sexta-feira, 15 de outubro de 2021

A NATO ESPECIALIZA-SE EM «GUERRA COGNITIVA»

Um documento causando calafrios, mostra como questões militares contemporâneas atingiram o estádio de pesadelo distópico, um cenário que outrora costumávamos atribuir à ficção científica.

                    


Uma importante notícia produzida pelo site GrayZone , por Ben Norton, explica o que significa esta guerra contra os nossos cérebros, pela posse totalitária das nossas mentes. Se algumas pessoas ainda julgam que, no «Ocidente», há direitos humanos, respeito pelo indivíduo, elas que se informem melhor, rapidamente.

Com efeito, estes esforços não são assim tão marginais, nem tão secretos. Há toda uma hierarquia e toda uma cadeia de comando envolvidas. Além disso, os decisores políticos, governos e os vários grupos de deputados (a componente «política» da NATO) estão ao corrente e, provavelmente, de acordo. Se não fazem ondas é porque concordam, ou porque são demasiado cobardes para levantar a voz. 

Mais uma vez, quanto aos «nossos representantes» estamos conversados. 

Como a reportagem é em inglês, assaz longa e possui várias fotos e vídeos fundamentais para se compreender o todo, deixo aqui o link:

«A NATO está por detrás da guerra cognitiva»

Traduzi esta passagem, que me pareceu muito esclarecedora :

“A natureza da ação militar mudou" sublinha o relatório. “A maioria dos conflitos em curso permanece abaixo do limiar tradicionalmente aceite como definindo operações de guerra, mas as novas formas de beligerância emergiram, tais como a Guerra Cognitiva (GC), sendo a mente humana agora considerada um novo domínio da guerra."

Para a NATO, a investigação sobre guerra cognitiva não é apenas defensiva, é igualmente ofensiva.

“O desenvolvimento de meios que afetem as capacidades cognitivas dos oponentes vai ser uma necessidade,” menciona claramente ao relatório de Du Cluzel. “Por outras palavras, a NATO vai precisar de ter meios para salvaguardar o seu processo de tomada de decisão e de sabotar o do adversário.”

Qualquer um pode ser o alvo destas operações de guerra cognitiva: “Qualquer utilizador das modernas tecnologias de informação é um alvo potencial. Isto tem como campo de aplicação a totalidade do capital humano de uma nação.”  acrescenta o relatório, de forma descarada.

“Tal como a potencial execução duma guerra cognitiva poderá complementar um conflito militar, pode também ser conduzida por si só, sem qualquer conexão com envolvimento de forças armadas,” avança o estudo. “Além disto, a guerra cognitiva, potencialmente, não tem fim, visto que não pode haver tratado de paz ou de rendição para este tipo de conflito.”

Assim como este novo modo de combate não tem limites geográficos, também não tem limites temporais: “Este campo de batalha é global e ocorre na Internet. Sem princípio nem fim, a sua ofensiva não conhece pausas, sendo pontuada pelas notificações dos nossos telemóveis, em qualquer lado, 24 horas por dia, 7 dias na semana»

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Comentário de MB:

Este documento é de importância capital, pois revela o estado de espírito, a mentalidade "globo-cap" (expressão de CJ Hopkins), a sua húbris também, enfim tudo o que há de mais contrário a uma civilização pacífica, respeitadora dos direitos humanos, desejosa de preservar os valores democráticos. 

Depois da leitura de tais documentos e de reveladas muitas das operações encobertas efetuadas pelas organizações de âmbito militar e/ou de inteligência (espionagem) dos países integrando a NATO,  é impossível dar qualquer crédito a partidos atlantistas, por mais «democráticos» que se (auto) apregoem. Também é impossível ignorar a conivência de partidos ditos «esquerdistas», «comunistas», ou «verdes», que se calam, para continuar a fazer o seu jogo; o de distrair as massas com questões perfeitamente inócuas, ocultado o essencial, que é o avanço do totalitarismo.

Oiça! Listen!


quinta-feira, 14 de outubro de 2021

MÚLTIPLAS CAUSAS PARA UM EFEITO


NOTA PRÉVIA: Não sou adepto de indústria e transportes baseados em combustíveis fósseis. Estes combustíveis são responsáveis por imensos danos ambientais, a começar pelos locais de onde são extraídos e a acabar nos pulmões dos citadinos, que povoam as cidades, fortemente dependentes destes combustíveis e cujo ar é de fraca qualidade.

