 14 de novembro de 2017

GENOCÍDIO NO IÉMENE, AMEAÇAS DE GUERRA, INDIFERENÇA DO OCIDENTE

Como muito rigorosamente descreve o blog «Moon of Alambama», os sauditas, tendo sofrido uma derrota humilhante no Iémene, frente aos insurretos Huthis, querem vingar-se na população, matando-a à fome. Isto é genocídio, do mais bárbaro que se pode imaginar; no entanto, a media ocidental faz completo black-out sobre o assunto. Ela, sempre tão pronta na defesa dos «direitos humanos», quando se trata de verberar a conduta de alguém que desagrade à oligarquia, que eles chamam de «comunidade ocidental». 

                   Yemeni school children walk outside a school that was damaged in a Saudi airstrike in the southern Yemeni city of Ta'izz, March 16, 2017. (Photo by AFP)
        http://www.presstv.com/Detail/2017/03/24/515487/Yemen-civilians-Saudi-war-UN

Nem sequer ligam à ONU, presidida por António Guterres, que tem feito vários avisos sobre a fome que alastra no Iémene e sobre a impossibilidade de auxílios alimentares e médicos chegarem ao seu destino. Fosse esta situação invertida, ou seja, os agressores serem do campo «inimigo» (Irão, Xiitas, etc.) haveria uma enorme berraria e uma onda de indignação, aliás muito justa, mas que não ocorre neste caso.
Mas bastaria simplesmente constatar os factos no terreno, de uma população civil desnutrida por meses de bloqueio, morrendo à fome e de doenças curáveis, tudo devido às ambições insaciáveis do príncipe herdeiro saudita. O belicoso príncipe queria assegurar pela guerra a sua sucessão, revestindo-se de uma vitória - supostamente fácil - sobre os insurretos tribais Huthis, no Iémene, aproveitando para se apossar dos campos petrolíferos do Iémene, que confinam com os da Arábia Saudita. Estes últimos estão, há vários anos, a dar sinais inequívocos de exaustão. 

               Resultado de imagen de yemen war 2017

Bela jogada, só que lhe saiu furada. Vingativo, manda fechar os portos para matar à fome a população civil iemenita, em maioria de obediência xiita. 
Trata-se de uma guerra sectária, em que a parte agressora é waabita, versão do islamismo no Reino da Arábia Saudita, a mais reacionária que se possa imaginar, aliás na base da ideologia do «Estado Islâmico». 

                  Mohammed bin Salman
                      http://www.bbc.com/mundo/noticias-internacional-40352779

O príncipe Muhamed bin Salman lembrou-se há alguns meses de fazer um ultimato ao Quatar, porque este mantinha relações com o Irão e tenciona explorar conjuntamente um grande depósito de gás natural que se estende nas zonas de águas territoriais de ambos os países. Falhou redondamente, porque a Turquia, normalmente no mesmo campo que os sauditas, não permitiu que as ameaças se efetivassem.

         
http://charleshughsmith.blogspot.pt/2017/11/mideast-turmoil-follow-oil-follow-money.html

Em desespero pela ausência de rendimentos do petróleo, que baixou cerca de 50% se comparado com os níveis de preços de 2014, decidiu agora dar um golpe na própria aristocracia parasitária do Reino, encerrando-a numa prisão de luxo (o Ritz). Conta assim obrigá-la a entregar aos cofres do Reino os biliões de dólares que detém, fruto de uma parasitagem permanente e institucional. 
Acusar alguém de corrupção num país onde qualquer negócio é fechado, apenas e somente, na condição do beneficiário «pagar» os bons serviços dos que o viabilizaram... é apenas um pretexto de baixa política, para impedir qualquer conspiração contra o poder absoluto do príncipe, por parte dos numerosos potenciais herdeiros do trono e, por outro lado, ajudar a minorar o enorme rombo nas finanças, que a guerra do Iémene e a simultânea descida do preço do petróleo causaram.

