Manuel Banet, ele próprio

Reflexão pessoal, com ênfase na criação e crítica

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quinta-feira, 13 de março de 2025

UM PORTUGAL DESCONHECIDO, NO CENTRO E NORTE

"Place, Purpose & Forests of Fire | Off-Grid Living in Central Portugal | Primal: Chapter 1"

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 Esta reportagem descreve a vida simples e plena de uma súbdita britânica, que escolheu viver na autonomia e na verdade duma vida mergulhada na natureza. Mas não pensem que ela «romantiza» as suas condições concretas de sobrevivência. Com efeito, vêem-se painéis fotovoltaícos para gerar eletricidade; a casa está bem reconstruída e deve ser confortável no inverno e nas outras estações. Ela sabe tirar proveito da natureza e da ciência agrícola e doutras, que lhe traz a nossa época. 
Esta Senhora, como outras pessoas, nem sempre «eremitas», veio desenvolver o seu projeto de vida natural, autossustentada, em distritos do interior Centro e Norte de Portugal. 
Algumas «neo-colonizações» agrupam várias famílias em aldeias, que foram habitadas durante séculos e que acabaram por morrer com o desaparecimento dos seus últimos habitantes autóctones. 
Assim seja: é bem melhor que estas aldeias renasçam, graças à inteligente e ecológica escolha de estrangeiros (holandeses, alemães, britânicos, etc), do que serem abandonadas ao deserto «verde» (de eucalíptos) ou acaparadas para projetos de agricultura comercial, usando as técnicas agressivas do agronegócio. 

Desde há muito tempo que tenho chamado a atenção para a existência dum enorme potencial nas zonas rurais portuguesas, incluindo as despovoadas pela emigração massiva e continuada. Muitas zonas são óptimas para cultivo (com as técnicas adequadas) de produtos de elevada qualidade, sem haver recurso a técnicas agressoras do ambiente (adubos sintéticos, herbicidas, inseticidas  e fungicidas, a culturas exóticas ou de alto rendimento, etc). 

Os produtos obtidos, não apenas podem satisfazer as necessidades das comunidades recém-instaladas, como podem ser exportados para outros países, nomeadamente, para o Norte da Europa, onde a sua qualidade é devidamente apreciada. 

A juventude portuguesa, salvo raras e honrosas exceções, prefere ainda manter-se na órbita dos empregos urbanos, agarrada ao paradigma de «promoção social» que tem vigorado desde há duas ou mais gerações atrás. 

Talvez um dia descubram o enorme potencial que lhes deixaram os seus avós; assim o espero!

Posted by Manuel Baptista at 13.3.25 Sem comentários:
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Labels: agricultura sustentável, agronegócio, centro e norte de Portugal, floresta, ligação com natureza

sexta-feira, 23 de julho de 2021

UNFSS: AGRICULTURA NA AGENDA DAS NAÇÕES UNIDAS ... E DAS GRANDES CORPORAÇÕES

A Cimeira da ONU sobre Sistemas Agroalimentares [UN Food Systems Summit (UNFSS)] em fase preparatória, anuncia-se preocupante.

Citando Colin Todhunter*,«segundo a CSM**, aqueles a quem tem sido conferido o papel de pilares na conferência de UNFSS, são os apoiantes de sistemas alimentares que promovem os alimentos ultra- processados, a desflorestação, a criação industrial do gado, o uso intensivo de pesticidas e as monoculturas de exportação. Estes, no seu conjunto, são processos que causam a deterioração dos solos, a contaminação das águas e impactos irreversíveis na biodiversidade e na saúde humana.

          

O sistema de alimentos industriais que estas corporações promovem nem sequer alimenta o mundo, apesar das mesmas corporações se vangloriarem disso. Por exemplo, o Relatório da ONU para 2021 sobre o Estado da Segurança Alimentar e Nutrição indica que o número de pessoas cronicamente subnutridas aumentou para 811 milhões, enquanto um terço da população mundial não tem acesso a uma alimentação adequada. Além disso, o Sul Global está ainda a sofrer com a Covid-19 e as políticas relacionadas com esta, que puseram a nu a fragilidade e as injustiças inerentes ao corrente sistema de alimentos.

Aqueles que mais contribuem para a segurança mundial alimentar, os pequenos produtores, são os mais ameaçados e afetados pelas corporações, que concentram terras, sementes, recursos naturais e financiamentos, assim como pela privatização da propriedade comunal e pública.
E estes processos estão em aceleração: os conglomerados de alta tecnologia/data, incluindo Amazon, Microsoft, Facebook e Google, uniram-se aos gigantes tradicionais do agro negócio para impor um padrão único de agricultura e de produção de alimentos ao nível mundial. A digitalização, AI (inteligência artificial) e outras tecnologias, estão servindo como auxiliares para promover a nova vaga de apropriação dos recursos e sistemas produtores de alimentos, com vista a uma total concentração do poder.»
[Ler artigo na íntegra AQUI]

----------------------

(*) https://www.globalresearch.ca/mobilising-against-corporate-hijack-agriculture-un-food-systems-summit/5750587

(**) Civil Society and Indigenous Peoples’ Mechanism
Ver apelo da CSM: https://www.csm4cfs.org/call-action-mobilization-challenge-un-food-systems-summit-re-claim-peoples-sovereignty-food-systems/
Posted by Manuel Baptista at 23.7.21 1 comentário:
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Labels: Agroindústria, agronegócio, Amazon, Colin Todhunter, CSM, digitalização, Google, Microsoft, ONU, sistemas agrícolas, UN Food Systemas Summit, UNFSS

terça-feira, 3 de setembro de 2019

Amazónia: os incendiários gritam «há fogo!»


