sábado, 27 de fevereiro de 2021

PARA ALÉM DO COLAPSO, A MUDANÇA TECTÓNICA

                              


         Desde o momento em que o sistema financeiro e económico entrou em roda livre, o colapso perfilava-se no horizonte.

Creio que, agora mesmo, estamos a vê-lo acontecer; ao dizer isto, eu não creio estar a ser um «profeta do Apocalipse».

Na minha vida, porém, já assisti A VÁRIAS MUDANÇAS DE PARADIGMAS e não das menores: 

- O abandono do sistema de Bretton Woods, com a retirada por Nixon, em 1971, da convertibilidade do dólar em ouro. 

- A introdução do petro-dólar, em 1973, negociada por Kissinger com o rei da Arábia Saudita e vigente até aos dias de hoje.

- A financeirização da economia nos países capitalistas afluentes, convertendo-os em economias de serviços, materialmente dependentes de países asiáticos (China, Indonésia, Paquistão, Vietname, Coreia do Sul, etc...) cujas economias se industrializaram e se tornaram grandes exportadoras.

- O colapso final e a desagregação da União Soviética e das suas repúblicas; seguida pela tentativa dos «conselheiros», provenientes de Wall Street, em colocar sob tutela o imenso território Euroasiático. 

- A ascensão e a consolidação de Putin e a restauração do poderio económico e militar da Rússia.

- O imenso sucesso da China com a adopção do capitalismo mais dinâmico de todo o planeta, embora conservando o férreo controlo do PCCh.

- O colapso do sistema financeiro baseado na dívida, em 2008, sendo as falências de Lehmann Brothers e de outros bancos, apenas epifenómenos. 

- O deitar pela borda fora das regras que balizavam a acção dos bancos centrais ocidentais, levando à criação monetária na origem da espiral inflacionista dos activos «em papel».

- A queda dos bancos centrais e governos ocidentais na sua própria armadilha, amarrados à política de insuflar as bolhas especulativas, para evitar um colapso imediato.

- Ao agirem assim, sacrificaram as moedas, ao ponto de estarem em risco de destruição, de perda total do seu valor. Porém, a sua substituição por uma moeda digital, emitida pelos bancos centrais, ou pelo FMI, não resolverá os problemas de fundo.

- Muito antes do «COVID», em Setembro de 2019, o sistema já dera sinais claros de disfunção terminal, com a FED a ter de intervir para sustentar o mercado «repo» (empréstimos inter-bancários, para superar limitações temporárias de liquidez).

- Enquanto a economia do Ocidente está de rastos, paralisada devido aos confinamentos/«lockdowns», a pretexto de e não causados verdadeiramente pela pandemia, assiste-se à predação do grande capital sobre o médio e pequeno capital. Os lucros dos grandes conglomerados aumentaram vertiginosamente: Ocupam os nichos de mercado deixados vazios por pequenas e médias empresas, que estão falidas.

-  O sistema mundial está a evoluir para um «duopólio»: o Bloco Atlântico e o Bloco Eurasiático. As consequências desta partição binária mundial são globais e de longo prazo. 

- Até o sistema mundial - com os aspectos geoestratégico, financeiro, produtivo, comercial - atingir novo equilíbrio, mesmo que somente meta-estável, o Mundo vai sofrer uma série de convulsões, crises e revoltas. Suas vítimas principais vão ser os povos: sobretudo, povos do Terceiro Mundo, os que menos têm; os que menos usufruíram da sociedade de consumo.

- Nos países afluentes - com o empobrecimento das classes médias - progridem as correntes fascizantes, capazes de tomar o poder eleitoralmente, ou - pelo menos - de exercer pressão sobre os partidos de direita e de centro «clássicos», que adoptam políticas xenófobas e muitos outros pontos do programa da extrema-direita, sem o reconhecerem abertamente.

- Apesar de tudo o que descrevi acima, o colapso em curso não deverá ser visto como um Apocalipse, o Dia do Juízo Final, a catástrofe global, o fim da civilização, ou da própria espécie humana. 