A imprensa prostituta dos países ocidentais fez muito barulho há uns meses atrás, pelo facto de agora as mulheres sauditas já poderem conduzir. Como se fosse um avanço real nos direitos das mulheres e portanto dando falsamente a entender que o «príncipe reformador» estivesse a melhorar os direitos humanos, quando nesse preciso momento, estava a levar a cabo uma guerra criminosa no Iémene.

O novo Calígula não pára de espantar o mundo, agora atacando diretamente o Líbano, forçando o seu primeiro-ministro Hariri a resignar do seu cargo, diante das câmaras da TV saudita, quando em viagem a este país, em circunstâncias no mínimo insólitas. 
Todo o ódio contra o Irão, responsável pelo fracasso da guerra da Síria, vem agora à superfície. 
O Hezbollah (partido xiita libanês, com sua milícia) contribuiu muito para a derrota dos mercenários pagos pelos sauditas (o próprio «ISIS» ou «Estado Islâmico» e os chamados «moderados, como a «frente Al-Nushra» e outros).
Agora, Muhamed bin Salman quer desestabilizar o governo libanês, onde está presente - em coligação com outras forças - o Hezbollah.  
Na sua ambição desmedida pelo poder, não hesita em criar uma guerra. Não hesita em fazer acordos secretos com os israelitas, que nunca digeriram a derrota humilhante no sul do Líbano, pelo Hezbollah, que deitou por terra o mito da invencibilidade do exército israelita.
Face a esta situação, os países ocidentais (EUA, França, Inglaterra, principalmente) limitam-se a olhar e dar pequenos sinais de distanciamento, mas sem inviabilizarem esta política belicista, cruel e demente. 

Macron foi recentemente à Arábia Saudita e Emiratos da região, com todo o peso do reconhecimento, que um Chefe de Estado da França representa. 
Mas não tratou de ajudar a resolver o imbróglio envolvendo a chantagem ao primeiro-ministro do Líbano, com o qual a França tem longos laços e onde pretende manter um relacionamento especial. Não, Macron disse taxativamente que Hariri não estava sob prisão. Depois, foi assinar um contrato multimilionário de venda de duas corvetas aos Emiratos Árabes Unidos.

                           Resultado de imagen de French President Emmanuel Macron delivers a speech at Dubai's Chamber of Commerce in Dubai, UAE, November 9, 2017. REUTERS/Ludovic Marin/Pool

https://www.reuters.com/article/us-france-emirates-saudi/frances-macron-broaches-lebanon-in-surprise-saudi-visit-idUSKBN1D92BD

É assim que as coisas acontecem: a cidadania dos países ocidentais encontra-se privada de esclarecimentos em relação a situações graves. 
Desta maneira, as políticas mais contrárias aos próprios princípios e sentimentos desses países podem - impunemente - ser levadas a cabo, pelos governos, pelos chefes de Estado. 

O princípio subjacente do campo ocidental é que - em assuntos do Médio Oriente - devem usar-se critérios especiais, tanto mais que o grande objetivo é assegurar que o abastecimento de petróleo aos países europeus continue a fluir, aconteça o que acontecer. 
Já se vê que prioridade têm os direitos humanos destes povos, governados pela pior tirania medieval!

segunda-feira, 28 de agosto de 2017

«A ROTA DA SEDA» DO FORNECIMENTO DE ARMAS AOS TERRORISTAS PELA CIA

                        
        

Foi despedida do jornal onde trabalhava uma jornalista baseada na Bulgária, por ter revelado documentos sobre o tráfego de armas para os terroristas na Síria, orquestrada pela CIA e envolvendo o Azerbaijão, a Bulgária e a Arábia Saudita. Aquilo que já era conhecido de todas as pessoas que tivessem um mínimo de informação sobre a guerra suja na Síria, tem agora uma confirmação. Vejam os documentos aqui.


