Muitas pessoas aceitam a situação de massacres de populações indefesas em Gaza e noutras paragens, porque foram condicionadas durante muito tempo a verem certos povos como "inimigos". Porém, as pessoas de qualquer povo estão sobretudo preocupadas com os seus afazeres quotidianos e , salvo tenham sido também sujeitas a campanhas de ódio pelos seus governos, não nutrem antagonismo por outro povo. Na verdade, os inimigos são as elites governantes e as detentoras das maiores riquezas de qualquer país. São elas que instigam os sentimentos de ódio através da média que controlam.
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quinta-feira, 28 de março de 2024

MYRET ZAKI: SOBRE GUERRA COGNITIVA E OUTROS ASSUNTOS

Entrevista falada em francês e com legendas automáticas nesta língua

 Conheci o pensamento e o trabalho desta jornalista suíça de origem egípcia, quando ela era membro da redação do magazine Bilan. Os seus pontos de vista sobre a economia e a globalização pareceram-me sempre muito progressistas, fazendo contraponto em relação à generalidade dos jornalistas dos jornais de negócios, em geral.

Nesta longa entrevista ela tem oportunidade de expor a sua visão sobre a evolução das sociedades ocidentais, dos media, dos problemas que a digitalização levanta, não hesitando em apontar aspetos decadentes do capitalismo financeiro. Ela previu a perda de influência do dólar, há pelo menos doze anos, não com vagas profecias: Ela analisou as disfunções do mundo financeiro, em particular dos bancos centrais, concluindo que estavam a levar a civilização ocidental para a catástrofe. 

Ela aconselha, a certa altura deste vídeo, a ter-se um domínio total de qualquer matéria sobre a qual se esteja em desacordo com as opiniões dominantes. Ela diz, com razão, que se deve vigiar todos os detalhes do próprio discurso, para não se dar azo a distorções e falsas acusações. 

Acho esta entrevista muito significativa, pois mostra como o «4º poder» se modificou de forma radical e  deixou de veicular um olhar crítico sobre os poderosos (do governo, dos negócios), para ser quase em exclusivo o instrumento destes mesmos poderosos.

Sem liberdade de opinião e da expressão livre dessa mesma opinião, a democracia de que usufruímos nos 30 anos depois da IIª Guerra Mundial esvai-se. Sem estas liberdades substanciais, as liberdades formais podem continuar inscritas nas leis e constituições, mas deixaram de existir, na prática.

 