- Não! Todas estas mudanças são mais semelhantes a fenómenos geológicos: serão análogas aos movimentos tectónicos, com as configurações dos continentes a mudarem e em que novas oportunidades se abrem, ao mesmo tempo que se encerram episódios da História da Terra e das espécies.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

OS PROVÉRBIOS

                     

Este célebre quadro de Brueghel o Velho, representa os «provérbios flamengos». Os especialistas conseguem identificar perto de uma centena, sendo certo que alguns estão ainda em vigor, enquanto muitos caíram em desuso. No entanto, esta magnífica representação de «sabedoria popular» atravessou séculos e surge aos olhos contemporâneos como uma fantástica «feira das vaidades», um puzzle visual de adivinhas e de saborosos momentos de humor. 

Esta pintura fez-me reflectir na «proverbial» e muito longa história da utilização de provérbios. Não seria inapropriado dar uma (nova) leitura ao «Livro dos Provérbios», da Bíblia; quanto mais não seja, porque a civilização ocidental mergulha suas raízes na Bíblia. 

Mas, aquilo que recentemente me chamou a atenção para os provérbios (e o seu uso imoderado) foi a leitura do Dom Quixote de Cervantes, que demasiado poucas pessoas leram na versão original (e deliciosa). Neste romance picaresco, Sancho Pança é posto a proferir catadupas de frases feitas e provérbios, a propósito e a despropósito, em várias situações. Ele é admoestado por D. Quixote, defensor de uma oratória sóbria, concisa, provavelmente reflectindo o gosto de seu genial criador, Miguel de Cervantes.

A chamada «sabedoria» das nações não me parece dever ser encerrada em frases feitas. Lá porque uma frase rima com outra, será que é apropriado juntá-las numa mesma expressão? 
Verlaine, na sua Arte Poética, não deixa de verberar a rima:
Quel enfant sourd ou quel nègre fou
Nous a forgé ce bijou d'un sou
Qui sonne creux et faux sous la lime ?» [*]

Aqui, em Portugal, há muita gente que diz coisas absolutamente banais, com ar profundo, recorrendo a provérbios, como se fossem expressões de sabedoria. A estes digo-lhes a sentença, que me parece bem apropriada: «a rima é mentirosa». 

Convido os que têm gosto pela erudição, a lerem o pequeno opúsculo, composto por Benjamin Péret e Paul Éluard, um livro de provérbios «actualizados». Neste volume, 152 provérbios franceses são invertidos logicamente, mas o resultado dessa inversão é tão «sábia» como a versão habitual.
É o que se pode chamar «demonstração pelo absurdo». Se houvesse real profundidade nas frases rimadas, a inversão das afirmações não seria defensável. Porém, a inversão de sentido desses provérbios é perfeitamente lógica. 
De tal modo que, quem não conheça um determinado provérbio, pode pensar que a versão de Péret/Eluard seja a versão original.

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[*] Quem nos dirá os males da rima?
       Que criança surda, que negro louco
       Nos forjaram esta jóia fingida
       Que soa oca e falsa sob a lima?
  (em tradução de Manuel Banet)

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

[GAEL GIRAUD] A ARMADILHA DEFLACCIONISTA

... E A EXPLICAÇÃO CLARA DO FUNCIONAMENTO DO NEO-LIBERALISMO



Salomé Saqué recebe, para o site «Blast», o economista Gaël Giraud.


O economista descreve, em termos simples, em que consiste a deflação. 
O sistema do Banco Central Europeu é explicado, assim como o seu funcionamento real. Mostra como a finança europeia é dominada pelos alemães. 
Gaël coloca em evidência - através da crise grega de 2015 - o estrangulamento da democracia pela oligarquia eurocrática. 
O seu discurso é original e claro. Qualquer pessoa compreende os seus argumentos. 

MITOLOGIA COVIDIANA

Um estudo estatístico bem documentado, prova que a prevalência de casos de COVID é independente do grau mais ou menos restritivo das medidas sanitárias ditas «preventivas». O estudo compara os vários Estados dos Estados Unidos, nos quais alguns têm tomado atitudes marcadamente diferentes quanto às restrições a aplicar. 