                     



 Evidentemente, não era o único canal de entrega de armas aos terroristas, mas as provas materiais disso estão agora disponíveis para todos verem. 
O que mais impressiona, nisto tudo, é o descaramento dos EUA, impondo sanções a torto e a direito, sob pretextos falaciosos, quando -na verdade - fazem coisas absolutamente proibidas e condenáveis pelo direito internacional. 

segunda-feira, 3 de julho de 2017

O QATAR E O FIM DO PETRO-DÓLAR

                      

Esqueçam tudo o que sabem sobre o Médio-Oriente, ou melhor, tudo o que julgam saber, visto que temos estado literalmente a sofrer sucessivas lavagens ao cérebro, acerca das guerras na bacia do Mediterrâneo e no Oriente-médio.

Com efeito, os media apresentam sempre a grelha de leitura do conflito religioso, na sua vertente sectária, entre muçulmanos xiitas e sunitas. Nada é mais falso do que esta leitura «confessional» para explicar o fundamento profundo destas guerras. 

É preciso realmente recuar a 1971 e ao repúdio de Bretton Woods pelos EUA, a superpotência sob cuja égide foram firmados estes acordos. Do repúdio unilateral de Bretton Woods nasceu o petrodólar, resultante do acordo da monarquia saudita com Kissinger em só aceitar dólares em pagamento do petróleo contra uma proteção total pelo exército dos EUA. 

Só assim se compreenderá que a batalha que se trava é económica e financeira antes de mais; que envolve parcerias estratégicas para controlar os mercados estratégicos de «ouro negro» (petróleo e gás natural) e do ouro, propriamente dito. 

Finalmente, para se possuir uma perspetiva realista sobre a reorganização do mundo ao nível do padrão monetário, o chamado «reset», teremos que compreender o seguinte: quem controlar os fluxos de capitais, controlará o futuro, ora o capital real não é o dólar, ou petrodólar ou euro dólar, mas antes as matérias primas estratégicas, nomeadamente e em primeiro lugar os combustíveis fósseis, assim como o ouro, o valor de reserva em última instância.

Quem quiser perceber algo das lutas, das guerras, dos terrorismos, terá de se distanciar das narrativas dos media de «referência». Só fazendo uma pesquisa individual poderá adquirir algum saber, para além do ecrã de propaganda. Só quem puder ou souber manter-se ao corrente da situação, diversificando as suas fontes, poderá construir sua visão geral de geoestratégia e de política.

Os artigos de Shaun Bradley («O fim do petro-dólar, o que a FED não quer que você saiba») e de Ahmed Charai («A única saída para a crise do Qatar) têm aspetos criticáveis, enunciam as opiniões dos respetivos autores, mas eu aconselho a sua leitura integral e atenta, pois estão recheados de informações preciosas, as quais são sonegadas ou cujo significado é sistematicamente obscurecido pela comunicação social de massa. 

A crise entre o Qatar e os outros países do Conselho do Golfo (formada pela Arábia Saudita e os Emirados) é reveladora da transição para fora do petrodólar e da perda de hegemonia dos EUA. 

Neste gigantesco jogo de tronos ... as populações, principalmente os civis inocentes, são as grandes vítimas.

Mas também estamos a assistir a isto tudo, porque a «nação excepcional» e seus aliados europeus, decidiu - há muito tempo - que as políticas focalizadas nos «direitos humanos» só se aplicavam a países de Leste e à Rússia (ou à União Soviética). Apenas usadas como arma de contra-propaganda ao «comunismo e socialismo» (ou, mais precisamente a quaisquer alternativas populares, mesmo as mais reformistas...). 

Quanto às monarquias do Golfo, cada qual mais reacionária que a outra, completamente corrompidas, tinham de ser acarinhadas por «realismo político». Aqui, pouco importava elas não serem propriamente modelos de virtudes humanitárias (veja-se a guerra contra os civis no Iemen, largamente ignorada, veja-se a guerra por procuração, contra um dos poucos regimes laicos, o sírio...). 

