domingo, 13 de janeiro de 2019

REFLEXÃO: «GLOBALIZAÇÃO DEMOCRÁTICA» OU VERDADEIRA DEMOCRACIA?

A globalização foi sempre - e continuará a ser - um processo desejado, posto em marcha e sustentado pelos grandes capitalistas mundiais. Os Rothschilds, os Rockfellers, os Gates, os Soros etc, etc, são os impulsionadores do globalismo. Não existe verdadeira «globalização alternativa»... Porquê? 
Porque a democracia, com todos os seus defeitos, só pode existir ao nível local ou, no máximo, ao nível nacional. Não existem  mecanismos de debate e TOMADA DE DECISÃO democráticos, ao nível internacional. 
Podem existir na cabeça de sonhadores, mas não vi nunca tal acontecer, verdadeiramente, no passado ou presente...As assembleias como a da ONU, ou no Parlamento Europeu, etc. não são verdadeiros locais de democracia, mas arenas onde se jogam as alianças entre potências (ONU), ou forças políticas europeias (Parlamento europeu), umas contra as outras. 
O povo está ausente dessa «democracia». Apenas irrompe na cena política dos países, quando se instala uma ruptura entre governo e governados, quando há algo como a actual insurreição dos «coletes amarelos» em França, ou noutras situações em que o poder é deslegitimado e onde existe uma construção de reivindicações, de propostas, que entram em colisão com a classe política instalada. 

As propostas de uma «outra» globalização são confusionistas no melhor dos casos ou, muito possível também, que façam parte das manobras de ONGs subsidiadas por George Soros* e outras, para desviar o potencial de subversão das pessoas descontentes: assim, canalizam energias para manifestações simbólicas, o folclore de «alter-mundialismo». 
Em Portugal essas manifestações têm servido apenas para auto-promoção dos que, depois, aparecem com roupagens partidárias, noutras ocasiões. 
Outras pessoas, ecologistas de coração, mas com pouca visão global, contentam-se com «projectos» de troca directa («barter», em inglês) ou de «comércio justo» (mas que mantêm a exploração, pois - senão - não seriam sustentáveis...), etc, etc. 
Enfim, o que caracteriza muito dessa «movida» é uma visão ultra-reformista, que se quer fazer passar por «revolucionária». Conseguem enganar (auto-enganar?) com isso um certo número de pessoas, desesperadas por «sentir que estão a fazer algo». 
No fundo, muitos projectos são desencadeados numa perspectiva de subida ao poder dum novo conjunto de pessoas. O objectivo, confesso ou não, é sempre o mesmo: o de tornar certas pessoas mais conhecidas, mais apreciadas e seguidas, por forma a alcançar lugares, ou como membros dum governo, ou do parlamento, ou da direcção dum partido, ou duma ONG. 
No fundo, são plataformas de poder, as que se instalam nessas ocasiões. Para mim, isso seria legítimo se as pessoas que aí participam dissessem - a quem os quer ouvir - que o que desejam é isso mesmo: obter um naco do poder, no pressuposto de que elas serão as defensoras dos oprimidos... Eu bem sei que, se tivessem coragem de dizer isto, seriam honestas, mas não teriam uma grande adesão das «massas». 
Como estas coisas fazem parte do «não dito», são necessariamente parte do equívoco frequente nas dinâmicas do tipo «ONG». 

