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quinta-feira, 8 de agosto de 2019

A EXTREMA-DIREITA DOS EUA E A «NATIONAL SECURITY»


                           Resultado de imagem para El Paso Mass shooting

O recente massacre em massa de El Paso, veio lembrar aos americanos que estes têm muito maiores probabilidades de serem alvejados - no seu país - por um elemento da extrema-direita branca e racista, do que por qualquer fanático islâmico radical.
Porém, a simples noção de que a segurança nacional estaria posta em causa por elementos brancos, nacionais dos EUA e radicalizados em grupos de «patriotas», treinando com armas de guerra... ainda não penetrou no subconsciente das pessoas. 

Com efeito, o conceito de «Segurança Nacional» foi construído nos alvores da guerra-fria, sendo expandido como significando lutar contra qualquer ameaça à hegemonia americana no mundo, algo a ser «tratado» pela CIA, a NSA e pelas outras agências de «segurança», que levaram a guerra contra o «comunismo», ou qualquer tipo de ameaça ao «american way of life», aos quatro cantos do mundo. Basta recordar a «Operação Condor» na América do Sul ou as «redes Gládio», na Europa, com suas ligações à extrema direita... 

O facto de que a segurança nacional dos EUA esteja a ser posta em causa por grupos de brancos americanos e fanáticos da bandeira e simbologia nacionais, nunca foi realmente equacionado. 
Timothy Mc Veigh, o bombista responsável pela morte de 168 pessoas em 1995, em Oklahoma City, foi visto como um «terrorista isolado», como uma «aberração».
No subjectivismo do público e, pior ainda, nas mentes dos políticos e das forças policiais que deveriam estar genuinamente preocupados com a segurança do seu povo, Mc Veigh «tinha» que ser um caso isolado, psicopático... 

Outros casos de assassinos em massa de extrema-direita têm sido tratados da mesma maneira, ao logo destes quase 25 anos, desde os atentados de Oklahoma: em parte, porque a «guerra ao terror» se tem desenvolvido contra países e ideologias islâmicas, o que é visto como sinónimo de pessoas «de cor». Isto, embora o Islão - em si mesmo - não tenha nenhuma conotação rácica ou nacional, mas é assim que o grande público o percepciona.
Só para se ter uma ideia do grau de ignorância e estupidez de alguns fanáticos, logo após os atentados do 11 de Setembro de 2001 muitos homens da comunidade Sikh foram perseguidos e agredidos por causa do turbante que usam, confundidos com «árabes», pelas pessoas ignorantes.

Está aqui em jogo o problema seguinte: a verdadeira ameaça interna, as verdadeiras forças de desagregação, de subversão e de crime organizado nos EUA, têm ficado impunes, não têm sido criminalizadas, porque a mentalidade instituída com a Guerra Fria e depois, com a «guerra ao terror», veio designar, respectivamente, como inimigos o «comunismo» e  o «islamismo radical».
 As gerações sucessivas, sujeitas a lavagem ao cérebro, incluem - evidentemente - os próprios políticos e as forças do aparato de segurança. Estes têm sido responsáveis pela difusão dessa crença de que uma determinada ideologia e os seus adeptos são inimigos dos EUA e que é dever «patriótico» persegui-los, em qualquer parte do mundo.
Para grande parte do público americano de hoje, foi disso que se tratou, quando as forças americanas intervieram na Coreia, no Vietname, na Jugoslávia, no Afeganistão, no Iraque, etc...
A incapacidade de tomar a sério a ameaça das milícias de extrema-direita «patrióticas», que desenvolvem as suas actividades sem dificuldade alguma, tem a ver com a forma como o conceito de «segurança nacional» foi construído ao longo de mais de 70 anos. 

A Europa, até  mesmo a parte mais alinhada com os EUA, não tem tal insensibilidade ao fenómeno da criminalidade política de extrema-direita. 
Muitos países europeus foram sujeitos a regimes deste tipo, as ditaduras de Salazar (Portugal), de Franco (Espanha), de Hitler (Alemanha) e Mussolini (Itália) ou outros países, que tiveram regimes inspirados e aliados destes. Existe uma memória colectiva dos fascismos, embora esteja em vias de se perder e cheia de equívocos. 
Nos EUA porém, nada disso ocorre, pois os fascismos foram sempre fenómenos exteriores, até mesmo aqueles instalados pelos próprios EUA, na sequência de golpes na América Latina.

Podemos, no entanto, compreender o extensivo fracasso dos poderes dos EUA, que controlam as forças militar, policial e de espionagem / contra-espionagem. Na verdadeira defesa do povo americano, têm falhado repetidamente, por mais que o disfarcem! 
A razão principal de tal falhanço está à vista: trata-se da ideologia de «segurança nacional», que impregnou de anti-comunismo as instituições a seguir à 2ª Guerra Mundial, assim como da «cruzada» anti-islâmica e anti-árabe após o 11 de Setembro 2001.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

POPULISMOS e AS POLÍTICAS DO «OCIDENTE»