1- Porém, a escassez de combustíveis fósseis desde o carvão, com particular incidência na China*, até ao petróleo e a gasolina utilizados para aquecimento, transportes individuais e, sobretudo, para transportes de mercadorias, passando pelo gás natural, cuja escassezafeta gravemente a rentabilidade de muitas empresas, especialmente na Alemanha, está correlacionada com os lockdowns longos, que causaram interrupções na extração dos referidos combustíveis e uma paragem nos esforços de prospeção. Pontualmente, houve o absurdo preço negativo dos contratos de futuros de barris de petróleo, consequência de um excesso momentâneo da oferta de petróleo no mercado mundial, na primavera do ano passado. Mas, aquando do retomar das atividades económicas diversas, o consumo de energia, em particular da energia elétrica, disparou. Os preços também dispararam, pois a produção tinha ficado parcialmente emperrada ou, pelo menos, incapaz de fazer face a tais oscilações do consumo, nada normais ou habituais. 

2- A frenética campanha do «tudo elétrico» (carros movidos a baterias elétricas que, por sinal, têm uma pegada ecológica superior aos carros movidos a gasolina), pode enriquecer Elon Musk e dar uma certa euforia aos acionistas da Tesla mas, no cômputo geral, a caminhada para uma energia «renovável», capaz de se bastar a si própria e proporcionar uma satisfação das necessidades de consumo dos cidadãos e das indústrias, está longe de ter chegado ao momento, não de fruição, mas somente de se ver, por fim, a luz ao fundo do túnel. 

Com efeito, os planos absolutamente voluntaristas dos dirigentes mundiais e suas promessas de eliminação de emissões de CO2, oriundas dos combustíveis fósseis, são apenas promessas, feitas para mostrar empenho aos verdes eleitores ("verdes", no sentido de imaturos). Na realidade, precisamos de todas as formas de obtenção de energia, conquanto as possamos gradualmente sujeitar à substituição faseada e não brusca, conquanto tenhamos em conta que também a energia nuclear, por mais riscos potenciais que se lhe possam atribuir, tem que fazer parte da equação, se quisermos manter os confortos a que nos habituámos, no Ocidente.

Com efeito, os ecologistas políticos, com um coração grande (talvez), mas com pouco discernimento, têm feito um grande barulho em torno do «efeito de estufa», supostamente causado pelas emissões humanas**. Têm pressionado os governos para tomar medidas drásticas. Estes, por sua vez, ficam encantados pela oportunidade para mais regulações e impostos, com aceitação, ou mesmo, aprovação dos eleitores. 

3- Obviamente, a escassez leva ao encarecimento dos produtos, sejam matérias-primas industriais, cuja extração supõe consumo importante de energia, seja de bens alimentares, também fortemente dependentes de energia, sobretudo nos países exportadores e nas estufas (vejam o caso paradigmático das estufas holandesas). Um aumento nos preços finais teria de se verificar. 

Deu-se a conjugação seguinte para uma «tempestade perfeita»: a) Desorganização no ponto de origem - fabrico, extração ou cultivo. b) Desorganização do transporte (ex: transportes marítimos num caos nos portos da China, transportes rodoviários com sérias deficiências, em Inglaterra) e, finalmente, c) A renovada apetência de consumo dos cidadãos, depois de prolongadas e artificiais paragens, causadas pelos «lockdowns». 

4- Agora, querem fazer-nos crer que a subida da inflação é transitória. Pois bem; o que eu vejo, é que existem várias causas envolvidas nesta subida dos preços. Muitas pessoas pensam em termos lineares, mas a realidade não é assim; a realidade é formada de causas e efeitos imbrincados, de grande complexidade e com variação no tempo. O mundo é caótico, pela sua própria natureza; o Homem apenas o torna um pouco mais, apenas fabrica situações suplementares, ou acentua as existentes. 

5- Por que motivos os preços continuarão a subir?

