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terça-feira, 30 de abril de 2024

Robert Johnson LOVE IN VAIN

 


A simplicidade desta composição de Robert Johnson desafia as épocas e as modas. Tanto ao nível melódico como harmónico e a própria letra, são bastante fortes. Diria até  que impregnam nosso subconsciente com grande facilidade.

Os músicos de blues que retomaram este trecho de autoria de Robert Johnson, são inumeráveis: Aqui, uma versão por Keb' Mo'. 

Porém, no Youtube, também há imensas versões por grupos pop-rock. São bem conhecidas as dos Rolling Stones: Existem várias gravações ao vivo da canção. Também os Faces fizeram uma gravação da mesma canção.


sexta-feira, 5 de maio de 2023

NOBODY KNOWS YOU WHEN YOU DOWN AND OUT (OTIS REDDING)

Este blues foi primeiro cantado por Bessie Smith e, depois, por muitos dos grandes da música popular negra nos EUA (Sam Cooke, Otis Redding, etc) .

Dedico esta canção aos colegas de há 60 anos: Rapazes e raparigas, dançávamos ao som destas músicas, às vezes sem compreender o sentido profundo das letras.  Mas, afinal, elas faziam parte do espírito da época. 

Eu não esqueci nunca. E vocês?




NOBODY KNOWS YOU WHEN YOU DOWN AND OUT (OTIS REDDING)

Once I lived the life of a millionaire

People spending my money Lord, and I just didn't care, now lord Takin' my friend out, tryin' to have a good time They drank that strong bootleg liquor And that good old champagne and wine Well, lord, just as soon as my money got so low I couldn't find my friends, lord And I just didn't have no place to go now, no no But if I ever And if I ever get my hands on them green dollars again, yeah I'm gonna hold on 'til that big eagle grin, lord now I'm trying to tell y'all that nobody wants you People, nobody wants you, no When you're down and out, now-now lord Because in your pocket, no, there is not one penny And all of them so-called friends I'm trying to tell, y'all that you haven't got any but, yeah And just as soon as you get back on your feet again People, I'm tryin' to tell you that here they come Tellin' you all, they're your long lost friend Oh, but I'm tryin' to tell everybody, lord, without a doubt That nobody wants you Nobody wants you, no, no Nobody wants you, no Nobody needs you Nobody wants you when you're down and out, lord And nobody says a good thing about you And nobody can tell you when to turn and when to go But, but when you get back on your feet again Then everybody come tell you that here they come Try to tell you all, they're your long lost friend

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

BIG MAMA THORNTON: HOUND DOG + BALL N' CHAIN

 

Hound Dog é um tema bem conhecido. Mas a sua origem é pouco conhecida. 

A criatividade de «Big Mama» Thornton cativou Elvis Presley nos seus primeiros anos como estrela ascendente do rock, tendo feito de «Hound Dog» um dos seus primeiros (e maiores) sucessos.

Neste mesmo vídeo acima, podemos assistir a um quinteto de harmónicas, com John Lee Hooker. Repare-se no papel de liderança de  Mama Thorton.

Ball N' Chain é um blues muito forte, escrito e interpretado por Big Mama. 

Mais tarde, foi interpretado por Etta James e por Janis Joplin, entre outros nomes famosos do blues e do rock.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

BILLIE HOLIDAY: «KEEPS ON RAININ'»



Letra

One dark and stormy night
Big John was feeling blue
Ain't he didn't seem right
So he didn't know just what to do
I said do please tell me
Ain't you satisfied?
He looked around so pitiful
And to me he replied
Keeps on raining, look how it's raining
Daddy, he can't make no time
Wind keeps blowing, cold wind's blowing
Soon I'll find
In the winter time when it starts to snow
I know, Billy, you've got to have some dough
Keeps on raining, I know how it's raining
Daddy, he can't make no time
"Ain't the snow just beautiful?"
Some people say
But I'd rather see it
In a fine movie play
Keeps on snowing
Look how it's snowing
Your daddy, he can't make no time
No, your daddy, he can't make no time