Mas, como mostra a crise dos países do Golfo com o Qatar, chegou o momento de certos aliados mudarem de campo, o que acontece também com a Turquia. Por outras palavras, a grande mudança, o «reset», está a desenrolar-se diante dos nossos olhos. 

Quem não observar as coisas tal como elas são, irá fatalmente tomar decisões erróneas, a todos os níveis, porque irá considerar como sólido aquilo que se está a desmoronar, irá investir em miragens, para ficar com uma «mão cheia de nada». 

Tanto no plano financeiro, como no sentido de «investimento emocional», as pessoas deveriam questionar - antes que seja tarde demais - as suas certezas. Aquilo que tomam como «dado adquirido» resulta - muitas vezes - da perpétua propaganda que se abate sobre todos nós. 

Quem ler os dois artigos supra-citados e os comparar com a narrativa que nos é constantemente vendida nos media, terá um elemento comparativo e de avaliação. Não me parece exagero dizer que temos estado sujeitos a endoutrinamento, neste assunto, como em muitos outros. 
Infelizmente, isso acontece um pouco por todo o mundo, talvez mais maciçamente nos países onde o nível cultural geral é baixo. Mas, onde o público é mais sofisticado, a mentira também o é! 

domingo, 19 de março de 2017

INTERNACIONALISMO OU CARPIDEIRAS HUMANITÁRIAS?