- A energia subiu e não vai descer, de modo significativo: O mundo ainda depende, numa enormíssima percentagem, das energias fósseis; estas estão a atingir, ou já atingiram, o famoso «pico de Hubbert». Os preços não podem descer; escasseia a oferta e a procura também não desce, pelo menos, ao nível global.

- Os impostos sobre o consumo, apresentados como «taxas carbono», significam que os cidadãos terão maior carga de impostos. Significa também, que terão menos dinheiro disponível, a rentabilidade das empresas será menor. Tudo isto é antieconómico, irá traduzir-se em escassez, artificialmente causada pela mão pesada do Estado. Isto resume-se à gula dos políticos; sabendo eles que a «moda é o verde», pensaram que isso os beneficiaria eleitoralmente. Também vão carregando a nota das regulamentações, causadoras de maiores custos, repercutidos pelas empresas nos preços ao consumidor. 

- A escassez de mão-de-obra, em certos sectores-chave, só será suprida se houver acréscimo substancial dos salários. Parece-me pouco provável isso acontecer, no curto prazo. O que vai haver é uma estagnação-inflação, que os anglo-saxónicos chamam «stagflation». Será muito dura: os trabalhadores terão falta de trabalho, quando há aumento do custo de vida, quando têm menos entradas de dinheiro para o seu sustento. 

- Finalmente, a contínua impressão monetária, sem fim à vista, apesar de anúncios de «abrandamento», pelos dirigentes da FED. Com efeito, a subida dos juros da dívida pública, sabendo nós que a dívida pública anda em torno de 140 % do PIB, para muitos países do chamado «1º Mundo», vai tornar absolutamente impossível a paragem da impressão monetária, do «quantative easing». No momento em que houvesse tal paragem, a subida brusca dos juros das obrigações estatais levaria os Estados diretamente à falência, por falta de capacidade de pagamento de juros de obrigações, por eles emitidas. Sendo este o cenário que todos querem evitar, a espiral inflacionária vai continuar e acentuar-se, com o risco de se transformar em hiperinflação.


Gráficos com comentários de Charles Hugh Smith

É muito simples, se há triliões que são impressos, em face duma produção de bens materiais constante - no melhor dos casos - haverá maior número de unidades monetárias, para um mesmo número de produtos. O preço destes tem de aumentar, pela própria «lei da oferta e da procura».  

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A situação tornou-se tão dramática, que a China teve de reverter seu embargo de importação de carvão australiano, apesar de estar de candeias às avessas com a Austrália, por esta ter sugerido uma comissão de inquérito internacional às atividades do Instituto de virologia de Wuhan. Esta atitude desencadeou a retaliação por parte da China, banindo a importação, desde a lagosta até ao carvão australianos. 

** Uma realidade não tão nítidapara mim, que me tenho debruçado seriamente sobre o assunto (desde os anos noventa do século passado!)



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PS1 (15-10-2021): Se não tens grande confiança na minha palavra, compreendo, sou apenas um «Zé Ninguém»! Mas - ao menos - tem em consideração o artigo que Jim Rickards acaba de publicar: «The Revenge Of The Fossil Fuels», que vai totalmente ao encontro daquilo que escrevi acima.

PS2 (17-10-2021) - Um artigo que explica as causas da crise de escassez global (com tendência a agravar-se), tanto nas matérias-primas como nos produtos acabados: https://www.rt.com/op-ed/537664-supply-chains-shortage-crisis/

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

DISCURSO DA OVELHA NEGRA ÀS DO REBANHO, RUMINANDO

 

Bem vos dizia - para quem me quis ouvir - esta crise do COVID foi pretexto para fazer passar, sem grandes ondas, o pior recuo em termos sociais e ambientais, desde o fim da IIª Guerra Mundial: refiro-me ao chamado «Great Reset», que não é mais do que apropriação pela oligarquia mundial (os muito ricos Jeff Bezos, Bill Gates, Georg Soros, «e tutti quanti») dos recursos do planeta, com o controlo dos poderosos meios tecnológicos, assim como da finança. 