Nada disto ajuda a causa dos oprimidos. 
Os que realmente precisam de tomar as coisas em suas próprias mãos, só o poderão fazer construindo novas vivências e novos instrumentos de democracia directa no calor da batalha de classe (afinal, o que é a revolta dos «coletes amarelos»,  que não se limita à França, mas tem inspirado outros europeus... belgas, britânicos e italianos e outros?).
O primeiro dever dos intelectuais (sem aspas) é o de saber bem de que estão a falar e explicarem com clareza e simplicidade o que sabem, sem demagogia, sem querer, com isso, arrastar outros para as suas posições. 
Ora, por muito que isso desagrade a certa gente, o que tenho visto em grande parte deste tipo de reuniões é estas serem meras tribunas para certas pessoas fazerem valer seus pontos de vista. A abertura ao debate é nula, ou é apenas uma cosmética... A cultura do diálogo é muito difícil de vingar neste país, mesmo por aqueles/as que têm genuíno desejo de a promover.
Então o que tem de mudar?
As pessoas que queiram realmente «comandar obedecendo» como dizem os zapatistas, têm de perder essa vinculação a um formato escolástico de debate, de discurso, que elas próprias receberam no ensino e depois na vida activa. Elas não têm consciência disso, porém não são más, nem idiotas, mas auto-derrotadas.
Um diálogo é sempre entre iguais, não há professor e aluno, mestre e discípulo, numa situação de diálogo verdadeira. A igualdade de acesso à palavra é preocupação real de todos os intervenientes, a atenção ao que cada pessoa tem para dizer deve ser uma constante, não ser apenas um pro-forma. 
Verifiquei que - em certas ocasiões - numa assembleia, alguém começa a falar (mesmo que seja cochichando) com o vizinho do lado; noutras ocasiões, a pessoa que recebe as inscrições na mesa, ignora (não vê?) certos braços levantados, pedindo a palavra. Ainda noutros casos, certas pessoas estão constantemente a intervir, não permitindo que as outras pessoas falem. 
É conhecido que as formas de democracia - sejam elas quais forem - passam sempre por os membros de uma mesma assembleia se respeitarem, darem atenção ao que dizem uns e outros, procurarem consensos, mas não os forçarem, aceitando que mais vale uma divergência saudavelmente afirmada do que um falso consenso, que afinal mais se parece com uma coação.
A democracia é - como sempre foi - algo que deve partir das pessoas, da base: elas próprias devem construir as suas assembleias, com poder para deliberar sobre questões que estejam ao seu alcance. 
Por exemplo: a retirada  coordenada do dinheiro das contas pelos seus titulares, numa campanha de boicote contra a banca terá um efeito muito grande se for efectuada ao nível nacional. Seria como uma «greve geral» de aviso à banca e ao «mundo financeiro». 
Sobretudo, importa que sejam coisas que as pessoas comuns, «com criancinhas pequeninas nos braços», possam fazer tranquilamente, sem correr riscos físicos, elas próprias, ou o seu agregado familiar. 
Existem gestos muito mais significativos do que votar em partidos «alternativos», ou mesmo votar em branco. 
Existe a possibilidade de desmascarar a pseudo-informação como propaganda do poder, de demonstrar as falsidades, de expor as campanhas de intoxicação, de «fake news» ou «falsas notícias», produzidas pelos media corporativos todos os dias, enquanto tentam desacreditar todo e qualquer sítio de informação da Internet ou de redes sociais, feito por cidadãos, sobretudo se estes têm uma postura contra os poderes.
Existe a possibilidade de divulgar os direitos das pessoas, dando-lhes a capacidade - se e quando ocorrerem situações em que estes direitos são espezinhados - de saberem defender-se de forma eficaz.
Enumerar todas as acções que as pessoas podem levar a cabo no sentido de se apoderarem e deslegitimarem os poderes, seria fastidioso e sem sentido. Isto, porque são as circunstâncias concretas que podem mostrar se tal ou tal acção é praticável, se é oportuna, etc.
O ACTIVISMO COSTUMA ESTAR ERRADO, NÃO NOS FINS OU OBJECTIVOS FINAIS QUE DEFENDE (AS CAUSAS), MAS SIM NOS MÉTODOS, NAS ESTRATÉGIAS, NAS TÁCTICAS, NOS MEIOS CONCRETOS DE AGIR. É a esse nível que as pessoas envolvidas no activismo se auto-derrotam. 
É nisso justamente - estratégias de comunicação, autonomia, sustentabilidade de campanhas, capacidade de suscitar simpatia na população em geral, espírito de unidade sem sectarismo, etc - que as pessoas envolvidas devem pensar, pois são questões difíceis e muitas falhas só transparecem demasiado tarde, quando a campanha ou acção já está lançada.
  