                         
Sim, escolho o plural «populismos», pois a identidade e propósitos dos movimentos contraditórios que são etiquetados debaixo deste termo depreciativo, são realmente muito diversos.
Na origem, temos a crise da chamada «democracia ocidental», que não é de ontem, nem de anteontem, sequer: foi consubstanciada num modelo de governança pelo establishment, em que a participação real e autêntica dos cidadãos na vida pública foi afastada, de forma sistemática e sub-reptícia, durante décadas:
- Ao cidadão com direitos políticos e com participação na vida política, modelo clássico e ideologicamente utilizado como montra do «Ocidente democrático», foram substituindo o consumidor-rei, o cidadão cujo verdadeiro e único «direito» era o de consumir, consumir o que desejasse. Para tal, a publicidade, baseando-se na ciência psicológica mais avançada, foi talhando um «Homo consumisticus» à medida da saúde dos mercados.
Mas quando o mercado ele próprio entrou em crise, devido à impossibilidade de absorver todos os gadgets e o consumo supérfluo que tinham sido o apanágio da fase áurea do capitalismo de consumo, foi necessário inflectir as regras e o discurso, sempre com o objectivo de preservar o sacro-santo lucro. 
Surgem então as políticas de austeridade, no dealbar do século XXI, especialmente mais virulentas nos países do sul da União Europeia. Tudo foi feito: a chantagem do emprego, a inoculação do complexo de culpa de «demasiado gastadores», a comparação com os miseráveis dos países pobres, empobrecidos pelo neocolonialismo da civilizada Europa e pelos bombardeamentos humanitários contra os regimes que em África (Líbia) ou no Médio Oriente (Síria) resistiam à vaga neoliberal...
A reacção de um público inculto politicamente, em vez de se revoltar e derrubar a sua própria classe dirigente, foi de ser arrastado pelo discurso demagógico das extrema-direitas de diversos países europeus, que viram a sua oportunidade na conjugação de vários factores: as vagas sucessivas de refugiados, as dificuldades cada vez maiores de emprego e o retraimento do Estado Social (Wellfare State).

Especial papel coube aos políticos franceses, em especial a Miterrand e seus seguidores, que fizeram o (mau) cálculo político de proporcionar o desenvolvimento da extrema direita do «Front National», para contrariar os avanços da direita clássica, evitando assim a possibilidade de alternativa a governos P«S», de neoliberalismo disfarçado com as cores socialistas, em que se tornara o PSF.
Infelizmente, o PSF serviu de modelo a diversos partidos homólogos pela Europa fora. 
Foram tão bem sucedidos, ao ponto de que muitos ex-votantes nos partidos «clássicos» da esquerda, PC e PS, se viraram para os «populistas»: 
Houve emergência de populismos de extrema-esquerda; mas estes, apenas fizeram uma actualização das teses clássicas do leninismo e não foram além do terreno eleitoral habitual da extrema-esquerda... 
Muito mais graves são os populismos de extrema-direita, em vários países. Agora, tem-se o culminar de tão «inteligente» estratégia, a tal artimanha de deixar tais movimentos crescer e adquirir respeitabilidade e sobretudo audiência junto de grande parte do eleitorado operário: movimentos deste calibre estão agora no poder, ou em situação directa de disputar o poder com partidos políticos tradicionais, nos mais diversos países, desde a Suécia à Itália, passando pela Alemanha, Áustria e muitos outros. As consequências disto, no curto prazo, serão eleições para o parlamento europeu marcadas pelo avanço da extrema-direita. 
Os que pensam que o contexto vai também no sentido de favorecer o extremo oposto, ou seja, a extrema-esquerda, estão auto-iludidos. Os mais míopes de todos são aqueles, da extrema-esquerda, que apenas vêem o que as suas lentes com filtragem «marxista», deixam ver... Por isso - nos últimos 20 anos - eles e os que têm confiado neles, só tiveram derrotas, tanto no campo da luta social, como política.
Quanto às classes dominantes, elas estão absolutamente  deliciadas com a subida do «populismo», da extrema-direita: nada melhor para elas do que governos que preconizem a «união nacional», o «sacrifício necessário» face à ameaça externa (a pseudo ameaça dos outros globalistas, do eixo russo-chinês). 

O mais vantajoso, do ponto de vista da classe dominante, é que estas «mudanças» permitem manter a ilusão nas massas de que elas mandam, de que «o povo é soberano»! 
Absolutamente ridículo... porém é assim que os poucos conseguem dominar os muitos, ao ponto de que estes muitos elejam quem os vai esfolar e estrangular ainda mais!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

SE HÁ CASO EM QUE DETESTO TER RAZÃO...

Então, o caso é este:

A figura de Marine le Pen surge -por muito triste que isto seja - como uma tábua de salvação a muitos eleitores franceses, face à enorme podridão moral que infesta toda a casta política gaulesa. 

Como cidadão francês, causa-me especial nojo pensar que os socialistas abrigaram Cahuzac, o ministro das finanças, encarregue de perseguir pessoas culpadas de evasão ao fisco, sendo ele próprio um «belo» exemplo dessa mesma evasão! Ou agora, o candidato da direita, dita «civilizada» (supostamente republicana e gaullista), Fillon,  que dá o exemplo de «combate ao desemprego» recrutando sua esposa e filhos em empregos fictícios, pela bagatela dum milhão de euros  subtraídos ao erário público! 

Lamento dizê-lo, mas não existe possibilidade de outro desfecho senão a eleição de Marine le Pen. Não há hipótese de um sobressalto popular, pois o povo miúdo sente-se traído por um partido de «esquerda» que esqueceu completamente as suas raízes operárias e embarcou numa deriva de subserviência canina ao grande capital, ao imperialismo. 
Agora, parece-me inevitável que, em França, seja eleita como presidente alguém da extrema-direita. 
Este processo é «exemplar do que se não deve fazer». Os partidos tradicionais de esquerda e direita, com o seu comportamento deram a aparência de legitimidade à extrema-direita. 

Esta aparência de legitimidade foi potenciada pela política-espetáculo (= endoutrinamento massivo dos eleitores pela mass-media e sistema estatal), a qual foi habilmente utilizada pela extrema-direita, o que não surpreende, pois os seus inspiradores (Mussolini, Hitler, entre outros...) eram mestres em propaganda.

O resultado está aqui: 


Daqui a uns dias, o score para a faixa etária dos 18-35 anos será ainda mais negativo para os políticos «convencionais» e melhor para a candidata de extrema-direita. 
Remeto para o meu artigo de 18 de Janeiro deste ano. 