Nomeadamente, o estudo debruça-se em detalhe sobre os efeitos dos confinamentos muito estritos, que aconteceram na Califórnia, por comparação com a Flórida, onde houve uma paragem dos confinamentos desde Setembro passado e onde não mais se repetiu esta situação. 

A comparação mostra que não houve estatisticamente diferença significativa e, a haver, ela seria favorável à Flórida. Com efeito, a população da Flórida é composta por uma percentagem superior de idosos em relação à Califórnia, um dos Estados com a população mais jovem dos EUA. 

Igualmente, o argumento dos californianos serem pouco cumpridores das restrições impostas, não colhe. Com efeito o estudo mostra - com o apoio de gráficos comparativos - que o comportamento social dos habitantes da Flórida tem sido mais «descontraído» que o da Califórnia, em todo este período. 

                     

https://mises.org/wire/almost-year-later-theres-still-no-evidence-showing-governments-can-control-spread-covid-19

Finalmente, a questão climática também não é pertinente, visto que ambos os Estados possuem um clima bastante ameno, onde a amplitude de temperaturas entre estação fria e quente é moderada.

O autor também se debruça sobre os dados estatísticos dos restantes Estados dos EUA. Verifica-se que não existe correlação entre as medidas mais estritas de confinamento e o grau de seriedade da epidemia, tanto nas mortes, como em relação a casos confirmados de COVID. O autor defende que a única correlação verificável tem a ver com factores sazonais e climáticos, esses sim, causando variações nos 50 Estados, sendo legítimo falar-se da «estação do COVID», assim como se fala da «estação da gripe».

Os fervorosos adeptos das medidas de distanciamento «social», de confinamento (ou prisão domiciliária, mais propriamente), das máscaras nos espaços públicos, mesmo abertos.... esses é que têm a obrigação de provar que estas medidas têm efectivo benefício para a população em geral. 

As campanhas massivas, tanto dos governos como da media convencional, não «provam» nada, mas têm espalhado a convicção da necessidade dessas medidas, quando toda a evidência é contrária a isso. 

Mais; o argumento de que os confinamentos evitariam a sobrecarga dos serviços de cuidados intensivos do sistema hospitalar é também falso, pois se verifica, como de costume no inverno, no hemisfério norte, um forte acréscimo do trabalho nas urgências hospitalares e nos cuidados de saúde, em geral, quer o país em causa esteja em confinamento estrito, quer não. 

A sazonalidade existe em relação a uma série de doenças, na população. As notícias divulgadas em Portugal, por exemplo,  da sobrecarga destas estruturas hospitalares, não só não referiam esta questão, como omitiam que os serviços «vulgares» de atendimento aos doentes, os centros locais de saúde, os hospitais de dia, etc, tinham sido sujeitos às restrições mais draconianas, afastando (intencionalmente?) doentes «normais» (ou seja, não COVID) do acesso e da utilização dos serviços locais e dos respectivos cuidados médicos. Claro que estes doentes não tinham outro recurso senão as urgências, que foram inundadas por imensas pessoas, algumas a precisar efectivamente de cuidados urgentes, mas outras apenas porque não tinham o acesso normal ao apoio médico nas unidades de saúde locais. 

As medidas tomadas em relação às estruturas locais de saúde foram um erro crasso (e mascarado) do governo português. A media, em vez de denunciar a imbecilidade de tais medidas (cujo efeito era previsível, logo à partida), atribui errónea e desonestamente o excesso de público nas urgências ao «COVID». 

Simplesmente, a estes propagandistas disfarçados de jornalistas, não lhes ocorreu que - estando o país inteiro «em confinamento» durante boa parte do inverno, apenas com algumas excepções pontuais - deveria haver menos pressão nas urgências, do que o habitual nesta época. Isto é, se os confinamentos e as outras medidas fossem realmente eficazes em evitar a saturação dos serviços de urgência nos hospitais!

Enfim, as campanhas de medo, de condicionamento da opinião pública, sucedem-se e a cidadania é simplesmente tratada como «gado», tanto pelo governo como pela media.