(Spencer Williams / Max Kortlander)

 Billie Holiday tem aquele «jeito» na voz, que se apropria do conteúdo e faz com que as canções fiquem como «sua propriedade». Muitas das interpretações* são inolvidáveis. Esta é uma delas. 
A música, ao estilo das jazz-band do Sul, é magnífica e faz pensar nas gravações originais dos Blues de Bessie Smith. A letra é fantástica: Consigo visualizar o diálogo entre a cantora e «Big John», como se estivesse no cinema. Em filigrana, a vida difícil do trabalho à jorna; quando não podiam trabalhar por causa do mau tempo, não ganhavam («Daddy, he can make no time»...). 

terça-feira, 5 de outubro de 2021

JOHN LEE HOOKER: «BOOM BOOM»


 Uma atuação ao vivo duma das maiores lendas dos blues. Ele exerceu uma influência decisiva, não apenas na tradição negra americana dos blues, como da cena rock da época. 
Os Animals, por exemplo, retomaram esta canção. Mas, também outros grupos de rock-pop se inspiraram de John Lee Hooker, os Rolling Stones, os Doors, Eric Clapton, etc. a lista completa seria bastante longa. 
Basta dizer que qualquer banda de pop-rock nos anos 60 (de ambos os lados do Atlântico), tinha influências dos blues negros americanos, não só de John Lee Hooker, como de Muddy Waters e de muitos outros. 

Post-scriptum: Quando penso em toda a saga do rock nos anos 60,  da intrusão da música negra, desde os blues, ao Rythm & Blues, ao Rock and Roll (com Chuck Berry, Little Richard e outros músicos negros nos anos 50) e ao Jazz, em todas as manifestações de música popular, tenho a certeza que a apropriação pelos músicos «brancos», daquilo que era identificado como «música de negros», foi uma genuína manifestação de antirracismo, nos anos 60, na minha geração. Os músicos deixaram de pensar em termos de «música de negros, para negros» ou «de brancos, para brancos». Em consequência disto, muito público «de todas as cores» aderiu aos estilos musicais e às danças então em voga. 
O «wokismo» é um empobrecimento: As pessoas deixarem-se encerrar em categorias mentais estruturadas em torno de conceitos «comunitaristas» da cultura. 

sábado, 6 de fevereiro de 2021

A GERAÇÃO DE MÚSICA ROCK E POP DOS ANOS SESSENTA

                           

Muitas pessoas, incluindo as que não conheceram «ao vivo», apreciam a música dos anos sessenta. É preciso ser-se musicalmente surdo ou não ter qualquer réstia de energia, para não se apreciar os «furacões» musicais que surgiram - no mundo anglo-saxónico, principalmente - nos anos sessenta.

Mas, estes momentos mágicos não surgiram do nada. O rock-and-roll surgiu nos EUA do boom, da época doirada em que a classe operária sentia que - mesmo que não tivesse o mundo a seus pés - tinha, pelo menos, um enorme potencial de prosperidade: acreditava que qualquer um podia alcançar um bem-estar real. Nestes anos houve realmente «um sonho americano».                                           https://www.youtube.com/watch?v=IRF6nmqcbxo

                       
Do lado de cá do Atlântico, os jovens tinham também aspirações de se emanciparem dum conjunto de constrangimentos sociais, incluindo na vida amorosa, que implicavam uma ruptura, não apenas com os costumes tradicionais ainda largamente vigentes, como também passava por terem uma forma de se exprimir por uma música que era só deles, que eles foram buscar, além-Atlântico à geração rock do imediato pós-guerra: Chuck Berry, Little Richard, Elvis Presley e muitos outros, foram copiados e plagiados pelos grupos (ainda obscuros) que se estreavam nos clubes. Alguns desses clubes proporcionaram a estreia ou rampa de lançamento de grupos celebérrimos. O Marquee Club de Londres (Rolling Stones) ou a Cavern de Liverpool (Beatles), são os mais conhecidos.