(* George Soros tem uma fundação, cujos tentáculos são muito longos, com uma série de ONGs que lhe estão subordinadas. Muitas pessoas, na sua melhor boa fé, podem estar envolvidas em tais ONGs sem saberem que estas recebem financiamento e trabalham para Soros!!!)

  

sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

INSURREIÇÃO É O GRITO DOS OPRIMIDOS

INSURREIÇÃO É O GRITO DOS OPRIMIDOS...

PENSEM NISSO QUANDO VIREM OS COLETES AMARELOS NA TV!



Este polícia reformado de Filadélfia manifesta-se frequentemente, junto com outros manifestantes, enfrentando os seus colegas no activo, para que estes se lembrem de que o seu dever é proteger os cidadãos, não as grandes corporações.
Esta é apenas uma história, entre outras, relatada por Lee Camp, neste artigo . 
É tempo de fazermos campanhas de apoio aos nossos, os do campo da paz e da humanidade: os desertores, os objectores de consciência, os dadores de alerta (whistleblowers)... e todos aqueles que ficaram com a carreira destroçada, porque se ergueram contra o poder, contra as injustiças. 

Devemos prestar-lhes homenagem, divulgar suas biografias, dar a conhecer os seus feitos e palavras. Afinal de contas, são estes rostos que interessa promover e não dos servidores das grandes corporações!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

NOVA ORDEM MUNDIAL E Iª GUERRA MUNDIAL

                           https://www.youtube.com/watch?time_continue=2010&v=FzVd7XCTu28
Um grupo de industriais e banqueiros conseguiram fazer com que a guerra fosse desencadeada. Além disso, através da guerra, fizeram com que a economia permanecesse completamente dependente da finança e dos monopólios do aço, da química, do petróleo... 

EPISÓDIO 1: 

EPISÓDIO2: 

Vale a pena ouvir e ver atentamente este documento, que revela, entre muitas coisas, a realidade da propaganda, para a qual intelectuais famosos contribuíram com romances e outras obras literárias. 

A militarização da sociedade, que ocorreu a partir da Iª Guerra Mundial, e continuou durante todo o século XX é uma história que poucos conhecem.

A «nova ordem mundial» é o fio condutor e guião das elites antes, durante e depois da Iª Guerra Mundial.

Não existe um globalismo «democrático» ou «alternativo». O globalismo sempre foi o programa da elite, dos grandes banqueiros e industriais... 


quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

PORTUGAL, PARAÍSO FISCAL... PARA ESTRANGEIROS!

        
                                          https://www.youtube.com/watch?v=-9Gg6wGYVcA

          BREVE COMENTÁRIO A FRANCK DEDIEU

Os dados mencionados são correctos. 

O interessante é que o PS não nega absolutamente nada destes factos. Assume-os, como aliás não podia deixar de ser. 
Este afluxo de dinheiro, que Franck refere correctamente, teria de ser canalizado para investimento reprodutivo, para melhorias de infraestrutura, especialmente nas vilas esquecidas do interior, para que houvesse um verdadeiro desenvolvimento sustentável. 
Assim, lamentavelmente, Portugal apenas reforça o seu destino de neocolónia [como a Grécia, a Tunísia, etc, etc] para férias (do tipo Club Med. ou  equivalente) da classe média dos países europeus mais afluentes.  