Uma acção implica necessariamente uma reacção. É uma lei geral da física. Também se aplica, como não podia deixar de ser, nos assuntos humanos. Vem isto a propósito do que o «Ocidente» tem feito nos últimos anos em terras do Médio Oriente e Norte de África.
 O imperialismo dos EUA, com os seus apêndices Britânico e Francês, antigas potências imperiais dominantes no vasto mundo não europeu, devastou os países árabes, usando uma táctica de desestabilização que designou propagandisticamente de «Primavera Árabe». Hoje sabe-se, para além de toda a dúvida, que a política do Departamento de Estado, sob a chefia de Hillary Clinton, é responsável:  as operações «Primavera árabe» foram planeadas e executadas friamente, usando - como sempre- os anseios legítimos de populações empobrecidas e descontentes com os ditadores domésticos, para propulsionar a subida ao poder de facções favoráveis aos poderes «ocidentais», tais como a Irmandade Muçulmana, uma sociedade semi-secreta que não tem nada de progressista ou anti-imperialista, mas que soube avançar com a sua agenda desestabilizadora para destronar os regimes «laicos» ou seja em que a lei corânica não é considerada lei geral: nomeadamente, o Egipto, a Líbia e a Síria. O efeito foi desastroso, conduziu a morticínios dos quais os maiores responsáveis são justamente os que se arvoram em juízes dos outros, o poder nos EUA e nos países da EU…
A destruição, a guerra civil, a guerra religiosa, que o chamado Ocidente semeou, está agora a colher «fruto», sob forma de ataques terroristas, de afluxo de refugiados não desejados, temidos por grande parte da população, sob forma de crescimento da extrema-direita, dos movimentos xenófobos, racistas. Tudo isto, no meio de uma crise económica profunda, que os poderes do dinheiro nunca tiveram coragem de reparar. As bolhas especulativas causadoras do abalo de 2008 estão constantemente a ser re-insufladas na esperança vã de reacenderem uma economia definhando numa espiral deflacionária.
As pessoas de «bons sentimentos» mas fraco juízo crítico, manipuladas, pensam que é seu dever mostrar-se muito humanas face a uma onda de refugiados, quando – na verdade – graças a uma média completamente manipulada pelos Soros e companhia, estão a vender-lhes uma aceitação das políticas imperiais acriticamente, uma submissão de súbditos do império, aos ditames dessa «elite» plutocrática que domina o poder na EU.
Estas pessoas, na melhor hipótese são míopes, na pior, são coniventes dos desígnios dos poderes. A realidade pode situar-se algures entre os dois. Pois o lógico, face aos dados objectivos de que dispomos em abundância, não era tomar uma posição hipócrita de equidistância: Quando existe um agressor e um agredido, como tem sido o caso com a destruição da Líbia, com a guerra suja contra o regime e o povo da Síria, como a guerra de genocídio contra o povo do Iémen, alguém que se coloca numa posição de «neutralidade» está apenas a dar espaço de manobra a um dos lados, ao lado agressor. Vemos que, quer do ponto de vista ético, quer numa perspectiva realista para acabar com essas guerras fomentadas pelo Império, só há uma atitude a tomar: as pessoas com reais e profundas preocupações humanitárias nos países europeus deveriam energicamente lutar contra as políticas imperialistas dos poderes, aderir a campanhas pelo desarmamento, contra vendas de armas a ditaduras sanguinárias e genocidárias, como a Arábia Saudita, exigirem que os seus governos se desvinculem das campanhas orquestradas pelos EUA, que arrastam os países europeus, através da NATO, para um confronto.
 Na realidade, o que me entristece e enfurece mais - nisto tudo - é constatar a impotência fabricada.
 - Com é que procedem? As falsas campanhas humanitárias, de ONG’s subsidiadas pela Fundação George Soros, pelo Departamento de Estado dos EUA, etc., em vez de se atacarem à raiz dos males, «choram» sobre os seus efeitos, sem nunca porem o dedo na ferida.
É assim que os poderosos continuam a ditar as políticas dos países da EU, conseguindo arregimentar a opinião pública: uma parte, «sentimental», julga lutar por causas elevadas ao fazer campanha pelo acolhimento dos refugiados, mas - na verdade- está a ser manipulada, a ser usada desavergonhadamente. Outra parte da opinião pública, «xenófoba», só vê perigos na imigração maciça, mas não sabe identificar a causa verdadeira dessas catástrofes, que são precisamente os seus governos e suas políticas criminosas.
No meio disto, algumas personalidades, algumas organizações cívicas e políticas têm tido um papel nada positivo, pelo facto de se colocarem numa falsa equidistância, numa política do «nem, nem». Não vêm que estão a permitir que se perpetue a política de agressão a certos Estados, que – obviamente- são também de agressão aos respectivos povos.
Uma esquerda verdadeiramente internacionalista deveria ter forte motivação para lutar contra as políticas criminosas dos Estados e governos da UE, quer em relação à Ucrânia, quer à Síria, ou em relação a outros teatros de guerra ou de tensão.
Estou convencido que esta fraqueza tem a ver com o abandono da concepção classista, internacionalista. Em vez disso, temos uma política «mole», «de causas fracturantes» e um retraimento das lutas sociais, de classe. O «humanitarismo» despojado de quaisquer análises sobre a luta de classes e a luta anti-imperialista é apenas um encobrimento, um branqueamento.  
Se todos os povos são nossos irmãos, se não existem guerras humanitárias, se todas as guerras são actos bárbaros e os responsáveis estão ao comando nas cadeiras do poder nos nossos países, então a tibieza e timidez na luta contra a guerra revela cobardia e comprometimento com os nossos piores inimigos.

Esse triste cortejo de hipocrisias, tão cheias de sentimentos humanitários, dá-me náuseas, dá-me vontade de vomitar.

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A GESTÃO DAS CRISES PELA ELITE

A elite do poder e do capital só tem uma verdadeira preocupação: sobreviver!