Escrevo isto com imenso pesar, porém sem aligeirar as responsabilidades das pessoas, organizações e dirigentes «de esquerda»!   

quarta-feira, 1 de março de 2017

UMA INEVITÁVEL ASCENÇÃO E UMA PREVISÍVEL QUEDA


Inevitável? Refiro-me à ascenção do FN e de Marine Le Pen. 

                               

Sim, inevitável, porque tudo o que se passa nos meandros da política francesa vai no mesmo sentido: isto é, cada vez mais os erros dos políticos do establishment, quer sejam da direita ou da esquerda, empurram os eleitores para os braços da extrema-direita. Até mesmo a diabolização de Trump pela média mainstream, com o falso paralelo entre o fenómeno Trump e o fenómeno Marine Le Pen, vêm dar mais lustro à «alternativa», que afinal joga apenas na superfície.
Escrevo-a entre aspas pois é uma «alternativa» entre facções da oligocracia, como expliquei em devido tempo neste blog, a propósito da contenda entre a Hillary e o Donald.  
Igualmente, tudo está sendo feito no sentido de dar força à extrema-direita, revestida das cores da defesa da nação, do povo, etc. 
Porém, é a oligarquia do dinheiro que decide as eleições de um lado e do outro do Atlântico. Foi ela que permitiu que Trump vencesse: preferiu alimentar a ilusão dos eleitores - descontentes com o sistema - mas incapazes de ver, para além dos discursos e slogans de campanha, a «real realidade» do poder político nos EUA. 
Do mesmo modo, a cleptocracia eurocrática prefere que «vão para a fogueira» alguns dos seus pares da política mainstream, como François Fillon, para dar contento às massas, fazê-las crer que elas mandam qualquer coisa. 
Tudo parece conjugar-se para que Marine Le Pen obtenha um bom score na primeira volta das presidenciais, que se distancie os candidatos mais próximos, nomeadamente, de Macron
- Estará a oligarquia pensando que uma «união sagrada» de todos os outros candidatos em apoio ao delfim do regime, Macron, será uma boa coisa?
Este mecanismo operou nas eleições presidenciais de 2002 que levaram o Presidente Chirac a confrontar-se com Jean-Marie Le Pen (o pai de Marine). Toda a «classe política mainstream» e grande parte do eleitorado esperam uma repetição do cenário.

A surpresa (o cisne preto) será algo que sai fora no quadro acima traçado, mas cuja eventualidade não foi prevista por ninguém ou quase. 
Pode acontecer o «impensável», pela simples razão de que o público em geral não é informado, mas submetido a doses constantes de propaganda. 
A forma mais insidiosa de propaganda é a que se disfarça de sondagens à opinião dos eleitores. Estas sondagens são falsificadas de mil e uma maneiras, para satisfazer os que encomendam a sondagem. Isto passou-se com a recente campanha eleitoral americana. Foi com isso que se tornou «impossibilidade», no espírito de muita gente, a eleição de Trump.
Muitas situações inesperadas podem, no entanto, ocorrer: A diferença nas sondagens, entre o candidato mainstream dado como favorito (Macron) e Marine Le Pen, tem vindo a diminuir semana após semana. Pode dar-se o caso de, na realidade, ser muito menor do que a media e as sondagens fazem crer. 
Na segunda volta, uma percentagem significativa de eleitores poderia não estar disponível para apoiar Macron, um peão saído do banco Rothchild. Ou um número significativo de abstencionistas da primeira volta, mobilizarem-se para votar «Marine» na segunda volta... ou outra mudança qualquer, não prevista nas sondagens. 

Estou interessado em compreender a política a um nível profundo, não em fazer vaticínios ou distribuir sanções e/ou prémios morais aos candidatos. 
Certamente, existe uma rede de interesses por detrás de cada candidato à presidência. No momento da segunda volta, não apenas os eleitores se polarizam, também os grupos de interesses fazem alianças ou - pelo contrário - rompem pactos, por detrás da cortina. Para mim, é um dado adquirido que a grande finança está apostada em reduzir a expressão política da classe trabalhadora, por muito reformista e inócua que ela seja. 
Os oligarcas sabem que se aproximam tempos difíceis. Na sua perspectiva, é preciso uma mão pesada que possa intimidar, ou mesmo calar, os explorados demasiado incómodos. 
Já sabemos, de múltiplos exemplos passados, que os regimes de democracia liberal são fascismos encapotados, porém a oligarquia tem necessidade da extrema-direita para fazer o trabalho sujo.  

No contexto, já não apenas francês, mas europeu, o grande capital financeiro e industrial sabe que é preciso sair do imbróglio de políticas contraditórias em que a casta política eurocrática se meteu e meteu o projeto europeu... O contexto de estagnação da zona euro, a crise larvar institucional, não podem durar muito mais. Será que eles querem «fazer rebentar o furúnculo»? 
Talvez... Neste caso, o esvaziamento controlado da União Europeia, permitiria o retomar das rédeas e, sobretudo, moldaria a paisagem política a contento dos poderosos. 



Alternativamente, não haveria senão a revolução. Porém, o perigo (para o grande capital) de uma insurreição não está na agenda. 
Para tal, tem contribuído o completo fracasso das forças sociais e políticas (partidos e sindicatos) que se têm atribuído a representação dos  trabalhadores na Europa. A oligarquia está bem ciente disso.
Coloco como hipótese, a ser confirmada ou não no futuro próximo, o seguinte:
A oligarquia pretende que a UE seja desmontada. Os chamados populismos farão o papel de «engenheiros em demolições».








quinta-feira, 5 de maio de 2022

WHAT ARE YOU FIGHTING FOR? PARA O QUE ESTÁS A LUTAR?