terça-feira, 8 de janeiro de 2019

A DANÇA MACABRA - CAMILLE SAINT-SAENS


Camille Saint-Saens é um dos compositores franceses da segunda metade do século 19 mais conhecidos e cujas obras não deixaram nunca de ser executadas em concerto e disco. 
Esta Dança Macabra, tal como outras obras do género, tem um ritmo endiabrado e serve-se da célebre frase musical do «Dies Irae» gregoriano.
O Totentanz de Liszt , que já aqui publiquei, tem características muito diferentes, pese embora aspectos comuns do tema.
Achei interessante a interpretação da peça sinfónica de Saint-Saens com utilização de xilofones. Não sendo a orquestração indicada pelo autor, pode-se, no entanto, apreciar um efeito poderoso deste conjunto de xilofones, enfatizando os temas e dialogando com os «instrumentos-padrão» da orquestra.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

2019 - SERÁ «O ANO EM QUE TUDO SE DESMORONOU»?

                         


Não estou a fazer retórica quando escrevo este título. Com efeito, o Outono/ Inverno de 2018 já anunciava a cor e o tom do ano que aí vem e que ainda está muito jovem.
Os sinais críticos de uma crise bolsista já se fizeram sentir em um sem número de ocasiões entre Setembro do ano anterior e o Ano Novo deste ano. A grande queda de Wall Street e em particular dos títulos que constituíam uma espécie de «montra» do mercado bolsista (os famosos «FANG») mostrou ser muito mais do que uma correcção. Mostrou que se tratava de uma inversão de tendência. Com a maior parte dos títulos cotados muitas vezes acima do valor real das empresas respectivas não admira que seja uma queda longa e dolorosa para seus detentores.
Os bancos não ficaram melhor; veja-se o caso do Deutsche Bank um banco sistémico, o maior banco do espaço europeu, cuja saúde é considerada periclitante, dado o enorme peso dos derivados na sua carteira, assim como a série de processos - da sua intervenção no falseamento dos mercados dos metais preciosos e do LIBOR - cujas multas cumuladas atingem um montante total muito alto. 
As pensões de reforma, sobretudo nos países onde estas são privadas, estão sob perigo eminente de entrar em colapso. Estes fundos de pensões apostaram em títulos especulativos, para fazerem face à enorme e prolongada baixa dos juros, consequência da política de ajuda aos bancos, efectuada por governos e bancos centrais ocidentais, ao longo de todo o período pós-2008.
A «normalização» em curso, com a subida das taxas directoras do banco central americano (a FED) e a não renovação da compra de activos (muitos deles «tóxicos») do BCE aos bancos comerciais da zona euro, já tem consequências visíveis na retracção dos mercados, quer bolsista (e que apenas agora começou...), quer obrigacionista (a queda das obrigações de alto rendimento). 
Também se observa o esvaziamento das bolhas no sector imobiliário, a começar pelos valores mais altos, como Vancouver e Toronto (Canadá), Los Angeles e Nova Iorque (EUA) ou ainda Londres e Paris. 
A situação só é risonha no sector dos mercados de metais preciosos, com espectaculares recuperações dos preços do ouro e da prata, assim como da platina, sobretudo em divisas como a Libra esterlina, o Dólar australiano, embora também em Euros e Dólares. Isto não nos surpreende, pois o ouro é um valor-refúgio, quando todos os activos baseados em dívida (incluindo o «cash») já não inspiram confiança.
Quanto ao cidadão comum, está claro que o «tiro de partida» foi dado pelos «coletes amarelos» em França, mas com o agravamento da crise, haverá muitas mais e talvez piores explosões de descontentamento dos governados face às suas elites. 
Os que sofrem, por vezes, não compreendem como foram espoliados, mas compreendem bem por quem o foram: pela aristocracia que se pavoneia no maior luxo, usando os recursos fornecidos pelo dinheiro público, pelos contribuintes, por todos nós. 