A técnica apurada de lançar sucessivos casos com que entreter a opinião pública, generosa, mas crédula, tem-se verificado nos últimos tempos... basta pensar em toda a histeria inflamada pela media (ao serviço da elite) em torno da eleição de Trump, ou nas inúmeras reportagens sobre os refugiados que são retidos nas fronteiras da Europa (refugiados causados pela destruição de países, pela NATO e seus aliados do Estado Islâmico, Al Quaida, e outros... como está mais que provado).
Assim a extrema direita ou extrema esquerda têm «água para o seu moinho»... Mas o principal não é colocado nas primeiras páginas dos jornais! Isso é cuidadosamente mantido nos segmentos de negócios e nas publicações especializadas em finanças. Falo do maior ataque à liberdade nos países «ocidentais», mas que ninguém considera como grave. O plano agora até já é oficial, na UE, mas não emociona as «massas» entretidas com causas humanitárias que parece terem sido infladas a preceito para que não olhem para onde deveriam olhar!

Trata-se de banir o «cash», o que já está em curso pela impossibilidade de se pagar somas em «cash» para além de um certo montante, variando de país para país. A fase seguinte é o desaparecimento de notas de elevado valor. Veja-se o caso da Índia; funcionou como balão de ensaio.
A oligarquia que nos rege diz que se trata de banir o «cash» para evitar a evasão fiscal e melhor lutar contra o terrorismo. Esta falsidade já foi desmontada por mim aqui, assim como por outros autores, porém este assunto não tem eco nenhum nos media, porque o que se vê são transcrições acríticas das decisões das «autoridades monetárias e outras». Volto a insistir porque quando os poderes apresentam uma coisa como sendo em benefício da população é preciso desconfiar. Neste caso há vastas razões fundamentadas de desconfiar, pois a luta contra a evasão fiscal é simplesmente uma anedota, estes anos todos, em que os muito ricos (incluindo governantes) têm contas off-shore em paraísos fiscais, com pleno conhecimento das autoridades fiscais, policiais e judiciais!
 Quanto ao combate ao terrorismo: acabem com o apoio em armas, material, fundos etc. ao ISIS e outros grupos e deixem de chamá-los «rebeldes moderados», podiam ter feito isso desde 2014 pelo menos, teriam evitado a tragédia da Síria. Já agora, expliquem-me porque votaram a Arábia Saudita (culpada de crimes de guerra contra os civis no Iemen!) para presidir à comissão dos direitos humanos da ONU??? 
São «pequenos» factos como estes que lhes «destapam a careca»... espero as pessoas de boa fé deixem de ser enganadas!
O problema de a totalidade das transações ser feita electronicamente é o seguinte: os governos vão ter um controlo a 100% SOBRE O QUE CADA CIDADÃO FAZ OU DEIXA DE FAZER. Ou seja, o sonho molhado de qualquer TOTALITARISMO. Pior ainda: vão poder «matar economicamente», bloqueando o  acesso às SUAS contas bancárias, qualquer indíviduo suspeito de «terrorismo»: pode ser qualquer pessoa, basta uma denúncia anónima... Tu, leitor/a, podes estar a ser discretamente investigado/a, as tuas contas devassadas, os teus mails lidos, os teus telefonemas escutados...sem saberes rigorosamente nada sobre isso.

Esta mortal ameaça à liberdade está a pairar sobre todos nós, assim a elite globalista terá maior controlo, garantindo a transição para o GOVERNO DA NOVA ORDEM MUNDIAL.  
É certo que eles não o instalam de uma só vez, este processo está em curso... fazem-no discreta e camufladamente. 


quarta-feira, 23 de novembro de 2016

LÓGICA DE PAZ VERSUS LÓGICA DE GUERRA FRIA

Neste final de 2016, constatamos que o mundo está um pouco menos ameaçado pela guerra global. Isto seria uma quase certeza, caso Hillary tivesse vencido as eleições americanas. 
Não devemos pensar, porém, que tudo se vai compor, não devemos cair na ilusão de que uma détente EUA-Rússia é automática e inevitável, pois existem muitas frentes de fricção que podem, a qualquer momento, especialmente antes da entrada do governo Trump em funções na segunda metade de janeiro 2017, rebentar em conflitos fora de controlo e complicarem muito a situação internacional. 