domingo, 28 de novembro de 2021

A GRANDE REINICIALIZAÇÃO, OS "SDR" E O OURO



O domínio da grande finança sobre a economia e a política mundiais, não são de hoje. Esta grande tendência pode se fazer remontar à véspera da 1ª Guerra Mundial, com a «Round Table», para não irmos até ao pós-Waterloo, em que o triunfador foi o império Rothschild, tanto ou mais que o império Britânico.
O processo de tomada de controlo dos grandes bancos transnacionais é um processo constante, mas entrecortado por períodos paroxísticos. Um exemplo disso é a constante desvalorização em termos reais das divisas como o dólar, ou outras divisas ditas «fortes». Desde a criação da Reserva Federal, em 1913, o dólar perdeu 98% do seu valor em relação ao seu poder aquisitivo, nomeadamente, em relação ao ouro. Este, no longo prazo, tem-se valorizado, mantendo a paridade de poder de compra, ao contrário das divisas.
Mas, como estamos num período charneira, as medidas longamente congeminadas em fóruns ou em reuniões da oligarquia, vêm à superfície, como se fossem grandes novidades.
Por exemplo, a indexação das divisas ao ouro podia fazer-se ao integrar este nos SDR (Special Drawing Rights = Direitos de Saque Especiais, «moeda contabilística» do FMI).
Os SDR são unidades formadas por um cabaz de 5 moedas (o dólar, o euro, o yen, a libra e o yuan), mas seria possível alargar esta "moeda contabilística" para aí incluir o ouro. Ou seja, a cotação do ouro entraria no cálculo do valor da unidade SDR. Assim, os valores das moedas contidas no cabaz estariam adossados (ou com uma indexação flexível) ao ouro. Note-se que também as restantes moedas estariam adossadas ao ouro, indiretamente, através de sua taxa de câmbio com aquelas presentes no cabaz.
Por que motivo esta mudança pode ter significado para a resolução da crise monetária?
- Porque, contrariamente a quaisquer divisas («dinheiro-fiat») o ouro é uma entidade física; está em quantidade limitada, a sua abundância em termos de mineração rentável vai diminuindo; a mineração, refinação e todas as operações conexas, implicam dispêndio de muito trabalho, muita energia. Não é comparável com o carregar de um botão, num banco central, para criar tantas unidades de «moeda-digital» que se queira.
Aliás, o projeto de instaurar moedas digitais («cripto-moedas») pelos bancos centrais, enferma dessa grande debilidade que é manter-se, exatamente como agora, a possibilidade de criar tantas unidades monetárias quanto se queira, ou quanto os que controlam o banco central queiram.
No caso deste cabaz de moedas do FMI incluir o ouro, a situação de flutuarem demasiado umas em relação às outras, não se poderia verificar como agora se verifica. Por exemplo, os empresários que importam ou exportam têm de ter um seguro cambial, para o caso de terem negociado a compra ou venda de matéria-prima ou produto, sendo este preço rentável apenas num determinado intervalo cambial. Grandes oscilações de câmbios ocorrem, especialmente em contratos que são firmados para o longo prazo. Tudo somado, a estabilidade cambial de longa duração entre divisas, vai beneficiar a indústria, o comércio e também as pessoas comuns, visto ser um fator estabilizador dos preços.
Porém, a grande reinicialização («great reset») está desenhada por oligarcas, por muito ricos, que não querem abrir mão do controlo das riquezas e do poder (lembram-se da frase «programática» de Schwab: «não possuirás nada e serás feliz»?). O que eles estão a fazer é tomar controlo de tudo o que é rentável ou potencialmente rentável. Os Estados serão espoliados das últimas «joias da coroa» não apenas empresas nacionais (construídas e mantidas ao longo dos anos com o dinheiro dos contribuintes) mas também obras de arte, monumentos, recursos naturais.
Os Estados ficarão inteiramente capturados pela grande finança e pelos gigantes «tecnológicos» (Google, Apple, Amazon, etc). Os pequenos comércios e indústrias desaparecerão, pelo menos enquanto entidades autónomas (podem manter-se com «franchising», ou outras formas dependentes). Os impostos vão subir, para satisfazer o reembolso da dívida monstruosa criada nestes últimos 20 anos. Os grandes da finança nunca irão «perdoar» um cêntimo dessa dívida aos Estados, ou seja, a nós. Toda esta dívida será cobrada e com juros.
Para dar a ilusão de que se «resolveu» o problema da dívida, vai-se fazer uma grande operação publicitária, fazendo crer que ela desaparece com o aparecimento do dinheiro 100% digital. Tal será mais um truque para adormecer as pessoas. Elas serão estreitamente controladas e mesmo empurradas a consumir certos produtos e a não consumir outros, através de taxações diferenciadas. Tudo isso vai ser fácil de realizar quando todas as pessoas tiverem os seus porta-moedas e contas conectados ao banco central. Será uma ditadura, pois será impossível qualquer transação fora deste sistema.
Nessa altura, quando a oligarquia tiver em mãos o sistema monetário com um grau de controlo muitíssimo maior que agora, então não terá problema em revalorizar o ouro (e a prata) ao seu justo valor. Porque, nessa altura, a quase totalidade desses metais preciosos estarão ou nos cofres dos bancos centrais, ou em cofres de multimilionários riquíssimos. Se o valor do ouro subir a cerca de 10 vezes o seu valor atual em dólares, ele estará na mesma proporção, em relação à massa monetária total, como estava em 2007. É fácil de se calcular esta proporção: há estimativas bastante rigorosas tanto da quantidade de dinheiro total existente, como da quantidade total de ouro em stock (em cofres de bancos centrais ou privados). O ouro apenas aumenta, em quantidade, menos de 1% anualmente, devido às atividades mineiras. Este pequeno aumento é insuficiente para cobrir o aumento da procura do ouro, ao nível mundial.
Por muito que suprimam o valor dos metais preciosos (ouro e prata) cotados nas praças internacionais, através dos contratos de futuros, por mecanismos há muito demonstrados por vários autores e entidades, o facto é que não existe outra alternativa, senão repor o ouro no centro do sistema, para lhe dar estabilidade. As grandes fortunas, que sabem o que realmente se passa, ultimamente têm-se enchido de bens não financeiros, comprando terrenos, imobiliário, obras de arte, ouro, matérias-primas, usando o dinheiro (divisas fiat) cujo valor vai decrescendo. Este decréscimo, primeiro é progressivo e depois brusco. Nos últimos tempos duma divisa, o que acontece é que ela é «queimada», por uma crise hiperinflacionária. Estamos agora no princípio desta etapa.

sexta-feira, 23 de julho de 2021

UNFSS: AGRICULTURA NA AGENDA DAS NAÇÕES UNIDAS ... E DAS GRANDES CORPORAÇÕES

A Cimeira da ONU sobre Sistemas Agroalimentares [UN Food Systems Summit (UNFSS)] em fase preparatória, anuncia-se preocupante.