É caso para perguntar a todos os que se dizem de esquerda e que fazem o papel de «idiotas úteis» dos imperialistas, agora, mesmo quando estes estão desmascarados como tendo preparado, equipado e enquadrado nazis ucranianos. Com efeito, tem vindo à tona um conjunto de factos, que  provam a colaboração da NATO e o treino, durante oito anos, das milícias de extrema-direita Azov e Aidar, na Ucrânia. Estas forças, inicialmente milícias, foram depois incorporadas nas fileiras do exército ucraniano. Em muitas unidades, um em dez militares, tem ligações à extrema-direita, quando a sua proporção, na população geral, é muito menor.  Hoje mesmo, soube que um general canadiano, tinha ficado encerrado junto com os restos do «Batalhão Azov», em Mariupol no complexo fabril de Azovstahl. Ele terá tentado escapar, mas foi intercetado e capturado pelos russos.  

As pessoas antifascistas no Ocidente, devem reconhecer que esta campanha militar é dobrada duma campanha de desinformação que ultrapassa tudo o que conhecemos até aqui. Sou capaz de me lembrar das campanhas dos EUA e seus aliados da NATO, para denegrir inimigos, quer movimentos de libertação, quer  forças nacionalistas  que lutavam contra os EUA e/ou aliados dos EUA. 

O nível de desinformação é muito superior, agora, sobre a guerra na Ucrânia. É uma campanha de mentiras quotidianas, dando falsas informações sobre o que se passa na frente de batalha, para dar a impressão que os russos estão em maus lençóis, que estão em dificuldades, que as tropas ucranianas conseguem dar duros golpes ao inimigo, etc.

 Estas campanhas da NATO, com todo o aparato de agências de «informação», são acompanhadas por uma ofensiva de silenciamento, de censura, de intimidação, sobre pessoas e organizações jornalísticas independentes. A campanha terrorista dos governos designa estas pessoas como «inimigas internas», porque querem dar uma informação não enviesada, querem ouvir o que o «outro lado» tem para dizer, querem discutir livremente as questões que se colocam. 

A censura é do nível mais elevado que eu conheci, desde os tempos da ditadura fascista. Aquando da libertação de Portugal dessa ditadura, em Abril de 74, eu tinha 19 anos, portanto, lembro-me bem e estava consciente do ambiente que se vivia nos últimos anos desse regime. 

Nunca vi, também, uma confusão tão grande no espírito de pessoas, que eu julgava serem mais perspicazes. Não venham insinuar que, se eu estou contra a NATO, é «porque sou a favor de Putin», as simplificações e as condenações apressadas são o que pavimenta o caminho para o ódio, a intolerância, o fascismo. 

Não preciso de mudar um iota da minha posição, a favor da paz. Verifico que o povo ucraniano está a ser sacrificado, pois ele é forçado a combater, quando não existe qualquer hipótese de reversão da situação militar. A eternização das operações de guerra tem como efeito muitos mais mortos, feridos e deslocados. O avanço russo vai tornar muito difícil recuperar o território perdido, à mesa de negociações. Quanto mais durar a guerra, pior para a Ucrânia, mais difícil será um pós-guerra, enquanto nação independente.

Infelizmente, o regime de Kiev está capturado por dois lados: Por um lado, os setores de extrema-direita têm um peso desproporcional (em relação aos seus votos), conseguem chantagear toda a classe política ucraniana (este regime é um dos mais corruptos do mundo). Por outro lado, o governo de Kiev, é refém do apoio dos EUA/NATO, que são quem dita diretamente a Zelensky o que deve ou não fazer*. São eles que estão a fornecer as armas, as dezenas de biliões de dólares, e que fazem 24h/24h a propaganda hostil à Rússia. Isto tem um objetivo muito concreto: pensam que assim enfraquecem a Rússia, obrigando-a a combater durante longo tempo, a empenhar mais esforços que os inicialmente previstos, etc. 

Finalmente, com esta guerra total (em todas as frentes) eles pretendem justificar (em termos de propaganda) as sanções que foram ao ponto do roubo das reservas do banco central russo, de expropriar cidadãos russos, só porque são russos, etc.

Estas sanções brutais não foram surpresa para o governo russo. Este tinha já tomado medidas para diminuir o seu impacto, anos antes da invasão de 24 de Fevereiro. Putin discutiu o assunto com Xi Jin Pin, aquando da cerimónia de encerramento dos jogos olímpicos de inverno de Pequim, a 4 de Fevereiro. Sem a «luz verde» do presidente chinês, provavelmente, PUTIN NÃO TERIA AVANÇADO.

 Estão, portanto, a fazer tudo de acordo com o planejado. Eu não tenho dúvida que os serviços secretos e os especialistas dos dois países, que se debruçam sobre as políticas do Ocidente, soubessem de antemão que a resposta a uma invasão russa seria de sanções muito severas.

Com efeito, as sanções são severas. Mas, algumas só na aparência, pois o bloco Sino-Russo está bem dotado de meios - desde energia, matérias-primas, capacidade industrial e agricultura - para as aguentar. Pelo contrário, os povos do «Ocidente» e em especial da Europa, são vítimas das decisões dos seus próprios governos. 

Mas, pior ainda, é a catástrofe que já está a abater-se nos países «do Sul», ainda mal refeitos das enormes perdas causadas pelos vários lockdown e pelo corte de meios de subsistência, nos dois anos de «pandemia de COVID». Estes países tiveram de pedir muitos empréstimos para enfrentar a situação e, agora, têm uma incapacidade ainda maior em enfrentar a generalizada subida de preços.  Mas isto não é manchete nos media ocidentais: Mais uma vez, ignoram os problemas que afetam cerca de metade da população do mundo. 