Esta situação presente poderia caracterizar-se como «nem paz, nem guerra», não se trata de uma situação estável, nem se pode equacionar a nova «Guerra Fria» com o famoso «equilíbrio do terror» da «Guerra Fria nº1». Com efeito, a política agressiva e provocatória dos EUA e de seus aliados da OTAN, tem sofrido revezes de toda a ordem:
- Os tratados de comércio «livre», TPP e TTIP, estão realmente afundados, já estavam seriamente em risco antes da eleição de Trump, sendo que a sua eleição apenas representa o prego final no caixão.
- O lodaçal da Ucrânia tem azedado as relações nem sempre cordiais dos «aliados» (súbditos) europeus na OTAN com os EUA, pois existem demasiados setores industriais europeus a sofrer por causa das sanções à Rússia. Esta, declarou recentemente que as contrassanções, banindo a importação de géneros agrícolas, vão continuar. Muitos outros motivos, como a desesperada necessidade de abastecimento de gás natural, que nunca será substituído pelas energias renováveis, pelo menos no curtíssimo prazo, aconselham os governos a uma atitude de não confronto com a Rússia, que continua a ser um importante fornecedor da União Europeia (especialmente, da Alemanha do Norte).
- A derrota militar na Síria está a tornar claro o jogo sujo lançado pelos EUA, com o pleno apoio da Arábia Saudita e do Qatar. Os objetivos militares eram claramente de empurrar os terroristas do Estado Islâmico (ele próprio uma criação dos EUA, Israel, Arábia Saudita e Qatar) contra o exército sírio governamental, na esperança de causar uma situação crítica e finalmente o derrube de Assad. 
Aliás, isto foi, enquanto estratégia de Hillary, como secretária de Estado do governo Obama, O OBJECTIVO ESTRATÉGICO dos EUA no médio oriente.
- A perda das Filipinas como um dos baluartes de cerco à RP da China. Esta estratégia do «Asia pivot» ruiu com a recusa estrondosa de Duterte em aceitar ser o vassalo obediente dos imperialistas, virando-se claramente para os chineses, para se livrar da dominação colonial secular dos EUA sobre o seu país.
- A redução de influência, em relação aos governos do sul da América: tem surgido uma América Latina cada vez mais independente económica, militar e diplomaticamente do poderoso vizinho do norte.
- Mesmo os aliados mais próximos dos EUA, como a Grã-Bretanha, têm de ter cuidado até onde vão no seu apoio à política «da canhoneira», pois as suas possibilidades de continuarem a desempenhar um qualquer papel no xadrez económico-político-diplomático, dependem das boas relações com a China, e eles sabem-no perfeitamente. Os britânicos ofereceram a praça de Londres para emitir e negociar bonds denominados em yuans, o que lhes daria uma vantagem importante sobre Frankfurt, a principal praça europeia.