Só sabem fazer uma coisa: «mentir, mentir, mentir» como dizia Voltaire, ironicamente: «mintam e difamem, sempre alguma coisa ficará»... ou seja, já no tempo dele, verificava-se que a desinformação tinha um efeito, mesmo quando era óbvia a mentira ou distorção, para pessoas com um mínimo de espírito crítico.   

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

FAZER DE CONTA...

UMA PEQUENA AMOSTRA (INCOMPLETA!) DE COMO SE FAZ DE CONTA, NOS CÍRCULOS DO PODER, SEJA AO NÍVEL POLÍTICO, SEJA ECONÓMICO. 

1) Fazer de conta que esta abordagem da crise do COVID tem coerência e foi absolutamente indispensável para salvaguardar as populações, sujeitas aos «lockdowns». Desta falsa estratégia sanitária, os verdadeiros epidemiologistas, os verdadeiros cientistas já demonstraram o absurdo, a imbecilidade. Mas o crime é mantido através de manipulação e censura, nas «redes sociais» e na media, que seleccionam o que as massas podem ou não podem ver, ouvir, ler.

2) Fazer de conta, nos países da NATO, muito em especial nos EUA, que têm a peito a defesa da «liberdade e democracia», quando mantêm uma série de guerras e de ocupações, sem a mínima legitimidade, sem o mínimo mandato considerado válido à luz da lei internacional. Usam e abusam do poderio militar contra os mais fracos, mantendo o controlo directo nos países mais pobres, como o Afeganistão, ou empobrecidos pelas intervenções criminosas da NATO, como é o caso da Líbia... Os resultados humanitários das guerras e ocupações são desastrosos.

3) Fazer de conta, nos mesmos países «ocidentais», que o perigo vem da China e da Rússia, quando são eles que cercam estes países com bases militares, fazem exercícios bélicos às suas fronteiras, decretam unilateralmente sanções, totalmente ilegais, face à legalidade internacional. Na realidade, estão fazendo jogos de guerra perigosos, provocações, deitando por terra os acordos para redução de armamentos nucleares, subindo o tom de retórica de guerra. Têm estado a atiçar as tensões com as outras potências nucleares, mas mantêm os seus súbditos enganados, acenando-lhes com o «perigo» chinês ou o «perigo» russo. 

4) Fazer de conta, que políticos e governantes trabalham pelo bem-estar e desenvolvimento dos seus países. Na realidade, são uma casta parasitária, como carraças, abocanhando o poder. Eles fazem escolhas, não no interesse das populações, mas dos lóbis que os controlam. Com efeito, são estes poderosos interesses, financeiros e industriais, que contribuem decisivamente sob forma de «donativos» (uma forma de «corrupção legal») para os partidos e candidatos, durante as campanhas eleitorais e que mantêm uma teia de conivências com o poder. Quem manda é o «Estado profundo». Não é a vontade do eleitorado que prevalece.

5) Fazer de conta que respeitam a democracia e que estão atentos às opiniões públicas, será seu principal (e único?) talento. Na verdade, à cidadania, apenas estão constantemente a servir-lhe propaganda e não informação verdadeira. Desta forma, as pessoas são induzidas a pensar o que lhes convém a eles, aos donos dos regimes ditos «democráticos». Logo que há vozes e movimentos dissidentes, são tratados com brutalidade, mas isso não é «notícia». Pelo contrário, é notícia o que seja, ou pareça ser, desrespeito pelos direitos humanos nos tais países (Rússia, China, etc...). 

6) Fazer de conta que estão a tentar resolver os problemas económicos e financeiros, quando têm simplesmente feito tudo para inflacionar bolhas especulativas, com a criação monetária desabrida, o que irá causar hiperinflação. Para já, está causando uma crise da dívida, que tornará - cedo ou tarde - inevitável o colapso. Têm feito o necessário para dar ainda mais poder aos poderosos; os que possuem «a parte de leão» das acções, obrigações e outros instrumentos, que têm sido inflacionados. As consequências serão para os pobres. As pessoas perderão as pensões, os direitos sociais, o emprego. Os políticos sabem isso, mas mascaram o discurso com expressões enganosas, tais como  «estimular a economia», que não querem dizer nada ou melhor, dizem o contrário daquilo que é, na realidade. 