Aconselho as pessoas que me leem a descolar da propaganda de qualquer dos lados mas, sobretudo daquela onde vivem muitos dos meus leitores, nos países ocidentais. Não deixem de olhar criticamente o panorama, o clima que está criado. Sobretudo, não confiem que - qualquer das partes em conflito - transmita informação objetiva. Vejam, antes de mais, o que se passa no quotidiano, notem a repressão sobre todas as ideias e manifestações que vão contra as posições oficiais dos governos: Em tempo de guerra, o que eles chamam democracia, é roupagem dispensável, que é  dobrada, embalada e guardada num armário! 

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* Nota: Em finais de Março, a delegação ucraniana às conversações para um cessar-fogo, na Turquia, fez um volte-face brusco: recusou concessões feitas pouco tempo antes, o que fez com que um cessar-fogo ficasse indefinidamente adiado. Vários observadores pensam que esta mudança resultou de pressões americanas sobre o governo Zelensky. 

NB1: Um artigo de Pepe Escobar dá a dimensão dos desafios que  a Rússia tem de enfrentar. A não perder!

 https://www.strategic-culture.org/news/2022/05/06/megalopolis-x-russia-total-war/

sábado, 16 de março de 2019

A ISLAMOFOBIA E FANATISMO NÃO EXPLICAM TUDO...

                              

O atentado de Christchurch (Nova Zelândia) contra muçulmanos que estavam pacificamente a efectuar as suas devoções de sexta-feira, por um extremista de direita é analisado no contexto das movidas de extrema direita e da ideologia que os move. 
Muitas vezes a sociedade ocidental, exclusivamente focalizada no radicalismo djihadista, esquece a existência de grupos armados, que se têm disseminado por todo o lado, com ideologia racista, claramente de extrema-direita. A sua pseudo-justificação para tais massacres passa frequentemente pela defesa da teoria da grande substituição. 
A grande substituição seria o projecto de uma oligarquia financeira completamente mundializada, indiferente aos interesses dos seus países ocidentais (aos quais, porém, esses elementos pertencem, quase todos), no sentido de substituir as populações brancas autóctones, por populações de países em vias de desenvolvimento, tornando assim possível um controlo da população e de manterem a funcionar o sistema de governo global, favorável a essa mesma oligarquia. 
Como todos os arrazoados ideológicos, mistura elementos de verdade com fabricações, com meias-verdades e com mentiras, para fundamentar uma tese, um projecto, uma linha política, que se traduzem no ódio contra tudo o que não seja «branco» e «ocidental». 

A verdade é que as populações de países em desenvolvimento são forçadas a buscar a subsistência noutras paragens, ou por causa da guerra ou por causa da pobreza extrema, esta muitas vezes associada a guerras presentes ou passadas.
Aquilo que os pseudo analistas que pontificam nos media ocidentais nunca esclarecem, nem sequer mencionam ao de leve, é que as guerras e os desastres ecológicos estão muitas vezes influenciados pela irreflectida e gananciosa ambição dos poderosos do «Primeiro Mundo», quando não mesmo, são resultantes da intervenção directa desses mesmos poderes.



terça-feira, 21 de dezembro de 2021

FALSIFICAÇÃO DO REAL ENQUANTO ESTRATÉGIA

 As palavras servem para educar, para informar, para esclarecer, mas também servem para confundir, para agredir, para iludir.

Apenas breves apontamentos sobre o papel, hoje mais do que nunca, da propaganda disfarçada de informação a todos os níveis, dos domínios económico e financeiro, ao ideológico.

A necessidade dos governos ditos democráticos se servirem da propaganda rebatizada «public relations» (relações públicas) foi teorizada e, de certo modo, posta em prática, por Edward Bernays. A propaganda tornou-se tal, que as realidades ficaram completamente ofuscadas para o público, em geral, crédulo e desinformado, mas com a ilusão (isto, também, efeito da propaganda) de estar mais bem informado, do que jamais no passado. 

A dominação, o poder, será sempre uma questão de saber-se quem detém o controlo económico e militar, mas com uma componente de propaganda, que se disfarça de «informação», «educação» e «ciência». Neste contexto, a cidadania deve ser levada a seguir o caminho traçado pela oligarquia. Para o poder, será muito mais fácil ele realizar seus objetivos com a adesão passiva, o consentimento fabricado, da cidadania. 

No mundo de hoje, ditaduras que realizam o esmagamento sangrento da dissidência, não são raras, contrariamente ao que possa parecer, mas esta modalidade violenta não é a preferida pelos poderosos, pois eles sabem que correm certos riscos: Nem todos os ditadores do passado, tiveram morte tranquila no seu leito. Só recorrem à ditadura aberta, quando não têm outro meio de manter ou de retomar o poder.

Nos dois anos que estamos a viver e sob a cobertura da pandemia de COVID, estão a ser transferidas imensas riquezas, dos mais fracos economicamente e dos Estados, para a posse de multimilionários, das grandes corporações, da grande banca e da finança privadas. 

Esta transferência objetiva tem a cobertura dos Estados, de instâncias supranacionais (OMS, FMI, UE. etc.) e da media corporativa, ponta-de-lança da propaganda ao serviço dos poderosos. Ela é acompanhada pela violação das constituições, dos direitos individuais e coletivos, particularmente, em nações que antes se apresentavam como um «modelo» de democracia liberal*.

Verifica-se a verdade afirmada por Che Guevara e por muitos outros, de que: «Os  Estados burgueses mais democráticos transformam-se em ditaduras, quando eles - burgueses - sentem o seu poder seriamente ameaçado. Nessa ocasião, deixam de ser democratas e passam a ser fascistas.» 

É isto que se está a passar e as forças políticas que se autoproclamavam representantes dos oprimidos, da classe trabalhadora, ao nível dos seus chefes e grupos parlamentares, alinharam plenamente no golpe. Vimos casos de partidos «de esquerda» serem os mais exigentes no cumprimento das restrições impostas, para demonstrar (a quem, senão aos seus donos?) que eram cumpridores das diretrizes vindas do verdadeiro poder. 