Para quem tenha dúvidas, é possível consultar on-line os escritos seguintes:

  THE GREAT NEW NORMAL PURGE (CJ Hopkins)

A GRANDE CONJURA CRIMINOSA DA «POLÍTICA ZERO CARBONO»

Um tal golpe totalitário, com o açambarcamento do poder económico e político, é uma operação arriscada, para eles também, para os que o levam a cabo: Foi necessário criarem uma campanha com efeito neutralizador, tarefa a cargo do  WEF. Mas sobretudo, foi necessário neutralizar depois de tomar por dentro, as organizações multilaterais, inicialmente plataformas onde havia possibilidade de se exprimirem vários pontos de vista, com influência de países importantes, mesmo daqueles que rejeitavam o programa da «cabala». A ONU, e as agências sob sua tutela, tornaram-se - elas próprias - tuteladas pelo grande capital, através de doações «generosas» de multinacionais farmacêuticas e de fundações de bilionários, que atualmente perfazem mais da metade do orçamento da OMS (uma agência da ONU). 

A campanha do COVID é apenas um balão de ensaio, como eu já tinha avisado. O objetivo é muito mais ambicioso e destina-se a por em marcha a sociedade considerada «ideal» pelos multibilionários. Uma sociedade em que os «úteis» (os corpos repressivos, polícias, exércitos formados por mercenários, certos empregos de difícil substituição pelos robots) serão mantidos ao serviço dos muito ricos. Os «inúteis», esses serão entretidos em pseudo- empregos, reduzidos ao estatuto de «Untermenschen», através de vários processos. Sobretudo, os que não forem «elite», terão recebido certa carga vacinal, cujo efeito na fertilidade (tanto masculina, como feminina) será uma redução, no mínimo, em 30-40%. Não ficarão extintos os Homo sapiens de tipo comum, mas a sua redução será suficiente para satisfazer os critérios eugenistas e malthusianos (que já vêm do Clube de Roma, dos anos 70 e de mais atrás). Os mais dóceis e com vontade de servir os novos senhores serão «felizes e não possuirão nada». 

Sei que vão considerar-me «conspiracionista» ou algo do género: é que o processo de lavagem ao cérebro das pessoas está muito avançado. O medo é o principal ingrediente dos poderes totalitários. É com ele que levam as pessoas mais inseguras a «aderir» a uma «Nova Normalidade». O maior pavor que possuem, é serem vistas «fora do rebanho». Mas eu, e outras pessoas como eu, andamos fora do rebanho há tanto tempo, já nos habituámos aos risos nervosos, aos remoques, os olhares de esguelha, da confraria cornuda e lanígera. Elas gostam de se colocar, muito arrumadinhas em fila indiana, à espera de receber a sua dose de «soma*» ou a «pica-milagre» que vos irá abrir o «céu», literalmente (acesso às viagens de avião) e também, metaforicamente: Ireis para o céu, irmãos e irmãs, o Reino dos Céus vos pertence - aos pequeninos de corpo e de entendimento - disse-o Cristo!


A enésima traição da «esquerda» a do lado de lá do Atlântico como a do lado de cá, está consumada, consumadíssima.  Veja-se entre muitos exemplos, um artigo da Newsweek, a propósito da «esquerda americana» e sua denúncia dos movimentos grevistas contra a obrigatoriedade da vacinação anti-COVID,  mostra que a vocação de certa esquerda (de praticamente toda a esquerda?) é «enganar-se» de alvo e conseguindo passar «entre os pingos da chuva, sem se molhar». 

Não tenho vocação para «resgatar» almas, sejam quais forem as suas etiquetas partidárias e o seu grau de arrependimento. Se estais arrependidos, tereis de mostrá-lo por obras, não apenas «de boca», que compreendeis a profundidade do erro em que estiveste metido/a. Mas, não vejo muito bem como é que as pessoas, que toda a vida se deixaram levar na euforia de «aderir a algo», de caminhar dentro do rebanho, de repente, fiquem autocríticas e lúcidas. Talvez possa acontecer em consequência de choque emocional forte. Porém, nestes casos, muita gente entra em depressão profunda, num estado de stress pós-traumático, sem possibilidade de recuperação. 