7) Fazer de conta, que estão preocupados com a sustentabilidade e sobrevivência dos ecossistemas, etc. Supostamente, justificam com uma pseudo-ciência as políticas de «zero carbono». Na verdade, trata-se da agenda dos muito ricos. Os George Soros, Bill Gates, Rockefeller, Schwab, Bezos, a gente de Davos ... são quem lhes ditam a tal conversão («Green New Deal»), no interesse da oligarquia mundial. Não hesitam em falsificar os dados da ciência, enquanto polvilham os discursos de boas intenções ambientalistas. Entretanto, não deixam de alimentar a máquina de guerra, a mais poluidora e destruidora das actividades humanas. Aumentam - não limitam, nem reduzem - o fabrico e compra de armamentos sofisticados, que absorvem fatias enormes dos orçamentos dos Estados. Todas estas actividades são fortes poluidoras e causadoras de escassez de matérias-primas estratégicas. Mas, tais poluições e depredações da guerra e as despesas militares, «não existem» ao nível os discursos. Assim o ordena o «bom gosto» destes serial killers e sua boa-consciência ambientalista.


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

J.S. BACH E A GLÓRIA DIVINA NA MÚSICA


 Depois de alguma hesitação, decidi-me a passar para aqui e comentar este pedaço da sonata em trio Nº4, na interpretação de Marie-Claire Alain, uma velha conhecida minha, graças à qual pude -literalmente- assimilar a obra completa de Bach para órgão, aos 15 anos. 
Existem vídeos com outras versões, inclusive para clavicórdio (um dos meus instrumentos preferidos!), ou para piano. Mas, inegavelmente, esta peça pertence  - por direito próprio - ao reportório do órgão! 
Tem aquele toque ligeiro, profano, mesmo, de uma dança. Mas isto não pode surpreender alguém familiarizado com o barroco (e com o renascimento). Nesta época, tudo o que pudesse alegrar e elevar a alma era considerado bom para ser executado na igreja, pelo menos, em terras protestantes. 
Conta-se que Lutero respondera, quando lhe fizeram a  objecção de que certas melodias dos corais eram adaptações de peças profanas: «Não vamos fazer a vontade ao Diabo, reservando para ele as mais belas melodias que existem!».

Pois, este segundo andamento da Sonata em Trio em Mi menor de J.S. Bach corresponde exactamente ao estado de espírito acima descrito: O que é agradável, dispõe bem, dá optimismo, deve ser usado para celebrar o culto para glória de Deus.  

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

COMO SE CONECTA A PANDEMIA COM O «GREAT RESET»?

 À medida que a crise económica mundial se vai agravando*, os poderes do capital estão cada vez mais determinados em reforçar (e perpetuar) os «lockdown», instaurando uma espécie de ditadura internacional permanente, sob capa de medidas «sanitárias». O apelo de profissionais de saúde e de investigadores, enviado a trinta governos, pode mostrar o hiato existente entre a verdadeira ciência, a verdadeira avaliação científica e a gestão política de uma situação sanitária. Um estado de colapso da economia real é escondido, contra todas as evidências do dia-a-dia, com dados forjados sobre inflação e desemprego, números  tão manipulados pelos governos ocidentais e suas agências, que deixaram de ter qualquer credibilidade.

O facto é que a inflação tem de ser escondida, pois ela funciona como sinal de que se está perante um colapso. Ora, os governos e os seus mandantes precisam de jogar com a percepção do público, para poderem levar a cabo o «Great Reset» de acordo com os seus interesses. Neste esquema, insere-se a permanente supressão do preço dos metais preciosos, mormente do ouro, através de manipulação de contratos de futuros («ouro-papel») nas bolsas de matérias-primas, nas quais 90% dos contratos de compra e venda de ouro, não têm qualquer metal subjacente. Os bancos comerciais ditos «bullion banks» - sob o mando dos governos ocidentais- têm sido capazes suprimir o preço do ouro e da prata, manipulando os contratos de futuros (que eles criam a preceito). 