Creio que o efeito de obscurecer, camuflar, de fazer manobras de diversão, foi fundamental para o golpe ter sucesso. Sem isso, era impossível a monstruosa operação, que levou, no mundo inteiro, à ruína de muitos milhares de pequenos e médios empresários, ao desemprego de milhões de trabalhadores e à miséria de incontáveis pobres, que resvalaram para a indigência. Isto passou-se na indiferença das classes possidentes e governantes das nações. Porém, se é verdade que o mundo está largamente globalizado, então, aquilo que se passa em «Wall Street», terá efeitos catastróficos nas ruas de Calcutá ou de Nairobi. 

Em 2020, a falsa narrativa saiu imediatamente, ela estava bem preparada e ensaiada: A epidemia de COVID (real, mas banal, como tem havido muitas e bastante benigna, em comparação com os registos históricos das pandemias)  foi cozinhada de modo a parecer um cenário de catástrofe, com um vírus «incontrolável», «sem tratamento eficaz» e, sobretudo, «muito mortífero». As pessoas caíram nessa rede de mentiras, com a consequência de aceitarem como «mal necessário» os confinamentos e outras restrições à sua liberdade. Esta primeira operação (iniciada em 11 de Março 2020) teve um tal êxito, para os globalistas, que eles rapidamente adotaram a estratégia de «terror covidiano», com a imposição de ditadura vacinal

Relativamente ao passe vacinal, já expliquei noutros artigos que o objetivo não é sanitário. Trata-se de conseguir o rastreio permanente e ubíquo, a possibilidade de controlo de tudo o que se faça, e mesmo de «empurrar» as pessoas a consumir, na quantidade que eles acharem: isto está previsto, com o dinheiro 100% digital. Estes são objetivos reais. Estão anunciados claramente, pelo Fórum Económico de Davos e pelo BIS (Bank of International Settlements). É este o verdadeiro objetivo do pânico fabricado e da imposição de vacinação. 

Mas, embora isto seja importante para a oligarquia, a sua ofensiva não irá parar aqui: Eles sabem que são criminosos. Sabem que seus crimes são tipificados - pelos Códigos de Nuremberga e pela jurisprudência do Tribunal Penal Internacional, sobre genocídios e crimes em massa, cometidos em vários países. Têm de obter a impunidade permanente, de ficar «acima das leis».

Como se verifica já ao nível dos Estados, ditos democráticos, a capacidade de fazer respeitar a Lei que emana diretamente das constituições, foi subvertida. Os governos tornaram-se ditatoriais, subvertendo as constituições respetivas, sem que houvesse séria oposição da magistratura. Esta, em grande parte e salvo honrosas exceções, curvou-se: Fingiu que aquilo que os governos faziam estava de acordo com a ordem constitucional, quando eles sabiam que não era assim.

Estamos portanto numa etapa pré-totalitária, como caracterizou Hannah Arendt, onde a legalidade anterior -embora se mantenha formalmente em vigor -  é letra morta. Quem é o produtor de leis, o juiz exclusivo interpretando essas leis e o controlador de que estão a ser bem aplicadas? É o executivo, o governo, apoiado por uma fação política. A mesma situação ocorreu no século XX, em várias ditaduras. Só que estas ditaduras, para se instalarem, tiveram de enfrentar uma grande resistência, por isso houve uma repressão mais brutal.

As pessoas que julgam invalidar o argumento acima, apontando a existência de eleições, que se desenganem: Estudem a história contemporânea e verão que eleições não são incompatíveis com ditadura. Pelo contrário; esta ilusão permite que as pessoas acreditem que «existe democracia, pois há eleições». 

Umas eleições, mesmo que formalmente respeitem os preceitos, são feitas no contexto duma media controlada pelos que detêm o poder económico e, portanto, também político. São eles que decidem qual a largura da «janela de Overton»: Decidem quais opiniões são aceitáveis e quais as pessoas e correntes de opinião, que devem ser censuradas, excluídas, pois estão «fora do consenso» (Nota: consenso fabricado por eles!). 

Nestas condições, embora não se saiba exatamente qual a composição do governo seguinte, isso não importa, pois os que são realmente candidatos ao poder (e não a assentos em bancadas da oposição) sabem quais os limites do que podem, ou não, fazer. Têm de o saber, enquanto lacaios dos muito poderosos. Com efeito, estes, são os principais doadores, que lhes subsidiam as campanhas eleitorais e lhes alimentam as contas em off-shores. Isto é bem conhecido de todos, inclusive das autoridades judiciais: Mas, não são inquietados. 

Isto, não é apenas típico de países periféricos, como Portugal. Existem provas de corrupção, ao mais alto nível, nos EUA, na França, na Alemanha, etc. A conclusão é que, aquilo que chamam «democracia», tornou-se numa farsa. 

Quanto à questão da subida constante da extrema-direita, que rejeita qualquer modelo democrático, embora se sirva das eleições para o acesso ao poder, já não pode ser vista como «sendo culpa exclusiva da extrema-direita». O que se tem vindo a constatar, é que os regimes do «Ocidente», ditos democráticos, há decénios que estão numa deriva: cada vez mais autoritários e corruptos, cada vez mais parecidos com ditaduras, pelo que as suas posturas, face à real ameaça da extrema-direita, são também cada vez mais fracas. 

E depois, chega um momento em que os patrões de uns e de outros - os grandes capitalistas - decidem que o regime de democracia «para-lamentar» já não serve. Nesse momento, este regime entra numa crise aguda e morre de colapso cardíaco. Os novos poderes, a «respeitável» direita nacional-socialista, irão servir muito melhor os objetivos de manter a multidão tranquila, com as necessárias doses de repressão e de demagogia. 