Citando Colin Todhunter*,«segundo a CSM**, aqueles a quem tem sido conferido o papel de pilares na conferência de UNFSS, são os apoiantes de sistemas alimentares que promovem os alimentos ultra- processados, a desflorestação, a criação industrial do gado, o uso intensivo de pesticidas e as monoculturas de exportação. Estes, no seu conjunto, são processos que causam a deterioração dos solos, a contaminação das águas e impactos irreversíveis na biodiversidade e na saúde humana.

          

O sistema de alimentos industriais que estas corporações promovem nem sequer alimenta o mundo, apesar das mesmas corporações se vangloriarem disso. Por exemplo, o Relatório da ONU para 2021 sobre o Estado da Segurança Alimentar e Nutrição indica que o número de pessoas cronicamente subnutridas aumentou para 811 milhões, enquanto um terço da população mundial não tem acesso a uma alimentação adequada. Além disso, o Sul Global está ainda a sofrer com a Covid-19 e as políticas relacionadas com esta, que puseram a nu a fragilidade e as injustiças inerentes ao corrente sistema de alimentos.

Aqueles que mais contribuem para a segurança mundial alimentar, os pequenos produtores, são os mais ameaçados e afetados pelas corporações, que concentram terras, sementes, recursos naturais e financiamentos, assim como pela privatização da propriedade comunal e pública.
E estes processos estão em aceleração: os conglomerados de alta tecnologia/data, incluindo Amazon, Microsoft, Facebook e Google, uniram-se aos gigantes tradicionais do agro negócio para impor um padrão único de agricultura e de produção de alimentos ao nível mundial. A digitalização, AI (inteligência artificial) e outras tecnologias, estão servindo como auxiliares para promover a nova vaga de apropriação dos recursos e sistemas produtores de alimentos, com vista a uma total concentração do poder.»
[Ler artigo na íntegra AQUI]

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quinta-feira, 8 de abril de 2021

REALMENTE, A GRANDE MUDANÇA (GREAT RESET) JÁ ESTÁ EM CURSO

 Esta grande mudança era tida como inevitável pelas altas esferas financeiras que controlam o mundo, hoje. 

Note-se que o sistema financeiro foi levado a um extremo. O da financiarização, que colocava «de pernas para o ar» toda a economia, ou seja, punha a parte produtiva (produção de bens e de serviços), como subordinada da finança. Nos séculos anteriores, incluindo uma boa parte do século XX, a finança detinha uma fatia, mas não a maioria, ou parte que lhe desse o controlo das alavancas da economia. 

Podemos datar a viragem decisiva, o bascular de uma economia produtiva, para uma economia financeirizada, no Ocidente, à década de 1990, em que os EUA e seus aliados surgem como vencedores da Guerra Fria contra a URSS, ficando em situação de super-potência única no Planeta, ditando a todos, quer directamente, quer através de instituições internacionais que controlam, como os países e respectivos governos se devem comportar. 

O acto legislativo emblemático que acompanhou esta «húbris*» no campo geo-estratégico, foi durante a presidência de Bill Clinton, o repudiar da Lei americana Glass - Steagall , passada na altura da Grande Depressão, na presidência de Roosevelt. A finalidade da referida lei era evitar as catástrofes induzidas pela especulação financeira, separando bancos e instituições de crédito em duas categorias: Os bancos de investimento, cuja finalidade era captar capitais para investimento na economia; os bancos de depósitos cuja função era assegurar o depósito de poupanças, com investimento prudente em veículos de rentabilidade baixa ou moderada (obrigações do tesouro, por exemplo), mas que garantia uma rentabilidade um pouco acima da inflação. 