                            

                       https://www.youtube.com/watch?v=SfLa2tFAqa4

Os Rolling Stones foram buscar o próprio nome do grupo a um título de canção («Rollin' Stone») do célebre cantor de blues, Muddy Waters
Mas, os grupos tinham uma enorme «escola»: Actuavam - noite após noite - em clubes, onde jovens vinham dançar, conviver e ouvir música. Tornou-se imperioso para eles construírem um reportório, tendo que pegar nos sucessos rock de além-Atlântico, ou mesmo nos blues dos cantores negros, sobretudo do Sul dos EUA.  Estes foram inspiração para grupos como o de John Mayall e muitos outros, o que não deixa de ser paradoxal, visto que a música tradicional dos campos de algodão do Sul dos EUA estava ligada a um modo de vida marcado pela passada escravatura e pela situação de discriminação racial e marginalidade das comunidades negras. 

                          
De qualquer maneira, estes grupos dos anos sessenta e seus sucessores nos anos setenta, criaram algo que é muito particular, fundindo música de várias tradições, apropriando-se de êxitos alheios ou de músicas pouco conhecidas, para lhes darem um toque pessoal. 
Claro que também houve a exploração deste filão pelas marcas de discos, o que foi também perfeitamente adequado para a divulgação ampla desta música «jovem». 
Tenho recordação de ouvir o programa de rádio «Em Órbita», realizado por jovens que conseguiam fazer chegar aos nossos ouvidos as últimas produções dos nossos ídolos, muito antes destas estarem à venda nas lojas de discos portuguesas. Com efeito, nessa altura, por uma questão de estreiteza do mercado discográfico em Portugal, o número de lojas de discos que vendia música pop e rock era reduzido e havia poucos discos de importação directa dos EUA ou do Reino Unido.   

De qualquer modo, as transformações ocorridas na sociedade não podem ser compreendidas, sem se ter em conta a participação da cultura, em particular da música pop. 

Teve porém aspectos negativos, nas expressões musicais doutros países, nomeadamente, em França, Espanha, Itália, etc., onde cantores e grupos se puseram a cantar versões nas suas línguas nacionais, dos êxitos dos EUA e britânicos. Depois, alguns começaram a compor directamente em inglês, apesar de não terem verdadeiras raízes culturais anglo-saxónicas. Mas, a música era também um negócio.

Os anos que se seguiram, ainda tiveram alguma pujança e viram surgir algumas novas estrelas de música pop e rock. Diga-se que, muitas destas, começaram a ser conhecidas nos finais dos anos sessenta. A geração do festival de Woodstock (1969), foi uma espécie de florescimento de tudo o que tinha sido incubado ao longo da década. 

Depois, houve algo interessante, de um ponto de vista sociológico, o revivalismo dos anos 60. 

Este revivalismo começou logo a uma década ou duas de distância. Ou seja, houve um retomar dos êxitos e sobretudo das fórmulas de sucesso. Ainda aqui, o dinheiro soou mais forte. O sucesso, com retomas de êxitos dos grupos e artistas dos anos sessenta, estava razoavelmente garantido, pois havia sempre um público que vivera os tais anos e aderia ao que tinha sido tão significativo na sua adolescência.

Não digo que o veio de criatividade da música pop e rock se tenha esgotado, mas é sempre difícil ser-se original num contexto em que tudo o que se possa fazer remete, de uma forma ou de outra, para estilos caldeados 60 anos atrás: Como aguentar a confrontação com a primeira geração, com aquela frescura, espontaneidade, adesão entusiástica da juventude que (correcta ou incorrectamente) via na música o veículo para sua própria emancipação?



terça-feira, 12 de maio de 2020

BALL & CHAIN [Janis Joplin com Big Brother & The Holding Company]


Que extraordinário pedaço de selvagem blues-rock (interpretado alguns anos antes por Big Mama Thornton) , mas sobretudo que voz inesquecível, a de Janis Joplin
Ao ouvir esta grande performance da Janis e seu grupo, tenho a perfeita sensação de percorrer o tempo, à hiper-velocidade da luz, para regressar aos anos de 1969, em que éramos genuinamente pela revolução e abertos à música que vibrava e remexia-nos por dentro, até ao coração e às tripas.