                          The EU bubble is doomed to burst in 2019, financial analyst warns

A situação da economia hoje é reflexo duma década em que o valor do dinheiro foi sistematicamente sabotado, deixando os pobres, os que dependem de pensões para sobreviver, os que têm salários de miséria, numa situação dramática. Com efeito, para esconder a situação e para poderem pagar cada vez menos, aparentando desembolsarem o mesmo, os governos foram maquilhando os números da inflação, ao mesmo tempo que abraçavam o «Quantitative Easing» ou seja, da impressão de quantidades abismais de dinheiro electrónico, no intuito de salvar os bancos. Para os que governam no «Ocidente», a primeira prioridade são eles, os bancos... 
Agora fala-se cada vez mais de «reset», ou seja, de uma reestruturação ao mais alto nível, o que pode muito bem acontecer na próxima década, pois aquilo que se perfila no futuro mais próximo é uma crise mundial caracterizada por hiperinflação, após um breve mas violento episódio deflacionário, de falências em cadeia. Quando ficar claro que o valor do dinheiro em papel foi completamente destruído (por eles, a finança e os governos), irão tentar construir um novo sistema monetário e financeiro. Não me parece que tenham grandes hipóteses de ter muito sucesso. 

A infeliz Venezuela está aí para nos indicar o que acontece a um país que entra pelo caminho da hiperinflação. Não existem receitas milagre para sair da espiral hiperinflacionária, mesmo para um país com as maiores reservas de petróleo conhecidas...
O que será de um país de economia frágil, completamente dependente de tecnologias estrangeiras, importador líquido de bens alimentares (embora pudesse ser um exportador) e que se tem deixado seduzir por uma economia especulativa (imobiliário...) e por um turismo de moda efémera?  Todos sabemos, com certeza, o nome e as coordenadas geográficas do mesmo....





sábado, 5 de janeiro de 2019

JOGOS DE GUERRA SÃO JOGOS PERIGOSOS...

«As condições de concorrência e rivalidades entre potências imperiais e o atiçar de nacionalismos diversos»... seria uma frase conveniente para começar a descrever os antecedentes da Primeira Guerra Mundial, assim como para estes tempos conturbados.
Com efeito, uma super-potência, os EUA, triunfante de uma guerra-fria (por vezes, quente) com a super-potência rival, encontra-se confrontada com a emergência de potências que não aceitam mais um estatuto subordinado (a China e a Rússia). Estas têm sabido obter uma série de cooperações «win-win». Muitos dos países envolvidos são os que têm desejo de se tornarem independentes dos laços neo-coloniais, sob os quais são explorados, desde as suas independências das metrópoles...
Este tecido de acordos vai marginalizar o papel dos EUA e dos seus aliados, numa parte substancial do comércio mundial, de igual modo fazendo perder ao dólar o papel de reserva obrigatória (nomeadamente, sob forma de obrigações do Tesouro Americano) em bancos centrais e comerciais em todo o mundo e como divisa predominante no comércio mundial. 
A hegemonia militar também está posta em causa, com a demonstrada (na Síria, principalmente) capacidade superior do armamento russo e a tecnologia chinesa que permite colocar em questão a superioridade da Navy dos EUA (foi notada a declaração de uma alta patente chinesa, dizendo que seria perfeitamente possível afundar porta-aviões americanos com mísseis chineses, frase que não deixou de soar como ameaça).

A questão que se coloca é da «armadilha de Tucidides». Este filósofo e historiador grego do século Vº A.C. dizia que uma potência dominante, mas em decadência, podia ser empurrada para a guerra por potências menores, mas em ascensão, por a primeira ter ainda esperança de assim vencer, antes que estas rivais se tornassem demasiado fortes. Alguns estrategas e pensadores geopolíticos pensam que esta «armadilha de Tucidides» se poderá colocar na actualidade.
Outras questões são agitadas, como a famosa visão geoestratégica de Mackinder, sobre a centralidade do espaço do Continente Euro-asiático, cujo controlo seria vital para a potência hegemónica (na altura, era a Grã-Bretanha). 
Na verdade, a guerra já está desencadeada em múltiplas frentes: Há guerra económica , com embargos, sanções, etc.; financeira, com bloqueios de transferências de capitais e com medidas para tornear o bloqueio de pagamentos; comercial, com tarifas de importação; de propaganda, com media agressiva e demagogos excitados ... 
Não será muito difícil imaginar que um «tiro num equivalente do Arquiduque, num qualquer lugar a fazer de Sarajevo» possa desencadear uma cadeia de actos que conduzam à chamada guerra «cinética» (ou seja, com tiros) entre grandes potências.  