Os indivíduos eram estimulados a poupar, pois - no mínimo - o poder de compra das suas poupanças estava salvaguardado. Este sistema funcionou, durante as três ou quatro décadas do pós IIª Guerra Mundial. Noutros países além dos EUA, havia mecanismos legislativos assegurando a separação dos dois tipos de actividades financeiras. 

A partir do momento do desaparecimento destas separações legais, a banca comercial teve liberdade para utilizar, do modo que lhe apetecesse, com muito poucas e ineficazes restrições, o dinheiro dos seus clientes, dos depositantes. 

As crises sucederam-se então. Dá-se-lhes nomes, que não revelam a natureza dos problemas subjacentes: «crise mexicana», «crise russa», «crise asiática» (em 1997), crise das «dot-com» (em 2000), crise das «sub-prime» (crédito hipotecário, em 2008). 

A presente crise é chamada do «Covid», mas teve início em Setembro de 2019, cerca de 5 meses - pelo menos -antes de se ouvir falar do novo vírus. Em Setembro de 2019 deu-se a subida brusca e acentuada dos juros do crédito inter-bancário de curta duração. O desmoronar deste, obrigou o banco central americano (a FED) a acorrer com biliões, semanalmente, até ao final de 2019. Só assim conseguiu evitar o congelamento do crédito interbancário, coisa que ocorrera na crise de 2007/2008, e fora um dos sinais mais sérios de que o sistema estava a desmoronar-se. 

Mas, as coisas abaixo da superfície são ainda um pouco piores. Com a liberalização completa dos mercados financeiros, os bancos produziram derivados, instrumentos financeiros completamente novos e artificiais, que se negoceiam «ao balcão», ou seja não surgem nos balanços destas instituições. 

Muito haveria a dizer sobre esta deriva especulativa financeira, encorajada pelos governos e bancos centrais. Vale a pena investigar todas as ramificações destas construções artificiais, o mercado dos derivados, cujo valor global ultrapassa - em muito - o PIB mundial: Será de 5 vezes, de 10 vezes o PIB mundial? -Ninguém pode dizê-lo, ao certo, pois este mundo financeiro dos derivados é muito opaco (fora dos balanços oficiais dos bancos), sendo mantido assim intencionalmente.

Desde 2008, a economia dos países ocidentais tem estado de rastos; para nos apercebermos disso basta indicar que na década passada, que deveria ser de recuperação, segundo Jamie Dimon (CEO do maior banco dos EUA, o «JP Morgan»), o PIB dos EUA experimentou um crescimento cumulativo da ordem de 18%. Isto pode parecer muito, porém, após os outros períodos de recessão, durante as expansões que se seguiram, o crescimento cumulado era da ordem de 40% em dez anos. Portanto, nesta última década observou-se menos de metade da média do crescimento cumulativo em dez anos, nos EUA e nos países da Euro Zona (um pouco pior, neste caso): houve uma «recuperação anémica», depois da grande recessão de 2008. 

Apenas 11 anos depois (2008-  2019), surge uma nova crise, em todos os aspectos mais grave, mais profunda e com bancos centrais que não dispunham de margem para diminuir as taxas de juro de referência. Estas têm sido, historicamente, a única variável que os bancos centrais podem facilmente manipular para estimular a economia. 

Quando começaram a surgir obrigações soberanas com taxa negativa, entrámos em pleno reino de fantasia financeira e monetária. Nunca na História se vira o emprestador dar um juro (é este o significado de «juro negativo»), para que o devedor aceitasse contrair um empréstimo. Eis o grau de absurdo a que chegou a completa financeirização, no Ocidente, em apenas 30 anos! 

A constante monetização, ou seja, a compra de activos aos bancos comerciais e aos Estados, pelos bancos centrais, origina as bolhas especulativas a que temos assistido: 

- Podemos considerar como bolha, a quase gratuidade dos empréstimos, devido a uma artificial quebra dos juros, incluindo as taxas de juro muito baixas nas obrigações soberanas. Lembremos que, quanto mais baixa for uma taxa de juro, mais valor uma obrigação tem: ou seja, a entidade que emite este instrumento de dívida consegue colocá-la a um determinado juro. Quanto mais baixo for o juro, mais os compradores valorizam a obrigação, ao ponto de a aceitarem, recebendo um juro muito baixo. 

Para as pessoas não especializadas nos mercados, pode haver um certo fascínio e tentação, nas bolsas de acções: No mercado de acções, as grandes empresas aproveitam os juros quase a zero e fazem auto-compra das suas acções, fazendo subir assim, artificialmente, sua cotação. O dinheiro constantemente fornecido, gratuitamente, pelos bancos centrais, tinha de ir parar a algum lado. 