Após um certo intervalo de tempo, que pode ser de decénios, as «elites», que governam por detrás dos cortinados, decidem que o desgaste do regime autoritário começa a ser prejudicial, ou potencialmente catastrófico (perigo de uma revolução vinda «dos de baixo»). Vai substitui-lo, através de uma «revolução», por novo regime, mas sempre sob o controlo dos mesmos. 

As pessoas só podem recorrer a si próprias, aos seus iguais, à entreajuda e solidariedade verdadeiras. As formas de auto-organização em cooperativas, ou outras formas, tornam-se como as «boias de salvação», num naufrágio. Nas circunstâncias criadas, muitas pessoas vão sofrer. É mais provável que sofram mais, caso fiquem passivas ou equivocadas, caso não tenham consciência clara de que não há salvação no Estado, no Partido, na Igreja, ou qualquer outro poder exercido sobre o povo. 

Para sobrevivermos nesta tormenta, teremos de fabricar, nós próprios, nossas «boias» e  «barcas salva-vidas». É indispensável construirmos tais meios ANTES da catástrofe se abater e reforçarmos os já existentes. Também implica aprendermos (ou reaprendermos) a ter um comportamento humano, uns em relação aos outros: «Respeitar e fazer respeitar a igualdade de direitos», é um sempre atual - e frequentemente desprezado - princípio ético. 

Note-se que, hoje, os oligarcas (Clinton, Soros, etc.) manipulam alguns esquerdistas, anarquistas, ecologistas, etc. que se tornam seus agentes. São eles, os oligarcas, que têm acendido os fogos da discórdia, da divisão. Deste modo, conseguem dominar tranquilamente na esfera económica e financeira, pondo o fogo - por vezes literalmente - nas sociedades, fragmentadas pelos fanatismos identitários.

Eu acredito que as pessoas têm um grande potencial, que são inteligentes. Todos percebem que é muito melhor que haja cooperação, do que antagonismos. 

Ingénuo? - Talvez, mas o certo é que não estou interessado na perpetuação duma sociedade da desigualdade extrema, da arrogância, do hedonismo, da opressão e da alienação. 

Acho que psicopatas e sociopatas, apenas, são favorecidos por tal contexto. Mas, o seu poder é ilusório. Irá ruir num instante, quando as pessoas acordarem e compreenderem como têm sido enganadas.

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*O problema principal dos sistemas políticos da UE, é o afunilamento da democracia à existência de eleições. Esta visão estreita já vem de longe, tem sido promovida durante décadas. Ela ajuda a manter a massa inibida, inerte, perante um ataque frontal às suas liberdades individuais (liberdade de palavra, de movimentos, de trabalho, etc.) e às liberdades coletivas (liberdade de associação, de reunião, de manifestação, etc.). Porque as pessoas deveriam perceber a incoerência fundamental em suspender ou restringir ou suprimir as liberdades, com o pretexto de combater uma epidemia viral. Devia ser claro para as pessoas, que isso era um mero pretexto, um expediente para reforçar (como num golpe de Estado, que realmente é) o controlo sobre os cidadãos, por parte do Estado, para além de tudo o que é tradicionalmente considerado aceitável. Proibir a alguém de trabalhar, de subsistir por não querer ser inoculado é de uma crueldade absoluta, idem, em relação a ter as crianças (não inoculadas) na creche ou escola. Concordo com Mesmet em como existe um efeito semelhante à hipnose, pois as pessoas não estão a «ver» aquilo que deveria ser evidente.

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PS1: No gráfico abaixo, relativo aos EUA, mas que será semelhante na Europa, vê-se como a disparidade entre ricos e pobres se alargou, nas últimas duas décadas. Os discursos de que «somos uma grande família», de que «temos todos os mesmos interesses», etc. falham redondamente e não podem convencer as pessoas que vivem cada vez com maiores dificuldades. Elas podem ver muito bem as riquezas que se acumulam, nos muitos ricos. A propaganda não pode suprimir o real.



terça-feira, 27 de setembro de 2022

ITÁLIA E A ETIQUETA «FASCISTA»

ESTA ETIQUETA É DADA PELA MEDIA CORPORATIVA A TUDO O QUE VAI CONTRA A AGENDA GLOBALISTA.

Giorgia Meloni e os Fratelli di Italia podem ser conservadores e anti-imigração, mas estão longe de serem fascistas. O seu sucesso eleitoral  resulta da saturação do povo italiano pela destruição do seu modo de vida, pela burocracia globalista que lhes quer impor os seus «não-valores». Este partido conseguiu 26 % dos votos. Sendo o maior partido, pode formar governo com outras duas formações de direita (Forza Italia e Liga Norte ). Conjuntamente, terão uma maioria absoluta nas duas câmaras (deputados e senado). 

O principal problema que leva as pessoas a votar nestas formações tem  a ver com a sua sensação de que perderam o controlo sobre o seu próprio país, com as imposições da Comissão Europeia. Com efeito há dezenas de anos que tiveram de arcar, sozinhos, com as consequências das vagas sucessivas de migrantes vindos do Norte de África. De facto, o problema não é especialmente italiano, mas sim global. 

                                            Imigrantes ao largo das costas italianas

É um problema da responsabilidade de países ditos ricos e democráticos. Deveriam trabalhar sem paternalismos, nem ambições de neocolonialismo, com as instituições dos países de origem, para que haja uma solução para os problemas terríveis que assolam esses países. 

Em vez disso, como hipócritas que são, continuam com a sua ingerência permanente e com exploração das riquezas naturais desses países, mas sem os custos de países coloniais (como o foram no passado, muitos deles). 