Se o leitor me tem seguido, sabe que não adiro a nada, apenas me limito a manter os princípios da «decência comum». Isto leva-me a ter compaixão verdadeira pelos meus semelhantes. O meu desejo de servir os outros é sincero: Por isso, escrevo o que escrevo, não para me tornar uma celebridade. Aliás, eu quero continuar assim: «Aurea mediocritas

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* «soma»: Uma referência ao romance de Aldous Huxley, «O Admirável Mundo Novo», em que os indivíduos eram escravos felizes, sob o efeito da soma, ou «droga do prazer».

domingo, 10 de outubro de 2021

COMO AVALIAR UM TEXTO INFORMATIVO

Sendo eu formado na «escola das ciências», estou naturalmente levado a apreciar os textos informativos que se colocam numa postura de objetividade, de descrição não enviesada, de evacuação da componente subjetiva.
Note-se que isto não se aplica a quaisquer textos de índole literária sejam eles em prosa ou verso, sejam eles ou não ficções. O que me ocupa aqui, são textos que se colocam - eles próprios - na postura de «informar objetivamente».
O autor de um texto, ao escrever algo, deve selecionar, não apenas os factos que decidiu relatar, como a forma como os apresenta. Isto, nunca pode ser um procedimento inteiramente «objetivo». Porém, o esforço de objetividade consiste, neste caso, em não distorcer a apresentação dos factos, em não tentar enquadrá-los na perspetiva da visão pessoal das coisas e do mundo.
Este modo de proceder, esta ética da transmissão de informação, está ausente no universo mediático contemporâneo. Os jornalistas de hoje, frequentemente, assumem-se como propagandistas ou defensores - encapotados ou abertos - duma dada visão das coisas, duma certa forma de interpretar a realidade.
Nós estamos constantemente a ter o nosso cérebro invadido por conteúdos ditos «informativos» [seja de televisão, rádio, vídeos da Internet, ou ainda noutros suportes visuais e auditivos], todos eles - essencialmente - para serem consumidos no momento em que os lemos, ouvimos ou visualizamos. Um artigo dum magazine, dum jornal em papel, a página dum livro, podem estar disponíveis para segunda e terceira leituras; nestes casos, pode o leitor debruçar-se, numa diferente ocasião, com atenção crítica sobre estes suportes de informação, se assim o desejar.
Mas, as nossas armas de defesa, enquanto consumidores de informação, são débeis e facilmente torpedeadas pelos dispositivos mediáticos apontados ao verdadeiro alvo, que nós somos. Mais precisamente, ao nosso cérebro, ao nosso entendimento e, sobretudo, às nossas emoções: Estamos perante uma guerra não-declarada contra nós, cidadãos/súbditos. Os instrumentos mais relevantes são as «armas cerebrais de destruição maciça», que constituem o «arsenal» do universo mediático contemporâneo.
Pode-se ter isto em consideração, sem se entrar em paranoia, sem rejeitar liminarmente tudo o que seja proveniente dos media, sejam eles dos grandes conglomerados, sejam eles ditos «alternativos». Com efeito, esta distinção tem mais relação com o alcance que determinado médium tem, com a audiência que ele consegue captar, do que com real diferença qualitativa.
Em vez de nos encerrarmos numa «jaula mental» suplementar, além daquelas onde os «jornalistas» nos tentam enjaular, temos de nos firmar em longa e tenaz aprendizagem das coisas reais, da ciência em geral, como metodologia do conhecimento e das ciências biológicas, históricas, sociológicas e psicológicas em particular.
A nossa atitude perante a ciência, não deve ser reverencial, antes pelo contrário. Deve estar-se sempre disponível para olhar criticamente aquilo que nesta ou naquela ciência nos é apresentado como evidência para suportar esta ou aquela teoria. Deve-se ter a abertura para considerar que discursos heterodoxos em ciência, são não apenas «normais», como muitas vezes portadores de ideias fecundantes, de progresso no conteúdo dessa disciplina. A ideia de «consenso científico» como critério de verdade foi já por mim denunciada aqui, neste blogue.
Porém, isto não chega. Teremos de ser cada vez mais críticos sobre a informação que recebemos, porque a manipulação dos media, em geral, tem subido exponencialmente. Isto pode induzir um incauto a julgar que a informação tem aumentado exponencialmente, mas - realmente - não é assim; o que aumenta exponencialmente, é a produção de textos, que se dizem informativos, e cuja qualidade se vai abaixando, na proporção direta da sua abundância.
Submersos em lixo informativo, sabemos que muitas coisas, que realmente teriam interesse para nós, se perdem como «agulha num palheiro». Ou pior ainda, pois os motores de busca, na Internet, estão finamente programados com algoritmos que selecionam consoante a «relevância», artigos e textos. Essa relevância é apenas fabricada, é um artefacto escondido do utilizador. Não se deveria ser um utilizador ingénuo da Internet. Temos de estar conscientes que, numa busca, o próprio motor de busca, não é «neutro», está intervindo na seleção que apresenta do que vamos ler.
Além das dificuldades de avaliação própria, sobre qualquer tipo de informação, surge uma nova perversão, ainda pior. As notícias e as opiniões, nas redes sociais frequentadas pelo grande público, são sujeitas à pseudo solução da censura on-line, uma censura anónima e sem apelo, conhecida pelo termo orwelliano de «fact-checking».
Nós e somente nós próprios, é que devemos ser juízes da informação que recebemos; apenas nós temos de a hierarquizar, de acordo com nossos critérios. É certo que temos todos, embora em variado grau, instrumentos mentais, quer empíricos (decorrentes da experiência vivida), quer de conhecimento adquirido pelo contacto com as ciências.
Portanto, tal como noutros domínios da vida (psicologia e sociologia), trata-se de fazer uma escolha entre autonomia e dependência, emancipação e escravidão, postura de adultos ou de criancinhas, ou de adolescentes: O que se traduz no vocábulo empoderamento, e resume-se na tomada de responsabilidade pelo nosso corpo, a nossa mente, a nossa ação em sociedade.
Será então esta procura de autonomia na base ou na raiz do comportamento da preservação individual e coletiva, face à ameaça dos novos totalitarismos, ou dos que já se instalaram. Os nossos critérios na procura, triagem, seleção e valoração da informação, devem naturalmente obedecer ao mesmo princípio.
Note-se que este princípio é de aplicação geral, válido para qualquer pessoa; porém, o modo como ele é posto em prática é - pela sua própria definição - sempre algo de muito pessoal. É, portanto, antitético de quaisquer ditaduras.