Neste contexto, importa afirmar alguns factos: 
- A guerra, hoje em dia, não é uma questão de conquista, de alargar o «espaço vital» duma nação (ou império). 
- Não é também uma questão de aniquilação dum adversário, pois o que restar de suas defesas, depois de um primeiro ataque nuclear é suficiente para causar um dano devastador no inimigo. É um facto que os geo-estrategas de salão ou de gabinete deveriam compreender, mas não «conseguem»; infelizmente, são eles que têm influência decisiva nos governantes e presidentes. 
Estou convencido que os militares de alta patente, mas próximos do «terreno», têm uma maior noção das realidades. Os que lhes são subordinados, os oficiais de patentes mais baixas, os sargentos e os soldados, deveriam ser críticos e mostrar-lhes que não estão dispostos a fazerem de alvo, para satisfazer os sonhos megalómanos e as ambições de «políticos-militares». 
Todas as noções do que seja uma guerra, que vigoram no sub-consciente de grande número de pessoas, incluindo dos «geo-estrategas de gabinete», estão  moldadas pelos vídeo-jogos e pela evocação de cenários passados, reais, mas que não são transponíveis. 
É sabido que os generais treinam e preparam as suas divisões para combater situações análogas às da última guerra passada. Mas a guerra seguinte não se parece com a anterior. Eles ficam desarmados, em termos conceptuais pelo menos, quando as realidades do novo conflito lhes caem em cima.

A questão - de facto - mais grave nisto tudo, é que o desenvolvimento pacífico dos povos tornaria possível a abundância ou pelo menos, a ausência de escassez e de miséria, mas os governos têm feito do armamento e das forças armadas a sua prioridade. Ambos são gastos inúteis, no melhor dos casos (o de não haver utilização dos mesmos) ou, no pior, causadores de destruições massivas de vidas e bens materiais, destruições  brutais e irreversíveis em termos ambientais, também. 
Perante isto, as pessoas e as forças que desejam a paz e que lutam pela paz são demasiado pouco contundentes, são demasiado tímidas, porventura talvez tenham receio de serem difamadas, julgadas «traidoras», etc. 
Mas isto é exactamente o que os «obreiros da paz» podem esperar de governos e políticos, apostados em levar os povos até à beira do precipício: 
Os políticos fazem carreira mostrando ódio face a um adversário, real ou imaginário. Os grandes interesses do complexo militar- securitário - industrial estão por detrás, fornecendo financiamento, incluindo os media (largamente sob seu controlo) e também toda uma série de «think-tanks», ou clubes de intelectuais muito distintos, que argumentam academicamente a favor da tal guerra, como se fosse um jogo intelectual. Para eles, é isso mesmo; para milhões de humanos... será outra coisa, bem mais sangrenta!  
Eles não nos dizem aquilo que é evidente: «se preparas a guerra, esta torna-se mais provável de acontecer (até mesmo por acidente...)». 
Preparar a paz significa retirar aos políticos corruptos a base sobre a qual eles contam: muito do seu poder se desvanecerá, se as pessoas tiverem uma visão crítica: isto é, estarem atentas ao que eles fazem e não fixarem sua atenção no que eles dizem. 
Significa isso também desmontar as teias de mentiras, as operações de propaganda que estão na base das nossas «democracias», em que de facto, o povo escolhe «chefes» por algum tempo, mas esta escolha é fictícia porque estes são, na verdade, lacaios dos interesses económicos que - discretamente - os financiam e, portanto, são os que detêm o poder real.
Não se pode construir futuro de paz com os parasitas que vivem das guerras...