Caminha-se para a digitalização completa do sistema monetário. Quando esta estiver realizada, com moedas 100% digitais emitidas pelos bancos centrais, isso vai permitir um muito maior controlo da economia, que é o seu objectivo verdadeiro. Mas esse objectivo não poderá realizar-se num instante. Há múltiplos problemas técnicos, políticos, legais, etc. que precisam de resolver para completar a «revolução» do desaparecimento do dinheiro físico (cash). Um dos problemas, é a reforma de contratos, incluindo contratos com derivados, onde as taxas LIBOR são mencionadas. Este sistema do LIBOR vai ser completamente reformado. Os termos contratuais arriscam-se a ficar nulos, se não forem reformulados. Isso implica a renegociação ou a feitura ex-novo de milhões de contratos. Não é tarefa fácil de ser realizada, sem grandes litígios e perdas dos intervenientes nos contratos.

Muitas pessoas são atraídas para a miragem do bitcoin e de outras criptomoedas, mas esquecem que estas têm cotação em moedas «fiat» (dólares, euros, etc...) nas plataformas de câmbio (as quais são, aliás, muito frágeis porque susceptíveis de serem pirateadas). Se o bitcoin sobe de forma impressionante, na verdade, não é o bitcoin que está subindo, é a moeda na qual é medido seu valor (em geral, o dólar) que está caindo. O termo «miragem» é pesado, mas apropriado, pois os referidos bitcoin (ou outras criptomoedas) deixarão de valer, assim que os governos, coordenados com os bancos centrais, emitirem uma proibição de uso destes como meios de pagamento... O que - estou certo - farão um pouco antes ou em simultâneo com o lançamento das suas próprias moedas digitais, emitidas pelos respectivos bancos centrais. As criptomoedas independentes dos Estados, dos governos e dos bancos centrais, irão descer «dos píncaros da Lua», para zero. As pessoas que transaccionam em criptomoedas estão conscientes desse perigo: sua estratégia mostra-o, pois ela se resume em acumular capital numa moeda tradicional («fiat»), usando o bitcoin como mero veículo de especulação. Compram quando está muito baixo e vendem próximo dum máximo, convertendo logo as criptomoedas em dólares. 

Chegará um momento em que a descolagem da economia real (em colapso) e a economia fictícia (bolsas, divisas e criptomoedas), será óbvia, mesmo para o investidor mais obtuso: Todo este artifício de manipulação, toda esta economia financeirizada, vai ruir. Nessa altura, será impossível salvar algo que esteja dentro do sistema financeiro. O colapso será geral; os investidores pequenos e médios irão perder 90% dos seus investimentos. Os grandes irão tornar-se donos e senhores, não apenas do capital das empresas, mas de propriedades imobiliárias (terrenos agrícolas ou urbanos...) e outros bens duradouros. 

O que a maior parte das pessoas não consegue enxergar é que a perda das liberdades decorrentes de um estado de excepção permanente, a pretexto de uma pandemia, é coerente com os planos das oligarquias mundiais (coligadas no essencial, embora rivais em relação à hegemonia). O jogo chama-se «controlo total», sendo as pessoas obrigadas a entrar no novo modelo, queiram ou não queiram. Os progressistas ficam ofuscados, iludidos com as promessas de «green new deal» ou outras patranhas de slogans bem sonantes, que lhes despertam ecos de simpatia porque vão (verbalmente apenas) ao encontro dos seus sonhos e ideologias. Mas aquilo que os globalistas - que se exprimem pela boca de um Klaus Schwab - desejam, é somente o retorno ao feudalismo. Mas agora à escala global, em que os servos «não possuem nada» e serão «felizes», na medida em que os Senhores feudais os deixem viver e trabalhar... para eles!.

(*) PS: Pierre Jovanovic explica a gravidade da catástrofe económica, em especial europeia...