Hipocritamente, aceitam os imigrantes económicos disfarçados em refugiados políticos, porque isso lhes permite ter mão-de-obra barata e precária nos setores desertados pelos trabalhadores de origem dos seus países. Muitas vezes, leis destinadas a acolher perseguidos políticos, servem de cobertura à aceitação indiscriminada de imigrantes económicos. A constante utilização do direito de asilo, em casos que não o são, obviamente acaba por fragilizar os verdadeiros asilados políticos. 

As economias de onde vêm os imigrantes, foram pilhadas e exploradas nas épocas colonial e neocolonial. Os problemas estruturais desses países são mantidos ou agravados pelas políticas das chamadas «democracias», que têm participado no processo de manutenção desses países sob tutela. Basta ver o que têm feito no Mali, no Burkina-Faso, na Líbia ou na Síria, e em muitos outros casos.

Quanto aos países que se tornaram pontos de acolhimento dessa migração do desespero, ficam com a estabilidade social, económica e política, postas em causa. A velocidade a que tudo ocorre, impede qualquer assimilação da população imigrada. Esta é mantida em guetos. 

As populações de origem, que vivem na proximidade desses guetos, encontram-se confrontadas quotidianamente com pessoas de outras etnias, de outras culturas. Isto faz com que aquelas se sintam acossadas e desenvolvam complexos racistas e xenófobos. 

Mas, os que, nos seus condomínios privados de luxo, nos seus bairros da classe alta, tomam as decisões - em Bruxelas, Berlim, Roma, ou Paris - não têm que partilhar o seu espaço com esses imigrantes. Não lhes custa pessoalmente nada mostrarem-se «virtuosos». Não lhes custa impor aos cidadãos do seu país, o acolhimento forçado de outras etnias e culturas. 

A verdade é que os imigrantes são um «exército de reserva», ou seja,  desempregados, disponíveis para as tarefas mais duras ou menos bem remuneradas, muitas vezes abaixo dos mínimos salariais e em condições de sobre-exploração. O estatuto de «clandestino» ou «ilegal», que aflige muitos, é mais um instrumento de pressão, para a classe patronal e para as autoridades do país em que trabalham.

Tanto na Suécia, como na Itália, estou convencido que os fatores principais da viragem à direita, foram o problema da imigração não-controlada e da agenda globalista, que os respetivos governos anteriores perseguiam. Aliás, os mais prejudicados são os mais pobres da população autóctone, os quais têm de aguentar a concorrência da mão-de-obra do exterior, sobretudo em empregos manuais (construção civil, restauração, etc.). 


                               Principais fluxos migratórios para Itália

A incapacidade de lidar com este problema é uma das razões porque a classe trabalhadora, seja na França, na Itália, na Suécia, etc. se tem desviado massivamente dos partidos de esquerda, os quais se reclamam de «origem operária», mas que se tornaram estranhos ao sentir dos trabalhadores. O mesmo se pode dizer dos sindicatos. O resultado, é que o voto na «extrema direita» é - cada vez mais - o voto das classes populares e o voto na «esquerda» é - cada vez mais - o voto das classes médias-superiores, com diplomas universitários e bons empregos.

Tenho visto pessoas ditas de «esquerda» negar a evidência, mostrando-se realmente incapazes de raciocinar. É tal o seu medo de serem consideradas «racistas» ou «fascistas»,  ou outra etiqueta do género, que são incapazes de pensar objetivamente e de encontrar caminhos para a resolução destes problemas. 

De facto, a oligarquia globalista é a única a beneficiar deste estado de coisas. Tem ao seu dispor uma massa de trabalhadores dóceis, não sindicalizados, que não se misturam com os trabalhadores autóctones, fragilizados e incapazes de fazer valer os seus direitos legais. 

O fenómeno também toca a Portugal: Veja-se a enorme quantidade de imigrantes vindos do Sul da Ásia, que estão a trabalhar na Costa Alentejana, em propriedades agrícolas e em estufas. 

Por outro lado, os oligarcas têm garantido o controlo dos diferentes países, ao nível político, pelas divisões criadas no interior da cidadania: as cidadanias desses países de acolhimento, digladiam-se em lutas fratricidas. Não sabem mais nada, senão chamar nomes de «fascistas» ou de «comunistas»! 

Por fim, a média que está sempre ao serviço do grande capital reforça - constantemente - os estereótipos. Ela é propriedade de grandes capitalistas, ou tem necessidade da publicidade, paga por esses mesmos capitalistas. 

Chamar fascista a Georgia Meloni e ao seu partido é o adjetivo fácil; mas, se a media em Portugal seguisse os mesmos critérios, seriam «fascistas» dirigentes do CDS-PP e PSD, partidos portugueses onde há /houve elementos das direções que foram fascistas, incluindo ex-membros do último governo fascista, derrubado no 25 de Abril de 74. E,  pela mesma lógica, seria fascista o PS, que teve como membro o Prof. Veiga Simão, ex-ministro de Marcelo Caetano*, que aderiu ao PS após o 25 de Abril de 74 e foi membro de governos pós-25 de Abril. O caso do Prof. Veiga Simão não é único - longe disso! - na «democracia portuguesa». 

Esta etiquetagem traduz o incómodo dos lacaios do grande capital, face a alguém que sai fora do «consenso» (fabricado por eles). Chamar nomes, como «populista», «extrema-direita» ou «fascista», esconde o facto deste governo se apresentar contra Bruxelas, contra a Comissão Europeia, pelos interesses fundamentais dos italianos. 

Resta agora ver se  o novo governo italiano está disposto a fazer frente às ingerências (que começaram antes da votação, com declarações de Úrsula von der Leyen), ou se cede perante a pressão conjugada dos globalistas europeus e americanos.

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*Presidente do Conselho de Ministros, que sucedeu a Oliveira Salazar. O seu governo foi derrubado pela revolução de 25 de Abril de 1974