sábado, 9 de outubro de 2021

O HOMEM HOMÉRICO

 
 
Raras vezes tive tanto prazer em ouvir um diálogo desta natureza, literária e filosófica, como aquele que aqui deixo à vossa consideração. Sylvain Tesson despertou a minha curiosidade: Vou procurar os poemas épicos de Homero e lê-los numa boa tradução. Parece-me tão acertado ler Homero agora, como em qualquer outra época; a humanidade que ele descreve é a mesma, são as mesmas paixões, a mesma húbris, as mesmas racionalidades, os mesmos individualismos, os mesmos coletivismos.

terça-feira, 5 de outubro de 2021

JOHN LEE HOOKER: «BOOM BOOM»


 Uma atuação ao vivo duma das maiores lendas dos blues. Ele exerceu uma influência decisiva, não apenas na tradição negra americana dos blues, como da cena rock da época. 
Os Animals, por exemplo, retomaram esta canção. Mas, também outros grupos de rock-pop se inspiraram de John Lee Hooker, os Rolling Stones, os Doors, Eric Clapton, etc. a lista completa seria bastante longa. 
Basta dizer que qualquer banda de pop-rock nos anos 60 (de ambos os lados do Atlântico), tinha influências dos blues negros americanos, não só de John Lee Hooker, como de Muddy Waters e de muitos outros. 

Post-scriptum: Quando penso em toda a saga do rock nos anos 60,  da intrusão da música negra, desde os blues, ao Rythm & Blues, ao Rock and Roll (com Chuck Berry, Little Richard e outros músicos negros nos anos 50) e ao Jazz, em todas as manifestações de música popular, tenho a certeza que a apropriação pelos músicos «brancos», daquilo que era identificado como «música de negros», foi uma genuína manifestação de antirracismo, nos anos 60, na minha geração. Os músicos deixaram de pensar em termos de «música de negros, para negros» ou «de brancos, para brancos». Em consequência disto, muito público «de todas as cores» aderiu aos estilos musicais e às danças então em voga. 
O «wokismo» é um empobrecimento: As pessoas deixarem-se encerrar em categorias mentais estruturadas em torno de conceitos «comunitaristas» da cultura.