Manlio Dinucci – A Arte da Guerra
 
               


Para ver os incêndios em todo o planeta, via satélite, clicar em https://firms.modaps.eosdis.nasa.gov/map/#z:3;c:0.0,0.0;d:2019-09-01..2019-09-02

Perante a propagação dos incêndios na Amazónia, a Cimeira do G7 mudou a sua agenda para ‘enfrentar a emergência’. Os Sete – França, Alemanha, Grã-Bretanha, Itália, Japão, Canadá e Estados Unidos – assumiram, juntamente com a União Europeia, o papel de Corpo de Bombeiros planetário.
O Presidente Macron, como bombeiro chefe, lançou o alarme “a nossa casa está a arder”. O Presidente Trump prometeu o máximo empenho dos EUA no trabalho de extinção.
Os holofotes da comunicação mediática concentram-se nos incêndios no Brasil, deixando todo o resto na sombra. Primeiro de tudo, o facto de que está a ser destruída não só a floresta amazónica (dois terços da área são do Brasil), reduzida quase 10 mil km2 por ano em 2010-2015, mas também a floresta tropical da África equatorial e a floresta meridional e oriental da Ásia. As florestas tropicais perderam, em média, a cada ano, uma área equivalente à área total do Piemonte, Lombardia e Veneto.
Embora as condições sejam diferentes de área para área, a causa fundamental é a mesma: a exploração intensiva e destrutiva dos recursos naturais para obter o máximo lucro.
Na Amazónia, abatem-se árvores para obter madeira valiosa destinada à exportação. A floresta residual é queimada para usar essas áreas para culturas e agricultura intensiva também destinadas à exportação. Esses terrenos muito frágeis, uma vez degradados, são abandonados e, portanto, são desarborizadas novas áreas. O mesmo método destrutivo é adoptado, provocando graves danos ambientais, para explorar os depósitos amazónicos de ouro, diamantes, bauxite, zinco, manganês, ferro, petróleo e carvão. Também contribui para a destruição da floresta amazónica, a construção de enormes bacias hidroeléctricas, destinadas a fornecer energia para as actividades industriais.
A exploração intensiva e destrutiva da Amazónia é praticada por empresas brasileiras, fundamentalmente controladas – por meio de participações, mecanismos financeiros e redes comerciais – pelos principais grupos multinacionais e financeiros do G7 e de outros países.
Ø Por exemplo, a JBS, proprietária de 35 fábricas de processamento de carne no Brasil, onde 80 mil bovinos são abatidos por dia, possui filiais importantes nos EUA, Canadá e Austrália e é amplamente controlada através de parcelas de dívida dos credores: JP Morgan (EUA), Barclays (GB) e os grupos financeiros da Volkswagen e da Daimler (Alemanha).
Ø A Marfrig, em segundo lugar depois da JBS, pertence 93% a investidores americanos, franceses, italianos e outros investidores europeus e norte-americanos.
Ø A Noruega, que hoje ameaça retaliação económica contra o Brasil pela destruição da Amazónia, provoca na mesma Amazónia, graves danos ambientais e sanitários através do seu grupo multinacional Hydro (metade do qual é propriedade do Estado norueguês), que explora as jazidas de bauxite para a produção de alumínio, tanto que foi colocado sob investigação no Brasil.
Os governos do G7 e outros, que hoje criticam formalmente o Presidente brasileiro Bolsonaro, para limpar a consciência perante a reacção do público, são os mesmos que favoreceram a sua ascensão ao poder, para que as suas multinacionais e os seus grupos financeiros tivessem as mãos ainda mais livres, na exploração da Amazónia.
A ser atacadas estão, sobretudo, as comunidades indígenas, em cujos territórios se concentram as actividades de desflorestação ilegal. Sob os olhos de Tereza Cristina, Ministra da Agricultura de Bolsonaro, cuja família de latifundiários tem uma longa história de ocupação fraudulenta e violenta, das terras das comunidades indígenas.


il manifesto, 3 de Setembro de 2019

Manlio Dinucci Geógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017;Diario di guerra Asterios Editores2018; Premio internazionale per l’analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Posted by Manuel Baptista at 3.9.19 Sem comentários:
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Labels: agronegócio, Amazónia, Bolsonaro, Brasil, floresta tropical-equatorial, G7, incêndios, latifúndio, Manlio Dinucci
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