A inflação dos activos financeiros não será contida dentro destes, por muito mais tempo: mais cedo ou mais tarde, haverá um transbordar para a economia, com a inflação nos bens de consumo corrente a acentuar-se. Não se sabe se haverá, ou não, hiperinflação. Mas, o mais prudente é partir do princípio de que essa hiperinflação vai ocorrer, necessariamente. É como um tanque ou um reservatório de água, por muito grande que seja, se tiver um caudal de água a verter constantemente nele, acabará por transbordar...

 O mercado do imobiliário tem experimentado inflação, sobretudo, o segmento mais alto, dos apartamentos e condomínios de luxo, em todas as grandes cidades do Ocidente. Este fenómeno também é consequência, directa e inevitável, do enriquecimento dos já muito ricos. Há uma classe que tem ganho muito com estas políticas de «quantitative easing». E, ainda por cima, tem ganho com os confinamentos desde Março de 2020. A situação de ruína para os pequenos comércios e industrias, gera uma situação de monopólio de facto, para as grandes superfícies e para as grandes empresas «on-line». São os mais ricos, nas várias sociedades que são os maiores detentores privados de acções cotadas em bolsa. Sabem que o jogo tem um fim, e têm vendido nos picos de especulação bolsista, para se retirarem logo, sendo esse dinheiro imediatamente investido em imobiliário de luxo, obras de arte, objectos de colecção, barras de ouro, etc. Eles sabem que - no longo prazo - quando esta crise tiver passado, tais bens não financeiros terão, no mínimo, conservado o valor (em termos reais). 

Quanto ao valor do dinheiro que nós usamos, é completamente cilindrado. A operação já começou:

- primeiro, é destruído o seu valor real, a capacidade aquisitiva destas divisas: A operação em curso, com impressão monetária não-stop, pelos principais bancos centrais ocidentais.

- depois, é digitalizado - de modo total e legal: O dinheiro-papel deixa de estar em circulação. Os juros dos depósitos das contas (a prazo ou à ordem) serão muito negativos, os depositantes farão tudo para gastar esse dinheiro depositado, antes que ele perca mais valor.

- em paralelo com a digitalização a 100% das transacções, vai surgir uma unidade monetária digital, gerida pelos bancos centrais, usando a tecnologia «block-chain». O sistema será análogo ao Bitcoin, mas com a diferença de que este é totalmente descentralizado e as moedas digitais dos bancos centrais serão totalmente centralizadas (e controladas).

- a economia real, dos bens e serviços, vai ficar ainda mais centralizada do que já está: Vai ser praticamente impossível as pessoas comuns adquirirem um apartamento, ou um carro. A sua vida terá de organizar-se de um modo diferente de hoje. É isso, basicamente, o que significa o lema de Klaus Schawb, «Não possuirás nada e serás feliz»...

- a instauração do Rendimento Mínimo Universal ou Incondicional, que todas as pessoas irão receber apenas por existirem, terá como consequência imediata que o custo do trabalho irá descer para os patrões, a níveis inconcebíveis hoje em dia. Os patrões apenas terão de pagar «uns tostões», para obterem a «escravização voluntária» dos que queiram viver um pouco acima do nível de subsistência. Aliás, já se pode observar o agravamento da exploração, nos países «ricos» do Ocidente, como no Terceiro Mundo.

Em conclusão: Se as pessoas não abrem os olhos, se não reagem individual e colectivamente, serão escravas; os seus filhos e netos, também. Será muito difícil haver uma rebelião, será mais difícil lutar de quaisquer formas e métodos, porque as pessoas ficaram sem direitos na prática, sem meios de defesa. 

Se os projectos da oligarquia e do seu «Great Reset» continuarem a avançar como planificado, pode-se dizer adeus à liberdade, democracia, ou ao Estado de Direito ... Ou, então, o significado destas palavras será convertido em «novi-língua» orwelliana, como já fazem com o «passaporte de imunidade**», certificando que se tomou a vacina anti-Covid. Agora, chamam a isso «passaporte da liberdade»; a esse instrumento de escravização e controlo! 

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*Húbris: palavra de origem grega, que significa embriaguez do vencedor, que tudo se julga permitido.

** Leia o excelente artigo do Prof. Anthony Hall AQUI