Delineei acima algumas de um vasto conjunto de situações, ocultadas ou tratadas de forma completamente distorcida pela média corporativa, mostrando que estamos perante um quadro muito complexo em que a agressividade de uma das partes - o campo «ocidental», nitidamente mais agressivo na retórica e nos atos- acabe por desencadear uma reação da outra. Ou seja, que a provocação constante acabe por causar um passo em falso dos outros. 
Isto é claramente uma estratégia de tensão, que é levada a cabo pelos EUA e aliados (na realidade... súbditos) da União Europeia, agrupados sob o chapéu da OTAN.
- Este posicionamento perigoso é acompanhado por uma torrente importante de propaganda, que faz com que muitas pessoas, incluindo pessoas sinceramente devotadas à causa da paz, confundam as situações e pretendam tomar as suas «distâncias» em relação ao conflito em curso, mas de forma equivocada.
Ora, para se ter uma visão apropriada, deve-se considerar as coisas, não sob a forma que a propaganda quer e deseja que façamos, mas sob a forma que nos parece justa em termos globais, ou seja, sob forma de um desenlace que seja aceitável pelas diversas partes, dentro dum espírito realista de resolução dos conflitos por meios pacíficos, pela prioridade à negociação sobre a confrontação armada, pela reafirmação do princípio da soberania dos Estados, pela não-ingerência de Estados nos assuntos internos dos outros (ou seja, o completo abandono da doutrina de «intervenção humanitária», que apenas trouxe desastres humanitários e destruição total). 
A propaganda tem sempre um objetivo claro em relação à cidadania sobre a qual incide: É desencadear reflexos de medo. O medo impede as pessoas de pensar. Para isso, deflete as questões, não permite que as pessoas percebam onde estão as responsabilidades reais. 
Penso que uma estratégia de paz não passa por contrapropaganda, ou seja, por demonizar aqueles que emitem a propaganda. Isso não é eficaz por várias razões. 
- Em primeiro lugar, porque nos põe, não como críticos, mas como favorecendo apenas um dos lados; ficamos ao mesmo nível que propagandistas. 
- Por outro lado, não permite que se aprofunde, se compreenda, com base em factos e não em opinião, as causas dos acontecimentos. 
Pois é exatamente isso que a média corporativa nos oculta sistematicamente. Esmera-se sempre em obliterar completamente o contexto das notícias, especialmente de conflitos armados, mas - em geral  - faz isso com todo o noticiário de política internacional. 
Pelo contrário, esmeram-se em transcrever e reproduzir todas as declarações oficiais de um dos lados, de forma extensiva, omitindo completamente quaisquer contrapontos. O discurso do poder é registado sem qualquer observação crítica, como um «deus», inquestionável. Para essa média, o «deus» é realmente o poder do dinheiro, seja ele o dos nossos impostos ou o das publicidades que alimentam essas enormes máquinas de propaganda moderna.  
Assim, as pessoas de boa vontade devem educar seus concidadãos a verem a realidade por detrás da propaganda, indo à raiz dos problemas.
Apenas alguns exemplos de manipulações e ocultações recentes da média corporativa internacional:
- Eles sabiam perfeitamente, mas ocultaram quem desencadeou e nutriu as guerras da Líbia, da Síria, quem equipou e subsidiou Al-Nusra, ramo Sírio de Al-Quaida… e como sabemos, estas guerras estiveram realmente na origem do problema – gravíssimo – dos refugiados destas guerras.

- Eles sabiam perfeitamente e ocultaram que houve interesses que se serviram dos refugiados para desestabilizar vários países da Europa central: era conhecido o envolvimento do multibilionário George Soros, que subsidia as ONGs que tiveram um papel de relevo nesta crise.

- Eles sabiam, não apenas do papel das ONGs locais, subsidiadas por Soros, um fator importante na «revolução» de Maidan na Ucrânia, como das forças nazis e antissemitas sem quaisquer máscara, mas que foram apelidadas de «democráticas» pela média e pelo departamento de Estado dos EUA. Foi um golpe de Estado, monitorizado e financiado pelos EUA e com o apoio das chancelarias europeias, nomeadamente alemãs, francesas, britânicas…

Poderia citar mais exemplos, eles estão constantemente a surgir. Mas estes bastam, para se perceber como a média distorce as realidades no terreno, exerce uma forte pressão na opinião pública, não como veículo de informação, que deveria ser, mas como veículo de propaganda.

A meu ver, a propaganda não deve ser combatida com «contrapropaganda», mas com informação objetiva, que desmascare as operações de propaganda. Por isso, importa formar uma cidadania com uma elevada capacidade de pensar criticamente. Não «acreditar» seja o que for, seja de onde vier a informação, sem questionar, examinar as provas da mesma, ver até que ponto se trata de factos, não fabricados, mas objetivos. Depois, ver se estes tais factos suportam ou são coerentes com as teses ou hipóteses defendidas e se não terá havido omissão de outros factos, que iriam contrariar as conclusões…
Esta educação e formação de espíritos livres devem ser assumidas como fator muito importante, essencial mesmo, na construção de um movimento pacifista.