Sittin' down by my window,
Honey, lookin' out at the rain.
Lord, Lord, Lord, sittin' down by my window,
Baby, lookin' out at the rain.
Somethin' came along, grabbed a hold of me,
And it felt just like a ball and chain.
Honey, that's exactly what it felt like,
Honey, just dragging me down.


And I say, oh, whoa, whoa, now hon', tell me why,
Why does every single little tiny thing I hold on goes wrong ?
Yeah it all goes wrong, yeah.
And I say, oh, whoa, whoa, now babe, tell me why,
Why does every thing, every thing.
Hey, here you gone today, I wanted to love you,
Honey, I just wanted to hold you, I said, for so long,
Yeah! Alright! Hey!


Love's got a hold on me, baby,
Feels just like a ball and chain.
Now, love's just draggin' me down, baby, yeah,
Feels like a ball and chain.
I hope there's someone out there who could tell me
Why the man I love wanna leave me in so much pain.
Yeah, maybe, maybe you could help me, come on, help me!


And I say, oh, whoa, whoa, now hon', tell me why,
Now tell me, tell me, tell me, tell me, tell me, tell me why, yeah.
And I say, oh, whoa, whoa, whoa, when I ask you,
When I need to know why, c'mon tell me why, hey hey hey,
Here you've gone today,
I wanted to love you and hold you
Till the day I die.
I said whoa, whoa, whoa!!


And I say oh, whoa, whoa, no honey
It ain't fair, daddy it ain't fair what you do,
I see what you're doin' to me and you know it ain't fair.
And I say oh, whoa whoa now baby
It ain't fair, now, now, now, what you do
I said hon' it ain't fair what, hon' it ain't fair what you do.
Oh, here you gone today and all I ever wanted to do
Was to love you
Honey an' I think there can be nothing wrong with that,
Only it ain't wrong, no, no, no, no, no.


Sittin' down by my window,
Lookin' at the rain.
Lord, Lord, Lord, sittin' down by my window,
Lookin' at the rain, see the rain.
Somethin' came along, grabbed a hold of me,
And it felt like a ball and chain.
Oh this can't be in vain
And I'm gonna tell you one just more time, yeah, yeah!


And I say oh, whoa whoa, now baby
This can't be, no this can't be in vain,
And I say no no no no no no no no, whoa!
And I say whoa, whoa, whoa, whoa, whoa
Now now now now now now now now now no no not in vain
Hey, hope there is someone that could tell me
Hon', tell me why,
Hon', tell me why love is like
Just like a ball
Just like a ball
Baaaaaaalllll
Oh daddy, daddy, daddy, daddy, daddy, daddy, daddy, daddy
And a chain.
Yeah!

domingo, 18 de março de 2018

PAUL ROBESON, A VOZ INOLVIDÁVEL

Paul Robeson (1898- 1976) continua a ter imensos cultores, devido à  qualidade da sua voz, pelo esmero e bom gosto das suas interpretações. Conheço versões das peças abaixo por outros interpretes, mas não tenho dúvida, pelo menos nestes casos, que prefiro a interpretação de Paul Robeson. Não é esta avaliação ditada por nostalgia ou pelo prestígio; este cantor tinha uma voz excepcional e grande capacidade expressiva.


«Mood Indigo» O clássico dos clássicos do blues, pelo célebre cantor negro de ópera, que por ser membro do partido comunista, foi perseguido e proibido de cantar no palco e cinema, na «democracia» dos EUA.



«Joe Hill»: era um organizador do sindicato revolucionário IWW, assassinado pelos capangas dos patrões. 


                          

«It aint necessarily so»: Esta é uma das canções de «Porgy and Bess» (de George Gershwin). Como muitas outras passagens da famosa ópera, foi inúmeras vezes interpretado pelos mais variados cantores.


                          

«Deep River»: Um espiritual negro que Paul Robeson interpreta de forma poderosa.